terça-feira, 31 de maio de 2011

Prisão preventiva de menores e Marinho Pinto.

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Faz falta, de vez em quando, alguém vir lembrar o estádio da nossa civilização, o irracional que habita cada um, e a facilidade com que se resvala para a era animalesca da nossa espécie.

Marinho Pinto, bastonário da Ordem dos Advogados, que dizem ter uma animosidade militante com a classe dos juízes e tem em minha opinião pouca habilidade com a política, tem qualidades raras nas nossas figuras públicas; é corajoso, faz declarações iluminadas pelo saber e é um indefectível defensor dos direitos humanos. É um adversário declarado do “justiceirismo”, seja dos poderosos, seja das massas ululantes sedentas de vingança. É simplesmente um homem justo que prima pela Justiça. Faz falta.

Vem a propósito do caso de violência adolescente que fomos obrigados a presenciar, e que hoje já constitui a maior dose de violência gratuita televisiva imposta aos telespectadores. Gratuita a das televisões que as miúdas pensam que tinham boas razões para a brutalidade. TV que não passe dezenas de vezes as imagens (atentatórias no youtube) nem é órgão de informação.

O caso em si não é o mais importante, e não faltam especialistas encartados a prenunciar-se, muitos deles não fazendo ideia do que é educar um adolescente na suburbanidade de Lisboa. Sempre houve violência juvenil, no meu tempo a pancadaria era igual, pelos mesmos motivos fúteis, embora sempre aparecesse alguém mais velho ou com mais “cabedal” para apartar (aqui notei essa perversidade), e no tempo do meu pai era pior, por causa dos namoricos jovens de aldeias vizinhas pegavam-se aos tiros e havia mortos. Sem TV, jornais ou sequer telefonia, vivia-se na paz salazarenta, não havia notícia nada acontecia, havia “segurança” como hoje dizem alguns saudosistas.

A sociedade dá sinais de regressão e Marinho Pinto fez bem em alertar para a desproporcionalidade das penas aplicadas aos jovens agressores. Não foi popular num país onde os pelourinhos ainda estão intactos e os castigos e a educação á pancada moldaram as personalidades de muitos. A criminalização de brigas de adolescentes pode parecer exemplar, como pode transformar em maiores delinquentes quem se quer punir. Cada pai que assista às imagens pedirá a justiça dos Céus e da Terra, quanto mais doses vir mais vingança pedirá. Os tribunais existem para que não se faça “justiça” pelas próprias mãos, os meios de comunicação são criminosos quando para deleite e lucro exploram uma situação de violência transformando-a em selvajaria e repulsa colectiva.

É passageiro, muita chama para pouco pavio. Como todos os casos mediáticos vão deixar traumas nas personagens e nos espectadores. Espera-se que a Justiça não vá pelos maus caminhos do “justiceirismo”, e que reconsidere pois a prisão é para gente perigosa, por mais que desagrade à satisfação doentia pela humilhação.
Não é promovendo a raiva que se pacifica.

Os jovens delinquentes precisam que se fale com eles. Não querem ouvir ninguém? Dêem-lhes uma pena que contrarie a sua vontade – obriguem-nos a ouvir.
Abram-lhes outras portas para além das portas das cadeias.

segunda-feira, 30 de maio de 2011

No aniversário do nascimento de Bakunin.



Inno della rivolta

Nel fosco fin del secolo morente, sull´orizzonte cupo e desolato,
giá spunta l´alba minacciosamente del di fatato.

Urlan l´odio, la fame ed il dolore da mille e mille facce ischeletrite ed urla col suo schianto redentore la dinamite.

Siam pronti e dal selciato d´ogni via, spettri macábri del momento estremo, sul labbro il nome santo d´Anarquia, insorgeremo.

Perl e vittime tutte invendicate, là nel fragor dell`épico rimbombo, compenseremo sulle barricate piombo com piombo.

E noi cadrem in un fulgor di gloria, schiudendo all´avvenir novella via:
Dal sangue spunterá la nuova istoria de l´Anarquia.

Luigi Molinari 1904

domingo, 29 de maio de 2011

Há pepinos contaminados em Portugal ou não há?

pepino


Primeiro disseram que Portugal não importava pepinos de Espanha, agora a ASAE está a investigar se recebemos pepinos. Afinal em que ficamos.
Depois o problema não é só os pepinos, são todas as hortícolas e o controle da qualidade da água de rega, para além das boas práticas dos consumidores.

Há um surto de infecções intestinais graves na Alemanha, provocado por uma variante da bactéria E.coli. Já matou nove pessoas e há centenas de outras contaminadas. Análises locais detectaram a estirpe perigosa em pepinos espanhóis e num outro de cultura biológica.

Na 5ª feira o ministério da Agricultura esclareceu (!?) a situação dizendo que “não se confirma a existência desse produto em Portugal”; dessa declaração os jornais fizeram títulos peremptórios “Não há pepinos contaminados em Portugal”. Dizia o ministério: - “Portugal não foi informado pelas autoridades alemãs ou pela Comissão Europeia (CE) como sendo um país de destino desses produtos”. É de ficar de pé atrás, então os alemães são quem sabe o que importamos dos nossos vizinhos aqui do lado? O controle das nossas importações é feito pela CE, não temos organismos que saibam o que entra em Portugal?

