sábado, 31 de março de 2012

Dia da Terra. Rabinos apoiam protestos palestinos.

Bandeira palestina afixada no Muro.Març.2012

O Dia da Terra, celebrado pela minoria árabe de Israel todos os anos a 30 de Março, recorda a morte, pelas forças de segurança israelita, de seis pessoas da sua comunidade aquando das manifestações, em 1976, contra a confiscação de terras na Galileia do Norte.

No Dia da Terra os palestinianos reafirmam o seu direito à terra que lhes foi espoliada e homenageiam as vítimas da repressão. (clicar texto a cor)

Ontem, mais um jovem foi morto; Mamoud Zaqut, de 20 anos, foi vítima dos disparos israelitas que fizeram mais 37 feridos, próximo de Beit Hanun no norte da Faixa de Gaza. As agências noticiosas registam mais 40 feridos na Cisjordânia ocupada e prisões em Jerusalém Oriental.

Manifestações de solidariedade com o povo da Palestina foram realizadas por todo o mundo árabe e apoiantes provenientes de vários países convergiram para as manifestações palestinas.

Rabinos apoiam povo palestino. Dentre eles, saliente-se a singular presença de rabinos judeus que afirmaram que “o judaísmo ordena liberdade total, incluindo dos palestinos em Jerusalém”. “Estamos aqui para nos unirmos pela marcha global por Jerusalém” disse um dos rabinos que se juntou aos protestos “isto não é judaísmo é uma catástrofe”

Judaísmo rejeita Sionismo. “A religião judia não aceita de forma nenhuma a insistência do Estado de Israel na ocupação e repressão do povo palestino. Isto é contra a Tora, estamos contra o que se ensina aos judeus. Estamos com a verdadeira Tora”. Afirmou um rabino – muitos mais rabinos não pensam assim e também por isso continuam a expulsão de árabes das suas terras, as demolições das suas habitações e a construção de colonatos israelitas, com a protecção da América de Obama e o silêncio cúmplice do mundo dito civilizado.

(Citações e imagens a partir do programa “Dossier” 30/3/2012 - teleSUR)

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sexta-feira, 30 de março de 2012

Em resumo, mais desemprego.

Post para quê...Març.2012


Hoje não há post – só uma versão ampliada, para pitosgas, do lide do “Público online” sobre o Debate Quinzenal.

“Dentro dessas previsões nós ajustámos em alta, infelizmente, a previsão para o desemprego. Não será, por isso, infelizmente novidade que assistiremos ainda ao agravamento do desemprego em Portugal este ano”, reconheceu o primeiro-ministro, no decorrer do debate quinzenal, nesta sexta-feira na Assembleia da República.

Estão todos, já, a ver melhor – ou é preciso “aumentar” mais?

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quinta-feira, 29 de março de 2012

Como? PSP quer combater notícias menos positivas. Como?

Não há prisão para a palavra. Març.2012

Só agora, já noitinha; dei com uma notícia do Público que pode ser preocupante – ou não. O relatório do superintendente – chefe Guedes da Silva, que eu já aqui citei, diz que compete a essa polícia “acompanhar e analisar as notícias produzidas pelos órgãos de comunicação social e, consoante os assuntos noticiados, encaminhá-las para os competentes órgãos da PSP, sugerindo estratégias de combate às menos positivas”.

Eu daria uma interpretação não malévola, até porque, o mesmo relatório fala em “promover o direito de resposta sobre notícias que possam desencadear, de forma errónea, percepções negativas do serviço policial”. É um direito que assiste a todos e só serve a transparência e a justiça.

Mas, há sempre um mas; suscitaram-se dúvidas no jornal sobre a interpretação do texto e, endereçaram à Direcção Nacional da PSP um “pedido explícito” para esclarecerem dois parágrafos.

Não responderam! Pronto, lá se foi a interpretação não malévola, que na minha inocência e boa vontade tinha feito. Se queriam exercer o “direito de resposta” perderam uma ocasião capital.

As “estratégias de combate” levadas à letra, seriam vigiar e agir sobre quem produz “notícias menos positivas”? Soa a ameaça.

Não há fugas de documentos internos, sejam de quem for, por simples obra do acaso, mas se é para atemorizar quem escreve, lembrem-se que já passámos por isso, uns lembram-se como eu, outros mais novos só ouviram falar, mas não deu em nada.

Nos últimos dias escrevi duas vezes sobre a PSP, AQUI e AQUI, e vou continuar a escrever sempre que houver razão para isso.

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Líbia - Toubus. Confrontos tribais ou limpeza étnica?

foto Mahamd Turkia-AFP - Toubus da Líbia. Març.2012 

Sucedem-se os confrontos tribais na Líbia. Notícias dão conta de combates entre membros de tribos árabes e a tribo Toubus no deserto a sul do país; 70 mortos e 150 feridos nos últimos 3 dias na cidade de Sabha (fonte do governo) a 600 km de Tripoli. Na semana passada a France Press noticiava que 113 pessoas tinham morrido em Al Kupra (no sudeste, fronteira com Chade, Sudão e Egipto) e 241 ficado feridas.

O governo líbio; Conselho Nacional de Transição (CNT), não tem mão nas milícias e é incapaz de pacificar as tribos, não exerce qualquer soberania no país.
O representante de Sabha no Conselho, Abdelmajid Seif al-Nasser, demitiu-se na terça-feira em protesto contra a falta de capacidade do CNT.

A tribo Toubus, de “pele escura” cuja etnia está presente no Chade e sul da Líbia, tornou-se vítima de várias tribos árabes. Atacada pela tribo Zwai no início de Fevereiro, viu o CNT apoiar o ataque, o que foi confirmado pelos próprios Zwai (Arab News). O envio de armas pesadas e combatentes pelo CNT traduziu-se em cerco e bombardeamento dos bairros Toubus de Shaba e de Al Kupra, zonas agora descritas como “de desastre”.

O líder dos Toubus, Isa Abdelmajid Mansur, denunciou na segunda-feira à AFP a existência de um plano de “limpeza étnica” contra a sua tribo. Anunciou também a reactivação da Frente Toubou para a Salvação da Líbia (movimento que se opôs ao anterior regime) para proteger os Toubus. Disse também que ia pedir uma intervenção internacional e que pretendem trabalhar para um Estado independente – “como o Sudão do Sul”.

Lutas tribais, ou genocídio, para o extermínio dos Toubus líbios, é uma incerteza, mas que a Líbia não está em condições de realizar eleições daqui a três meses, como quer Obama e o CNT, é uma verdade irrefutável.

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Coelho e Gaspar admitem mais medidas de austeridade.

Aldrabão era o outro.Març.2012


Ainda não tinha acabado a entrevista de Passos Coelho na televisão e já o jornal i fazia as duas caixas acima.

“Apareceu” um documento do Ministério das Finanças “a que o í teve acesso” onde se afirma que o governo está disponível “para tomar medidas adicionais “ainda este ano. Passos Coelho, à mesma hora, dizia na televisão; “Não posso jurar que não sejam precisas mais medidas”.

Chama-se a isto “serviço combinado”, que tal como nos transportes permite mudar de veículo sem interromper a viagem, no caso, sem interromper, antes completar, o discurso. Gaspar e Passos conseguem, com a ajuda da sua máquina na comunicação social, dar a volta ao que antes haviam afirmado com a naturalidade de experientes vígaros políticos, aquilo a que vulgarmente se chama, “com toda a lata do mundo”.

