terça-feira, 31 de janeiro de 2012

Janeiro fim do mês.

O ClariNet. Jan 2012

Quem se lembra do que era notícia no princípio de Janeiro, ou o que durante o mês despertou mais curiosidade? Ontem houve uma cimeira europeia que se dizia muito importante e já está a sair das notícias. Há demasiada informação e rápida substituição das preocupações; não temos tempo para assimilar a maior parte da comunicação, seleccionamos é certo – e é essa selecção que acho interessante.

De vez em quando consulto as estatísticas do blogue para aferir a aderência aos textos publicados, as visitas, o tempo dado a cada publicação, de que países vêm as visitas, etc.

Neste mês os cinco posts mais lidos no ClariNet foram:

Ex-ministra arrisca prisão ou Sócrates já está gasto?
17/01/2012

Marcha dos Indignados Lisboa rejeita extrema – direita.
21/01/2012

BPN. Supremo condena todos nós a pagar a padres burlados.
03/01/2012

Cavaquistas querem saída de Vítor Gaspar. Água no barco.
29/01/2012

Jerónimo Martins; fuga de impostos para a Holanda.
03/01/2012

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Europa. A ordem é não fazer ondas.

Prejudica prejudica. Jan 2012


O que se ganhou com mais uma cimeira de líderes europeus? Mobiliza-se um continente durante meses para adoptar uma ideia inconsequente e provisória como o pacto fiscal ou orçamental, que vai durar nos Tratados tanto quanto esta liderança europeia nos destinos da UE.

A situação política na Europa é tão pateta que se recebe em festa a noticia de que se começou a falar em crescimento; só a falar – não se vêm medidas que levem a esse almejado crescimento. Mudaram o nome ao fundo de 80.000 milhões de euros, antes destinado à “competitividade e crescimento”, que agora se chamará de “emprego e crescimento”. Não lhe juntaram um euro e lançam-no nos noticiários como um (novo) investimento da União nas pequenas e médias empresas.

Cortes, pactos para flexibilidade laboral e salarial, prazos e objectivos para reduzir os défices não serão iguais para todos como se verá. Enquanto Passos Coelho escolheu o irrealista e subserviente paleio de que não precisa de mais tempo e mais dinheiro, e repete a parvoíce a todo o momento, o espanhol Rajoy conseguiu da Comissão Europeia que levem em conta as próximas previsões económicas do fim de Fevereiro em Espanha.

Se as previsões espanholas forem piores que o esperado, e vão fazer tudo por isso, o objectivo de corte no défice será menos exigente por parte da Comissão. É um benefício que Espanha conseguiu negociar em nome dos riscos para a economia europeia de uma recessão profunda na Espanha.

Portugal, que é o próximo na lista da bancarrota, que teria por isso acrescidas razões para negociar, não o quer fazer porque passou pela cabeça dos iluminados governantes e seus apoiantes que assim enganam os mercados. As classificações de crédito e seguros de crédito, os juros em todas as maturidades da dívida, dizem que os mercados já marcaram Portugal, as exigências da troika dizem que a Europa está a desistir de Portugal.

O nosso papel como povo é ir ordeiramente para o castigo, assim quer o governo em obediência ao poder alemão, não fazer ondas internas e muito menos na Europa, onde qualquer insubordinação pode prejudicar a reeleição de Merkel, a domadora de governos invertebrados.

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domingo, 29 de janeiro de 2012

Cavaquistas querem saída de Vítor Gaspar. Água no barco.

Onde risco o meu nome...aqui.Jan 2012


“É absoluta a discordância de algumas das mais proeminentes personalidades do cavaquismo e do próprio Presidente da República sobre a condução da política orçamental e as prioridades para a organização das finanças públicas, que têm sido adoptadas pelo governo” diz o jornal Público.

Não são só os cavaquistas, no âmbito do PSD, que discordam das políticas do governo. A máquina de propaganda “relvista” pôs os indefectíveis defensores das soluções ultra liberais em tudo o que é comunicação social, fazendo dos programas económicos ou de informação, tempo de antena e em exclusivo. No entanto desde o início da apresentação do programa da troika e “do além da troika” várias personalidades sociais-democratas foram-se afastando do apoio pleno ao governo. Ex-governantes e comentadores do PSD diziam: “esperemos que dê certo”; “vamos lá a ver se funciona” e frases no género, deixando uma porta aberta para dar o dito por não dito.

Agora que todos já perceberam que o barco (também construído pelos cavaquistas) está a meter água, é chegada a hora de saltar para terra firme. Querer a saída de Vítor Gaspar é o PSD a tentar sobreviver ao desastre.

Qualquer empresário de vão de escada sabe que sem receitas não tem orçamento. O embuste do desvio colossal nas contas públicas não resistiu ao conhecimento do enorme emagrecimento das receitas do Estado, cuja queda será maior daqui em diante, consoante os efeitos das medidas de austeridade cheguem à economia real.

Com o risco de bancarrota nos 70% falta saber qual a percentagem necessária para a queda do governo. O resto são cortinas de fumo, devem estar a chegar umas “notícias” de broncas socretistas ou gafes presidenciais, mas como isso não reduz o risco de bancarrota…

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sábado, 28 de janeiro de 2012

Alemanha - Grécia. Luta pelas soberanias ainda no início.

paisagem. jan 2012


A Alemanha exige perda de soberania da Grécia, esta exclui hipótese de ceder a sua soberania orçamental à UE. A ideia de Merkel é antiga e não vai parar pela tomada de posição grega. A luta pelas soberanias dos endividados ainda está no início.

O documento alemão, com dois pontos, divulgado pelo Financial Times e que terá sido entregue na sexta-feira a ministros das finanças da zona euro, exige do governo grego que use prioritariamente as receitas do Estado para pagar os serviços da dívida, (para assim dar segurança aos credores públicos e privados) só podendo usar o remanescente para financiar as despesas primárias.

Impõe igualmente que a consolidação orçamental seja seguida e controlada a nível europeu. A transferência de soberania orçamental grega para o nível europeu, por um período de tempo, incluiria a nomeação de um comissário, pelos ministros das finanças da zona euro, com poder de vetar decisões fora dos objectivos orçamentais definidos pela troika.

Depois de Papandreou ter cedido o poder na Grécia com receio de um golpe militar, de Merkel ter despedido Berlusconi com um telefonema para Giorgio Napolitano, de Passos Coelho cumprir à risca as ordens da chanceler, e de Mariano Rajoy, há dois dias, ter levado a Merkel em mão as reformas estruturais de Espanha para aprovação; a situação das soberanias dos países europeus em dificuldades é um grave problema político e de paz na Europa.

Tem parecido exagerada a comparação com o expansionismo de Hitler, mas não encontro melhor paralelo histórico.

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sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

Portugal vence ventos contrários? Risco de bancarrota 70%!

Moedas fracas. Jan. 2012


Carlos Moedas, secretário de Estado adjunto de Passos Coelho, e permanente do FMI, escreveu no Wall Street Journal (WSJ) um artigo intitulado “Portugal está a vencer os ventos contrários”, diz ele que “o pacote de ajuda externa a Portugal está a funcionar e a permitir ao país recuperar a sua competitividade”.

Carlos Moedas foi tentar responder a um outro artigo do WSJ, que citei antes de ontem aqui. O WSJ dizia que Portugal pode estar mais próximo de pedir um segundo resgate e que dificilmente volta aos mercados em 2013. O “nosso secretário” entendeu que basta ele dizer o contrário para convencer os “mercados”. Foi aliás essa a convicção com que o governo Passos/Portas foi eleito; chegavam e os “mercados” ficavam caídos pelos seus dotes governativos.