Agora, o secretário de Estado da Defesa do Consumidor pôs a ASAE em campo para determinar se recebemos pepinos espanhóis. As autoridades portuguesas, se não queriam alarme, fizeram asneira. O que cria medo nas pessoas é pressentirem a ineficácia das autoridades que velam pela segurança alimentar. Teria sido adequado dizer a verdade, lançar de imediato a inspecção e aproveitar para aconselhar a população (sim, outra vez!) sobre os cuidados a ter no consumo de vegetais crus.

O problema não é os pepinos, são todos os vegetais regados com águas contaminadas. O E.coli está presente nos intestinos humanos, o sistema imunitário do indivíduo saudável controla a estirpe já por si conhecida. A circulação de pessoas, o próprio uso pela agricultura de imigrantes de outros continentes, pode trazer variantes de E.coli para as quais não há defesas na nossa região. Os cuidados que temos no consumo de vegetais crus em outras regiões do globo faz todo o sentido tê-los por cá.

É curioso ter-se encontrado o E.coli resistente num pepino de cultura biológica, produtos consumidos essencialmente por quem está muito preocupado com os venenos que se usam na agricultura. Fugir dos pesticidas para se intoxicar com a água de rega não é o caminho, a solução está na desinfecção, lixívia q.b. ou ozónio para quem tiver gerador. Também não vale a pena culpar os espanhóis, por cá os vegetais são regados da mesma maneira e corremos os mesmos perigos.

sexta-feira, 27 de maio de 2011

Privatizar as Águas? Olhe-se para a Grécia.

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O que se passa actualmente na Grécia, com dificuldades em cumprir o “Memorando de Entendimento” que assinaram com a troika, e o abandono a que foram votados pelos ricos da Europa, devia centrar as preocupações nacionais.
O que devia estar a ser discutido na campanha eleitoral era o programa de governo que a troika impôs, a sua aplicação na situação portuguesa, e as consequências.

Temos passado o tempo com as gafes de Passos Coelho e as respostas de Sócrates às rábulas, esquecendo as certezas que nos esperam.
A esquerda contribui para o debate autista; ao PS não interessa admitir o que assinou, e à sua esquerda temos a demagogia de que é possível continuar como se nada tivesse acontecido no mundo. A ideia que temos uma crise isolada, criada por um só homem, não entra em casa de ninguém que tenha televisão.

PCP e Bloco gastam o tempo a atacar um governo que tem uma semana de vida e que está mais que avaliado. Os portugueses querem saber quem vai governar a seguir. Se as intenções de voto no PS são muitas não é por não se saber o que Sócrates fez (de positivo e de negativo), há muita gente que o apoia para governar nas circunstâncias especiais que aí vêm. Numa semana isso não vai ser alterado.

Já antes referi aqui a privatização das águas. A Grécia não queria privatizá-las, nem os portos, a ferrovia, os correios, entre outros, mas o governo de Papaconstantinou (finanças) está a ser obrigado a fazê-lo, por causa do incumprimento das metas acordadas.

 O “nosso” “Memorando de Entendimento” nas medidas orçamentais estruturais – Privatizações, (pág.14 trad. ponto 3.31) – não refere qualquer privatização das águas até ao final de 2011. Mas diz também que: “O governo identificará, na altura da segunda avaliação trimestral, duas grandes empresas adicionais para serem privatizadas até final de 2012”. Aquando da avaliação já teremos outro governo. Passos Coelho já disse que quer privatizar as Águas de Portugal e a Caixa Geral de Depósitos, Sócrates e o PS, assim como a restante esquerda já disseram que se opõem.

Se Passos Coelho for o próximo primeiro-ministro e tiver uma maioria parlamentar os bens públicos levam sumiço.
Só um esforço contra a abstenção e o voto branco (que vai para o vencedor) pode evitar a privatização das Àguas e CGD.
Mesmo assim e olhando para a Grécia, é capaz de não chegar.

quinta-feira, 26 de maio de 2011

Passos Coelho contra a "lei do aborto", admite novo referendo.

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Passos Coelho que esteve “do lado daqueles que acharam que era preciso legalizar o aborto” como disse hoje; não resistiu à pressão de estar a dar uma entrevista na Rádio Renascença e passou a querer reavaliar a lei admitindo “um novo referendo sobre a matéria”.

A minha primeira reacção, é perguntar àqueles que se querem abster ou votar em branco nas próximas eleições, permitindo assim que as forças mais retrógradas sejam poder, se não ficam incomodados. Se não os incomoda que haja mulheres que voltem a ser consideradas criminosas, se não os incomoda o regresso das mulheres ao mundo do aborto clandestino. Respondam dia 5.

quarta-feira, 25 de maio de 2011

Christine Lagarde, FMI à Largadère.

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A candidata ao FMI (já ganhou) Christine Lagarde, repetiu que é contra a reestruturação das dívidas dos países que recorreram à “ajuda” externa.
Já é mania da direita europeia usar os problemas dos que estão em dificuldades, para se apresentarem candidatos fortes a qualquer coisa.