Alguém se lembra de ouvir Vítor Gaspar, no Parlamento, afirmar peremptoriamente que “não vai haver mais medidas adicionais este ano”? Pois foi em Janeiro e fez títulos em todos os jornais! Os mesmos jornais, que hoje, titulam que o governo admite “cortes adicionais”.

Mentiroso era o outro…

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quarta-feira, 28 de março de 2012

SIS e PSP. Agentes provocadores em manifestações.

Foto Patricia de Melo Moreira-AFP- Guardian. Març.2012 

O inquérito aos incidentes no Chiado só estará concluído em meados de Abril.Não vai cair no esquecimento. Hoje mais um relatório da PSP é conhecido, assinado pelo superintendente – chefe Guedes da Silva (Público).

O papel dos relatórios internos quer do SIS quer da PSP têm tido um papel essencial na criação de conflitos, os termos “apocalípticos”, a montagem ficcionada de cenários de grande violência, que nunca aconteceram, tem levado à predisposição das forças de intervenção para exercer violência que resulta gratuita.

A polícia de choque vai para o terreno atiçada pelos seus superiores.

Os relatórios internos alarmistas (que sabem ser públicos mais tarde ou mais cedo) sucedem-se. Já o ano passado, um documento elaborado por “comandantes da PSP” que não se sabe se é um organismo, comissão ad-hoc ou grupo da sueca de Rio de Sapos, previa cenas de violência com tumultos semelhantes aos que se viveram no PREC.

Agora o SIS indicou às forças de segurança que se deviam preparar para “ruas ocupadas e bloqueadas e para o lançamento de cocktails molotov”, em seguida virão (verão) armas de destruição massiva.

No documento de Guedes da Silva ele refere como desafio da PSP o “bom senso na actuação em situações decorrentes do direito de reunião e manifestação”. É o que tem faltado.

À incompetência do SIS somam-se a inabilidade dos chefes da PSP e a inaptidão dos agentes. O agressor da jornalista da AFP (em cima, ao centro, de óculos escuros, fotografada pela própria) acompanhou a manifestação com o bastão virado ao contrário, em atitude provocatória. Ou não pode exercer a função de “força da ordem” ou é essa postura que o poder deseja; as consequências do inquérito responderão.

Os sindicatos da polícia podiam ter um papel de esclarecimento junto dos seus filiados. Temos 650.000 desempregados (inscritos) 300.000 deles que não recebem qualquer subsídio, o desemprego em crescendo muito dele jovem, medidas contra todos os direitos adquiridos – há razões para descontentamento, manifestá-lo é normal e salutar para a sociedade.

Depois não é pelo aspecto, pelo penteado ou pela farpela, que se identificam os manifestantes “desordeiros”, nem pela organização que convoca as manifestações. Os jovens não enquadrados pelas centrais sindicais não são mais perigosos. Têm sido provocações de polícias infiltrados e até de organizações de extrema-direita (às claras) que têm provocado desacatos.

Se a polícia continuar a demonstrar estar interessada em provocar o confronto, isso vai inevitavelmente levar a outras formas de organização e demonstração por quem quer manifestar-se.

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terça-feira, 27 de março de 2012

Turmas de Elite.

Març.2012 oclarinet.blogspot.com 
“As escolas vão poder criar turmas para alunos bons e fracos” diz o ministro Nuno Crato. Como dos fracos não reza a história nem há professores suficientes para acompanhar os alunos com necessidades educativas especiais, do que se trata é de criar turmas de elite.

Separar alunos que se salientem, (a que se juntarão aqueles com pedrigee que só podem acompanhar os bons) da escumalha, é uma prática já existente mas que não estava generalizada. Agora passa a ser política do ministério que se anunciou descentralizador. Não é directiva é consentimento ou aconselhamento disfarçado como convém numa mudança radical do sistema de ensino. Mais uma experiência em que há cobaias que vão fazer de ratinhos brancos e outros de gatos persas.

Dos efeitos pedagógicos outros saberão mais, mas noto que não é politica estranha a um ministro de formação maoista. Curiosamente, também no tempo da “outra senhora” se defendia que as elites são o motor da sociedade.

E por elites, um caso que passou despercebido. Houve eleições para aquele grupo singular chamado Associação Sindical dos Juízes Portugueses (ASJP). António Martins saiu, o que seria a meu ver, uma boa notícia para a imagem da Justiça, que se quer independente e despartidarizada, mas entrou um outro nome com o apoio do antecessor. A ver vamos se continua a poderosa ingerência da Justiça, por portas e travessas, na política.

Os magistrados do Ministério Público conduziram igualmente o secretário-geral a presidente do sindicato, numa sucessão na continuidade. Ambos, juízes e magistrados têm a maior responsabilidade em criar confiança no sistema de Justiça, a prática das suas associações em nada tem contribuído para que os cidadãos acreditem em tal coisa. Os julgamentos são genericamente uma lotaria e os privilégios da elite são mantidos pelo abuso de poder.

Turmas corporativas, turmas de elite, dos bancos da escola aos píncaros do poder.

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segunda-feira, 26 de março de 2012

Andaluzia e Astúrias - Reflexos das reformas de Rajoy.

Andaluzia ElPaís Març.2012
Asturias El País Març.2012

Contra a maioria das previsões, o PSOE mantém o governo da Andaluzia e ganha nas Astúrias. As medidas de austeridade de Mariano Rajoy já fazem estragos no eleitorado do Partido Popular (PP). O PSOE sobe 3 pontos nas duas regiões em relação às eleições gerais de 20 de Novembro. A Esquerda Unida (IU) tem mais um deputado nas Astúrias (5) e duplica (para doze) na Andaluzia.

Nas Astúrias, apesar da vitória do PSOE, a direita pode governar caso o actual presidente da comunidade autónoma e dissidente do PP, Francisco Alvarez Cascos, faça um acordo com o PP, algo que os observadores acham difícil depois das desavenças entre eles.

Na Andaluzia o PP ficou longe da maioria (40,66%) pelo que José António Griñan do PSOE (39,52%) continuará na presidência com apoio da Esquerda Unida. A IU subiu imenso para perto dos 12% e 12 deputados.

Três meses após a vitória de Mariano Rajoy nas eleições gerais, perdeu na Andaluzia cerca de meio milhão de votos. Apesar de Rajoy dizer a partir de Seul, que “a sua política não pagou a factura nas urnas”, não há outra explicação para a esquerda resistir na Andaluzia.

O PSOE estava em declínio em todo o Estado Espanhol e a braços com casos de corrupção na Andaluzia; só as reformas neoliberais já em prática e outras que ficaram de ser anunciadas hoje (depois das eleições) justificam os resultados desastrosos para o PP.

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domingo, 25 de março de 2012

A família é que paga.

oclarinet.blogspot.com Març.2012 

Voltou a moda de pôr os familiares a pagar as favas quando não se consegue atingir directamente os inimigos. A prática (mafiosa) é deplorável, criminosa e cobarde, mas está aí com vários exemplos.

O DN noticia que um árbitro português tem de sair de casa com a família, a conselho da polícia, porque um poltrão anónimo ameaçou a filha de sete anos. Um medroso (ia dizer merdoso) não tem coragem para enfrentar o chefe de família e desestabiliza todas as gerações do árbitro; a razão parece ser a clubite, doença endémica que parasita o futebol.