A realidade, o raio da realidade, não se altera com a prosápia desta juventude bem relacionada; segundo noticia o Expresso online, “nas últimas duas semanas, a probabilidade de incumprimento (risco de default) da dívida portuguesa não tem parado, desde que galgou o patamar de 65% em 17 de Janeiro”. O “custo dos seguros contra o risco de incumprimento” (cds) “subiu ao final da manhã para 70,47%, uma barreira jamais galgada”.

Diz o Expresso que Portugal fez “em sete dias o que a Grécia percorreu num mês”. Os mercados parecem pouco convencidos pelas virtudes das políticas do governo e da troika, e isso não se modifica com artigos de opinião de governantes portugueses em jornais americanos. É até ridículo.

Carlos Moedas termina afirmando que “temos sorte de ter um forte consenso político e social”. Não temos tal sorte e entre outros azares temos Moedas fracas.

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quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

Fim dos feriados 1º de Dezembro e 5 de Outubro é burrice.

PORTUGAL independente e republicano.


Governo propõe fim dos feriados do 5 de Outubro e 1º de Dezembro.


No 5 de Outubro celebra-se a Implantação da República, o nosso regime, e a data da assinatura do Tratado de Zamora de 1143, data do reconhecimento de Portugal. O 1º de Dezembro celebra a Restauração da Independência de Portugal em 1640, do domínio espanhol. (Esta nota é para os membros do governo e os chamados “parceiros sociais” que não se sabe como fizeram a instrução primária).

Não há qualquer razão económica ou de produtividade para tirar feriados num país onde se despede por não haver trabalho, se reduz os horários laborais por não haver trabalho. É mais uma facada no sector do turismo, mais um roubo no tempo propriedade dos trabalhadores.

É um acto desmiolado e estéril, que demonstra a prepotência e o nível cultural do governo de Passos Coelho e Paulo Portas, feito para aborrecer quem trabalha. Mas é também um desrespeito pelo país que (em má hora) foram postos a governar.

É uma perda de tempo falar em Símbolos da Identidade Nacional a vende – pátrias. É uma situação que terá de ser reposta quando partirem para donde vieram.

Como a burrice não é geral, e António Costa, presidente da Câmara de Lisboa, já disse que no 5 de Outubro haverá cerimónia oficial (no dia, e não no domingo seguinte como entaramelou o Álvaro dos pastéis) vamos lá pôr na agenda, que SEXTA – FEIRA 5 de Outubro próximo, há que participar nas comemorações em Lisboa.

Espera-se que esse dia seja de desobediência cívica nacional e o exemplo de Lisboa seja replicado pelo país.

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Davos - George Soros:na Europa "fizeram tudo mal".

WEF.Jan 2012


Na Cimeira da Plutocracia, também conhecida por Fórum Económico Mundial que está a decorrer em Davos, Suíça, o investidor George Soros reafirmou que a Europa não resolverá os seus problemas só com reformas estruturais. Soros; o 14º da lista dos mais ricos do mundo da revista Forbes, não é propriamente um crítico do capitalismo ou das crises financeiras, que também ajudou a criar. Acha tão só, devido ao seu conhecimento do funcionamento dos “mercados”, que as autoridades europeias “fizeram tudo mal”.

Para George Soros as reformas estruturais são insuficientes, terão de existir estímulos financeiros da União Europeia, garantidos pelos seus membros. Soros alertou para o perigo de uma espiral deflacionária descontrolada levar à desintegração política da União Europeia.
Austeridade.Deflação Destruição
                                                      imagensETV

Segundo notícia Lusa/RTP, George Soros disse ao canal Bloomberg, à margem do Fórum, que a União Europeia não pode adiar a reestruturação da dívida soberana irlandesa, da Grécia e, provavelmente, de Portugal, até entrar em vigor o mecanismo permanente de resgate, em 2013.
“Não é possível esperar até 2013 para começar a reestruturar a dívida”. “Em seu tempo a Grécia – talvez mais cedo do que se pense – também terá de reestruturar. Provavelmente, Portugal também vai precisar de o fazer, e será isso”.

George Soros diz que “será isso”, os povos europeus só sabem que as mensagens das autoridades europeias não são essas. Davos é um Fórum a seguir, por muito estéril que seja a conversa ou incompetentes e discordantes as soluções.

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quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

Passos Coelho precisa de mais gafes de Cavaco. Por favor.

oclarinet.blogspot.com Jan 2012


A propaganda do governo precisa (muito) de qualquer coisa que desvie a atenção dos portugueses da realidade da governação e da verdadeira situação do país. O voluntarismo afirmativo de Passos Coelho não tem consistência. Passos Coelho diz agora, e logo agora, que não vai negociar o programa de ajuda e não pedirá mais tempo nem mais dinheiro.

Agora, que o The Wall Street Journal diz que o mais provável é que Portugal peça um segundo pacote de ajuda; e prevê muitas dificuldades para um regresso aos mercados em 2013, mesmo que o nosso país consiga cumprir os acordos com a troika.

Agora que o Instituto Internacional de Finanças, (IIF) que representa os credores privados na reestruturação da dívida grega, tem iguais preocupações em relação a Portugal.

Agora que as taxas de juro bateram novo recorde – a dez anos 14,8%, a cinco 19,1%, a dois 15,3%.

Agora que o próprio FMI desaconselha mais austeridade nos países em que a situação económica se agrave.

Passos Coelho quer fazer passar a ideia de que se cumprirmos o acordo da troika o país reconquista credibilidade. É falso. Todas as mensagens que vêm dos mercados indicam o contrário ou que não basta, e não é só por efeito de contágio da situação grega; o agravamento da recessão como prevê o Banco de Portugal vai destruir milhares de empresas e postos de trabalho, vamos chegar a 2013 pior do que estamos, sem tecido empresarial que suporte a economia e o emprego.

É o que eu vejo no contacto profissional diário com o sector produtivo, não há um empresário que não diga “estes gajos não sabem nada do que são empresas ou economia”. A luta nas PMEs hoje, é apenas pela sobrevivência, tentar não encerrar portas, ninguém pensa em crescimento – assim nunca iremos pagar qualquer dívida.

Agora, que está a esgotar-se a palhaçada em que se transformou a justa indignação pelas palavras de Cavaco Silva, sobre os seus (parcos) rendimentos, diria que o governo precisa de mais gafes e diversões, mais ruído e contra informação. Não vai ser fácil, a realidade volta sempre, e mais cinzenta…

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segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

SIS? Métodos das secretas em democracia.

Técnicas do SIS - contrainformação na NET.Jan 2012


“O Serviço de Informações e Segurança (SIS) é um serviço público que se integra no Sistema de Informações da República Portuguesa (SIRP), depende directamente do primeiro-ministro e, por natureza, encontra-se ao serviço dos cidadãos”…”exclusivamente ao serviço do povo português”, “rigorosamente apartidário”, “com a missão exclusiva de produção de informação de segurança”. Diz o próprio serviço.

O SIS (como o SIED) tem deveres; tem “direitos, liberdades e garantias fundamentais constitucionalmente consagrados, bem como um quadro legal” a respeitar.

Os métodos das secretas respeitam esse quadro legal, ou ele é vago o suficiente para ser contornado? No caso dos serviços de informações, a lei é clara em não permitir, por exemplo, “realizar intercepções de comunicações” e sabe-se o que tem acontecido; “escutas ilegais” denunciadas por juízes, procuradores, e pelo próprio procurador-geral, sem ninguém responsabilizado.