Christine Lagarde, tal como o espadachim de Paul Féval, Lagardère, mede mal as consequências dos seus actos. Dizia em Abril que não havia lugar a qualquer discussão sobre a reestruturação da dívida grega, e é o que se vê. Dizia também que Portugal iria funcionar como corta-fogo da crise da dívida soberana na Europa, e é o que se vê. O “corta-fogo” está no braseiro da troika e a crise soberana ameaça sair da periferia para o centro da Europa.

Em França é acusada de decidir à Lagardère o caso Bernard Tapie escolhendo em vez da via judicial, resolvê-lo no privado por via arbitral, o que custou 285 milhões de euros ao erário público; outros casos semelhantes são denunciados no site Mediapart. Um de ter parado um inquérito da Direcção Geral da Concorrência, decidido em tribunal como ilegalidade mas ainda em recurso, e outro de abuso de poder que vai ser julgado.

A sucessora de Strauss-Kahn, especialista em direito da concorrência é também perita em direito de trabalho, e isso já é connosco. O acordo com a troika tem medidas, como o despedimento à Lagardère (passe a expressão) que não está a ser discutido na campanha eleitoral, e é ilegal à luz da nossa Constituição – em vigor, por mais papéis que os partidos assinem com o FMI.
O PS recusa a revisão constitucional (é necessária uma maioria de 2/3) para rever a “justa causa nos despedimentos”, mas há mais leis que uma maioria parlamentar de direita pode aprovar. E se as dívidas se pagam ou reestruturam, os direitos uma vez perdidos dificilmente se recuperam.

Faltam poucos dias de reflexão para os cidadãos de esquerda, que pensam abster-se ou votar em branco, decidirem se querem com o seu voto ou falta dele, contribuir para uma maioria de esquerda ou de direita na Assembleia da República.

terça-feira, 24 de maio de 2011

Merkel volta a perder. Bélgica e Itália ameaçadas pelas agências de rating.

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                                                   Rincospermum

Europa ao rubro; ataque ao euro, mudanças políticas trazem maior instabilidade.

Na sexta-feira a agência Fitch cortou mais uma vez o Rating da Grécia (que ameaça declarar bancarrota). No sábado foi a Standard & Poor´s a ameaçar cortar o rating da dívida soberana de Itália, e ontem a Fitch fez o mesmo à Bélgica, seguindo a Standard & Poor´s que já em Dezembro o tinha feito. As taxas em Espanha bateram records, primeira consequência visível da derrota do PSOE a nível local.

No caso da Bélgica, com uma dívida soberana superior à irlandesa e à portuguesa, e sem governo, só é de estranhar ter demorado tanto tempo a ser atacada. A Itália idem, pois tem a segunda maior dívida da Europa logo abaixo da Grécia. A Espanha entrou para o “clube dos 10 mais ameaçados de bancarrota” para um desprestigiante 9º lugar; a possibilidade de lá se repetir o que agora ocorre cá – eleições antecipadas – deixou os mercados à toa e o euro numa aflição.

O que se passa na Europa é muito grave; à dificuldade de reacção à crise internacional por parte dos líderes europeus, junta-se a atitude penalizadora e restritiva das “ajudas” financeiras da União Europeia aos países em dificuldade.
Não surgem medidas para pôr cobro à economia virtual, numa estratégia da União contra os mercados especulativos. Há uma sensação de desagregação.

segunda-feira, 23 de maio de 2011

Sócrates governa com Passos Coelho? Não é possível.

imagem oclarinet Maio2011aloé


As propostas de governo são um espanto. Começa mal esta campanha eleitoral. Ontem dizia aqui que com sound bites não vamos lá. Os partidos pouco mais têm para oferecer.

Parece haver um concurso entre as forças políticas para apresentar o governo mais irracional. É Sócrates a admitir governar com Passos Coelho e Portas a ministros. É Passos Coelho a dizer não aceitar governar com Sócrates; é Portas a afirmar que nem com Sócrates nem com o PS, e é PC e Bloco a dizer que fazem um governo de esquerda sem o PS – com 15% mais ou menos de votos. Nada disto é sério, e no entanto é central nas campanhas dos vários partidos.

domingo, 22 de maio de 2011

O que é sound bite?

Imagem oclarinet potroMaio2011

A cacofonia de soundbites tornou o discurso político de tal forma subjectivo, que os destinatários deixaram de lhe dar importância. Os receptores não os entendem, ou melhor, entendem-nos todos iguais. Daí “os políticos dizerem todos a mesma coisa” segundo as críticas ligeiras aos políticos, que dizem também todas a mesma coisa – é o seu sound bite.

O Sound Bite no seu conceito primordial resumiria a informação sintética, que permitia ao jornalismo citar, e desenvolver essa informação, fazendo a notícia. Pressupõe captar o essencial da comunicação em frases curtas que são ditas, trabalhá-las com análise jornalística, enquadrando-as na temática e no momento.

O chamado “jornalismo de sound bite” perverteu a função quando passou a escarrapachar frases descontextualizadas, escolhidas pelo seu efeito imediato, o que através de “lei da oferta e da procura” (salvo seja), levou a que, particularmente na política, a produção intelectual esteja dirigida para a criação do sound bite e não de propostas políticas. Uma habilidade de linguagem tem direito a aparecer na televisão, uma ideia suportada em argumentos é censurada.