A outro nível, o do governo português; o regulamento de atribuição de bolsas de estudo diz, segundo a imprensa, que “os estudantes cujas famílias tenham dívidas ao fisco ou à Segurança Social não vão ter apoio do Estado no próximo ano lectivo”.

Que raio, então os filhos, ainda por cima estudantes, são responsáveis pelas dívidas dos pais? Há dívidas de pais causadas em primeira instância pelas políticas do governo, mas mesmo que não seja o caso, quem paga é a qualificação das gerações futuras? A única razão do governo é poupar na Educação para gastar com os amigos

Também a União Europeia segue o exemplo dos que não sabem perder e só pensam em sacar dinheiro. A EU impôs sanções à mulher de Bashar al-Assad, a britânica Asma al-Assad, o que é ilegítimo e um abuso de poder.

Os ministros dos Negócios Estrangeiros da EU (incluindo Paulo Portas) aprovaram contra Asma al-Assad, medidas de proibição de viajar pelo espaço europeu (só pode ir à sua terra, o Reino Unido) e de congelamento dos seus bens. (isto do congelamento de bens tem enchido alguns bolsos, veja-se o caso das contas bancárias de Kadhafi).

Se Asma tivesse casado com um príncipe saudita seria uma dama da democracia e poderia viajar por todo o lado, assim é impedida como convém à guerra informativa contra a Síria.

Asma al-Assad não é política, não exerce poder político nem precisa do dinheiro do povo sírio. Segundo consta já era milionária quando casou, tinha a profissão dos poderosos que os líderes da União Europeia adoram, era investidora. Ex-funcionária da divisão de gestão de fundos do Deutche Bank Group e da J.P.Morgan – Investment Banking; é afinal uma das nossas (deles) e uma cidadã da Europa. É vítima da guerra mediática que, como na Líbia, prepara a opinião pública europeia para as mudanças geoestratégicas no Médio Oriente.

São histórias de cobardia, de manigâncias, de abuso do poder - do nosso tempo.

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sábado, 24 de março de 2012

Violência policial no Chiado não precisa de inquérito.

Foto jornal i - Reuter.Març.2012
Agressão à jornalista Patrícia de Melo Moreira


Fazer um inquérito aos acontecimentos da última quinta-feira é perder tempo e dinheiro. Um agente do Corpo de Intervenção da PSP em declarações ao Jornal i, explicou como funcionam os seus cérebros em “modo” de “avançar”.Não há nada que um inquérito possa resolver. Disse ele ao jornal i:

“Quando dão a ordem para avançar, é quase impossível travar-nos, já não ouvimos ninguém, deixa de haver uma linha de pensamento, e a questão de serem fotojornalistas ou cidadãos nem se nos coloca naquele momento: a nossa função é limpar o local”, confessou ao í um agente do Corpo de Intervenção (CI) que pediu o anonimato. (fim de citação)

À parte a confissão do agente, quando fala de fotojornalistas e cidadãos, que nem lhes passa pela cabeça distinguir cidadãos manifestantes de cidadãos desordeiros, tudo se resume ao treino. Quando se treina alguém para ser uma besta, sai comportamento de besta. Digo isto sem qualquer intenção de ofender, a verdade é que tal como a forma unida tem por missão criar corpo, o treino para exercer violência sobre mais fracos procura obediência cega e investida sem vacilações.

Um homem normal não bate em mulheres pacíficas ou homens no chão, não usa violência desnecessária; aliás, a maior parte dos animais ditos irracionais têm os seus códigos de paz e derrota, ficam imobilizados, fogem, deixam de mostrar os dentes, deitam-se de patas para o ar etc. Os nossos códigos são semelhantes, a fuga ou mostrar as palmas das mãos bastam para em situações normais refrear a violência.

Aos “corpos de intervenção” não lhes dão nada nos treinos, tiram-lhes. Tiram-lhes capacidades e discernimento, o termo não é neuropsicológico mas não tenho melhor, ficam atrofiados; não são autómatos nem paus mandados são atrofiados. E quando se está atrofiado não se pode receber ordens de chefes atrofiados ou ter ministros atrofiados que mandam nos chefes atrofiados.

É que as imagens da greve geral de quinta-feira que passaram na comunicação social estrangeira, não foram da greve, foram dos confrontos estupidamente violentos provocados pelos atrofiados. Imagens parecidas com as da Grécia – e gastam milhões para convencerem meio mundo que não somos a Grécia.

Ficámos a saber que os “corpos de intervenção” limpam tudo à ordem de “avançar”; que tal usá-los para limpar as praias, ou ainda melhor – as matas.
AVANNNÇAR!!!

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sexta-feira, 23 de março de 2012

Al-Qaeda na campanha presidencial de Sarkozy.

França.Març2012

Mohamed Merah, o jihadista islâmico abatido pelas autoridades francesas, deu oportunidade, com os seus actos fanáticos, para que Nicolás Sarkozy tire partido da crise de violência em tempo de campanha eleitoral. A primeira consequência política é a subida nas sondagens de Sarkozy que voltou ao discurso do “presidente protector” dos franceses.

Os radicais islâmicos, usados por países ocidentais nas alterações políticas iniciadas pela “Primavera Árabe”, apoiados entre outros pela França no Norte de África e no Médio Oriente, particularmente na Líbia e na Síria, mas também no Egipto, têm no seu seio elementos que nunca esconderam o desejo de atacar a Europa. São diversas “famílias” em grupos dispersos saídos dos grandes movimentos fundamentalistas que agora disputam eleições nos países árabes, unifica-as a aceitação dos princípios da Al-Qaeda.

As aventuras no Afeganistão e na Líbia, como antes no Iraque, no fundo as alterações geoestratégicas promovidas pelo ocidente nos países do petróleo, ou que são ameaças a Israel, criaram condições para o aumento do jihadismo; do recrutamento, do treino e financiamento.

A adesão à rede difusa e descentralizada da Al-Qaeda de jovens europeus é conhecida das autoridades. A Reuters cita fontes dos serviços secretos franceses de que se sabe de cerca de 30 cidadãos franceses treinados pelos talibãs. Merah era um deles, detido em 2007 em Kandahar por fabrico de engenhos explosivos; fugiu com centenas de talibãs da prisão no Afeganistão, voltou ao Paquistão em 2010 e 2011. Mohamed Merah fazia parte da No-Fly List do FBI.

Não se sabe, por enquanto, se houve razões políticas para não apanharem vivo o atirador de Toulouse, (salta desarmado da varanda e com um polícia junto a ele - vídeo Youtube) mas sabe-se que a tese do “lobo solitário” não se enquadra no tipo de organização por células dos aderentes à Al-Qaeda.

A operação policial rende eleitoralmente, o inimigo que “está entre nós” e aparenta ser um vulgar cidadão (o que é falso) rende quando se defende o extremismo anti-emigrante. Sarkozy que nem tinha feito “uma chamada do Eliseu” para as famílias dos pára-quedistas assassinados, (sabe-se agora, por Merah) viu nos últimos acontecimentos uma oportunidade de surgir como pacificador da pátria, afirmando as ideias securitárias da direita xenófoba.

Assim, depois de Sarkozy perder o Senado para a esquerda, de ver François Hollande como o mais provável vencedor das presidenciais, uma acção da Al-Qaeda ameaça influenciar decisivamente o futuro da França e da Europa. Eis um terreno fértil para as teorias da conspiração.