Casos longínquos como o de Pieter Hendrik Groenewald, ex-espião sul-africano, que afirmou no tribunal de Cascais – onde foi julgado pela posse de material ilegal de escutas telefónicas – que fazia “escutas” para o SIS, à última da toupeira na Optimus, sugerem a prática, pelas secretas, de encomendar “trabalho” (que estão proibidos de executar) a “espiões privados”. Ninguém parece importar-se.

Mais problemático ainda, porque são práticas que manipulam as opções cívicas e políticas dos cidadãos, é o SIS fazer “guerras de informação” ou “contra-informação”, o que só pode traduzir-se em beneficiar interesses ou personalidades, ou partidos, bem determinados.

O Expresso de 7 deste mês (imagem acima) é claro, e não foi desmentido. Conta a história das 300 contas de Twitter do “perito ex-espião do SIS”, agora na Ongoing, que camuflado em várias identidades, divulgou no Twitter informações favoráveis à Ongoing, e lançou boatos sobre grupos adversários para os prejudicar. Isto é a prática diária no que se refere à política, sejam notas nas redes sociais, nos blogues ou nas caixas de comentários dos jornais online. Pelo artigo do Expresso parte dessa contra-informação e boataria, será obra do serviço público do Estado, de recolha de informação.

O Expresso chama Open Source Intelligent (OSINT), a acções que “basicamente se resumem a técnicas camufladas de disseminação de informação”. Camufladas, diz o artigo, “para que não se corra o risco de ser alvo de um processo-crime”. Ora o SIS diz que “no combate às ameaças” recolhe “dados e notícias: Processando informações recolhidas através de fontes abertas e documentos não classificados que se encontram ao alcance do público em geral, método designado por OSINT (Open Source Intelligent)” – (sublinhado meu). Não é a mesma definição.

O que delimita a actividade do SIS? Recolhe e trata informações ou difunde falsa informação que, como as fugas com motivação política na Justiça, manipulam as escolhas políticas dos cidadãos? Faz toda a diferença entre um serviço de informações da República e uma polícia política dum governo, dum partido, ou de dois partidos.

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sábado, 21 de janeiro de 2012

Marcha dos Indignados Lisboa rejeita extrema-direita.

Marcha da Indignação 21 Janeiro Lisboa. Jan 2012


Em anterior manifestação dos Indignados houve provocadores que criaram confrontações, pelo menos um “paisano” da polícia foi identificado como infiltrado manifestante violento e posteriormente fazendo detenções. Desta vez os incidentes foram desencadeados pela presença de uma dúzia de militantes nacionalistas que ainda no início da Rua Braamcamp, entraram para a manifestação.

Foram de imediato rejeitados pelos manifestantes que os repudiaram com palavras de ordem de “fascismo nunca mais – 25 de Abril sempre”, seguiram-se alguns confrontos ligeiros e a destruição de uma bandeira da propaganda de extrema-direita. Petardos foram disparados para o meio da manifestação pelos nacionalistas.

Sabendo-se que estas organizações de extrema-direita são “seguidas” pelo SIS e pelas polícias, pergunta-se se não sabiam que esta situação ia acontecer? E já agora outra pergunta; depois de terem visto serem disparados petardos porque razão a polícia não revistou os dez elementos que continuaram a seguir os manifestantes? No futebol não perdoavam a revista.

De resto tudo se passou em paz e civilizadamente, como tem sido natural nas nossas manifestações. Há a intenção de provocar os manifestantes e alterar a ordem pública para intervir e amedrontar, por quem e com a colaboração de quem, é preciso tirar a limpo; a começar pelos Serviços de Informações e pela hierarquia das polícias.21 janeiro Marcha Indignação Lisboa. oclarinet
Uma dúzia com escolta.oclarinet 












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A caminho do Marquês de Pombal.

Marcha da Indignação Lisboa.Jan 2012

quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

Menos portugueses apoiam a democracia? Qual democracia?

Qualidade da Democracia. Jan.2012 

O Público apresenta conclusões de um estudo sobre a qualidade da democracia em Portugal, no mínimo abusivo. Inquiridos 1207 indivíduos em Julho de 2011. “Apenas 56% dos portugueses consideram que a democracia é preferível a qualquer forma de governo”. A fotografia que ilustra o artigo é de uma manifestação em frente à Assembleia da República; serão as manifestações, demonstração democrática das posições políticas e sindicais dos cidadãos também um problema da democracia?

Um dos autores, António Costa Pina, diz que o estudo mostra que “há regressão no apoio aos sistemas democráticos”, 15% dos inquiridos considera que, “nalgumas circunstâncias, um governo autoritário é preferível a um sistema democrático”. Como 15 para 100% não são 56, falta saber que sistema entre o poder democrático e o autoritário é preferido, ou não será, tão-somente, a descrença neste simulacro de democracia em que vivemos. A prová-lo estão 86% dos inquiridos que querem “eleições livres e justas”; e 86% para 100% já dá 14, – próximo dos 15% que preferem um governo autoritário, (no universo do inquérito serão os mais satisfeitos com a realidade que vivemos).

Temos um governo a exercer contra o que prometeu em campanha eleitoral, a suspensão da Constituição no que se refere aos direitos sociais, laborais, na saúde, na educação; a soberania entregue a interesses estrangeiros, políticos e económicos, mais desemprego e pobres, a comunicação social mais controlada pelos grupos económicos e seus interesses, etc. Os portugueses só podem estar insatisfeitos com a qualidade da nossa democracia.

A percepção da degradação da democracia é por causa de esta não cumprir a democracia económica prometida, das decisões do poder político serem interpretadas como contrárias aos interesses da maioria dos portugueses. O que parece resultar do estudo é a exigência de mais e melhor democracia, e não um apelo a formas autoritárias de poder. Democratizar a democracia é contar com outras formas de participação cívica das populações, da democracia real, de consulta directa sobre questões relevantes como a privatização da água e outras, a par da promoção da justiça social.

Se agora 15% aderem a soluções autoritárias, (segundo Costa Pina, 12 a 17% aderiam no início da democracia) repare-se que “nos 30 anos do 25 de Abril, era de 7%”. Estamos a regredir, não é surpresa, é fruto do poder actual promover o enfraquecimento da democracia. É uma situação recuperável.

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quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

Arménio Carlos responde a Mário Crespo.


Arménio Carlos, da comissão executiva da CGTP-Intersindical, comenta a Concertação Social, as leis laborais, e outras matérias, suscitadas pela bagagem do "jornalismo" de Mário Crespo. A seguir - tanto um, como o outro.

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terça-feira, 17 de janeiro de 2012

Ex- ministra arrisca prisão ou Sócrates já está gasto?

Sem ondas.Jan 2012. 

Um juiz (a notícia não diz qual) do Tribunal de Instrução Criminal de Lisboa decidiu pronunciar a ex-ministra da Educação Maria de Lurdes Rodrigues, por, segundo se lê no Público, ter “estado envolvida na contratação do irmão de Paulo Pedroso para o beneficiar patrimonialmente, provocando desta forma prejuízo ao erário público”.

A noticia do Público (a mais lida ontem) tinha hoje de manhã mais de 26.000 leitores e apenas dois comentários, um sim outro sopas. Os senhores juízes e os senhores dos jornais já deviam ter dado conta que há uma saturação pelas perseguições a elementos do governo anterior. Os timings (como o algodão) não enganam.

Toda a gente percebeu que têm de mudar as atenções quando uma Falsa Concertação Social está em marcha, com as maiores ofensas aos direitos constitucionais e históricos de quem trabalha.

