sábado, 30 de abril de 2011

Pai emocionado em parto complicado.

Seria normal que o nervoso miudinho de um progenitor perante um parto difícil, no fim do trabalho estivesse abalado e desse largas à comoção. Eduardo Catroga que hoje (finalmente) entregou a sua gestação para adopção pelo PSD cumpriu a cena de fazer uma fita.
Ao jornal “Expresso” tinha declarado que “as gerações mais jovens deviam pôr este governo em tribunal”. Num país em que a Justiça deviam estar no banco dos réus, quem julgaria o governo? E porquê só este governo? É verdade que com o entupimento dos tribunais enquanto se julgava este governo não se julgavam os anteriores do PSD e do PS, os de coligação e de iniciativa presidencial, são todos eles e as oposições a condizer, que abriram caminho para a situação em que nos encontramos.
E Catroga sabe que os de Cavaco Silva, incluindo quando ele (Catroga) teve responsabilidades governativas, têm imensas culpas no cartório. São erros acumulados (sabemos hoje) durante décadas, que aumentaram os desequilíbrios da nossa sociedade ou não os souberam corrigir.
 O que preocupa é ver que os falhados do passado são chamados a fazer outra vez os programas para o futuro. E quando não redigem os projectos, andam por aí a influenciar, a espalhar a sabedoria que não provaram ter quando governaram; quase todos os ex ministros querem governar por fora quando foram incapazes de o fazer nos governos, de Augusto Mateus a Daniel Beça, de Pina Moura a Mira Amaral, etc; em duetos e mesas redondas, através de manifestos ou jantares, não saem de cena, é o vício do palco.
Não gostei de ouvir Eduardo Catroga choramingar que há uma geração que não deixou o país melhor para os jovens, qual geração? A geração que tem os filhos “à rasca”, ou a governação e os apêndices da governação, da geração que tem os filhos “à rasca”? Os da geração que trabalhou, poupou e progrediu ou da geração que nada fez, gastou à farta e atrasou o país. É que somos todos da mesma idade mas desempenhámos papéis diferentes.

sexta-feira, 29 de abril de 2011

PSD já tem Programa

O PSD veio dizer que já tem programa. Lê-se no “ionline” que o programa não chega às medidas concretas. Tem portanto acabado um programa sem medidas que possam ser discutidas entre os partidos e na sociedade. Uma folha A4 de generalidades ou 50 páginas de generalidades é o mesmo, não é programa de partido para quem quer governar um país, mas aguardemos.

O PSD tem dado a imagem, como tem sido observado por vários dos seus militantes “notáveis”, que não tem ideias próprias, essa mensagem passou definitivamente com o recurso a grupos Ad hoc onde o seu Gabinete de Estudos e o Instituto Sá Carneiro parecem cabular.

 O “fórum” Mais Sociedade” liderado por António Carrapatoso apresentou propostas aberrantes, mas aqui também temos de esperar pois só amanhã encerram os seus “trabalhos”. Eduardo Catroga líder da equipa do programa (sem medidas concretas do PSD) diz-se incomodado com os “carrapatosos”, Passos Coelho vai encerrar o “fórum” Mais Sociedade” “uma manifestação da sociedade civil”. Se os “carrapatosos” são sociedade civil eu sou militar.

O PSD tem um problema, grave, e Miguel Relvas confessou-o. Disse ele no ISCP, em Lisboa, que tem sondagens “traking diário” e vê a evolução, “como a coisa está, e vejo que sempre que falamos verdade, os portugueses retraem-se.”
Ora é com esta realidade que vai decorrer a campanha eleitoral, se o PSD diz a verdade sobre o que quer fazer ao país, o país não o deixa fazer.
Acredito.

Granizo na Amadora

P4290016.JPG Granizo na Amadora
                                                     No comment

quinta-feira, 28 de abril de 2011

Aumento do custo de vida 1975/1977.

SCAN0068.JPGCusto de vida


Antes que o FMI e os “amigos europeus” nos passem a factura do empréstimo, e toda a gente venha chorar dificuldades, reais ou só para fazer coro, veja-se neste quadro os problemas doutros tempos. Os portugueses pagavam a austeridade antes da adesão ao euro de outras formas.
Através da desvalorização da moeda – o velho escudo – que chegou a ser de 1% ao mês quando cá veio o FMI; chamava-se “desvalorização deslizante” e quanto mais deslizava mais caros se tornavam os produtos estrangeiros, fossem importações fossem as férias da Páscoa nas Caraíbas ou outro destino fora de portas; produtos estrangeiros mais caros, menos acessíveis, sustinham o deficit externo que é hoje o nosso grande problema.
Por outro lado através da inflação – que na vinda anterior do FMI chegou a 40% – anulava os aumentos de ordenados e ainda lhes comia um pedaço, o aumento do custo de vida sentia-se no acto de fazer compras dos bens essenciais. Para além da diferença psicológica de não ver os salários reduzidos ou congelados como hoje, o efeito era naturalmente o mesmo, o dinheiro não chegava.