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quinta-feira, 22 de março de 2012

Greve Geral 22 de Março. Lisboa 14H. Rossio.

Greve Geral.Març.2012

GREVE GERAL

Lisboa - 14.00 horas - Rossio - Concentração/Desfile

Concertações - Acções de Rua - Desfiles  Distritos/Cidades/Locais (AQUI)

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quarta-feira, 21 de março de 2012

Atirador de Toulouse. A Al-Qaeda na Europa.

Al-Qaeda na Europa. Març.2012 

Sarkozy enfrenta uma crise terrorista perpetrada por um membro assumido da Al-Qaeda. O atirador de Toulouse, segundo a imprensa, será um militante recrutado pela Forsane Alizza (Cavaleiros da Liberdade) fundada em 2010, que até ao fim do mês de Fevereiro tinha um site onde colocava vídeos das suas acções e angariava militantes para a sua causa.

As actividades do grupo eram do conhecimento das autoridades francesas; tinha aliás sido “dissolvido por decreto” do governo francês em 29 de Fevereiro último, com a ameaça de prisão se continuassem as suas acções. É uma história de contornos singulares, conhecidas que são as alianças entre governos ocidentais e membros da rede Al-Qaeda no norte de África e Médio Oriente.

Quem lê a imprensa alternativa aos enlatados dos serviços de inteligência ocidentais, que a nossa comunicação social passa, já esperava notícias semelhantes. Em Fevereiro, antes da “dissolução” da Forsane Alizza, num artigo na Rede Voltaire sobre a Síria e o “fiasco dos agentes secretos franceses em Homs”, Boris V. fazia uma premonitória afirmação sobre Nicolás Sarkozy e a França. “Não devemos admirar-nos se um Estado que pratica o terrorismo em terra alheia, se venha a confrontar um dia com ele na sua própria terra”.

A imagem acima, tirada na Líbia, (da Voltaire) mostra o fotojornalista Paul Convoy do Sunday Times, que “escapou do Emirato Islâmico de Baba Amr” na Síria, ao centro, ao lado de Mahdi al-Harati procurado na Espanha pelo envolvimento no atentado de 11 de Março de 2004 e de Abdel Hakim Belhaj “oficialmente um dos homens mais procurados do mundo”, e nomeado pela NATO para governador militar de Tripoli.

A Europa, com agentes secretos que se fazem passar por jornalistas e com amigos destes, de que estava à espera!?

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terça-feira, 20 de março de 2012

Serviços atacam greve geral.

Greve Geral. Març.2012 

Uma greve geral é ameaça à segurança do Estado? Os sindicalistas também são ou podem vir a constituir uma ameaça? Quando o sindicalismo e as greves não são vistas com receio pelos governos, os serviços de informações não lhes dedicam muita atenção, os próprios serviços de propaganda dos partidos, que suportam os governos, têm uma actuação discreta e distendida sobre as greves e os sindicatos.

Vivemos tempos de radicalização de posições; por um lado, o governo multiplica medidas lesivas dos interesses de quem trabalha, está reformado ou no desemprego; por outro, os sindicatos, que são órgãos eleitos pelos trabalhadores para defender esses interesses, reagem com lutas cada vez menos espaçadas no tempo. A sucessão de iniciativas sindicais apenas responde à sucessão das medidas gravosas do governo. É natural onde existem liberdades fundamentais, no nosso caso protegidas pela lei constitucional.

Há quem pense que era melhor para o Estado que não houvesse sindicatos ou que tivessem menos força. Há uma direita com tiques ditatoriais, que está presente no governo e no parlamento e que detesta contrariedades às suas políticas. Desses, o próprio CDS/PP quer saber “quanto custaram as greves nos últimos dez anos” como eu gostava de saber quanto custa ao país cada vez que o CDS vai para o governo. Mas tudo isso é propaganda.

O contraditório é a direita dizer por um lado que os sindicatos têm um papel de contenção da explosão social e ao mesmo tempo querer que eles estejam inactivos ou desejar neutralizá-los. Se os sindicatos não conseguirem vitórias e os trabalhadores deixarem de acreditar neles, como já desacreditam de partidos que falam em seu nome, outras formas de contestação vão surgir e decerto menos controláveis; quem o diz são analistas de direita, portanto entendam-se.

A campanha contra a greve geral que anda pelos jornais, em artigos e caixas de comentários online, fruto da actividade das várias polícias partidárias e legionários, voluntários e a recibo verde, é ridícula; ninguém deixa de fazer greve por lhe lançarem reprovações patetas, que todos percebem serem notas do argumentário do governo.

GREVE GERAL – 22 de MARÇO

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sexta-feira, 16 de março de 2012

1º Aniversário do ClariNet. Argumentários e manipulação.

desenho de Vasco. Març.2012

O ClariNet faz hoje um ano; como fazer anos não dá tolerância de ponto, vou contar a história de um embuste (em três partes) que também faz parte da razão das crónicas do ClariNet. É comprido mas têm o fim-de-semana para o ler.

- No programa Daily Show, de Jon Stewart, que ontem passou na SIC Notícias, o Jon foi até à fonte inesgotável de sátira política que é a Fox News.

No programa Fox & Friends de Gretchen Carlson, Steve Doocy e Kilmeade Brian, o jornalista e analista político Steve Doocy leu para as câmaras um memorando com três tópicos chamado “preparação para analistas”, elaborado pelo Partido Republicano. Dizia a nota que os problemas da economia de Obama eram “a dívida nacional, que está a disparar, o desemprego que está acima dos 8% e o preço da gasolina”. Gretchen esbugalhou os olhos por Steve estar a divulgar o argumentário para analistas, do partido, mas ele continuou dirigindo-se à audiência; “O preço da gasolina está a afectar-vos? De que estão a prescindir? Enviem-nos um e-mail”.

É preciso ter lata, e um público estupidificado, para um “analista” ler as instruções do partido republicano aos seus “analistas” – mostrar o jogo e jogá-lo na hora.


2º - Em Fevereiro, aquando das manifestações de estudantes em Valência, o El País denunciou a existência de um argumentário do Partido Popular (PP) destinado a dar directrizes aos seus militantes sobre as respostas que justificassem a violência da repressão. Que “não tinham pedido autorização para as manifestações e por isso eram ilegais”; “Não há cortes na educação, os estudantes estão a ser utilizados”; “ cortar o trânsito é um delito”; “ a maioria dos manifestantes não são estudantes”; “travam uma batalha que não é sua, enganados por gente com outros interesses” etc., etc. Perante a divulgação pela comunicação social do argumentário, o PP assumiu e disse ser “uma comunicação interna e habitual nos partidos”. Os espanhóis estão avisados.

- E cá? Para onde vão os argumentários do PSD e do governo? Para os quadros dos partidos? Para analistas e comentadores políticos?

Ou vão também e directamente para os jornais onde maus (falsos) jornalistas com a cumplicidade de directores fazem propaganda travestida de notícias? Para melhor compreender a situação da comunicação social portuguesa é fundamental ler o que o Provedor dos Leitores do Diário de Notícias, o jornalista Óscar Mascarenhas escreveu em 3 de Março último com o título “Contraditório porquê se a fonte da notícia foi alguém do governo?”. (clicar no ler mais)

quinta-feira, 15 de março de 2012

Otelo diz que era necessário outro 25 de Abril.

oclarinet.blogspot.com Març.2012
Otelo disse ontem que era necessário um novo 25 de Abril, eu também sou dessa opinião. Se o Ministério Público vai abrir mais um inquérito ao coronel Otelo Saraiva de Carvalho por essas afirmações, pode também abrir um a mim e muitos mais a milhares de cidadãos deste país que pensam o mesmo.

