quarta-feira, 29 de janeiro de 2014

1 de Fevereiro. Empregos–Direitos–Demissão!

oclarinet.blogspot.com Com os trabalhadores.Jan.2014


As 25 maiores fortunas existentes em Portugal representaram em 2013, 10,1% do PIB. Entre 2010 e 2013, mais 17,8% da riqueza produzida pelos trabalhadores foi transferida para o capital. MANIFESTO (clicar aqui)



1 de Fevereiro - Dia Nacional de Luta - convocatória da CGTP-Intersindical com concentrações e manifestações 
(ver aqui) em Faro-Aveiro-Beja-Braga-Bragança-Covilhã-Coimbra-Évora-Guarda-Leiria-Lisboa/Setúbal-Portalegre-Porto-Santarém-Viana do Castelo-Vila Real-Viseu-Angra do Heroísmo-Ponta Delgada-Funchal.

As concentrações Lisboa/Setúbal são no Cais do Sodré e nos Restauradores pelas 15 horas do próximo sábado.

Vamos Lá!


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terça-feira, 28 de janeiro de 2014

Pete Seeger deixou-nos.

Pete Seeger partiu.Jan.2014
03/05/1919 - 27/01/2014

Pete Seeger, o activista que atravessou todas as convulsões do século XX, como bem refere o artigo biográfico do Público, deixou-nos.

Lega o exemplo de uma longa vida de luta por causas cívicas, e a obra cultural. 

Em Abril de 2012 soube-se que a extrema-direita intolerante e assassina, odiava a sua música - e My Rainbow Race tornou-se ainda mais popular. (Clicar Aqui)



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segunda-feira, 27 de janeiro de 2014

Passos Coelho não gosta dos seus conterrâneos.

Avião de Bragança  - vigarice .Jan.2014
Portugueses que gostam mais dos alemães, (ou dos americanos, ou dos russos, ou dos espanhóis) que dos seus compatriotas, há muitos. Que detestem os patrícios da sua terra, daquele lugar primeiro do nascimento é mais raro.

Ontem, José Sócrates contou um episódio da indecência da política eleitoralista, que merece ficar para memória futura.

Sócrates também tem histórias, outros políticos terão outras, mas a de Passos Coelho com a linha aérea Trás-os-Montes/Lisboa é uma nojeira exemplar.

Este governo, em Novembro de 2012, retirou o subsídio de rota à carreira aérea Lisboa-Vila Real- Bragança. O transporte por avião que funcionou ininterruptamente durante 15 anos ficou suspenso, porque, dizia o governo, Bruxelas não permitia esse financiamento.

No fim de 2012, o governo anunciou uma solução (subsídio por bilhete) para repor a ligação aérea. Sérgio Monteiro, secretário de Estado dos Transportes, informou estar dependente da aprovação de Bruxelas.

Sócrates disse ontem no seu programa na RTP, que recentemente o primeiro- ministro informou não ter ainda “luz verde da Comissão Europeia” para o novo modelo de financiamento. Mas, “acontece que deputados do PCP perguntaram à Comissão” pela proposta do governo português e a Comissão Europeia respondeu: “não tomamos posição pela simples razão de o governo português não ter cá proposta nenhuma, já teve mas retirou-a”, conta Sócrates.

Pior, ainda, que esta aldrabice obscena, são as datas em que a proposta entrou e foi retirada da Comissão Europeia.

Segundo o comentador averiguou, o governo fez um decreto-lei (o tal dependente de Bruxelas) e anunciou-o, com promessas, em 13 de Agosto (período da campanha autárquica). Em 29 de Setembro deram-se as eleições autárquicas, e no dia 30…no dia seguinte à votação – o governo retirou a proposta de Bruxelas.

Passos Coelho enganou os transmontanos indecentemente.

Passos Coelho não tem raízes - nem aprumadas, nem murchas. Dizem-no transmontano, fizeram-no presidente da assembleia do município de Vila-Real, mas não passa de uma infiltração de sujidade nas terras asseadas de Trás-os-Montes.

Passos Coelho obrigou as portagens na A 24, parou o Túnel do Marão, extinguiu o museu do Côa e quer fazer o mesmo ao helicóptero de Macedo, encerra serviços hospitalares, escolas e tribunais; mas ainda o recebem em Trás-os-Montes.

E recebem-no bem…e voltam a votar nele?!


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domingo, 26 de janeiro de 2014

Ana Drago. Mais uns buracos no Bloco.

Fortes divergências internas atingem Bloco.Jan.2014
Bloco bloqueado com a estratégia e com mais buracos.

A dirigente Catarina Martins afirma que o Bloco de Esquerda (BE) está “interessado em todas as convergências que rejeitem as políticas de austeridade e o tratado orçamental, e, em juntar todas as forças nas eleições europeias e nas legislativas que aí vêm”. Parece não ser inteiramente verdade.

A proposta do movimento 3D era para discutir um programa conjunto para as europeias, com o Partido Livre, a Refundação Comunista e o Bloco de Esquerda. Segundo Catarina Martins o BE entende ser “importante manter o diálogo com o M3D”, e mais não disse.

Ana Drago demite-se da comissão política do BE devido a “estarmos a viver um momento grave” pelo que “ não é tempo de começar um debate de convergências fazendo exclusões”, segundo afirmou.

Assim vai a unidade das esquerdas. Dissidente é o pior inimigo, não há disponibilidade para discutir seja o que for com esse inimigo. Nada de novo no campo da esquerda, sempre assim foi.

Ana Drago é uma dissidência muito mais importante que as anteriores, atinge sobremaneira a imagem externa do BE e vai refletir-se nos resultados eleitorais - do BE, do Livre e do PS.

Como à esquerda não faz falta mais um PCP, (e ainda mais pequeno), da destilação do Bloco é capaz de resultar a UDP e o PSR; ainda mais puros e desnecessários.