Obs: Encontrei este quadro num jornal da época, curiosamente casei-me em 1975 e o meu primeiro filho nasceu em 1977, os preços dos bens essenciais subiram neste intervalo de dois anos para o dobro e mais em alguns casos.
 Os ordenados “acompanhavam” a inflação como se vê…

Salário mínimo em  27  de Maio de   1974     » 3.300$00
                           16 de Junho de   1975     » 4.000$00
                             1 de Janeiro de 1977     » 4.500$00


terça-feira, 26 de abril de 2011

Teixeira dos Santos passou de besta a bestial.

Eis um caso raro. É vulgar uma figura passar de bestial a besta, basta cometer um erro, e ter algum fidalgo que lucre em diminui-lo para cair do pedestal. No futebol, cujas relações entre o público e os actores são uma caricatura impressiva da sociedade, é frequente ver depreciar os heróis que antes se aplaudiam.
O inverso é difícil de encontrar; com esforço, tentando lembrar casos recentes, talvez o do guarda-redes Eduardo, que não valia nada quando foi seleccionado – dizia-se, e depois fez muito boa gente engolir o teclado.

Com Teixeira dos Santos o jogo é outro, como é bom de ver.

Teixeira dos Santos foi premiado nos jornais, e nos amplificadores das redes sociais, com todo o género de ataques, quer pessoais, quer às suas capacidades profissionais (até pelos seus catedráticos pares). Foi considerado por um artigo de tasca, do Financial Times, como o pior ministro das finanças da União Europeia; o que deu um festim de dixotes, rábulas e piadolas, pois isto de ter um estrangeiro a zurzir um português, tem mais patrióticos seguidores que o Facebook de Cavaco Silva. Nunca foi poupado por nenhuma das oposições no parlamento ou pelos comentadores de serão, o homem andava enfiado e percebem-se as suas razões.

Agora não entrou nas listas do PS, e os mesmos mariolas que antes o sovavam, mudaram de guarda-roupa, montaram os ginetes, e espadeiram por tudo quanto é microfone, câmara de TV ou página com letras, a indignação pela traição sofrida pelo douto personagem, agora portador de imensas qualidades e relevantes serviços prestados à governação.

segunda-feira, 25 de abril de 2011

"Onde estava no dia 25 de Abril de 1974?"

O dia 25 de Abril começou mal, soube da chegada de tropas a Lisboa por um passageiro do comboio descendente (como diria o Zeca) de Queluz para o Rossio, muito cedo. Eu levava um grande saco, e o meu companheiro não soube dizer que tropas eram.
Aproximava-se o 1º de Maio e os meses anteriores foram de intensa actividade política para todos os que fazíamos oposição ao regime. Tinha sido o aproveitamento da abertura marcelista nas eleições com o Movimento Democrático, o apoio expresso aos presos políticos, a actividade no Sindicato dos Técnicos de Desenho, para além da acção semi-clandestina que se sabia vigiada pela “bufaria” da polícia política.
Resultou numa exposição demasiada e esperava-se por isso a visita da PIDE a casa de alguns militantes, não havia nada a fazer senão salvar os bens que a polícia gostava de pilhar; brochuras clandestinas, livros proibidos, papeladas, panfletos etc. Era o conteúdo do saco que transportava… e logo nesse dia.
Desde o 16 de Março (ensaio das Caldas) contávamos com um levantamento militar anti-fascista, mas também corria entre nós a informação que Kaúlza preparava um golpe de extrema-direita, de antecipação.
O saco era um problema se na estação do Rossio estivessem tropas, e não fossem amigas – foi com esse receio que fiz a viagem.
Não estavam. Segui para a Junqueira, onde estava a trabalhar, deslocado pela ITT para fazer um levantamento de material obsoleto da NATO. Era o esconderijo para o saco até passar o 1º de Maio, a PIDE não iria a armazéns com trastes da NATO à procura de coisas “subversivas”.
Fechei o saco num cacifo, trouxe a chave e saí a galope, Alcântara, Santos, Cais do Sodré, Rua do Alecrim…e na subida vi o primeiro soldado, deitado, de capacete de aço e arma pronta. À volta alguns populares de pé e nas calmas faziam-lhe perguntas, o rapaz só sabia que tinha de estar ali. Do lado direito, por cima de um tapume, viam-se as janelas da António Maria Cardoso, de lá, daí a umas horas a PIDE faria as únicas vítimas mortais da Revolução de Abril.
As imagens deste soldado e das janelas do edifício da PIDE visto daquele ângulo estão registadas em filme, assim como tudo o que passou no Largo do Carmo onde estive, o Francisco Sousa Tavares em cima dum tanque, os tiros para o quartel, a espera pela rendição de Marcelo Caetano.
E foi assim passado o dia, iniciado com muita tensão e findado com imenso alívio. Depois dos pulos, dos abraços aos conhecidos que iam chegando, cantando o “povo unido jamais será vencido”, vitoriando os heróis fardados decorados com cravos, numa alegria colectiva incontável, acabei o dia sentado nos Restauradores com a minha namorada (não sei como me encontrou) a comer morangos.
 Os morangos ficaram para mim como símbolo desse dia, têm uma vantagem sobre os cravos, não murcham como as Revoluções.