Há quatro meses, Otelo fez umas declarações que foram entendidas como apelo a um golpe de Estado. Na altura não foram, apesar dos esforços de alguma comunicação social em demonstrar o contrário; manipularam vídeos da entrevista, truncaram o discurso, apresentaram o que deu jeito. Agora o Público diz que “Otelo defende actuação das forças armadas em nome do povo face a perda de soberania”.

Com o devido respeito pelos jornalistas, vamos precisar de ouvir as declarações de Otelo na íntegra, para perceber se na sua opinião já foram “ultrapassados os limites”.

Até lá, fiquem cientes que a campanha em marcha do “apoio dos portugueses às medidas do governo” só deixa todos mais descontentes; a perda da independência nacional, de condições de vida e dos direitos sociais, traz os portugueses cada dia mais insatisfeitos. De pouco serve tentar combater o desagrado com propaganda do governo, da Comissão Europeia ou do conjunto da troika, haverá sempre quem não se conforme.

Otelo considerou como “caso notável” a Islândia: “O povo prendeu os políticos, prendeu os banqueiros, disse que não pagava dívida nenhuma, que a culpa não era do povo, e com o poder popular emergente elegeram uma comissão para elaborar uma nova Constituição”.

O que fez o Ministério Público da Islândia? Fez inquéritos? A quem?

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quarta-feira, 14 de março de 2012

Energia. O bom secretário de Estado e a EDP.

oclarinet.blogspot .com Març.2012


Os consumidores de energia, afinal todos nós, tinham no demissionário Henrique Gomes (o secretário de Estado bom) um aliado, diz-se. Dizem todos, da DECO aos partidos de esquerda e comentadores avulsos.

Suscita-me algumas interrogações. Sendo verdade que o ministério da Economia nunca existiu e que os secretários de Estado são ministros dos seus pelouros, alguém acredita que a política do governo é feita por esses peões?

Henrique Gomes é um amigo em que sentido, como Otelo, “na presidência – um amigo”…? Como Aristides Sousa Mendes que livrou muitos judeus da morte certa ou como Cristo que veio tirar o pecado do Homem? Ora o homem, o secretário Gomes, apenas queria aplicar o Memorando da troika, que no caso do preço da energia é favorável aos consumidores. E foi desastroso.

Se Henrique Gomes em vez de vir para os jornais armado em cavaleiro andante contra a EDP, se tivesse sentado com os produtores de energia e levado as imposições da troika, poderia começar a negociar, mas só acabaria bem se conseguisse consensos que são mais difíceis após a privatização e a entrada dos chineses na EDP. Saiu porque não tem peso político; o Álvaro não existe, e o próprio Passos Coelho vai precisar da pressão da troika junto da EDP/chineses se quiser (o que duvido) baixar as rendas das produtoras de energia.

O aproveitamento do desagrado dos consumidores não é grave; grave é levar alguém a pensar que um “amigo” dentro deste governo pode inverter as políticas.

Todos conheciam (antes de o eleger) o programa de Passos Coelho como conheciam os seus amigos, sabe-se que a economia não é prioridade do governo e que ainda não receiam o descontentamento popular, vamos portanto ver as coisas piorar até os portugueses se fartarem de “encher”.

A nossa política energética é outro problema mas já se vêem mudanças. Há quem no passado tenha sido contra a opção pelas renováveis e agora esteja a mudar de opinião. É outra discussão que se poderá fazer com a premissa dos preços futuros, o que vai subir? O preço do petróleo ou o preço da chuva e do vento?

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terça-feira, 13 de março de 2012

Vítor Gaspar é uma seca.

Seca .Març.2012


O governo espanhol decidiu unilateralmente a meta do défice do seu país para 2012, o Eurogrupo engoliu – e mais nada! A soberania e os interesses da economia espanhola foram defendidos. Já o tinha referido AQUI e AQUI e Mário Soares também.

O ministro plenipotenciário Vítor Gaspar resolveu explicar as razões para que a flexibilização que o Eurogrupo aceitou para Espanha não se aplique a Portugal.

Diz Gaspar que é por causa do “desenho”; Portugal “está comprometido pelo próprio desenho do programa a manter os seus limites orçamentais independentemente da evolução das circunstâncias macroeconómicas.” A mim, que estudei desenho, e até fui desenhador de profissão, parece-me que Vítor Gaspar está a chamar desenhos a gatafunhos, limites orçamentais têm todos.

O modelo a desenhar é o mesmo para todos os países signatários do “Pacto Orçamental”, a Espanha, no dia e que o assinou, disse que ia fazer um desenho livre, os professores disseram que não deixavam, Rajoy bateu o pé, e ganhou.

Gaspar diz agora que “o valor verdadeiramente importante e vinculativo” é a meta de 3% em 2013, não é isso que nos é vendido em Portugal e se a Espanha pode definir para o seu caso valores intermédios de défice, os outros países também. Por maioria de razão a economia portuguesa, mais fraca, precisaria de maior flexibilidade na meta e no tempo para chegar à meta.

O problema português, mais que do desenho é da perspectiva, Vítor Gaspar justifica que se reparta o esforço dos espanhóis na consolidação orçamental, pois ele “permitirá credibilizar o processo de ajustamento em Espanha”. Portugal não precisa de facilidades para conseguir alcançar as metas fixadas “mesmo em situação de conjuntura económica pior que o previsto” como reiterou. É por causa destas fanfarronices que a credibilidade nos mercados, do nosso país, é o que é.

Ninguém vê como é que Portugal vai pagar as dívidas sem crescimento e destruindo a economia, excepto o governo com o manda-chuva Gaspar a liderar. É uma seca.

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segunda-feira, 12 de março de 2012

Drama da emigração. Não há empregos lá fora.

oclarinet.blogspot.com Març.2012

Emigrantes portugueses na Suíça a dormir na rua. Outros sem dinheiro para comer. Um casal que tentou mudar de vida em Inglaterra mas não tem, sequer, dinheiro para regressar a casa”. A ler, no “Público”, o trabalho da jornalista Patrícia Carvalho, uma peça de “serviço público”.

Ninguém avisou as centenas de milhar de emigrantes portugueses, dos últimos anos, que não é fácil encontrar empregos na Europa. Partem sem contactos no país escolhido, sem dinheiro ou destino certo, numa aventura que se diferencia das dos anos sessenta apenas porque não precisam de passar a fronteira “a salto”.


O actual movimento migratório já é de famílias desesperadas que partem inteiras e sem as cautelas antigas de enviar um membro da família à frente, que via das oportunidades e chamava os restantes. Isto deve-se à falta de informação sobre a realidade do mercado de trabalho na Europa mas também aos conselhos apressados dos governantes para que se emigre.

Suster a emigração era criar condições para reduzir o desemprego em Portugal, mas a política de Vítor Gaspar e dos seus “relações públicas”, o Passos e os outros, não vai nesse sentido.

Nesta situação, a comunicação social portuguesa tem um papel muito importante na divulgação das dificuldades que os emigrantes estão a encontrar. Não se pode dizer aos portugueses que não tentem a sorte num país estrangeiro quando cá lhes tiraram as condições de subsistência, mas devem ter o máximo de informação sobre os obstáculos que vão encontrar.