No fundo não há tempo, dizem os preguiçosos dos políticos e dos jornalistas, não há tempo para reflectir sobre o que se diz, não há tempo para reflectir sobre o que disseram antes de propagar a mensagem, dar opinião ou notícia.
Medeiros Ferreira pede (no seu blogue) “encarecidamente às estações de televisão a oferta de uma hora de reflexão aos espectadores antes de serem bombardeados com as sentenças sobre vencedores e vencidos dos debates pelos comentadores”. Pede “uma hora de reflexão, por piedade”.

O conceito de vencedores e vencidos nos debates é estranho, os debates são feitos para esclarecer os eleitores que ganham se ficarem mais esclarecidos, o resto é plástica, que ao contrário do propagado não ganha eleições. Se assim fosse os mais pequenos partidos da direita e da esquerda, CDS e Bloco, campeões do Soundbaitismo no parlamento e em campanha seriam os mais votados.

Com o tempo oficial de campanha a decorrer, todos ganhariam em explicar ao que vêm em vez de perderem tempo com palavras de ordem, frases com impacto ou marketing político parolo; o povo sabe que vai viver pior, quer saber o que cada partido vai fazer para gerir esses tempos de dificuldades. Isso não se consegue com sound bites.

sexta-feira, 20 de maio de 2011

José Martí, Guantánamo, Guantanamera.

José Marti (1853-1895) herói nacional de Cuba, mártir da guerra de independência contra a Espanha, político, poeta, jornalista e pensador. Organizador dos cubanos contra o domínio colonial espanhol.
Ainda adolescente apoia o início da luta independentista no que ficou conhecida como a Guerra dos Dez Anos (1868-1878). Publica os primeiros versos patrióticos com 16 anos, “Abdala”. A revolta armada lançada em 10 de Outubro de 1868 deu origem a uma enorme repressão, Martí é preso e depois deportado para Espanha (1871), aos 18 anos, no exílio, publica o manifesto “El Presídio Político en Cuba”. Enquanto estrutura com outros patriotas fora de Cuba a questão da independência licencia-se na Universidade de Saragoza em Direito, Filosofia e Letras. Depois de viver em França, México e Guatemala, volta a Cuba em 1878. É novamente deportado no ano seguinte, por causa da sua actividade revolucionária na intitulada Guerra Chiquita, que durou 2 anos.
Vive nos Estados Unidos a partir de 1881, onde é jornalista do “The Hour” e “The Sun”, com o interregno de 1882 na Argentina onde publica “Ismaelito”, obra precursora do modernismo hispano-americano.
Funda o Partido Revolucionário Cubano e o diário independentista “O Pátria”.
Escreve com o general Máximo Gómez o “Manifesto de Monticristi” e volta a Cuba para organizar a luta pela independência.
A guerra com Espanha é violenta e a 19 de Maio de 1895 José Martí morre em combate com o exército espanhol. A luta prosseguiu.
Como escritor José Martí é autor de centenas de poemas, novelas, dramas e artigos publicados em jornais. “Versos Sencillos” escrito entre 1889 e 1890 e publicado em 1891 é considerado a obra maior da sua literatura. É dessa obra poética que foi retirada a letra de Guantanamera, música da identidade cubana conhecida em todo o mundo.

Yo soy un hombre sincero
de donde cresce
la palma
y antes morir me quiero
echar mi versos de l´alma

Gauntanamera, guarija guantanamera

My verso es el verde claro
y de un carmine incendido,
my verso es un cervo herido
que busca en el monte amparo

Guantanamera, guarija guantanamera

Cultivo la rosa blanca,
en júlio come en enero
para l´amigo sincero
que me da su mano franca

Guantanamera, guajica guantanamera

Y para el cruel que me arranca
el corazon com que vivo
cardos ni ortigas cultivo:
cultivo la rosa blanca

Guantanamera, guarija guantanamera

Yo se de un pesar profundo
entres la pena sin nombre:
la esclavitud de los hombres
es la gran pena del mundo.


(Guajica – campesina, trabalhadora rural. Guantanamera/o – natural de Guantánamo).

quinta-feira, 19 de maio de 2011

ÁLVARO MENDES expõe na Golegã - EXPOÉGUA 2011

 

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Exposição de pintura "Quintas e Cavalos" de Álvaro Mendes


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                         19 A 22 de Maio no Hotel Lusitano


oclarinetÀlvaroMendesMaio2011No âmbito da XIII ExpoÉgua             GOLEGÃ


Álvaro Mendes

Ângela Merkel quer para os portugueses menos férias e aumento da idade da reforma.

maio2011
Já não bastava Passos Coelho querer fazer uns aditamentos às exigências da Troika, agora é a auto convencida “patroa” da Europa a querer impor medidas que nem a Comissão Europeia nem o FMI requereram no acordo para a “ajuda” externa.

A troika considerou que as reformas feitas na Segurança Social são suficientes para a sua sustentabilidade, foram aliás aplaudidas em toda a Europa. Então, o que faz mexer Ângela Merkel?