Isabel do Carmo dizia (ver aqui) que “a esquerda tem que engolir elefantes ou mesmo dinossauros”. O Bloco não tem apetite nem para comer um cozido à portuguesa de um dia para o outro.

Há sondagens a dar próximas vitórias eleitorais ao PSD/CDS. Pormenores!

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sábado, 25 de janeiro de 2014

AJA - Núcleo de Lisboa. Horário.

Associação José Afonso -  Núcleo de Lisboa - Horário. Jan.2014
Puxa uma cadeira.

A sede do Núcleo de Lisboa da Associação José Afonso, inaugurada há uma semana, tem actualmente o seguinte

 horário de abertura:


DE TERÇA-FEIRA A SÁBADO

DAS 15H ATÉ ÀS 19H

Encerra ao domingo e segunda-feira.



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quinta-feira, 23 de janeiro de 2014

Passos Coelho volta a ser reeleito primeiro-ministro.

Apre - Passos Coelho reeleito - NÃO. Jan.2014

Lê-se hoje no jornal Público uma frase que pairava nas nuvens, sobre Passos Coelho, escreve-se; “ (…) agora que aumenta a convicção de que pode voltar a ser reeleito primeiro-ministro, no próximo ano.” Está dito e escrito num jornal de referência.

Enquanto uns estão convictos de que bastará a propaganda para ser reeleito, outros estão convictos de que quem está a sofrer as consequências da governação de Passos Coelho não lhe dará o seu voto nem se vai abster. Foi isso que os reformados foram ontem dizer a São Bento. Nós Votamos!

“Passos Coelho volta a ser reeleito primeiro-ministro” - é campanha; que “aumenta essa convicção” é técnica publicitária.

Estamos a ser bombardeados com números aldrabados, e, “aumenta a convicção”, de que vamos assistir a um crescendo da divulgação de dados “oficiais” e previsões económicas milagrosas, para branquear o cenário negro da vida dos portugueses. Será o cerne da campanha da reeleição de Passos Coelho.

Daí valer a pena (por exemplo) recuperar a denúncia do “insuspeito” Bagão Félix. Compreender os números, entender a vigarice.

Falácias e mentiras sobre pensões

Por Bagão Félix*

Escreveu Jean Cocteau: “Uma garrafa de vinho meio vazia está meio cheia. Mas uma meia mentira nunca será uma meia verdade”. Veio-me à memória esta frase a propósito das meias mentiras e falácias que o tema pensões alimenta. Eis (apenas) algumas:

1. “As pensões e salários pagos pelo Estado ultrapassam os 70% da despesa pública, logo é aí que se tem que cortar”. O número está, desde logo, errado: são 42,2% (OE 2014). Quanto às pensões, quem assim faz as contas esquece-se que ao seu valor bruto há que descontar a parte das contribuições que só existem por causa daquelas. Ou seja, em vez de quase 24.000 M€ de pensões pagas (CGA + SS) há que abater a parte que financia a sua componente contributiva (cerca de 2/3 da TSU). Assim sendo, o valor que sobra representa 8,1% da despesa das Administrações Públicas.

2. Ou seja, nada de diferente do que o Estado faz quando transforma as SCUT em auto-estradas com portagens, ao deduzi-las ao seu custo futuro. Como à despesa bruta das universidades se devem deduzir as propinas. E tantos outros casos…

3. Curiosamente ninguém fala do que aconteceu antes: quando entravam mais contribuições do que se pagava em pensões. Aí o Estado não se queixava de aproveitar fundos para cobrir outros défices.

4. Outra falácia: “o sistema público de pensões é insustentável”. Verdade seja dita que esse risco é cada vez mais consequência do efeito duplo do desemprego (menos pagadores/mais recebedores) e - muito menos do que se pensa - da demografia, em parte já compensada pelo aumento gradual da idade de reforma (f. de sustentabilidade). Mas porque é que tantos “sábios de ouvido” falam da insustentabilidade das pensões públicas e nada dizem sobre a insustentabilidade da saúde ou da educação também pelas mesmas razões económicas e demográficas? Ou das rodovias? Ou do sistema de justiça? Ou das Forças Armadas? Etc. Será que só para as pensões o pagador dos défices tem que ser o seu pseudo “causador”, quase numa generalização do princípio do poluidor/pagador?

5. “A CES não é um imposto”, dizem. Então façam o favor de explicar o que é? Basta de logro intelectual. E de “inovações” pelas quais a CES (imagine-se!) é considerada em contabilidade nacional como “dedução a prestações sociais” (p. 38 da Síntese de Execução Orçamental de Novembro, DGO).

6. “95% dos pensionistas da SS escapam à CES”, diz-se com cândido rubor social. Nem se dá conta que é pela pior razão, ou seja por 90% das pensões estarem abaixo dos 500 €. Seria, como num país de 50% de pobres, dizer que muita gente é poupada aos impostos. Os pobres agradecem tal desvelo.

7. A CES, além de um imposto duplo sobre o rendimento, trata de igual modo pensões contributivas e pensões-bónus sem base de descontos, não diferencia carreiras longas e nem sequer distingue idades (diminuindo o agravamento para os mais velhos) como até o fazia a convergência (chumbada) das pensões da CGA.

8. “As pensões podem ser cortadas”, sentenciam os mais afoitos. Então o crédito dos detentores da dívida pública é intocável e os créditos dos reformados podem ser sujeitos a todas as arbitrariedades?

9. “Os pensionistas têm tido menos cortes do que os outros”. Além da CES, ter-se-ão esquecido do seu (maior) aumento do IRS por fortíssima redução da dedução específica?

10. Caminhamos a passos largos para a versão refundida e dissimulada do famigerado aumento de 7% na TSU por troca com a descida da TSU das empresas. Do lado dos custos já está praticamente esgotado o mesmo efeito por via laboral e pensional, do lado dos proveitos o IRC foi já um passo significativo.