Este post é baseado num artigo que fiz em 2003. Este ano estou murcho para escrever sobre o 25 de Abril – eu até sei porquê…

domingo, 24 de abril de 2011

Quem ajuda quem? FMI prevê lucros de 524,8 Milhões de dólares.

O resgate das dívidas soberanas na Europa caiu do céu para o FMI.
 Com resultados negativos em 2007, devido “à liquidação antecipada dos empréstimos da Indonésia, Uruguai, Sérvia e Filipinas”, e em 2008 por causa das indemnizações por saída de 591 funcionários, o Fundo Monetário Internacional só em 2009 teve resultados positivos com as receitas dos empréstimos à Arménia, Bielorrússia e Letónia, fechando o ano fiscal em Abril de 2010 com 363,2 milhões de dólares de lucro.

Para o ano fiscal que encerra a 30 de Abril de 2011 o FMI reviu as previsões em alta, para resultados operacionais de 524,8 milhões de dólares, graças aos novos empréstimos (aprovados no ano fiscal em curso) à Irlanda e à Grécia, que são os maiores da história do Fundo.

A “ajuda” a Portugal contará para as previsões dos lucros seguintes, não se sabendo ainda o valor da taxa a cobrar pelo FMI. “A Grécia paga cerca de 3,3% e a Irlanda entre 3 e 4%, consoante os prazos”. As taxas não são muito elevadas comparativamente com o valor do mercado especulativo, mas são enormes em função do crescimento económico previsto nos países europeus em dificuldades.

O crescimento das economias grega, irlandesa e portuguesa, do qual depende o pagamento das “ajudas” em tempo que não arraste a crise nestes países por muitos anos, está, como se sabe, dependente do grau de recessão que as medidas restritivas do FMI/EU/BCE causem.

Se os termos da negociação de Portugal com a troika não forem vantajosos para todas as partes, e apenas servirem para enriquecer os fundos do FMI da UE e do BCE, teremos de disser: Eles comem tudo… eles comem tudo… e não deixam nada

sábado, 23 de abril de 2011

Doutor João dos Santos - Documentário na RTP2.

                                      P4230009.JPG Doutor João dos Santos
                                       Busto do Doutor João dos Santos no Jardim das Amoreiras

Doutor João dos Santos, Lisboa – 1913-1987

Professor, pedopsiquiatra e psicanalista
Grande renovador da saúde mental em Portugal

Pedagogo de pais, de crianças e de educadores
Humanista e pioneiro na defesa dos direitos das crianças

Fundador de instituições de protecção da infância e de promoção da saúde mental

1952 – Secção de higiene mental dos Centros Materno-Infantis

1953 – Centros Psico-pedagógicos

1954 – Colégio Claparède

1956 – Centro Helen Keller

1958 – Associação Portuguesa de Surdos
            Liga Portuguesa de Deficientes Motores

1965 – Centro de Saúde Mental Infantil e Juvenil de Lisboa

1971 – Liga Portuguesa contra a Epilepsia

1983 – Instituto de Apoio à Criança

O documentário “Photomaton – Retratos de João Santos” passa dia 25 de Abril, às 14:00h na RTP2.
Sobre o Doutor João dos Santos e o documentário, escreve aqui Clara Castilho, psicóloga, que trabalhou com o Professor, e que actualmente faz parte do corpo de terapeutas do Centro Doutor João dos Santos – Casa da Praia.