Ainda há uma semana referia neste blogue os métodos de contra-informação que já não enganam ninguém: a forma “clássica é fazer burburinho à volta do nome de Sócrates – já se sabe que se Sócrates aparece a despropósito há bernarda a anunciar pelo governo…”. Pelos vistos, e bem, a intoxicação mediática já notou que o nome de Sócrates começa a ficar gasto. Acreditam que sucedâneos como Maria de Lurdes pegam? Há carapuças que mingam com o uso!

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segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

Concertação Social sem acordo. CGTP de fora.

CGTP horas de trabalho.Jan 2012


Carvalho da Silva abandonou os trabalhos e acusa o documento em discussão de poder “ser feito pelo governo chinês”; disse estar-se “a caminhar para o capitalismo ou socialismo chinês”.

Passos Coelho acusa a CGTP de se ter colocado fora de qualquer acordo “na medida em que não aceita tão-pouco a realização de compromissos externos”.

Diga-se a propósito dos compromissos externos, que também a descida da TSU o era, e considerada uma medida estrutural, para além de obrigatória e fundamental no dizer dos representantes da troika. Não se adoptou, nada aconteceu.

A ideia peregrina e bandeirola do governo da “meia hora”, pelos vistos, também caiu – como aberração que era; aliás assinalada até pelo proeminente militante do CDS, António Lobo Xavier, como “leviana agressão a um património histórico com valor”.

O constitucionalista Jorge Bacelar Gouveia (do PSD) considera que o corte unilateral de direitos dos trabalhadores como o salário ou as férias é inconstitucional. “As férias são irrenunciáveis e inalienáveis”, disse.

O abandono da Concertação Social pela CGTP deixa a UGT com enormes responsabilidades, ficou com maior capital para negociar com patrões e com o governo, mas com os olhos dos portugueses sobre ela; uma traição aos trabalhadores (como Carvalho da Silva parece prever) ser-lhe-à fatal.

Sobre as implicações do documento que vier (se vier) a ser aprovado, o melhor é aguardar. Não se espera que resulte dali motivação para os trabalhadores trabalharem com vontade, o mais certo é aumentar a motivação para lutarem pelos seus direitos.

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domingo, 15 de janeiro de 2012

Sondagem. 64% Contra actuação do governo Passos Coelho.

Reflexos. Jan 2012


Contrariando a percepção geral de quem fala com portugueses e os ouve; na rua, nos mercados, nos locais de trabalho etc., têm saído umas sondagens na comunicação social, que sugerem o apoio da maioria dos portugueses às medidas do governo PSD/CDS, a última dava subida de intenções de voto no PSD. Tem surpreendido muita gente, e sido razão para primeiras páginas nos jornais e relevo nas televisões. Há até, quem por causa dessas sondagens, se interrogue se os neurónios dos entrevistados não estarão chantados, e por isso, incapazes de tremeluzirem a comunicação cerebral. Um case study pela singularidade entre os países em crise.

Um dos jornais que tem pago e divulgado essas sondagens é o Expresso. Pois o Expresso desta semana, cita uma outra sondagem, não na primeira página, mas no interior do caderno de economia, com o título “38% dos portugueses querem regressar ao escudo” que diz a determinada altura o seguinte: “Sem surpresa, entre os países abrangidos por este inquérito, são os gregos que pior classificam a atuação do seu governo em relação à crise da dívida soberana europeia: 79% consideram-na má ou mesmo muito má. Seguem-se Espanha (78%), Itália (75%) e Portugal (64%), tudo Estados com uma situação financeira vulnerável e que já adoptaram pacotes de austeridade”.

O inquérito é da GfK (Investment Barometer) uma das maiores empresas de pesquisa do mundo. De realçar que o Expresso escreve “sem surpresas” (!) – o que deixará mais sossegados os que se surpreendem pelas sondagens de primeira página do Expresso.

As perguntas do inquérito serão diferentes, provavelmente a GfK ligou para telemóveis e não para telefones fixos, decerto isto e talvez aquilo. A mim ninguém me convence que os portugueses (64%) que dizem ser a actuação do governo má ou muito má em relação à crise da dívida, compensem essa certeza com o apoio à actuação do governo Passos/Portas naquilo que melhor sentem, a austeridade.

Já agora, logo abaixo dos portugueses, também 63% dos alemães consideram má ou muito má a gestão da crise por Angela Merkel, e 56% dos franceses acham o mesmo de Nicolas Sarkozy, isto antes de a França ter perdido a cotação AAA. Cada um acredite no que quiser mas poupem-nos aos barretes.

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sábado, 14 de janeiro de 2012

França. Perda de Triple A com reflexos nas presidenciais.

Sarkozy tremido. Jan 2012


Como estava “anunciado” e como resultado do fracasso da cimeira europeia de Dezembro, e os impasses seguintes, a Standard & Poor´s baixou vários ratings pela Europa.

A França, a 100 dias das eleições presidenciais, será o país onde a iniciativa da agência terá efeitos políticos imediatos, com influência importante no resto da Europa. Para já toda a oposição a Sarkozy, da esquerda e da direita, veio aproveitar a situação.

Se para Jean Luc Mélenchon esta perda do “triple A”, é uma “rendição incondicional” de todos os líderes políticos, e para Eva Joly, “deve ser uma oportunidade para tomar consciência de que outro mundo deve nascer”; já Francois Bayrou diz haver uma “responsabilidade dos governos de Sarkozy”, mas essa responsabilidade é partilhada entre o UMP e o PS, pois a origem desta situação remonta aos anos 90. Francois Hollande, que lidera as sondagens, diz que a batalha de Sarkozy pelo “triplo A” se perdeu, e que a degradação é da política e não da França. No mesmo sentido Dominique de Villepin considera que a perda do “Triple A” é “o fracasso da política do governo e não da França”, é “ a sanção de uma política”. Marine Le Pen assinala “o fim do mito do presidente protector.

Nicolas sarkozy já tinha a reeleição comprometida; a classificação da Standard & Poor´s será decerto um contributo para aumentar a distância nas sondagens.
 A descida do rating francês trará consequências para a vida dos franceses, e também efeitos na política francesa e europeia. Sarkozy fez do “Triple A” bandeira do seu mandato, dificilmente a tentativa de desdramatizar a situação impedirá as consequências políticas.

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sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

Embargo ao Irão; quem ganha com o negócio?

Dolphin. Jan 2012 

Depois da Europa, EUA convencem Japão a comprar menos petróleo aos iranianos.


Os embargos económicos a Estados soberanos, determinados por opções políticas geoestratégicas, embora assumindo sempre razões de direitos humanos ou de segurança e paz, têm efeitos ou não sobre quem são exercidos – o poder político do país alvo. Quando afectam a economia do país quem acaba por mais sofrer é o seu povo, o primeiro a sentir necessidades.

Noutros casos, como é flagrantemente o iraniano, são mais os prejuízos colaterais, (sentidos sobretudo nos países europeus em crise, como o nosso) que os danos no Irão. As sanções são sobre o Irão, que tem meios para as suportar; o aumento dos combustíveis são aqui, na vizinha Espanha, e por aí fora onde o funcionamento da economia depende da compra de petróleo.

Para o Irão, a única consequência é ter de vender o petróleo que iria para o Japão, à China e à Índia, que já se ofereceram para o comprar com o devido desconto. O tiro Americano saiu pela culatra, o confessado principal adversário estratégico, a China, passa a dispor de energia mais barata para crescer mais depressa. Israel e a Alemanha são os outros ganhadores, reatando o negócio de armamento nuclear que esteve em risco.