As declarações da chanceler foram proferidas num comício de campanha eleitoral da CDU na Renânia do Norte-Vestefália. Em Março deste ano o partido de Ângela Merkel perdeu o Estado de Baden-Wurttemberg para uma coligação do SPD com os “Verdes”, está a fazer pela vida.

quarta-feira, 18 de maio de 2011

Novas Oportunidades - Nova argolada de Passos Coelho.

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Passos Coelho está próximo de conseguir um certificado de competência do nível do ex-presidente da República Américo Tomás, ou seja, ver editado em livro as suas argoladas. Uma coisa do género “Passos Coelho por ele mesmo”.

Ao ritmo a que produz matéria literária temos edição antes das eleições.

Passos Coelho, "o mais africano dos candidatos", que com esse cognome tentou caçar votos numa comunidade que nem se recenseia, considerou que a Iniciativa Novas Oportunidades, lançadas por Durão Barroso e acolhidas pelo governo PS, eram “uma mega operação que mais não fez do que atribuir um crédito e uma credenciação à ignorância”.

Sócrates, que não dorme em serviço, veio lembrar-lhe que estava a chamar ignorante a 500 Mil pessoas.

500 Mil pessoas, enfim… como bem demonstrou ontem Louçã no debate televisivo, pessoas não é a primeira coisa em que a direcção actual do PSD pensa quando define as políticas; mas não são 500 Mil pessoas, são 500 Mil eleitores.

Vai daí Passos Coelho vem emendar o tiro no pé (é preciso pontaria para continuar a acertar num pé tão esburacado) e dizer que “o que é importante não é combater as Novas Oportunidades, é combater que se gaste milhões de euros em acções promocionais das Novas Oportunidades”.

Miguel Sousa Tavares sugeria que se há dúvidas, se juntem 50 ou 100 pessoas com certificados para aferir os conhecimentos adquiridos.

Eu quero fazer o teste e exijo que Passos Coelho também o faça; não estudei nas Novas Oportunidades, fui bom aluno em “Português” e não consigo entender em que “atribuir um crédito e uma credenciação à ignorância” é similar ou tem algo a ver com “combater os gastos em acções promocionais”.
Sobre a Iniciativa Novas Oportunidades vai-se falar e esclarecer durante o debate no Parlamento. É notório que muita gente fala do que não sabe.

 Hoje há futebol, um intervalo no desporto da caça ao voto, desporto que Passos Coelho interpretou como tiro ao voto, a cada tiro mais uns votos a voar.

terça-feira, 17 de maio de 2011

Máquinas de propaganda. Passos Coelho lidera nas notícias de TV.

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Todos os que escrevem sobre as eleições fazem campanha, não há independentes, e muito menos entre os que defendem a abstenção ou o voto branco.
Uns andam a fazer pela vida outros pelas convicções, e muitos outros só pela satisfação do ego. O “egomarketing” era um luxo, só acessível a colunistas e directores da comunicação social até ao advento dos blogues e similares.

A difusão da opinião política individual permitiu uma maior intervenção cívica, o que é bom. Em contrapartida trouxe a democratização da asneira, não do que se diz mas do que se quer conseguir com o que se diz. Anda tudo convencido que tem muita influência sobre os outros, que o povo é estúpido e só precisa de reeducação, que lhe façam a cabeça.

A verdade é que as técnicas de propaganda clássicas estão a falhar, talvez pela primeira vez há atenção da população ao que se diz e faz em torno da política. Há a percepção de que as próximas eleições são cruciais para as suas vidas. E prestar atenção é não ligar ao secundário que enxameia os órgãos de comunicação social e a blogosfera.

quinta-feira, 12 de maio de 2011

Prémio Camões 2011 para Manuel António Pina.

Coisas que não há que há

Uma coisa que me põe triste

é que não exista o que não existe.

(Se é que não existe, e isto é que existe!)

Há tantas coisas bonitas que não há:

coisas que não há, gente que não há,

bichos que já houve e já não há,

livros por ler, coisas por ver,

feitos desfeitos, outros feitos por fazer,

pessoas tão boas ainda por nascer

e outras que morreram há tanto tempo!

Tantas lembranças de que não me lembro,

sítios que não sei, invenções que não invento,

gente de vidro e de vento, países por achar,

paisagens, plantas, jardins de ar,

tudo o que nem posso imaginar

porque se o imaginasse já existia

embora num sítio onde só eu ia…

Manuel António Pina 1983

Recomenda-se este trabalho de Sara Reis Silva sobre a escrita poética para a infância, de Pina.
De Manuel António Pina seguimos as suas excelentes crónicas no JN, até as discutimos. Por curiosidade tenho a sua assinatura não num livro mas no meu cartão de sócio do velho Cineclube Imagem, a cuja direcção pertenceu.
Uma outra poesia, de outros tempos.

quarta-feira, 11 de maio de 2011

Aumentar o IVA da electricidade - aumentar o IVA da restauração.