Fugir da pobreza para cair na mais profunda miséria não pode ser a opção dos nossos compatriotas.

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domingo, 11 de março de 2012

Economia alemã procura trabalhadores mais velhos.

Emprego por grupos etários. Març.2012
Potencial inexplorado - Taxa de emprego por grupos etários, em 2010.


O diário alemão Die Welt trazia ontem preocupações com a dívida soberana portuguesa. Afirmava-se que Portugal precisará de novo resgate até ao fim do ano. Não é sinal para alarme, continue a dar-se importância às campanhas contra Sócrates, às diabruras de Cavaco, e a outras cortinas de fumo, que a realidade passa ao lado.

Hoje, o mesmo Die Welt, trás uma preocupação interna alemã que faz todo o sentido olharmos com atenção. O emprego daqueles que estão no limite da idade da reforma ou já a ultrapassaram.

Diz o diário que as empresas alemãs estão a encontrar benefícios em empregar trabalhadores mais velhos. A ministra do Trabalho, Úrsula von der Leyen fez notar que os alemães “vivem mais 15 anos que no tempo de Adenauer”, pelo que “precisam de mais flexibilidade para os últimos anos de trabalho”. No fundo trata-se da idade fixa de reforma. O mercado de trabalho alemão não prescinde da experiencia profissional e procura gente qualificada entre os que, por sua iniciativa, se dispõem a continuar a trabalhar.

Visto daqui, do país das reformas antecipadas, desejadas por quase todos e promovidas pelos governos, parece uma enormidade. A demagogia e a ignorância de como funciona a economia real, tem levado os governos (principalmente o actual) a promover o desemprego e a passagem à reforma de trabalhadores competentes e necessários; diz-se até que para a nossa economia funcionar é preciso substituir os mais velhos pelos jovens “altamente qualificados”.

Nada disso se passa. Na realidade, a crise está a levar para o desemprego jovens de quarenta e tal anos, que são (cá) já demasiados velhos para voltar a encontrar ocupação. A crise também levou para o desemprego os melhores profissionais de várias actividades, porque eram quem tinha melhores salários e é por aí que se corta nas empresas em dificuldades (quase todas).

Não se trata da idade da reforma, o único indicador que parece preocupar toda a gente, mas de não dispensar competências seguras por aprendizes sem mestre. A nossa economia está dependente (caso dos call centers) de contratados que quando adquirem alguma experiencia são substituídos por outros em formação, e isso reflecte-se na produtividade geral.

Não há temas tabus, as empresas ganhariam em manter empregos de mais velhos. Ao contrário do que se apregoa, há escassez de competências feitas da experiencia profissional e há muita gente “de mais idade” que está interessada em trabalhar desde que a um ritmo apropriado. Não me perturbam os princípios e é falso que os mais velhos tirem trabalho aos mais jovens.

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sábado, 10 de março de 2012

Nova lei do governo para lares. Velhos aos montes.

Ministro da caridade,Març.2012 

O ministro do CDS para a caridade, anunciou em nome do governo que vai haver mais 10.000 vagas em lares de idosos. Não vai haver mais construção de estruturas, os dez mil novos lugares significam amontoar os idosos nas mesmas instalações, que em principio seguiam as normas reguladoras das condições de funcionamento dos lares.

As normas estavam mal feitas? As normas exageravam nas condições de instalação? Alteraram-se os objectivos dos lares? Não há duas respostas, ou o governo justifica a medida com pareceres técnicos que invalidem a lei anterior, ou estamos perante a destruição das condições biopsicossociais das pessoas idosas que vivem em lares.

As normas existentes justificavam-se na própria legislação que o governo agora altera, em proporcionar “uma qualidade de vida que compatibilize a vivência em comum com o respeito pela individualidade e privacidade de cada idoso”. Os lares ou servem para “estabilizar ou retardar o processo de envelhecimento” ou são depósitos de seres humanos que quanto piores condições tiverem, mais rapidamente a sociedade se vê livre deles.

Não é preciso ser especialista na matéria para perceber que o conforto e humanização dos lares dependem em muito do número de utentes por instalação e serviços prestados.

Com a sociedade a envelhecer, (teremos cada vez mais idosos), é altura de saber se queremos passar os últimos tempos da vida em camaratas onde juntando mais um bocadinho as camas cabe sempre mais um.

Os deputados, os cidadãos com familiares em lares e os futuros velhos não podem ficar indiferentes. Estas medidas do governo demonstram insensibilidade social e a coragem do costume em atacar os que menos capacidades têm de lutar pelos seus direitos.
Cobardes!

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sexta-feira, 9 de março de 2012

Bloco de Esquerda descobre desagregação da Líbia.

Líbia.Març.2012 
Ao primeiro artigo que publiquei em blogues sobre a guerra da Líbia, ainda no Estrolabio, a 28 de Fevereiro de 2011, dei o título, Líbia. O risco do desmembramento. Guerra civil. Pode ser lido aqui.

Pareceu-me na altura importante dar umas notas sobre a história e origens da Líbia que existia na época de Kadhafi, particularmente porque via um deslumbramento em parte da esquerda portuguesa pela possibilidade de se intervir militarmente “no derrube de ditadores” por decisão da ONU. Que havia o risco de desmembramento era análise da história e realidades da Líbia da altura, está a confirmar-se, é natural.

Agora o Bloco de Esquerda no seu sítio “beinternacional diz que a “Independência da Cirenaica acelera desagregação da Líbia”. Durou pouco o sonho com uma Líbia “democrática” com “sindicatos” (!?) e “partidos” e “Estado de direito”, e sei lá mais o quê da cartilha da organização política ocidental avançada e democrática.

Os atrasados líbios tinham organização de base e tribos, essa coisa obsoleta fruto da falta de missionarismo militante do ocidente. Depois dos colonialistas andarem por África a dividir e juntar povos a “régua e esquadro” e perante a reorganização geoestratégica que os imperialismos estão a fazer, muitos foram usados, apelando às boas causas que genericamente defendem, a apoiar soluções bélicas para os conflitos e impor aos povos formas de organização política inapropriadas.

Passado o tempo de aprovação da No-Fly Zone, de considerar o Conselho Nacional de Transição (transição para quê?) interlocutor da União Europeia, espera-se mais contenção na interferência nos conflitos internacionais. Uma coisa é conversa da Web que por aqui fazemos, outra é ser eleito para representar os portugueses em organismos internacionais e usar os votos com a ligeireza que colocam o país no lado errado da história.

A Síria e o Irão podem ser os casos seguintes.

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quinta-feira, 8 de março de 2012

Iniciativa Cidadã põe em causa imparcialidade nas PPP.

Transparência.Març.2012

A Iniciativa Cidadã da Auditoria à Dívida Pública (IAC) considera que a adjudicação à consultora Ernest & Young, da auditoria a 36 Parcerias Público-Privadas (PPP) “não assegura critérios de independência e imparcialidade”.

Em comunicado de imprensa a IAC diz a respeito da consultora a quem o governo concedeu a auditoria das PPP que: “A Ernest & Young trabalha actualmente para os grupos José de Mello Saúde, Somague e Águas de Portugal, ENDESA e IBERDOLA, entre vários outros. Estes grupos são parte interessada, isoladamente ou em consórcios, em várias das PPP e concessões sujeitas à auditoria adjudicada à Ernest & Young. Há ainda outras empresas para as quais a consultora trabalhou no passado recente e que também são concessionárias de PPP”.
Comunicado da IAC – AQUI.