Em Outubro passado, a Alemanha ameaçou cancelar a entrega de um submarino “Dolphin”, da última geração, em protesto pela construção de colonatos por Israel, na parte árabe de Jerusalém. A crise, que um dia se chamará do “Estreito de Ormuz” desbloqueou a situação, e o submarino lá vai.

Como nota, registe-se que o fornecimento de submarinos alemães a Israel, ao abrigo das “compensações pelo holocausto” (mundo louco este, que dá armas de guerra nuclear em nome do holocausto) vem desde 1990, tendo a Alemanha dado (!) os dois primeiros, passando a receber uma percentagem progressiva sobre os seguintes. O actual é custeado em um terço pela Alemanha, um dia destes Israel vai pagar por inteiro as encomendas.

Quem ganha com o embargo ao Irão? Os portugueses não são com certeza, que ficam com a economia menos competitiva com o aumento dos combustíveis. Paulo Portas devia ponderar antes de apoiar publicamente esta política americana, e Passos Coelho, e o ministro Álvaro pois isto vai reflectir-se no preço dos pastéis de nata.

(Ver AQUI  "Irão sanções; EUA pressionam União Europeia".)
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quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

Álvaro nos pastéis de nata, o resto fora da mesa.

Ministro - pastel-de-nata. Jan 2012


Há coisas que nem vale a pena comentar, o cluster dos pastéis do ministro Álvaro, ou a hemodiálise para quem puder pagar de Ferreira Leite fazem parte do lote. Da senhora poderíamos dizer que nos safámos de boa quando perdeu as eleições internas para líder do PSD, mas nem isso; atendendo a quem ganhou. “Venha o diabo e escolha” diz-se, e de facto o diabo escolheu; sem dúvida que ter como primeiro-ministro Passos Coelho é uma escolha do diabo…e não só.

O ministro Álvaro está no activo e com ideias que para ele são sérias, para outros nem sequer são ideias, eu, que não faço ideia do que pretende conseguir o ministro com a exposição das suas ideias, acho que era uma boa ideia ele pôr em prática tais ideias, fazer um franchising de pasteis lá para o Canadá, no Ontário, longe dos otários que o aturam.

É que, entretanto, o ministro Álvaro não faz aquilo para que lhe pagamos (forçados, mas pagamos) que é fazer de ministro da Economia. Anda com a boca cheia de pastéis de nata como estratégia de crescimento, quando tem a Concertação Social empastelada, e coisas para resolver que vai adiando.

Hoje, voltou o presidente do Sindicato dos Trabalhadores da Construção Civil de Portugal, a lembrar que estão parados 1.400 trabalhadores, directos, das obras do túnel do Marão (serão 2.800 com os que giram nas empreitadas) há seis meses. As obras foram interrompidas em Junho, por 90 dias, e a solução arrasta-se sem se saber se recomeçam ou param de vez. O ministério não dá qualquer satisfação, o empreiteiro também não e quem lá trabalha nada sabe do seu futuro.

Como os trabalhadores deram dez dias para obterem uma resposta, o ministro tem tempo para pastéis, depois tem-nos mais as suas famílias à porta do ministério.

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Boaventura de Sousa santos - Quarta Carta às Esquerdas.

Esquerdas 

O ClariNet publicou a primeira, segunda e terceira “Carta às Esquerdas”
Para as ler, clicar na etiqueta- Boaventura Sousa Santos, na barra lateral.

Quarta Carta às Esquerdas – por Boaventura de Sousa Santos.


As divisões históricas entre as esquerdas foram justificadas por uma imponente construção ideológica mas, na verdade, a sua sustentabilidade prática – ou seja, a credibilidade das propostas políticas que lhes permitiram colher adeptos – assentou em três factores: o colonialismo, que permitiu a deslocação da acumulação primitiva (por despossessão violenta, com incontável sacrifício humano, muitas vezes ilegal mas sempre impune) para fora dos países capitalistas centrais onde travavam as lutas sociais consideradas decisivas; a emergência de capitalismos nacionais com características tão diferenciadas (capitalismo de Estado, corporativo, liberal, social-democrático) que davam credibilidade à ideia de que haveria várias alternativas para superar o capitalismo; e, finalmente, as transformações que as lutas sociais foram operando na democracia liberal, permitindo alguma redistribuição social e separando, até certo ponto, o mercado das mercadorias (dos valores que têm preço e se compram e se vendem) do mercado das convicções (das opções e dos valores políticos que, não tendo preço, não se compram nem se vendem). Se para algumas esquerdas tal separação era um facto novo, para outras, era um ludíbrio perigoso.

Os últimos anos alteraram tão profundamente qualquer destes factores que nada será com dantes para as esquerdas tal como as conhecemos. No que respeita ao colonialismo as mudanças radicais são de dois tipos. Por um lado, a acumulação por despossessão violenta voltou às ex-metrópoles (furtos de salários e pensões; transferências ilegais de fundos colectivos para resgatar bancos privados; impunidade total do gangsterismo financeiro) pelo que a luta anticolonial terá de ser agora travada também nas metrópoles, uma luta que, como sabemos, nunca se pautou pelas cortesias parlamentares.

Por outro lado, apesar do neocolonialismo (a continuação de relações de tipo colonial entre as ex-colónias e as ex-metrópoles ou seus substitutos, caso dos EUA) ter permitido que a cumulação por despossessão no mundo ex-colonial tenha prosseguido até hoje, parte deste está a assumir um novo protagonismo (Índia, Brasil, África do Sul, e o caso especial da China, humilhada pelo imperialismo ocidental durante o século XIX) e a tal ponto que não sabemos se haverá no futuro novas metrópoles e, por implicação, novas colónias.

Quanto aos capitalismos nacionais, o seu fim parece traçado pela máquina trituradora do neoliberalismo. É certo que na América Latina e na China parecem emergir novas versões de dominação capitalista, mas intrigantemente todas elas se prevalecem das oportunidades que o neoliberalismo lhes confere. Ora 2011 provou que a esquerda e o neoliberalismo são incompatíveis. Basta ver como as cotações bolsistas sobem na exata medida em que aumenta desigualdade social e se destrói a proteção social. Quanto tempo levarão as esquerdas a tirar as consequências?

Finalmente a democracia liberal agoniza sob o peso dos poderes fáticos (máfias, maçonarias, Opus Dei, transnacionais, FMI, Banco Mundial) e da impunidade da corrupção, do abuso do poder e do tráfico de influências. O resultado é a fusão crescente entre o mercado político das ideias e o mercado económico dos interesses. Está tudo à venda e só não se vende mais porque não há quem compre.

Nos últimos cinquenta anos as esquerdas (todas elas) deram um contributo fundamental para que a democracia liberal tivesse alguma credibilidade junto das classes populares e os conflitos sociais pudessem ser resolvidos em paz. Sendo certo que a direita só se interessa pela democracia na medida em que esta serve os seus interesses, as esquerdas são hoje a única garantia do resgate da democracia.

Estarão à altura da tarefa? Terão a coragem de refundar a democracia para além do liberalismo? Uma democracia robusta contra a antidemocracia, que combine a democracia representativa com a democracia participativa e a democracia direta? Uma democracia anticapitalista ante um capitalismo cada vez mais antidemocrático?

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quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

Autarcas do PSD e CDS com "tachos" nas Águas de Portugal.

O ClariNet A ÁGUA É NOSSA!