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Primeiro uma citação: “os impostos indirectos tratam todos pela mesma medida, tanto pobres como ricos, razão porque são, nesse aspecto, mais injustos. É essa aliás, a razão porque nunca concordei em taxar cada vez mais os impostos indirectos, nomeadamente o IVA”. Fim de citação – do livro “Mudar”, da autoria de Pedro Passos Coelho. O líder do PSD mudou, como manda o livro, e agora defende o contrário; prefere aumentar os impostos sobre o consumo a reduzir ordenados, (não conhece alternativa, diz ele) ou talvez não tenha mudado porque diz que o PSD não aumenta os impostos.
 De certeza mudou, como diz a capa do livro, porque ora diz uma coisa ora diz outra de sinal contrário.
Diga-se – porque é verdade – que Passos Coelho está a ser coerente com o que se propõe fazer…mudanças!

terça-feira, 10 de maio de 2011

Privatização da Saúde. Não obrigado.

Há quem pretenda o aniquilamento do Serviço Nacional de Saúde tal como o conhecemos, deixando um serviço público residual, barato e de menor qualidade para os mais pobres.
Portugal não tem população abastada em número suficiente para viabilizar a saúde privada, não chegam os que pagam integralmente do seu bolso as despesas da própria família com a saúde; mas há um cliente rico, chamado Orçamento Geral do Estado, cuja riqueza advém dos impostos directos e indirectos de todos os portugueses.
A privatização da Saúde vai implicar o fim do acesso universal aos cuidados médicos de qualidade, o Estado não comportará o financiamento do público e do privado para todos.
O Serviço Nacional de Saúde conseguiu em Portugal, a maior diminuição da taxa de mortalidade infantil da Europa, e o acesso aos cuidados de saúde de toda a população, em particular daquela que dependia das obras de caridade.
O SNS tem vindo nos últimos anos a ser vítima da degradação dos seus serviços em muitas zonas do país; conseguiu-se assim a passagem gradual e planeada dos serviços públicos de saúde para a mão de privados.
O fim de valências e deterioração de especialidades, em hospitais públicos, deu azo ao aparecimento de clínicas e hospitais particulares por todo o país.
A cada serviço que encerra ou deixa de prestar atendimento e cuidados de saúde com competência, surge uma empresa privada para preencher o espaço desocupado.
Metade das próprias despesas do SNS já será com serviços externos e subcontratos com privados.

segunda-feira, 9 de maio de 2011

(arquivo) Acabar com os governadores civis.


O fim dos governadores civis é razão para apoiar Passos Coelho? Não chega. Mais importante que as medidas popularuchas são aquelas que propõe para além das exigidas pela” troika”.
De qualquer maneira fica aqui um texto de 2009, sobre uma região que ficou lesada pelo desinvestimento no SNS; e sobre o seu Governador Civil.


«Alexandre Chaves, agora com o título de governador civil de Vila Real, é um homem confuso com a missão que pensa ter. Foi a Chaves defender que o Hospital de Chaves não é viável devido à falta de médicos; ora toda a gente sabe que nenhum hospital é viável sem médicos, seja em Chaves em Londres ou no Afeganistão. Um hospital sem médicos não é um hospital; o de Chaves já teve mais profissionais qualificados que agora, já foi mais hospital.

O problema reside na degradação dos serviços e no êxodo de médicos do hospital público; aliás gostaria que alguém fizesse as contas para ver se a região tem mais ou menos médicos; contem lá os que estão a exercer no distrito, incluindo aqueles das clínicas privadas que vão nascendo por todo o lado, e depois conclua-se a quem interessa a ruína do Serviço Nacional de Saúde (SNS).

Sendo Alexandre Chaves uma pessoa das Ciências Sociais, deveria pensar nas pessoas de menores recursos e sem os privilégios da ADSE e outras “caixas” especiais, que pagam com o dinheiro de todos os cuidados de saúde fora do SNS.

domingo, 8 de maio de 2011

Adão Cruz expõe em Espinho, na Galeria Zeller.

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SCAN0069.JPGACCM
Como se fosse um sonho lindo.
Aparição efémera,lampejo de imagem namorada, utopia
Fantasia que devaneia e esmorece consumida, como ilusão
que já não se reconhece, nem lembra, nem fixa.
E que se vê partir. Como se viu chegar. Ténue como uma dança.
Quimera que descansará ao voar, desaparecer, dormir.

In blog Estrolabio 28 Jan 2011

sábado, 7 de maio de 2011

Gabriele Mirabassi.

                       

Passos Coelho quer maioria absoluta, ou não governa.

P5060062.JPGsondagemRTP
(sondagem actualizada -1/6- aqui)

 
Passos Coelho, diz que ou governa ele ou o PS; nenhuma sondagem se aproxima do que precisa para isso. Ou lhe dão uma vitória muito tangencial, ou inclusive a derrota perante Sócrates. Ontem foi a Universidade Católica num estudo para a RTP, Antena 1, Diário de Notícias, e Jornal de Notícias; e no dia 21 de Abril o barómetro Marktest para o DE e TSF.
Com os maiores partidos empatados, o CDS a subir e a sonhar alto, e, à esquerda do PS a falar-se em governo da esquerda, com 15% de intenções de votos – 10% PCP e 5% (!?) do BE – o melhor é desligar das contas das sondagens, ou desligar de os ouvir.
O mais realista ainda é Paulo Portas vir a ser primeiro-ministro, ele ou eu!

sexta-feira, 6 de maio de 2011

A "ajuda externa mais cedo", e os "Troikos".