“A IAC exige uma auditoria urgente às parcerias público-privadas em condições de isenção e independência”.

Uma história a acompanhar, um caso evidente de falta de cuidado ou pior, em que pensavam que ninguém reparava; não é que não queiram ser honestos e transparentes – simplesmente não conseguem.

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Alemanha. Semana de greves por melhores salários.

Mais 200 euros. Març.2012

Dezenas de milhares de trabalhadores alemães participam durante esta semana em paralisações parciais em vários Estados do país. Convocados pelo sindicato Verdi, que representa 2,2 milhões de trabalhadores dos serviços, (cerca de um terço da confederação DGB); reivindicam aumentos salariais de 6,5% no sector público.

Para melhor se entender a luta dos trabalhadores alemães, basta dizer que têm os ordenados praticamente congelados há anos (mais de um década), não tendo usufruído do desafogo económico conseguido pelo seu país.

A “moderação salarial” que já vem da década de 90 e o congelamento de salários do período após 2005 criou uma crescente desigualdade entre os alemães e consequente contracção do consumo interno.

Há sete anos (15 depois da reunificação) o desemprego era de 10,5% na parte oeste e 20,7% na parte oriental da Alemanha; 5,22 milhões desocupados, quando em Portugal tínhamos 7,1%; abaixo da média europeia de 8,9%.

Os trabalhadores sofreram rudes reformas nessa altura para alcançar a competitividade do modelo de exportações alemãs, os custos unitários de trabalho reduziram cerca de 30% em relação a vários países da zona euro. O “milagre” da produtividade, conseguido à custa da desvalorização do trabalho, conseguiu um superávit comercial da Alemanha dentro da zona euro.

Os desequilíbrios de hoje, na EU, vêm daí, a Alemanha resolveu o seu problema criando aos parceiros da Europa menos industrializados e receptores das suas exportações, um problema que não tinham antes destas disparidades. A moeda única não permite soluções cambiais, o ordenado médio dos países do sul não facilita a desvalorização dos tais 30% de que falava (no nosso caso) Krugman.

Decalcar do “milagre alemão” as soluções, como quer a troika e aconselha a Merkel ao relações públicas do governo de Vítor Gaspar, é milagre para pastorinho ver. Se Portugal não é a Grécia, muito menos será a Alemanha industrializada e organizada. Aqui os custos salariais não são a parte do leão da produção e levaremos décadas a reconstruir o que já tivemos quanto mais a equipararmo-nos.

Por outro lado, uma politica expansionista, o aumento dos salários e logo do consumo interno alemães, fazem no curto prazo mais pelo equilíbrio na zona euro que os esforços, para mim inglórios, de austeridade “custe o que custar” nos países em dificuldades.

Por isso, o sucesso das lutas dos trabalhadores alemães, para além da solidariedade com quem pugna por mais justiça na distribuição da riqueza, merece atenção pelas implicações na crise que passamos.

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quarta-feira, 7 de março de 2012

Conselho de Ministros aprova novo governo.

oclarinet.blogspot.com Março 2012 
O ministro Álvaro já tinha saído na 5ª feira passada, agora sai Passos Coelho e Miguel Relvas, Vítor Gaspar tomou o poder. O Conselho de Ministros aprova comissão liderada pelas Finanças para gerir fundos.

Instituída a Comissão Interministerial de Orientação Estratégica dos Fundos Comunitários e Extracomunitários. É composta de todos os ministros (excepto Defesa e Justiça), entre os quais Paulo Portas, líder do segundo partido da coligação, aqui comandado por Vítor Gaspar.

O QREN, que estava em última instância sob a alçada do primeiro-ministro Passos Coelho passa para Vítor Gaspar que reúne todas as pastas sectoriais da governação económica e financeira e todos os fundos “comunitários e extra comunitários”. O governo do país é de Vítor Gaspar ficando de fora os dois ministérios de Estado, Defesa e Justiça.

O primeiro-ministro fica sem emprego certo, mas o seu amigo Miguel Relvas, que tem um governo júnior de secretários de Estado, para o Emprego Jovem, não deixará de lhe arranjar um gestor de carreira.

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terça-feira, 6 de março de 2012

Contratação de professores depende de Vítor Gaspar.

Capa JN (hoje). Març.2012

O recrutamento de professores fica dependente da assinatura do ministro das Finanças, que passará a definir a quota anual que limita a contratação, com o Ministério da Educação.

Entretanto o processo negocial entre os sindicatos e a tutela sobre o “novo projecto do MEC” teve o desfecho previsto, particularmente desde que o acordo com a UGT foi considerado um sucesso da concertação social em Portugal.

O facto de alguns sindicatos de professores, seis, terem dado ontem o seu acordo deu para o governo vir dizer que o projecto do governo foi aceite. A Federação Nacional dos Professores (FENPROF), de longe a central sindical mais representativa da profissão, fala em encenação política.

A FENPROF recusa em comunicado a “forma de negociar” denunciando que recebeu na sexta-feira no fim do dia o “novo projecto do MEC” e às 21 horas de segunda foi “informada pelo próprio ministro que seria apresentada uma nova versão do projecto em negociação esperando que, no final da reunião houvesse acordo entre as partes”.

No comunicado a Federação Nacional de Professores diz que os “prazos legais negociais ainda não se esgotaram” e apresenta os pontos em que discorda do ministério.

Miguel Relvas é acusado pela FENPROF de mentir nas televisões sobre a não apresentação de propostas por parte da central sindical.

O que este governo já nos habituou é a conseguir umas assinaturas de sindicatos comprometidos com o poder, seja da UGT porque o PS assinou o memorando da troika, seja de sindicatos controlados por militantes do PSD, para afirmar que tem o acordo dos representantes dos trabalhadores.

Neste caso dos professores exorbitaram, quer o ministro da propaganda Miguel Relvas directamente, quer a RTP através do texto suporte da notícia, dão seis a um, (tipo futebol) confundindo a representatividade da FENPROF e os outros sindicatos. Não é má-fé é estupidez, não é procura da paz social é provocação. A história de um governo desnorteado que perdeu o respeito pelo normal funcionamento da democracia.

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Mário Soares elogia posição soberana de Mariano Rajoy.

Mário Soares.Març.2012 
Mário Soares elogiou a posição de Mariano Rajoy, em estabelecer para Espanha objectivos de redução do défice menos prejudiciais para a economia do seu país.

Soares diz que “Rajoy fez aquilo que devia”, numa critica clara à política de Vítor Gaspar/ Passos Coelho.

O ex-presidente da República falava numa conferência promovida por Ribeiro e Castro, em memória a Francisco Lucas Pires. Soares disse ainda que os membros da troika “não podem ser encarados como aliados”, acrescentando que a troika é usurária e está aqui para cobrar juros altíssimos”.

Fica o facto de Mário Soares dar importância política à posição soberana do governo do Estado Espanhol, coisa que aqui também demos.

Rajoy 5ª feira
Rajoy 6ªfeira

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segunda-feira, 5 de março de 2012

Álvaro sai, QREN para Gaspar usar nas metas orçamentais.

oclarinet.blogspot.com Març.2012 
O QREN é para Vítor Gaspar gerir e usar nas metas orçamentais.