A ministra polivalente (agricultura, mar, ambiente, território) Assunção Cristas, do CDS/PP, nomeou autarcas do PSD e do seu partido, em partes iguais, para a administração da Águas de Portugal (AdP), (Manuel Frexes, PSD, e Álvaro Castelo-Branco, CDS). Como quem parte e reparte deve ficar com a melhor parte, juntou o seu colega de partido Gonçalo Martins Barata da comissão política do CDS para director do sector financeiro da AdP.

O partido de Paulo Portas cada vez que vai para um governo arrisca-se a ficar sem ninguém para atender os telefones, é o problema dos governos de coligação, têm de dividir os “tachos” e o CDS/PP tem pouca gente para acompanhar; por isso Celeste Cardona tem de se dar à canseira de saltitar de lugar em lugar para “servir” o seu partido.

As nomeações políticas, descaradas, do governo de Passos Coelho e Paulo Portas contradizem as promessas eleitorais. O emprego partidário em lugares de excelentes remunerações, onde os quadros dos partidos não chegariam por mérito próprio, continua a ser uma pecha da nossa sociedade. Passos Coelho e Paulo Portas, tiveram muitos votos de portugueses por se insurgirem contra a distribuição pelos partidos de lugares nas empresas públicas, enganaram (também nisto) muita gente.

O realmente relevante, para além do “taxismo”, é que estes políticos vão preparar a privatização de uma empresa, que dá bom lucro ao país, e gere o bem público mais essencial, que é a Nossa Água.

Tem de se passar da indignação para um protesto organizado contra a privatização das Águas de Portugal.


Posts "privatização das Águas de Portugal" ler aqui.

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terça-feira, 10 de janeiro de 2012

Afinal vai haver mais austeridade ou não? Défice há.

Buracos.Jan 2012


O governo fez publicar ontem no DN, que não consegue para 2012 o défice acordado com a troika, será de 5,4 e não 4,5% do PIB. Ontem o governo estava “a trabalhar num cenário de medidas adicionais para este ano”, (DN), hoje “uma fonte oficial do executivo garante que o desvio não será tapado com mais austeridade” (jornal i). ontem tinha “um problema de comunicação”, hoje teria o problema de comunicação resolvido.

Percebe-se o que o governo pretendia e foi ensaiado, pelo silêncio, em vários órgãos; secundarizar as dificuldades da execução orçamental. Lá mais para a frente quando surgisse a necessidade de mais medidas de austeridade, a “legião jornaleira” lembraria que já em Janeiro o governo tinha “comunicado” aos portugueses que “a execução orçamental se tinha tornado ligeiramente mais difícil”. Só há um problema, é dia de debate na Assembleia da República, não há como esconder a coisa. Por isso, a RTP veio falar (agora) em possível austeridade. Em que ficamos?

Para já a ordem é baralhar. A política de “comunicação” do governo nem é sofisticada, apenas controla os órgãos de comunicação social; foi esta a forma como os partidários de Pinochet voltaram ao poder no Chile poucos anos volvidos sobre a restauração da democracia.

Não é fácil combater a intoxicação mediática, a manipulação de notícias e a contra-informação policial, num país em que a oposição não possui qualquer meio informativo de grande difusão. Só resta a luta de quem sofre as consequências das políticas do governo, e a denúncia das maneiras como os portugueses estão a ser burlados.

A “nota interna” que o governo ontem divulgou tem várias semanas, esperou por montar várias manobras de diversão para a difundir. A clássica é fazer burburinho à volta do nome de Sócrates – já se sabe que se Sócrates aparece a despropósito há bernarda a anunciar pelo governo; é lamentável o número de pessoas informadas, que por não gostarem do anterior governo se deixam ludibriar por este. Mas é o que temos – vistas embaciadas.

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segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

Aumento de combustíveis e ameaça de guerra.

Estreito de Ormuz. Jan 2012


Até que ponto são comportáveis os aumentos de combustível.

As causas da instabilidade dos preços dos combustíveis e a falta de estratégia e planeamento português no que à energia diz respeito, são temas abordados por António Costa Silva, presidente da Partex, petrolífera da Fundação Calouste Gulbenkian, ao jornal “Público”. Entrevista imperdível, extensa mas informada, do gestor que melhor conhece as envolvências do sector energético.
O jornal escolheu para título a afirmação de António Costa Silva de que “É um erro trágico se o país agora destruir o cluster das energias renováveis”. Reproduz-se aqui a parte referente à situação no Médio Oriente, sempre observada com ligeireza no nosso país.


Inês Sequeira e Lurdes Ferreira assinam a excelente entrevista do jornal “Público”:


“Como é que a empresa vê neste momento a situação no Médio Oriente?
Estamos muito preocupados, quer com a situação no norte de África quer com o Médio Oriente. No Médio Oriente temos neste momento praticamente uma guerra civil na Síria, temos a instabilidade no Iémen, temos o Bahrein que continua com grandes tumultos e instável e há uma questão crucial que é a própria Arábia Saudita. A Arábia Saudita hoje é gerida por uma gerontocracia que às vezes nem responde aos apelos do tempo, da modernidade, tem um imobilismo social completo, veja-se o facto de as mulheres não poderem conduzir.


Está mais pessimista do que há um ano, então?
Estou relativamente pessimista. Para complicar, há uma luta fortíssima entre dois velhos países rivais, a Arábia Saudita e o Irão, e a situação está carregada do ponto de vista político. E qualquer pequena fervura, qualquer incidente pode criar uma situação muito difícil. Os sauditas estão rodeados por um arco de instabilidade e no interior do país, os 12% de população xiita estão concentrados na província oriental, na província de Katif, que é precisamente onde estão todos os grandes campos petrolíferos. Os xiitas estão sempre sob as influências do Irão. O Irão já influenciou muitas manifestações no Bahrein. Aos problemas das condições sociais, juntam-se as questões políticas. Setenta por cento da população do Bahrein é xiita, 30% é sunita. O país é uma monarquia sunita. Não é por acaso que a Arábia Saudita interveio militarmente no Bahrein e também não é por acaso que a Arábia Saudita tem avisado o presidente da Síria. Este é apoiado pelo Irão, é o seu grande apoiante na zona. O Irão apoia o regime sírio e desestabiliza no Bahrein, a Arábia Saudita estabiliza o Bahrein tentando desestabilizar a Síria e nós estamos aqui num jogo político muito complicado.

O desenvolvimento do programa nuclear iraniano é uma situação extremamente difícil. Podemos ver isso no mercado, os reflexos imediatos. No mercado de futuros, aquilo a que chamam as ‘call options’, que são os contratos para um direito de compra a preços pré-determinados com uma data futura, para o preço do petróleo que chega a cerca de 180 dólares, aumentaram exponencialmente. Aumentaram mais de 30% num mês, de Novembro até agora final de Dezembro. Há por isso uma apetência do mercado, uma visão do mercado, que eles chamam de aumento do preço do petróleo se houver um ataque nuclear, um acidente entre os dois países. E porquê? Porque tudo se confina ao estreito de Ormuz, onde por dia passam 16 ou 17 milhões de barris de petróleo. Um terço do petróleo transaccionado no mundo, transportado por mar, passa por ali. E portanto, se acontecer alguma coisa, afecta o estreito de Ormuz e é evidente que vamos ter uma grande convulsão se isso acontecer. É um cenário plausível.