11. Com os dados com que o Governo informou o país sobre a “calibrada” CES, as contas são simples de fazer. O buraco era de 388 M€. Descontado o montante previsto para a ADSE, ficam por compensar 228 M€ através da CES. Considerando um valor médio de pensão dos novos atingidos (1175€ brutos), chegamos a um valor de 63 M€ tendo em conta o número – 140.000 pessoas - que o Governo indicou (parece-me inflacionado…). Mesmo juntando mais alguns milhões de receitas por via do agravamento dos escalões para as pensões mais elevadas, dificilmente se ultrapassam os 80 M€. Faltam 148 M, quase 0,1% do PIB (dos 0,25% que o Governo entendeu não renegociar com a troika, lembram-se?). Milagre? “Descalibração”? Só para troika ver?

12. A apelidada “TSU dos pensionistas” prevista na carta que o PM enviou a Barroso, Draghi e Lagarde em 3/5/13 e que tinha o nome de “contribuição de sustentabilidade do sistema de pensões” valia 436 M€. Ora a CES terá rendido no ano que acabou cerca de 530 M€. Se acrescentarmos o que ora foi anunciado, chegaremos, em 2014, a mais de 600 M€ de CES. Afinal não nos estamos a aproximar da “TSU dos pensionistas”, mas a … afastarmo-nos. Já vai em mais 40%!

13. A ideologia punitiva sobre os mais velhos prossegue entre um muro de indiferença, um biombo de manipulação, uma ausência de reflexão colectiva e uma tecnocracia gélida. Neste momento, comparo o fácies da ministra das Finanças a anunciar estes agravamentos e as lágrimas incontidas da ministra dos Assuntos Sociais do Governo Monti em Itália quando se viu forçada a anunciar cortes sociais. A política, mesmo que dolorosa, também precisa de ter uma perspectiva afectiva para os atingidos. Já agora onde pára o ministro das pensões?

P.S. Uma nota de ironia simbólica (admito que demagógica): no Governo há “assessores de aviário”, jovens promissores de 20 e poucos anos a vencer 3.000€ mensais. Expliquem-nos a razão por que um pensionista paga CES e IRS e estes jovens só pagam IRS! Ética social da austeridade?

*Economista, ex-ministro das Finanças
(in Público – 13.01.2014)


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quarta-feira, 22 de janeiro de 2014

PS de Hollande ou de António Arnault.

Contra a CORJA do governo. Jan.2014

O Partido Socialista português não é o de Hollande, embora os queiram ligar, nem é de António Arnault, é de António José Seguro porque os líderes personificam a vontade política, em cada momento, dos militantes dos partidos.

O PS pode utilizar com vantagens, em campanha eleitoral, ser o partido de António Arnault. Porque o Serviço Nacional de Saúde (SNS), cujo fundador é Arnault, representa o melhor que as transformações sociais havidas após o 25 de Abril conseguiram. Não fossem uns interesses gananciosos privados e o SNS seria consensual.

O nosso SNS é o resultado do empenho de militantes políticos portugueses por uma sociedade mais justa e solidária.

Há três anos, no início deste blogue, escrevi um texto “Privatização da Saúde. Não obrigado” (clicar aqui), que se mantém actual. Os argumentos dos defensores do SNS repetem-se, mas ele não é defendido sem fazer algo pelo derrube dos actuais governantes.

Pensar que o grupo de interesses representados por Passos coelho pode voltar a ser eleito para um novo governo, é pensar em dizer adeus, definitivamente, ao SNS.

António Arnault chamou ontem ao governo, “corja”. Diz ter–se lembrado da palavra “quando viu duas crianças a gritar de fome e de frio enquanto remexiam no lixo à procura de comida”.

Ontem à noite partilhei o artigo da intervenção de António Arnault em Coimbra no Facebook, hoje está nas páginas “de dentro” do Público online. Fica aqui a chamada de atenção, porque a constatação de que “anda pelo país uma sombra tenebrosa e sufocante” não é só de António Arnault.


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terça-feira, 21 de janeiro de 2014

Laranja podre. Só com mola no nariz.

oclarinet.blogspot.com - Laranjas Podres. Jan.2014
Seguir esta família só com mola no nariz. Mais um negócio obscuro.

Empresa então gerida pelo actual conselheiro de Estado (Marques Mendes) vendeu por 51 mil euros títulos que o Fisco avaliou em mais de três milhões.

Vender acções abaixo do preço de custo é chão que dá laranjas, pelo menos desde que se soube há três anos (três!), que Oliveira e Costa comprou acções da SLN por 2,10 euros e vendeu a Cavaco Silva a 1 euro.

Marques Mendes e o seu sócio (na direcção do PSD e na empresa Isohidra) Joaquim Coimbra (pois, o da SLN/BPN) venderam acções que “valiam 60 vezes mais” e segundo o Fisco, lesaram o Estado em 773 mil euros.

Os prejuízos do Estado com o negócio laranja da Isohidra são para juntar aos prejuízos do Estado com outras empresas da mesma família, do BPN a ramificações várias. O Público informa que, “para além da Isohidra, 51%, a Enersistems é detida em 30% pela Fomentinvest, gestora de participações em várias empresas da área do ambiente e energia com vários contratos com o Estado, e onde Pedro Passos Coelho trabalhou.

Isto anda tudo ligado. Se ainda fosse uma “Isohidra” isolada, mas é uma Hidra de muitas cabeças.

Na Itália da Mafia, a acção da Justiça, obrigou os partidos com dirigentes envolvidos em negócios escuros (e com vergonha na cara) a mudarem de nome, cá nada muda, nem o nome. Tem de haver muitas cumplicidades.

Fazem o que querem com o dinheiro público, parte dele roubado aos salários e pensões. 

Até quando?