Um conto de Rubem Fonseca - no Dia Mundial do Livro.

                                             SCAN0065.JPG Rubem Fonseca
                                   O Agente

A placa dizia “Imobiliária Ajax”, e o agente subiu ao segundo andar. Na sala só havia uma mesa, uma cadeira e um homem sentado nela, imóvel, olhando o tecto.
  O agente olhou para ele e disse:
  “Sou do Instituto de Estatística e venho fazer o seu questionário.”
  “Que questionário?” perguntou o homem que estava na mesa.
  “Nome, nacionalidade, estado civil – esses dados todos.”
  “Para quê?”
  “Para o recenseamento, para sabermos quantos somos, o que somos.”
  “O que somos? Isso não”, disse o homem da mesa, com certo pessimismo.
  “O recenseamento nos dará a resposta de tudo”, disse o agente.
  “Mas eu não quero saber de mais nada”, disse o homem. “O senhor não está vendo”, acrescentou, subitamente aborrecido, “que eu estou ocupado?”
  O senhor me desculpe”, disse o agente, “mas sou obrigado a preencher a sua ficha, o senhor também é, de certa forma, obrigado a colaborar. O senhor não leu a proclamação do presidente da República?”
  “Não.”
  “Foi publicada em todos os jornais. O presidente disse – “
  “Isso não interessa”, disse o homem levantando da cadeira abrindo os braços, “por favor.”
  Mas o agente, lápis em uma das mãos e formulário na outra, não tomou conhecimento do pedido. “Seu nome?”, inquiriu.

sexta-feira, 22 de abril de 2011

Florbela Espanca (é) A vida.

              SCAN0061.JPG Florbela 61

                        A vida

É vão o amor, o ódio, ou o desdém,
Inútil o desejo e o sentimento…
Lançar um grande amor aos pés de alguém
O mesmo é que lançar flores ao vento!

Todos somos no mundo “Pedro Sem”,
Uma alegria é feita dum tormento,
Um riso é sempre o eco dum lamento,
Sabe-se lá um beijo de onde vem!

A mais nobre ilusão morre…desfaz-se…
Uma saudade morta em nós renasce
Que no mesmo momento é já perdida…

Amar-te a vida inteira eu não podia.
A gente esquece sempre o bem de um dia.
Que queres, meu Amor, se é isto a vida!

Florbela Espanca

quinta-feira, 21 de abril de 2011

PS à frente nas sondagens, PSD e BE descem.

(sondagem actualizada-1/6-aqui)

Primeira pergunta; para que vão servir as eleições? PS sobe 12% em um mês, PSD perde 11%, CDS e CDU sobem um ponto, Bloco de Esquerda desce dois.

O PS vai buscar votos directamente ao PSD e recupera do BE, PSD perde para o CDS e PS, CDU fixa o seu eleitorado e o BE desce dois pontos confirmando-se partido refúgio dos votos descontentes do centro-esquerda; o voto útil a começar a fazer a sua caminhada.

Uma sondagem ainda com 36% de indecisos, e antes da campanha eleitoral não é muito significativa, ou seja, é tanto como as anteriores que davam maiorias de direita. Serve para recentrar a campanha e a discussão política, confirmando que não basta ao PSD controlar a grande comunicação social para ganhar eleições.

A maioria dos portugueses acreditam hoje na inevitabilidade das medidas de austeridade, apenas estão com dúvidas se essas políticas devem ser aplicadas por um governo mais do centro-esquerda ou do centro-direita.

Não surpreende o empate técnico entre PS e PSD, e deixa no ar a interrogação pertinente; para que vão servir estas eleições? O mesmo é dizer, para que foi o derrube do governo? Só para os PSDs tentarem ir ao pote? Com estes custos?

Significativo é o facto de Cavaco Silva ser o primeiro presidente da República com popularidade negativa. Aqui acredito em pleno na sondagem. Cavaco é o obreiro da trapalhada política em que estamos metidos, e isso os portugueses perceberam.

quarta-feira, 20 de abril de 2011

Negociações com a troika. Há! Ou não há!?