Quais são as consequências em Portugal de haver uma situação desse género?
Os efeitos seriam catastróficos, em todo o lado, em Portugal, na Europa, no mundo. Esperemos que não aconteça, que haja razoabilidade, mas não podemos esquecer que há entre estes países uma tensão muito grande. Muitos dirigentes destes países da Península Arábica são sunitas e não esquecem a declaração que o ayatolah Khomeini fez quando foi a revolução no Irão. Ele disse: ‘o mundo islâmico até hoje foi dirigido pelos árabes, foi dirigido pelos turcos com Saladino, foi dirigido pelos turcos com o império otomano, chegou a hora dos persas’. E estão convencidos de que isto é tudo um programa político. O Irão capitalizou todos os erros que os Estados Unidos cometeram, a própria liderança saudita tem-se afastado dos EUA, criticando abertamente. Ficaram descontentes por os EUA não terem intervido para salvar o ex-presidente do Egipto. Elementos importantes da hierarquia saudita criticaram directamente os EUA e disseram que a política que vigorou até hoje – petróleo em troca de segurança –, não é suficiente. A relação com os EUA pode ser tóxica para todo o Médio Oriente. Os sauditas têm pavor do poder nuclear iraniano e com Israel do outro lado, estou relativamente pessimista em relação a este barril de pólvora”.


Entrevista na íntegra no “Público”: Aqui.


Último post sobre esta matéria: Aqui.

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domingo, 8 de janeiro de 2012

Miguel Relvas. Emigrar é a política do governo.

Miguel Relvas. Emigrem. Jan 2012


Miguel Relvas não é mais estúpido ou medíocre que o resto do governo. Veio outra vez elogiar os jovens que emigraram e assim incentivar a que outros emigrem, porque emigrar é a política do governo PSD/CDS. Não é argolada de secretário de Estado ou primeiro-ministro, é convicção.

O governo não conhece nenhuma maneira de combater o desemprego, sabe que as políticas que está a pôr em prática vão levar a mais fuga de capitais e ao encerramento de empresas; a única forma que imaginou (!) de impedir a subida em flecha da taxa de desemprego é mandar a população activa emigrar. Estão a “trabalhar”, com estas propostas idiotas, para a taxa, e só para a taxa de desemprego.

As propostas são idiotas, porque são contraditórias com a necessidade de criar riqueza para viver e “pagar a dívida”. Vamos ficar mais endividados, genericamente mais pobres e mais incapazes de pagar os compromissos assumidos.

O discurso da emigração deixa a maioria dos portugueses indignados e é uma falta de sensatez do PSD. Temos ministros que se licenciaram tarde e decerto fizeram mal a instrução primária; há uma cultura patriótica neste país, um “orgulho” de ser daqui.

Já li que é fruto de muitos membros do governo serem “retornados”, ou até apátridas, não vou tão longe; a maioria dos regressados das ex-colónias contribuíram para o progresso do país, trouxeram dinâmica e capacidade de derrubar adversidades. Para nosso azar colectivo calhou terem sido eleitos para governar, aqueles que perante os problemas cruzam os braços, tentam apenas safar um pequeno grupo e não sabem de todo o que é um país.

Um governo de Portugal tem de gostar do país e dos portugueses, não pode dizer publicamente que a Pátria é a circunstância em que se está, e fazer desse conceito, absurdo em qualquer nacionalidade, sentença ou ideia estratégica de governação.

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sábado, 7 de janeiro de 2012

Futebol na Internet.

Grupo Desportivo de Chaves. Jan.2012




Desportivo de Chaves – Tirsense

Amanhã dia 8 de Janeiro 15 horas (14º jornada)

O Tirsense ocupa o terceiro lugar no campeonato, com três pontos de vantagem sobre o Desportivo. Se não poder ir ao estádio pode ver o jogo na Internet – em:

http://gdctv.gdchaves.pt/


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sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

Passos Coelho não sabia do Pingo Doce mas sabe da China.

Quem deve sair. Jan 2012


Dos debates quinzenais com o governo e o parlamento raramente resulta algo de produtivo, um ou outro sound bite para os jornalistas justificarem a deslocação, ou a atenção ao televisor. Disse Passos Coelho que o Governo não foi informado sobre a decisão de Soares dos Santos. E se fosse? O que alterava?

No dia em que o Eurostat diz que a taxa de desemprego em Portugal atingiu o recorde de 13,5% (em Novembro, agora já é mais!), depois de o FMI rever em baixa a previsão de crescimento mundial, os índices de confiança dos nossos consumidores e empresas, serem os mais baixos, e etcs de outras desgraças; Passos Coelho manda a economia para a China (e Índia) e nada faz para impedir os capitais de deixarem o país.

Os anteriores primeiros-ministros mandaram expandir, para a Espanha uns, para os PALOPS outros, ou para a América Latina, ou ainda para todo o lado em simultâneo; apesar de tantas ordens o que se tem expandido no estrangeiro são os capitais que daqui fogem; 6 mil milhões só para a Holanda, a um ritmo de 5,4 milhões/ dia para offshores, dizem por aí. Soares dos Santos é só mais um, merece reparo por ser um pregador da ética empresarial patriótica, só isso.

Sem solução para combater o desemprego que sobe em flecha, e é o nosso principal problema, para segurar o capital privado ou reter profissionais e licenciados dos mais capazes, o que quer Passos Coelho expandir e atrair? Pobreza, impostos, austeridade, falta de formação; como se um país pobre, sem mercado interno ou financiamento bancário, investimento público ou gente qualificada e sem vantagens fiscais, fosse atractivo ao investimento.

Vão continuar a sair capitais, profissionais e formados; é o resultado da política de austeridade, de desinvestimento e empobrecimento da nossa sociedade; só acaba a sangria quando acabar esta forma de governar. O problema é quem devia sair…

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quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

Irão sanções; EUA pressionam UE para a via da guerra.

RQ-170 capturado pelo Irão. JAN 2012


A União Europeia chegou a um acordo de princípio para proibir as importações de petróleo iraniano. Sobe de tom a ameaça à paz no Golfo Pérsico, países da NATO dispostos a provocar uma guerra de efeitos imprevisíveis.

As medidas punitivas contra o Irão, que os EUA lançaram internamente contra qualquer empresa nacional ou estrangeira a operar no território americano, ameaçando-as de congelar os seus bens se adquirirem petróleo iraniano, tem um alcance limitado. Alargar essa pressão à Europa com a natureza do poder político existente na União Europeia, completamente alinhado aos interesses americanos e sem política estratégica internacional própria, tem sido fácil. A concordância da Grécia, grande consumidor de crude iraniano, baseia-se certamente em promessas de auxílio que impeçam a sua bancarrota.

Mas esse embargo é incapaz de bloquear economicamente o Irão, é uma pequena percentagem das suas exportações e tem garantido o escoamento do crude para clientes alternativos. É portanto uma medida mais política que económica, de propaganda do isolamento e não de efectivo isolamento.

Já as provocações militares podem ter outros resultados; as manobras militares de ambas as partes, a ameaça do Irão de encerrar o estreito de Ormuz, as manifestação de força dos testes balísticos, a demonstração de que o Irão domina a alta tecnologia da guerra electrónica, (como foi o caso de conseguir capturar e pousar em segurança, o avião espião teleguiado RQ-170 Sentinel) são tudo factores de que uma guerra no Golfo teria muitos imponderáveis.

O comportamento da China é outro problema. Os Estados Unidos estão a fazer um perigoso jogo político-militar de cerco aos interesses estratégicos da China; tentou alterar equilíbrios nas fontes energéticas a leste, expande-se com bases militares a sul, e pretende afirmar-se como única potência dominante na região do Norte de África ao Golfo Pérsico. A “Aliança Ocidental” está a tocar muitos burrinhos simultaneamente. Que alguém passe da retórica para vias de facto é uma ameaça real.

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quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

Maçonaria? Aventais, há muitos!