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segunda-feira, 20 de janeiro de 2014

Isabel do Carmo. A grande volta que a esquerda não dá.

oclarinet.blogspot.com - Dar a volta (manolo75).Jan.2014
A esquerda tem que engolir elefantes ou mesmo dinossauros.

Por Isabel do Carmo

O manifesto 3D tem incomodado muita gente e nomeadamente uma certa direita. Uma direita cínica, displicente, dizendo-se pragmática, que não é conservadora no sentido tradicional, que não acredita em nada, nem nela própria. Contraditoriamente é muito firme sob o ponto de vista ideológico, sendo que essa ideologia é a base estrutural na qual se baseia o sistema financeiro económico que nos domina.

Perturbando-se pois com o manifesto 3D, o que só o dignifica, resolveu denegrir toda a esquerda, no sentido actual e no sentido histórico, dando-a por morta e enterrada. Em relação a Portugal, a porta da respeitabilidade dos consideráveis só a abre ao PS se este entrar em compromisso com a direita, isto é, se em próximas eleições legislativas o PS ficar numa posição que o leve a acordos governamentais ou parlamentares com o PSD/CDS. Esta seria uma grande desgraça para o nosso país. Teríamos a continuação da mesma política actual um pouco mais adocicada, mantendo o emaranhado de compromissos na Europa e em Portugal. Ou seja, o status quo.

Historicamente, a esquerda ou que como tal se designava, tem de facto páginas muito negras no seu passado. E muito mau será se aqueles que hoje se consideram de esquerda não proclamem tantas vezes quantas são necessárias que repudiam e denunciam as várias formas de estalinismo, para usar uma designação genérica que abrange muito mais do que uma só criatura. Tal como se passa com a Inquisição e seus continuadores na Igreja Católica, não há “contexto histórico” que os absolva. Podemos pois falar claro sobre o presente e o passado. E poderemos então ver de que lado funcionou de facto a esquerda depois de se sentar desse lado na assembleia durante o período da Revolução Francesa.

Foi a esquerda que lutou contra a escravatura, foi a esquerda (as mulheres e alguns homens) que lutaram pelos direitos das mulheres, foi a esquerda que descreveu as condições miseráveis dos trabalhadores durante a Revolução Industrial (Flora Tristan em França e em Inglaterra, Engels em Inglaterra), foi a esquerda que pôs em romance as diferenças de classes e a revolta (Victor Hugo e tantos outros), foi a esquerda que lutou pelas 8 horas de trabalho e depois pelo “weekend”. Foi a esquerda (partido Trabalhista na Grã-Bretanha) que criou o primeiro Serviço Nacional de Saúde (a lei de Bismark era apenas de “caixas” para quem trabalhava), foi a esquerda que organizou a resistência ao nazismo nos países ocupados, foi a esquerda que lutou pela independência das colónias, foi a esquerda que lutou contra o apartheid (só agora é que são todos admiradores do Mandela). Foi a esquerda que lutou contra a ditadura em Portugal, foi a esquerda que derrubou as ditaduras da América Latina.
Quando hoje alguns de nós nos sentimos motivados para apelar à unidade da esquerda é antes de mais uma questão ética.

Não somos nós que inventamos, são números oficiais que nos mostram que um quarto da população portuguesa está em estado de pobreza e que trezentos mil portugueses da população activa não têm trabalho, não virão a ter, não têm subsídio de desemprego ou não virão a ter. O que é que lhes querem fazer? Exterminá-los? Pô-los em fila à porta das instituições de solidariedade? No fundo fazem sentir-lhes que são inúteis, tal como os reformados. Se não existissem era melhor… Na prática, procedem como se eles estivessem a mais na vida. Ou acham que eles podem ser todos “empreendedores” e “subir por mérito”? Ou então que têm todos um QI baixo como disse a 27 de Novembro o Presidente da Câmara de Londres? Estamos num alto (será o máximo?) do desprezo da direita pelos seres humanos.

O momento é de urgência. Por isso a esquerda tem que se deixar de eleitoralismos, de protagonismos, de clubismos identitários.

Tem que engolir elefantes ou mesmo dinossauros. O povo cujo coração bate à esquerda, como é próprio dos corações, é muito mais amplo do que as direções (estimáveis) do B.E., do Livre, do PC, do PS e dos interesses individuais e ou coletivos.

Quando o grupo ad-hoc que promoveu o Manifesto 3D se formou, e depois cresceu para cinco mil, foi exatamente para unir a Esquerda correspondente ao povo da esquerda, não foi para sermos o “rés-do-chão esquerdo” ou o “oitavo esquerdo”. Para nós, que já tivemos tantas vidas seria mais cómodo ficar a ver a banda passar.

A alternativa tem que passar por uma grande volta! E ou a esquerda dá essa volta ou vamos caminhando para a barbárie.

In Jornal Público 19/01/2014


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domingo, 19 de janeiro de 2014

O regresso de Berlusconi. Sintonia Renzi/Forza Itália.

Renzi. Sintonia profunda com Forza Itália de Berlusconi. Jan.2014
Menos esquerda na social-democracia italiana.

“Profunda sintonia com Forza Italia” foram as palavras (textuais), do novo secretário-geral do Partido Democrático (PD) Matteo Renzi, após a reunião, de duas horas e meia, com Sílvio Berlusconi, líder do conservador Forza Italia.

A reunião, que se realizou na sede do PD, e que, também por isso provocou acesa polémica na esquerda do PD, ressuscitou politicamente o condenado pela justiça, Berlusconi. Este deu o seu acordo a reformas no sistema eleitoral que reforçarão os grandes partidos.

A reforma eleitoral (cujo texto Renzi apresenta segunda -feira) será no sentido de garantir o “bipolarismo”; uma prenda aos grandes partidos, “eliminando a chantagem” dos pequenos partidos, cujo poder “impede a governabilidade”, isto segundo Renzi.