Como quem vende glutões nos detergentes andam por aí uns publicitários a impingir que a “troika” é um produto excelente, e se alguém da "troika" diz que já devia estar nos escaparates mais cedo, repetem e repetem que já devíamos ter a "troika" connosco há muito.
Estes publicitários são os “Troikos”, os partidários da "troika", os defensores, os correligionários, apóstolos ou seguidores da "troika".

A troika, tal como Jeová, tem testemunhas e pregadores para nos ler e interpretar o “memorando de acordo”, são eles que decifram o conteúdo não vá o povo simplório levar à letra o que está no texto sagrado.

O que lêem os ignorantes é que vão subir os impostos, não só nos carros e no tabaco mas também no IVA da electricidade e dos produtos de primeira necessidade; que quem não tem casa terá mais dificuldade em comprar e quem tem passa a pagar uma maior renda de IMI; que o subsidio de desemprego pagará IRS, será menos dinheiro e por menos tempo; que os cortes atingem a saúde e as taxas moderadoras; que o despedimento individual vai ser ajustado ao interesse dos patrões; que vai ser privatizado ao desbarato tudo o que é propriedade do Estado e dá lucro; Que os dois próximos anos serão de recessão e aumento exponencial do desemprego. Etc.

quinta-feira, 5 de maio de 2011

Passos Coelho insiste em privatizar a água e a Caixa Geral de Depósitos

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O programa do próximo governo é da "troika", mas as medidas podem ser alteradas desde que a "troika" aceite, por isso os eleitores ainda têm uma palavra a dizer.

Na sua entrevista de ontem à RTP o líder do PSD voltou a afirmar a sua intenção de privatizar a Águas de Portugal para além da Caixa Geral de Depósitos, da REN e EDP e outras que não especificou, e que decerto estarão no seu programa a apresentar no domingo. Algumas das privatizações estão no Memorando acordado com a “troika”; serão para fazer de imediato e ao desbarato, pois não é esta a altura de vender a não ser a preço de saldo.

No que diz respeito à Caixa Geral de Depósitos (CGD) consta que os seguros e participações industriais estão previstos no Memorando. A parte da Saúde da CGD é iniciativa de Passos Coelho, é o bife mais apetitoso e desejado pelos privados, e Passos Coelho quer oferecer-lhes os lucros que têm sido públicos (de todos os portugueses).

Para além de prometer, caso seja eleito, entregar o sector da Saúde da CGD nas mãos privadas, Passos Coelho quer a privatização da própria Caixa Geral de Depósitos; dispersar em bolsa até 49% da CGD. Não houve reacção da esquerda parlamentar

A privatização das Águas de Portugal é um processo iniciado em 2004, para que o governo de Ferreira Leite tapasse os buracos financeiros. Depois o governo do Partido Socialista veio a privatizar empresas que faziam parte da holding Águas de Portugal e que tinham contratos de concessão com autarquias na gestão dos sistemas. A contestação à privatização veio de todos os sectores incluindo do PSD e do CDS. Durante todas as tentativas de privatização da água, ou alienação das competências dos municípios para a Águas de Portugal, sempre houve forças partidárias activas para a defesa desse bem público.

quarta-feira, 4 de maio de 2011

Acordo com a "troika" cria problemas à oposição.

Num post do dia 20 de Abril levantava o problema de haver ou não verdadeiras negociações entre o governo e o FMI/CE/BCE. Terminava com uma nota sobre o PS dizendo que quando lhe entregavam o ónus da negociação, isso tanto podia ser mau para o PS como “uma enorme vantagem eleitoral”. A parte do acordo divulgada por José Sócrates das “medidas que não vão ser tomadas” contradiz a análise que a oposição fazia das negociações.
Para o PCP e BE não havia qualquer negociação, por isso nem iam estar presentes, e PS + PSD + CDS concordariam com as medidas porque elas seriam o seu programa de governo. Independentemente de terem de assinar o acordo, e num hipotético governo terem de o seguir, não se pode dizer que são o programa do PSD ou do CDS.

terça-feira, 3 de maio de 2011

Amadora - podar árvores na Primavera

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Aconteceu hoje na Amadora, fora do período vegetativo das plantas e numa altura de reprodução das aves. Nestas árvores nidificam todos os anos Pintassilgos e Chamarizes. Não bastava as pressões atmosféricas verticais que a semana passada projectaram granizo, agora são os cortes horizontais de motosserra a dar cabo do resto. A justificação dos funcionários da Câmara é de que são poucos a cortar e por isso não o podem fazer de Outubro a Fevereiro, como manda o bom senso e a boa prática de protecção das espécies.

(arquivo) Enfrentar um novo ciclo.