Álvaro Santos Pereira de saída do governo, dizia eu ontem. Fonte próxima do ainda ministro, citada pelo jornal i confirma que ameaçou demitir-se, no último Conselho de Ministros.

Declarações posteriores de Passos Coelho, Vítor Gaspar ou de comentadores influentes como Marcelo Rebelo de Sousa, indicam que fez mal em não se demitir na 5ª feira. Cada dia que passa irá ser mais empurrado para fora do governo, perdeu a confiança dos líderes do PSD e do CDS, não tem condições para enfrentar a oposição ou exercer o cargo.

Também há pouco para exercer no actual Ministério da Economia, a prioridade da política orçamental deste governo, deixa o país sem ministérios. O único pensamento é arranjar verbas, seja com maroscas no IRS, exploração de coimas e multas pelo fisco ou deixando de pagar a fornecedores. Depois do caso dos laboratórios Roche, os hospitais já pedem emprestado material de consumo diário, como as compressas que o Amadora/Sintra cedeu ao Garcia da Horta – que mais ministros venham a querer bater com a porta não será surpresa.

O governo está em desnorte, mas há um facto a reter, cresce o poder de Vítor Gaspar. Não se deu atenção às suas palavras em Manteigas, (deveria talvez falar ainda mais devagar) mas quando Gaspar diz que não há “clivagens no governo” tem razão. O governo é Gaspar, “ele manda”, como disse Marcelo Rebelo de Sousa acerca desta “pequena polémica” das verbas do QREN.

Vítor Gaspar tem total apoio de Passos Coelho e Paulo Portas e tem uma “legião” de defensores a equipará-lo na “missão histórica” a Oliveira Salazar.

A comparação já é feita às claras; no canal TV da Ongoing ouve-se, entre outros a Manuel Monteiro, que daria um bom primeiro-ministro à imagem de outros das finanças, Salazar e Cavaco. O estilo de controlar todos os cheques do Estado, foi mais feitio de Salazar. Sabe-se o que custou em décadas de miséria para os portugueses o controle salazarista das finanças.

Nesta situação, a saída do ministro Álvaro do governo pouco significa, se regressar ao Canadá nesta primavera, apanha a época do regresso dos mosquitos.

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domingo, 4 de março de 2012

Álvaro Santos Pereira de saída do governo.

Mal-estar no ministério. Març.2012
"É enorme o mal-estar no Ministério da Economia".


O ministro Álvaro já não agrada a ninguém. A governação económica está encalacrada, o Ministério da Economia esvazia-se progressivamente; foram-lhe retiradas as privatizações, as parcerias público privadas, o sector empresarial do Estado, o emprego para os jovens, o investimento externo.

Agora perante a guerra dentro do governo, pela tutela da gestão das verbas do Quadro de Referência Estratégico Nacional (QREN), Passos Coelho diz que Gaspar terá palavra “decisiva” nos fundos comunitários.

Seria normal, as verbas do QREN serem controladas pelo ministério da Economia. A ideia de uma comissão interministerial dirigida pelo Ministério das Finanças, levou o ministro Álvaro a afirmar que “ceder o QREN às Finanças é esvaziar o seu ministério” (DN). Esvaziar ainda mais, acrescente-se.

Não há confiança do governo no Ministério da Economia, nem do próprio PSD, que em Conselho Nacional lhe fez muitas criticas, como se tornou público. Os vários dossiers nas mãos do ministro são impasses governativos.

O que Passos Coelho agora diz não tem duas leituras: “Vítor Gaspar terá uma palavra decisiva na forma como a reprogramação estratégica dos fundos comunitários se processará”. Dito de outra forma, Álvaro pode dizer o que acha e Gaspar consente ou não.

A tutela dos Fundos é de Vítor Gaspar e não é certo o seu destino. Quando Passos Coelho fala em “estrita ligação com as opções que estão a ser tomadas do ponto de vista financeiro”, dá que pensar se o QREN vai para a economia ou para enterrar na insolúvel condição financeira e suas metas absurdas.

A Álvaro Santos Pereira resta sair de cena pelo seu pé, a curto prazo com ligeiros encontrões, ou de empurrão. O governo é o ministro Gaspar mais vários relações-públicas, Álvaro é desde sempre um erro de casting.

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sábado, 3 de março de 2012

Excesso de mortes por gripe - do ovo ou da galinha.

Mortalidade anormal.INSA Març.2012


Ontem falava-se aqui em desdramatizar as mais de 6.000 mortes registadas em 15 dias, em Portugal; hoje os jornais voltam ao tema dando voz a um discurso divergente com o das entidades oficiais – Direcção Geral de Saúde e Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge, que vieram defender como “muito especulativo” relacionar o que está a acontecer com a crise.

Como exemplos, o Expresso diz em título “Crise económica pode ajudar a explicar pico de mortalidade”; o Diário de Notícias em chamada de 1ª página para um dossier sobre o tema, escreve “População envelhecida, casas mal preparadas para o frio e fracos recursos económicos agravados pelas medidas de austeridade ajudam a explicar o aumento de mortes em relação a igual período do ano passado”; o Público titula “Especialistas em saúde pública associam excesso de mortalidade à crise económica”.

Do artigo da jornalista Alexandra Campos, no “Público”, três períodos em que cita os peritos:
«Especialistas como o ex-director-geral da Saúde e professor da Escola Nacional de Saúde Pública Constantino Sakellarides e o presidente da Associação Nacional dos Médicos de Saúde Pública, Mário Jorge Santos, vieram ontem a público defender, porém, que os efeitos da crise económica e do aumento das taxas moderadoras devem também ser levados em linha de conta na análise deste fenómeno. "O facto de as pessoas viverem com mais dificuldades", sentidas no acesso "aos medicamentos e à saúde", e de terem a "electricidade mais cara", são "hipóteses plausíveis" para explicar os anormais picos de mortalidade verificados nas últimas semanas, admitiu Constantino Sakellarides, em declarações à TSF.

Além do frio e da gripe, que provocam sempre um aumento da mortalidade no Inverno, a manter-se esta tendência, há outros factores que devem ser investigados, como a "perda de rendimento das famílias e o aumento brutal das taxas moderadoras", defendeu Mário Jorge Neves. "Conheço pessoas que deixaram de ir ao hospital, de comprar medicamentos e de fazer alguns exames complementares de diagnóstico por causa das taxas moderadoras", descreveu.

É preciso ver se as pessoas se estão a vacinar mais ou menos, se retardaram a ida ao médico e se pioraram a sua alimentação, recomenda também Vítor Faustino, coordenador do GripeNet, um sistema de monitorização da actividade gripal. "A gripe mata, mas não pode ser a única explicação. Temos de olhar para todos os lados, não descurar nada, como um detective", afirma o investigador, que lembra que noutros países europeus e nos Estados Unidos não se estão a observar tendências semelhantes. E nos EUA esta foi a gripe mais tardia dos últimos 29 anos.»


Declarações deste tipo, segundo o artigo, foram consideradas “precipitadas” pelo director-geral da saúde, Francisco George.

Discute-se ao nível de saber se é do frio ou da falta de agasalho, do ovo ou da galinha, era bom que as entidades oficiais apresentassem com brevidade conclusões e não bitaites. Houve variações anormais em Portugal, o surto é nacional e os vírus não têm bandeira. E já agora, onde estiveram as medidas e os avisos à população? A crise e as medidas de austeridade já estão ligadas a esta mortalidade, não se esconde facilmente um drama destes.


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