Renzi e Berlusconi entenderam-se ainda sobre a reforma do “Título V da Constituição”, relativo à administração do território e sobre a transformação do Senado em uma Câmara autónoma sem vencimentos e sem eleição directa dos seus membros.

A viragem à direita do Partido Democrático promovida pelo novo secretário-geral e a sua equipa de jovens, ainda vai dar que falar. Para já, e apesar das ameaças do líder do governo Enrico Letta (também do PD) em demitir-se, caso os pactos com Berlusconi continuem, Renzi leva o seu plano adiante.

Berlusconi é um condenado e num país normal seria um político acabado.

O novo líder do PD, de “centro-esquerda” e partido historicamente opositor de Berlusconi, acaba de contribuir para a sua reabilitação política.

Não vai ser pacífico nas várias tendências do PD.

(em actualização)

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sexta-feira, 17 de janeiro de 2014

Polícias revoltados e fartos do governo.

oclarinet.blogspot.com - polícias perseguidos pela polícia.Jan 2014
 É preciso desfocar as fotos e tapar as caras dos polícias que se manifestam?

"O Ministério Público abriu um inquérito à manifestação das forças de segurança, em Novembro, em frente à Assembleia da República (AR). A investigação aos polícias, boa parte da PSP, resultou de uma participação da própria PSP".

Segundo o Público, um relatório do IGAI propõe “que sejam identificados agentes manifestantes”, e já estarão a examinar imagens captadas pelas televisões, câmaras da AR, dos jornais, e decerto, acrescento eu, das redes sociais. Polícias a perseguir polícias ou simplesmente o governo do PSD/CDS a perseguir os trabalhadores que são polícias?

Se os polícias se intimidassem com os métodos pidescos do governo, de nada serviria a luta que têm feito pela sua dignidade e da profissão, mas mais uma vez afirmam que não têm medo e prometem um incremento da contestação.

O presidente da Associação dos Profissionais da Guarda, citado pelo jornal, diz que “o saco encheu. Nós continuamos a seguir o juramento à pátria e ao cidadão, o governo não.”

O presidente da ASPP- PSP diz ser “impensável, num país democrático, manifestamo-nos e oferecerem-nos como recompensa um processo-crime. Parece que queriam, afinal, e ainda querem da próxima vez, um banho de sangue”.(fim de citação)

Está marcada uma manifestação para dia 27 Fev., irão ser produzidos cartazes para dizer “basta” ao governo. Os trabalhadores das polícias não vão “reprimir a sua revolta”.

Como disse aqui há uma semana: 
Se não é possível reprimir a revolta, não reprimam – nem a vossa revolta nem a revolta dos outros que como vós estão revoltados.

Post Scriptum: Para  dia 27 de Fevereiro já está agendada uma manifestação nacional, convocada pela APG/GNR (Associação de Profissionais da Guarda). Contra os novos cortes nos vencimentos e os aumentos da carga horária e dos descontos para o subsistema de saúde.

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quinta-feira, 16 de janeiro de 2014

PSD. Coerção na votação da co-adopção.

Parlamentares do PSD coagidos pelo partido. Jan.2014
Decidimos votar favoravelmente e assegurando que todos votavam a favor
Disse Luís Montenegro, líder parlamentar do PSD

Não há liberdade de voto no PSD. A proposta de referendo, apresentada em Outubro de 2013, causou desconforto no PSD e fonte da direcção da bancada laranja admitiu nessa altura ao PÚBLICO que deveria ser dada liberdade de voto aos deputados, mas em vésperas da votação acabou por acontecer o contrário.

Compelir alguém a votar contra a sua consciência é um acto de violência condenável. O PSD não inscreveu a matéria no seu programa eleitoral, nenhum deputado está prisioneiro de qualquer sentido de voto.

Acaba por fazer sentido; o PSD faz no seu interior, o que faz através do seu governo, no país.

É pela força, pela intimidação, e pela pressão mediática da sua propaganda, que o governo (des) governa, e (des) motiva os portugueses.

Vive-se na ameaça de todas as precariedades, coagidos pelas possíveis consequências nefastas de afirmar a opinião, a reivindicação, a liberdade. Até a liberdade de consciência.

Mas a coerção acumulada tem um perigo, acaba por revoltar as suas vítimas. No PSD possivelmente alguns deputados faltarão à votação. E no país?

Faltar às votações (no país) já se viu que não aligeira a coerção, talvez o país precise de acumular ainda mais pressão do governo.

Qual é o limite?


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quarta-feira, 15 de janeiro de 2014

Estamos sujeitos ao perigo das armas químicas sírias.

Pela primeira vez destroem-se armas químicas no mar. Jan.2014
http://www.youtube.com/watch?v=aeGyQMpPZ5g

Os americanos pediram e as autoridades políticas nacionais estão inclinadas a pôr à disposição um porto dos Açores, para o transbordo das armas químicas recolhidas na Síria, que estão a bordo de um barco dinamarquês, para o navio norte-americano que dará início à sua destruição.

No navio, MV Cape Ray (imagem/vídeo), irá ser feita a primeira tentativa de neutralizar armas químicas no mar. Trata-se de adaptar a um navio os meios já conhecidos de inutilizar as armas químicas em situação de estabilidade terrestre.

Para além dos perigos decorrentes das manobras de transbordo, a fazer nos Açores por ser uma “zona isolada” (é o que dizem!), temos a operação de destruição que vai ser efectuada no navio, algures no Atlântico.

O Pacífico teve o recente desastre de Fukushima, (ainda não completamente avaliado) o Atlântico é palco de uma aventura científica que nem teve tempo para ser estudada. Pedir garantias de que tudo corra bem, como faz alguma oposição e ambientalistas, é o mesmo que rezar a São Cristóvão. É uma experiência.