Os portugueses parecem estar todos à espera do resultado de um exame clínico. Como se andasse por aí uma epidemia facilmente transmissível, que infecta de forma mais ou menos grave a população. As reacções são variadas, enquanto uns vivem despreocupados como habitualmente, outros entraram em depressão esperando o pior, ou ficaram zangados irritados e irritantes, e nos casos mais graves, desataram a gastar como se estivessem condenados e não houvesse amanhã. Um familiar que tem acesso às contas duma grande empresa de distribuição contou-me que nesta Páscoa se bateram todos os máximos de consumo, e já não é a primeira vez que me informa de records.
Ou anda tudo doido ou há muita gente, demasiada, que ainda não tem noção da situação que se está e vai viver.
Para além dos casos de indivíduos que estão em processo de negação, há o contributo de muita gente que fala e escreve com a única razão de desabafar ou fazer propaganda. Passa a ideia perigosa que se ficarem os mesmos governantes o tipo de vida fica na mesma, que se substituírem os governantes o tipo de vida fica na mesma e até que se não se votar ou votar em branco nas próximas eleições, o tipo de vida fica na mesma.

segunda-feira, 2 de maio de 2011

Morreu bin Laden. As teses erradas sobre a al-Qaeda

bin Laden é agora um mártir. Os Estados Unidos vingaram os ataques da al Qaeda, mas a ameaça de mais violência sobre o Ocidente continua.

Existem duas teses sobre o que é actualmente a organização al-Qaeda; a morte de bin Laden deve ser vista nesse contexto. Ou a al-Qaeda é ainda a organização terrorista que atacou o ocidente no seu terreno, ou se transformou numa organização aliada dos outros movimentos islâmicos que no mundo árabe combatem a influência ocidental.

De qualquer forma o significado do desaparecimento de bin Laden tem mais impacto na simbologia da vingança ocidental e no terreno eleitoral norte-americano que no futuro da al-Qaeda

al-Qaeda, “A Base”, traduz através do nome o formato organizativo inicial, de células independentes, que uma vez treinadas, financiadas e definido o tipo de actuação, tinham autonomia para levar a cabo as operações. Uma organização desse tipo, difusa e desligada de organigramas decisórios permanentes é difícil de ser detectada pelo inimigo. A força da al-Qaeda vem de serem militantes ocultos, compartimentados em células, que quando apanhados limitam os danos ao seu pequeno grupo operacional. Alguns foram recrutados no seio da sociedade ocidental, com passagem pelos campos de treino jihadistas ou não, só se tem dado por eles quando executam ou vão executar acções. Essa al-Qaeda (supondo que há outra) não pode ser decapitada. Nessa bin Laden não era a cabeça do “exército” e o seu desaparecimento só irá aumentar a retaliação contra o ocidente – a criação de mártires não reduz a violência.

Fala-se por outro lado numa “nova” al-Qaeda; que teria revisto criticamente a estratégia de actuação após a reflexão de alguns dos seus líderes que se tinham oposto ao 11 de Setembro. Suleman Abu al-Gaith, (que foi porta-voz da organização) e que seria agora mensageiro desse sector, publicou na internet o ano passado, o manual “Vinte orientações para a Jihad,” onde foi muito crítico para bin Laden e outros dirigentes, acusando-os de isolar a al-Qaeda dos outros movimentos e do mundo islâmico.
A actuação da al-Qaeda na Líbia é um sinal que algo mudou, uma vez que operam aliados aos partidos islâmicos, abandonaram as acções de terror, e o próprio Dr. Ayman al-Zawahiri que antes justificava o 11 de Setembro fez declarações a condenar os ataques a muçulmanos nas mesquita, nos mercados, ou locais de reunião, e disse nessas mensagens que falava em nome de Ussama bin Laden. Quando diz que “os membros da al-Qaeda não devem participar em ataques, nem contra muçulmanos nem contra não muçulmanos” estamos perante uma al-Qaeda desconhecida das notícias que hoje andarão pelos órgãos de informação ocidentais.

Ussama bin Laden morreu, se não houver actos terroristas reivindicados pela al-Qaeda, pode significar em vez da fraqueza da al-Qaeda, a mudança anunciada da sua estratégia política.

Do que não há dúvida, é que actualmente na Líbia, a al-Qaeda está a armar os seus mujahedeens com material fornecido pelo ocidente, tal como os Talibãs se armaram quando o inimigo era a União Soviética. Isso fica para outro post.

domingo, 1 de maio de 2011

1º de Maio - Origens do Dia do Trabalhador.

As comemorações do 1º de Maio relembram os episódios violentos de 1886 em Chicago, numa manifestação pela jornada de trabalho de oito horas. O marco histórico que reivindicava 8 horas de trabalho, 8 para dormir e 8 para lazer.
O movimento operário organizado surge da revolução industrial, antes os protestos nos campos e nas cidades eram fugazes e desorganizados.
São as condições criadas pela revolução industrial, a desumanização do trabalho e a chegada das primeiras máquinas que fazem aparecer as organizações operárias.
No início os trabalhadores das indústrias atacaram as máquinas que culpavam pelo desemprego, num movimento conhecido como ludismo. Nos anos 30 do século XIX já havia no Reino Unido sindicatos (trade unions) e as reivindicações para além da luta operária nas fábricas, chegavam ao Parlamento através de cartas, petições, abaixo assinados, num movimento chamado Cartista. A oposição do Parlamento britânico (composto de aristocratas e burgueses) às exigências, deu força às organizações dos trabalhadores.