Avental de Grão-mestre de cozinha. Jan 2012


De vez em quando descobrem-se uns temores em relação à Maçonaria que julgo desproporcionados. Deve ter a ver com o “secreto” que eles cultivam apenas e só para se sentirem uma elite de escolhidos. Pela amostra dos nomes públicos são pessoas vulgares, alguns com relevo na sociedade, a maioria são ilustres desconhecidos, apesar de muito cumprimentados nas reuniões de família.

O que se faz numa reunião de maçons, hoje, com as liberdades fundamentais e cívicas existentes, que não se possa fazer numa reunião em casa, num restaurante barulhento ou numas repousantes termas? Nada. Ou melhor, fazem-se aqueles rituais de garotos, que se não fossem à porta fechada estourava a galhofa. O resto; são negócios e tráfico de influências, que o comum do cidadão com jeito para essas tarefas, executa com igual desenvoltura e reserva em qualquer lado.

É verdade que se devem proteger uns aos outros, como outros grupos na sociedade, das “casas de província” criadas para isso, como a minha de Trás-os-Montes, a grupos políticos, desportivos, religiosos, ambientalistas, ou de outros interesses comuns. São tudo lugares onde se estabelecem conhecimentos que por vezes resultam em carreiras profissionais ou de outro tipo. Na vida real passam por não se conhecerem mutuamente, o que facilita a prática conjunta da corrupção; afinal o que outros fazem com um simples “finge que não me conheces”.

A Maçonaria teve um papel importante, na organização cívica e da resistência à ditadura, no estabelecimento da democracia. Agora, com Lojas de todos os tipos incluindo de “fachos”, passaram à história. Dar-lhes mais importância do que realmente têm só lhes aumenta o ego, são grupos para quem vai em grupos.
A conspiração vem de outros lados, às claras e com imenso poder.
Aventais há muitos, não é altura para paranóias.

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terça-feira, 3 de janeiro de 2012

BPN. Supremo condena todos nós a pagar a padres burlados.

oclarinet.blogspot.com Jan 2012

Ele há coisas do Diabo, ou como dizia uma senhora muito educada da minha família “COISAS DO CARVALHO”! Um burlão de nome Manuel Gordo, que chegou por vias imagináveis a gestor do BPN, recebeu entre 2004 e 2005, em cheques e dinheiro vivo, das mãos de um, decerto inocente padre “missionário da Consolata”, avultadas verbas para aplicações de alta rentabilidade, como lhe prometeu o bancário.

O padre, anjinho como os anjinhos do BPP, não achou estranho os juros elevados, e andou todo o tempo agradado por nem precisar de se deslocar ao banco, pois o gestor, o Gordo, ia-lhe a casa buscar as notas, as moedas e os cheques, para investir em seu nome. No BPN, como se sabe, este serviço porta a porta era apanágio da instituição.

Das mãos do padre com gula, para as do guloso do Manuel Gordo, passaram 3,584 milhões de euros (não vale a pena interrogarmo-nos donde veio tanto dinheiro) só que, e aí começam os nossos problemas, o gestor do BPN, como outros gestores do BPN, geria outras coisas para além do banco. Jogou o dinheiro do padre, que era do Instituto Missionário, em aplicações na bolsa, e perdeu. Diz ele, e convenceu os tribunais disso.

Quando o Instituto Missionário da Consolata quis saber em quanto se tinham multiplicado os depósitos, (tivemos dois bancos que faziam com notas o que dizem que Jesus fez com pães) descobriu-se a trapaça, e “Ai meu Deus”, o Manuel Gordo sujeitou-se à Justiça. Foi condenado em 2008 por burla e falsificação de documentos a quatro anos e meio de cadeia com pena suspensa.

Como os padres não viram maquia nenhuma, “Ai meu Deus”, apelaram ao Supremo, não ao Supremo a Quem se apela com rezas, mas ao Supremo da Justiça dos Homens, porque, “Ai meu Deus”, quando toca a dinheirinho os milagres só se fazem na Terra.

Vai daí, a Justiça suprema nacional, decidiu que éramos todos nós, portugueses, que tínhamos de ressarcir os anjinhos dos padres burlados. Portanto, meus caros; juntem mais 3,584 milhões de euros ao prejuízo do BPN, e nem se interroguem porque não sabem nada de nada do julgamento do caso BPN, é mais um milagre inexplicável.

Isto não fica por aqui, com base na jurisprudência deste caso, ainda vamos ver filas de padres a exigir a devolução do dinheiro das cautelas brancas da lotaria, digo eu que não percebo nada da Justiça. Mas alguém percebe? “Ai meu Deus”, e nós a arder…

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As secretas e a manipulação de relatórios pelo PSD.

À porta fechada. Jan 2011


“PSD apaga de relatórios sobre as secretas alegadas ligações das chefias à Maçonaria”. Diz o “Público” num artigo assinado por Maria José Oliveira. O relatório feito pela deputada Teresa Leal Coelho, vice-presidente da bancada parlamentar do PSD, que traduz as audições realizadas no parlamento, à porta fechada, sofreu cortes e foram apagadas páginas.

Recorde-se que em Julho o Expresso noticiava “Fugas de informação nos serviços secretos”; “Ex-director terá passado informação à Ongoing antes de ser contratado”; “Jorge Silva Carvalho (o ex-director) assessora a administração da Ongoing com mais dois ex-espiões”. Depois houve o caso “lista de compras” que eram os contactos telefónicos do jornalista Nuno Simas (no período em que escreveu para o Público), e o registo criminal de um empresário madeirense obtido dos serviços para uso particular. No último Expresso diz-se que “Limpeza nas secretas reforça Silva Carvalho”, que, note-se, já não é funcionário dos serviços secretos. O que o Expresso diz é gravíssimo, acusa a reestruturação feita há duas semanas de “afastar os que, de alguma forma, criticaram a instrumentalização dos serviços”.

Agora veio a saber-se pelo bom jornalismo, que o PSD procedeu à manipulação do relatório parlamentar original, indo levar a debate um documento truncado à sua maneira.

Obviamente que os grupos parlamentares da oposição não deixarão de criar um ponto prévio nesse debate para discutirem o que vão discutir. Um relatório censurado ou o que de facto se passou na audição parlamentar à porta fechada.

O título do Público é chamativo, a secreta Maçonaria e a secreta “secreta” espevitam a curiosidade, mas o importante politicamente são os outros cortes do lápis azul dos “laranjas”. As guerras entre os ramos maçónicos anulam o oculto dessa sociedade, cada dia com mais semelhanças com a praxis mafiosa.

Sabe-se assim o que o PSD quer encobrir para além das “ligações de titulares de cargos de chefia e de direcção da intelligence à Maçonaria”. Da lista das citações eliminadas realço terem apagado a página com as “notícias sobre a actuação de Silva Carvalho antes e depois de abandonar o SIED”, ou sobre a “lista de compras” do jornalista Nuno Simas (o processo está no DIAP).

O artigo termina com o seguinte período, «Mais excertos foram apagados da segunda versão apresentada pelo PSD. Nomeadamente o “pressuposto” de que os serviços estão “sujeitos a perturbações” durante as mudanças de Governo; a referencia de que a Ongoing não integra “o elenco das empresas de interesse estratégico” (com as quais os serviços colaboram); as “críticas” sobre as relações que os funcionários das “secretas” mantêm com os serviços depois de iniciarem funções no sector privado, e os “indícios” de que Silva Carvalho continuou a ter “relações privilegiadas” com funcionários da intelligence já depois de ter saído do SIED». O que pretende o PSD?

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