Sendo uma experiência, e perigosa, é natural que os americanos se tenham lembrado dos portugueses e que até o desmintam; estamos a fazer de ratinhos brancos nos ensaios do FMI, para tratar crises económicas em países sem moeda própria, aguentamos ser as cobaias da “zona isolada” onde se tudo correr bem, até se imaginam uns negócios nas Lajes, mas, dando para o torto – paciência…

Cobaia é assim mesmo, tem dono, sujeita-se.

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terça-feira, 14 de janeiro de 2014

Belas. Centro de Saúde sai de Belas.

oclarinet.blogspot.com - Belas. Jan.2014

O que aprendemos na escola ainda serve para ler jornais? A instrução primária fi-la em Belas e uma notícia de hoje, sobre a vila, diz que o “Centro de Saúde de Belas mudou-se para outra freguesia”.

Se a intenção fosse a ironia, enfim… diz o corpo da notícia; “O Centro de saúde de Belas abriu ontem as suas novas instalações no mesmo edifício do Centro de Saúde do Monte Abraão, situado numa freguesia contígua à de Belas”. Na verdade significa que Belas já não tem Centro de Saúde, tinha mas fechou - ficou sem Centro de Saúde.

Os Centros de Saúde não mudam de freguesia, quem muda de freguesia, para ir ao médico, são os utentes que ficam sem centro de saúde e têm de se deslocar a outra freguesia. Os utentes do SNS de Belas têm agora de ir a Queluz, porque deixaram de ter Centro de Saúde em Belas. Ponto!

Belas vai de cavalo para burro, foi sede de concelho no século XIX, é habitada desde o Paleolítico, conhecida pelas antas do Megalítico, pelas quintas dos ricaços, pelos conventos, o golfe, e também pelos doces (Fofos de Belas).

O parque habitacional cresceu desmesuradamente após o 25 de Abril, justifica-se manter um Centro de Saúde; não faltarão médicos para tão perto de Lisboa, mas os cortes na saúde não dão para instalações decentes.

Os respeitáveis autarcas que apoiaram o fecho dizem querer um Centro de Saúde em Belas, e que vão tentar que isso aconteça; “agora não é possível”, informaram. Talvez seja possível quando forem repostos os salários da Função Pública – Passos Coelho disse o ano passado que basta “um excedente orçamental e um crescimento acima de 2,5 a 3%”. Será portanto quando as galinhas que põem os ovos para os Fofos de Belas tiverem dentes.

Entretanto, vi na vila de Belas um painel a anunciar a abertura de novas instalações para um centro clinico privado. Deve ser coincidência.

Daquelas coincidências que se dão por todo o lado onde o serviço público de saúde encerra portas.

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domingo, 12 de janeiro de 2014

Precisa-se acção para testar capacetes da polícia.

Polícia vai ficar ainda melhor equipada. Jan.2014

A notícia não diz qual o peso que os coletes à prova de bala e os capacetes da PSP têm na balança comercial. Diz que importamos tal equipamento e que vamos produzi-lo em Portugal, com inovação e parcerias entre a universidade e as empresas.

Substituir importações por fabrico nacional dizem que é bom, e, já que não se aplica à produção de kiwis e outros alimentos importados desnecessariamente, que se aplique aos plásticos - até à comida de plástico.

Para além de investigação na área, temos habilidade em design nacional capaz de criar fatiotas para polícia de choque, masculino e feminino, a preceito das várias culturas e modas.

Trajes para os trópicos, para as zonas temperadas e as outras; estampados para África, cores cruas para a Indochina, de riscas finas verticais para a europa e largas horizontais para a Tunísia, burcas cintadas ou acentuadas conforme o desejo dos príncipes. Temos negócio.

O único senão, que o cluster português do equipamento de dar porrada, sem sofrer amolgadelas nem desengomar, é o ensaio do produto.

A PSP ofereceu-se para fazer uma calendarização da experimentação, mas suponho que estão a ser voluntariosos. A PSP sabe lá se daqui a dois anos e meio (é o prazo) tem manifestações onde possa arrear, esvoaçando invulneráveis com a leveza das novas vestes de super-heróis?

O mercado da violência de rua anda deficitário.

Brutalidade continuará a ser os pivôs e comentadores das televisões, mas não se vê que vantagem tem um ensaio de uma marrada, melhor… que um polícia invista (para usar uma linguagem empreendedora) contra um LCD ou um plasma.

A não ser que usem uma estratégia que já deu frutos (infelizmente esses frutos não dão para exportar pois o mundo está cheio deles) que é… infiltrar umas manifestações pacíficas com agentes provocadores que iniciem as hostilidades.

Se alguém der por isso, pergunte aos paisanos se é para o teste. Se for, desculpem-nos. É para bem do equilíbrio da balança comercial, é para substituir importações, é para aumentar as exportações e pagar a dívida com o excedente.

É só mais um esforço, se já demos a bolsa e o emprego, não vamos ser queixinhas por levar um enxerto.

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sábado, 11 de janeiro de 2014

AJA - Lisboa. Associação José Afonso em São Bento.

Sede Associação José Afonso - Lisboa. Jan.2014

Foi hoje inaugurada a sede do núcleo de Lisboa da Associação José Afonso.

AJA - Rua de São Bento Nº170. Jan.2014

Situada frente à Assembleia da República, no Nº170 da Rua de São Bento, vai decerto ser visitada por quem queira saber mais sobre Zeca Afonso, por quem queira conhecer e difundir a sua obra, e por muitos daqueles que indo até ao Parlamento para sacudir as melgas que estão no poder, lembrarão que o Zeca esteve com a sua música e os seus poemas na linha da frente da inquietude revolucionária, mas também nas ruas, com os trabalhadores e os seus anseios.


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sexta-feira, 10 de janeiro de 2014

Polícias revoltados. O problema dos recibos.

oclarinet.blogspot.com - Falam os recibos dos vencimentos.Jan.2014

Os cortes detectados ontem nos recibos de vencimentos a pagar este mês estão a revoltar os polícias. Lê-se no Público.

