quinta-feira, 24 de setembro de 2015

As poupanças de Bernardo Ferrão


Oclarinet… às duas por três partiu…às duas por três chegou. 

Um pouco “pra poder recuperar/ o direito a respirar”. Olá! Sérgio Godinho!!! Para espirrar o ar inquinado e sufocante com que o jornalismo desfigurado, deste equinócio até solstícios adjacentes, contamina a nossa existência.

Bernardo Ferrão, jornalista promovido nesta época - para esta época, comentava antes de ontem os jornais do dia, no Jornal das Dez da “SIC Notícias”.

Dizia o comentador/jornalista (!) que o título do jornal Público “ Portugueses nunca tiveram tanto dinheiro em depósitos à ordem” levava-o à conclusão “que os portugueses aprenderam alguma coisa com o que se passou nos últimos quatro anos”… “perceberam que é preciso poupar”. Daí, Bernardo Ferrão disse que era levado a “outro raciocínio”. E raciocinou; “O Partido Socialista aposta muito em dar mais dinheiro aos portugueses porque dessa forma aumenta o consumo, dessa forma estimula a economia e cria emprego, etc.” e concluiu a dúvida existencial/essencial; “-será que os portugueses, se tiverem mais dinheiro, vão gastar mais, ou optar por poupar como se sugere aqui?” (SIC)

Santinho! Os que têm para guardar, e a alguns sobrou dos bens que tiveram de vender para pagar dívidas, têm o dinheiro à ordem porque os juros baixos dos depósitos a prazo não pagam o risco da banca trafulha. “Aprenderam alguma coisa com os últimos quatro anos” e querem o seu dinheirinho disponível em vez de jogado em segredo pelo sistema financeiro. Quando 60% dos activos da banca estão à ordem é porque não há confiança no sistema. Os juritos não justificam o risco, ponto.

Quanto ao perigo dos portugueses terem dinheiro para gastar (que raio de campanha) ou não consumirem, é evidente confusão de Bernardo Ferrão. Para azar, hoje o mesmo Público titula “Poupança das famílias recua com aumento do consumo”. É o INE a baralhar o argumentário do governo e de quem lhe dá apoio lançando dúvidas apenas sobre os programas da oposição.

Eu não tenho como poupar, ontem cortei-me num dedo com uma faca e a minha mulher disse sem humor nenhum, indiferente, ”aproveita para ver a glicémia”. Vi, tinha 138. Poupei uma picadela, é certo, mas beneficiei com a facada? Isto é que é uma dúvida Sr. Bernardo/comentador/jornalista.

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5 comentários:

Pedro disse...

Bom regresso.

Francisco Santos disse...

Tens toda a razão Carlos, não sei onde vão descobrir estes pseudo comentadores , uma coisa é certa é tudo rapaziada das escolas dos partidos do governo, veja-se a história das sondagens que correm sempre a favor de quem lhes convém também gostei do "gentil" golpe de ideia da tua mulher, uma boa forma de poupar dinheiro e tempo !!! aquele abraço Carlos.

Carlos Mesquita disse...

Manuela Ferreira Leite, duas horas depois deste post ser publicado, disse exatamente o mesmo na TVI 24, no programa “Politica Mesmo”, sobre os depósitos à ordem e o risco/desconfiança no sistema bancário. Está gravado na página da TVI24. O Sr. Bernardo Ferrão perdeu uma oportunidade de aparecer como comentador objectivo para lançar dúvidas sobre o que afirma o PS. Pode ser útil a alguém mas não é comentador político independente.

Unknown disse...

Muito folgo por ver-te voltar a dares uma feição de honestidade à actividade democrática da População, que não aquela dos grupos organizados. Quem aceita como boas as regras fundamentais que têm regido a nossa República, alguma coisa tem escondida na manga e, então, para facilitar-lhes a burla a imprensa dá guarida a tudo quanto possa tapar os olhos dos portugueses.CLV

Carlos Mesquita disse...

Voltei, para estar em seguida quase uma semana ausente, coisas do Portugal profundo - onde não chega a Internet. O programa segue dentro de momentos.