O governo tem um problema grave com os recibos. Pode tentar adormecer a população propagandeando melhorias na economia portuguesa; pode colocar a toda a hora os seus comentadores de política (!?) e de economia nas televisões e nas caixas de comentários dos artigos de jornal; pode impedir o contraditório do paleio dos seus delegados em toda a comunicação social.

Pode, pode, pode…tudo isso! Pode até fazer uma campanha de publicidade ordinária para dar automóveis ou baldes de plástico a quem peça recibos no seu consumo diário. O problema do governo com os recibos - não é esse; é com os recibos que o Estado passa.


Os “cortes detectados” pelos polícias vão ser detectados por todos os outros funcionários roubados nos seus salários. Não há converseta de político ou de comentador troikista que encubra a realidade que vem na papeleta.


O recibo não engana, os polícias foram roubados: - “Em média cada um vai receber menos 200 euros, num salário de mil” diz a notícia.


O choque! O horror!! A tragédia!!! - Como dizia o “artolas” - vai ser quando todos os gamados derem pela dimensão da coisa; quando conferirem pelo próximo recibo, com quantos dedos o governo lhes deu a palmada.

Os polícias, através do presidente da sua associação profissional dizem que “já não é possível  reprimir a revolta” e que “poderão vir a ser decididas ainda outras formas de luta” para além de manifestações como a de 21 de Novembro.

Bom. Se não é possível reprimir a revolta, não reprimam - nem a vossa revolta, nem a revolta dos outros que como vós estão revoltados.


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quinta-feira, 9 de janeiro de 2014

Hoje. Cenas da Luta de Classes em Portugal.

Cenas da luta de classes. Jan.2014
 

Promovido pela “Associação Cultura no Muro”, é hoje exibido em Lisboa o documentário “Cenas da Luta de Classes em Portugal”.

Filme/documentário/ensaio, do cineasta nova-iorquino Robert Kramer, (1939-1999) sobre o período revolucionário que se seguiu ao 25 de Abril.

O documentário será apresentado por Miguel Cardina, da Universidade de Coimbra. Em seguida, participantes no documentário e activistas do período revolucionário pós-25 de Abril, conversarão com o público sobre esse momento da nossa história.


Na livraria Ler Devagar (Rua Rodrigues de Faria 103)
LX Factory em Alcântara, hoje 5ªfeira pelas 21.00H.

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quarta-feira, 8 de janeiro de 2014

CES parte dos 938 euros? Governo apalpa portugueses.

Governo estuda reacção dos portugueses. Jan.2014

A notícia de que o governo estuda CES a partir dos 938 euros saiu no fim do dia de ontem e não faz primeiras páginas.

O Público apurou que nesta terça-feira, ao final do dia, a solução ainda não estava fechada e continuava a ser trabalhada dentro do Governo.

Decerto foi fácil “apurar” pelos jornais que o que está a ser trabalhado pelo governo é a reacção pública à medida, e não a medida, que andará para lá e para cá, para cima da mesa ou varrida para baixo do tapete, conforme as ondas que provoque.

Foi assim com a subida do IVA, é assim com todas as medidas antipopulares; todos os órgãos da comunicação social são alimentados pelas agências do governo e da presidência da República. Somos alvo ininterrupto dos estudos do mercado da política. Ler é ser apalpado, não reagir é sujeitar-se.

O jornal também confirmou que o “governo está a tomar como referência um valor referido numa das declarações de voto” de Juízas do Tribunal Constitucional (TC). Uma das portas abertas na conversa da unanimidade.

Concretamente as conselheiras Maria de Fátima Mata-Mouros, indicada pelo CDS para o TC, e Maria José Rangel de Mesquita, indicada pelo PSD.

Pois, coincidências…


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terça-feira, 7 de janeiro de 2014

Tunísia. A nova Constituição e a “primavera árabe”.


Tunísia redige Constituição no meio de assassinato de opositores. Jan.2014

Ou a recolha das pétalas caídas da primavera árabe.


O que resta da Primavera Árabe? Disse aqui que “as revoluções que nunca o foram têm fins decepcionantes”, nunca embandeirei em arco com as revoltas populares no mundo árabe, fossem genuínas ou de fabrico externo, o seu desfecho era previsível.

A Tunísia é um país, dos sujeitos à “experiencia primaveril”, que ainda está inteiro; embora a violência política e a segmentação entre religiosos e laicos seja um facto. A forte presença do extremismo islâmico avisa das dificuldades em conciliar visões antagónicas.

Está a ser redigida uma nova Constituição na Tunísia, deverá ser votada dia 14 de Janeiro e já tem artigos aprovados. Para os media ocidentais cada artigo aprovado tem sido uma meia ou completa bênção.

No Sábado, dia 4, o primeiro artigo aprovado, que “estabelece o Islão como religião oficial” foi visto como um "compromisso", uma vez que o Alcorão (leia-se a Sharia/lei islâmica) não é a base da lei tunisina. Os islamitas da maioria no poder, o partido Ennahda, não cometeram o erro da Irmandade Muçulmana no Egipto.

Ontem foi aprovado um artigo do mesmo projecto constitucional que diz; “Todos os cidadãos e cidadãs têm os mesmos direitos e os mesmos deveres. São iguais perante a lei, sem nenhum tipo de discriminação”. Para a Amnistia Internacional o artigo é redutor por não especificar as discriminações, mas atendendo ao que era a proposta em 2012 (ver aqui) que apresentava a mulher como complementar do homem é um avanço dos islamitas da Ennahda.

Desde que os islamitas governam, o assédio das tunisinas pela polícia vão dos costumes a situações mais graves; antes, e desde 1956, com o Código do Estatuto Pessoal de Habib Bourguiba, as mulheres tinham na Tunísia, o melhor estatuto de igualdade de entre os países árabes.

O processo de redacção da Constituição, que tem um atraso de dois anos, tem sido feito em ambiente de violência e ameaças de morte aos opositores do Ennahda. 2013 Ficou marcado por assassinatos; em Fevereiro, do líder do maior partido de oposição, Chokri Belaid, que provocou a maior manifestação depois da deposição de Ben Ali; e em Julho, do deputado “nasserista” Mohamed Brahmi, outro líder da oposição.

Que governo islamita poderá ter futuro, numa sociedade entre o presente o passado, e o mais que passado; para mais com a presença interna e exterior do extremismo islâmico?


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domingo, 5 de janeiro de 2014

Estado Islâmico da Al-Qaeda. A ponta do iceberg.

Al Qaeda na estrada Síria - Iraque.Jan.2014
 

Enquanto ganhava espaço na Síria, o ISIS ia crescendo no Iraque, onde a autoridade do governo é questionada pelas populações árabes sunitas.

O grupo que representa a presença da Al- Qaeda na Síria e no Iraque, ISIS ou ISIL (Estado Islâmico do Iraque e do Levante) declarou Fallujah, no Iraque, um “Estado Islâmico”. 

O reforço da Al-Qaeda no Médio Oriente e Norte de África é fruto das campanhas ocidentais de interferência na região, os Estados Unidos e a Europa têm feito de aprendizes de feiticeiro armando e treinando milícias, do Afeganistão à Líbia, e agora na Síria, cujo benefício tem sido o reforço do Islamismo radical e a Al-Qaeda.

No Iraque, é patente desde 2011 que os terroristas islâmicos já possuíam meios e organização para aproveitar a incapacidade de pacificar o país. O “ocidente” abandonou o Iraque à sua sorte e as potências (?) regionais não têm influência determinante na Al-Qaeda.

Há quem seja da opinião de que o que sabemos da Al-Qaeda no Médio Oriente é apenas a ponta do iceberg. 

Quando o crescimento e robustez da Al-Qaeda for uma maior ameaça ao “Ocidente”, talvez sejam revistas as iniciativas e prioridades da intervenção da NATO, dos EUA e da Europa, no Médio Oriente.

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Eusébio, a partida de um ídolo.

Eusébio um ídolo do futebol. Jan.2014
25/01/1942 – 05/01/2014

Morreu Eusébio, pela madrugada. Deixou o palco da vida de repente, a sua morte abriu hoje telejornais no estrangeiro e apanhou o jornalismo português de surpresa. 

Foi ídolo de gerações, com Puskas e Pelé, a equipa campeã do Benfica e a Selecção de 66; o seu exemplo foi o grande impulsionador das jogatinas da nossa juventude, das partidas intermináveis de futebol de rua, em que as equipas mudavam de campo aos cinco (golos) e o jogo acabava aos dez.

Eusébio era hoje embaixador da Selecção Nacional e do país, o respeito que granjeia fora de portas passados tantos anos de arrumar as chuteiras, é algo que surpreende. 

Uma fama que perdurará na história do desporto nacional e internacional.

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sábado, 4 de janeiro de 2014

Cuba. Venda livre de automóveis, preços impossíveis.

oclarinet.blogspot.com- Táxi Havana. Jan.2014

Desde ontem, é possível em Cuba comprar automóvel sem autorização do governo. Em 2011 tinha sido autorizada a compra e venda de usados entre cubanos. A transação de carros novos e de usados estava sujeita (desde 1959) a autorização governamental.

Carros novos em Cuba têm sido, desde a revolução, privilégio de altos funcionários e de alguns atletas, artistas, e outras “individualidades”.

Os preços a que o Estado cubano colocou os automóveis novos, são exorbitantes; o mais barato apresentado num stand Peugeot, o 206, de 2013, custa 91.113 dólares (CUC peso convertível) o que são 67 mil euros.

Como o salário médio em Cuba é de 20 dólares e de um médico (diz-se) cerca de 60, ainda vai mudar o regime de preços, (pelo menos esse regime) antes de um funcionário público mediano ter juntado dinheiro para um automóvel.

Os salários devem ser vistos pela paridade do poder de compra, e em Cuba, com 1 dólar se paga a renda de casa ou 2 meses de electricidade; para carro novo é evidente que o salário médio não chega, o que vais ser um motivo de desânimo para quem aguardava esta medida da “abertura”. Se vai servir para financiar o investimento no degradado transporte público, como prevê o governo, vai-se ver; as aquisições pelos particulares estão directamente ligadas à cobrança do imposto, que parece excessivo.

Havana Cuba. Jan.2013 
A economia de Cuba cresceu após a revolução e aguentou o bloqueio americano (desde 1961) graças ao abastecimento do bloco soviético, mas desde 1989, com o fim da União Soviética, foi uma catástrofe. A queda súbita da economia, o bloqueio económico que cortava a importação de bens essenciais e a falta de divisas fez Cuba tomar medidas após cinco anos de sufoco.

A liberalização das remessas dos emigrantes, a reativação do turismo com a flexibilização de capitais, a prestação de serviços internacionais, dos médicos (cujos serviços são troca por petróleo na Venezuela) ao “turismo de restauração” no estrangeiro, etc. O livre comércio da ALBA, parcerias com a China e a substituição da “cana” pela produção de alimentos, a par de duas economias; uma virada para o interior em função das necessidades sociais e outra para o exterior, do lucro, de empresas de turismo e exportadoras são uma viragem realista em Cuba.

Cuba tem os maiores gastos sociais por habitante, o que se reflete na gratuitidade da excelente educação e na assistência para todos do sistema de saúde, tem quase pleno emprego; tem ao mesmo tempo dificuldades na habitação e nos transportes. Carro próprio não é prioridade, é apenas um sinal das mudanças que Cuba tem de continuar a fazer.

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