PCP, Bloco de Esquerda e o partido “Os Verdes” recusaram encontrar-se com a delegação da “troika” (FMI, CE, BCE). Iniciaram-se as negociações mas é bom que se saiba que os remédios prescritos não são negociáveis. A forma de os tomar, e o número de tomas, no tempo em que durar o tratamento é que pode eventualmente sofrer alteração. Os partidos à esquerda do PS não foram impedidos de discutir o grau das medidas de austeridade com os negociadores internacionais, simplesmente não quiseram. O BE diz que não há nenhumas negociações, mas “espera que o governo cumpra o seu compromisso de informação aos partidos sobre as negociações em curso” (!?). O PCP também coloca a “exigência de informação” e acrescenta que tem alternativas como a “renegociação da dívida externa (prazos, juros e montantes) a diversificação das fontes de financiamento” etc. O PCP devia saber que negociações e renegociações de dividas são com os credores, e não com os cidadãos como eu que lêem os seus comunicados.

Regina Carter




(Para ver últimos posts clicar em - página inicial)

terça-feira, 19 de abril de 2011

(arquivo) O FMI já cá está. E agora...

Sabe-se que as medidas que vão ser impostas pelo FMI são mais duras que as do PEC 4. Já se sabia, todos sabiam, incluindo aqueles que pediram o FMI.
 O PEC 4 foi chumbado por quem achava excessivas as suas medidas de austeridade (a esquerda parlamentar) e por quem entendia que essas medidas não eram suficientemente severas (Passos Coelho que disse que deveriam ir mais longe). O menos da esquerda com o mais da direita deu mais, não porque a direita fosse mais no Parlamento, mas porque a política não é uma ciência exacta como a matemática; quem tem o programa de governação aprovado é a direita.
A esquerda parlamentar tem toda a campanha eleitoral para explicar à sua base de apoio a razão porque prefere um governo de centro-direita, a um de centro-esquerda.

segunda-feira, 18 de abril de 2011

Ordem dos médicos contra vinda de médicos estrangeiros.

Faltam médicos no Serviço Nacional de Saúde, a maior carência é na especialidade de medicina familiar. Segundo a ministra da Saúde haverá cerca de 500 mil utentes sem médico de família. O fornecimento lento de novos clínicos pelas universidades, vai demorar a colmatar as necessidades.
É sabida a razão desta carência; durante anos a própria Ordem contribuiu para dificultar o acesso ao estudo da medicina, mesmo agora reagem negativamente à criação de novos cursos. Jovens portugueses têm de ir estudar medicina para o estrangeiro. A somar à situação criada pela Ordem dos Médicos e os sucessivos governos, que não planearam a formação, houve nos últimos tempos um grande número de reformas, umas precoces outras por limite de idade. O suporte por parte do Estado da medicina privada fez o resto.
O facto é que não há médicos, ou não chegam aos serviços de saúde públicos.
Não devia ser admissível contratar médicos estrangeiros mas é inevitável, na perspectiva dos utentes que têm direito a ter cuidados de saúde familiar.
Não se concebe a oposição da Ordem dos Médicos ao contrato de estrangeiros quando sabem que há doentes sem médico. O argumento da falta de preparação para o exercício da medicina não colhe, se servem para os doentes dos seus países, e os cursos que têm são reconhecidos pelas nossas universidades, e pela OMS, servem para os nossos doentes. O não conhecimento do funcionamento do nosso SNS até pode ser uma vantagem para os utentes, vêm sem vícios. Já tive uma médica de família que só atendia os doentes do Centro de Saúde, depois de despachar todos os delegados de propaganda médica que aí a visitavam; o tempo para as consultas no seu consultório particular era demasiado valioso para ser ocupado nos negócios com os laboratórios.
Agora vieram 42 médicos colombianos, que venham mais até suprir as necessidades dos utentes da saúde.
A Ordem dos Médicos devia estar a defender o Serviço Nacional de Saúde e não a arranjar argumentos para levar mais portugueses para a medicina privada, que não podem pagar, nem o Estado continuar a pagar por eles.


Resultado dos "Verdadeiros Finlandeses" põe em causa o sistema político finlandês.

Não existe qualquer segredo para a subida da extrema-direita na Finlândia. Para além dos especuladores dos mercados que estão a ficar mais ricos, quem tem lucrado politicamente com a crise económica europeia, e a situação de endividamento da Grécia, Irlanda e Portugal, tem sido o populismo ultra nacionalista, em vários países.
No caso finlandês, o país nórdico de maior abstenção, o populismo do seu líder Timo Soini arregimenta os eleitores insatisfeitos com os grandes partidos.
O discurso do medo, de ficarem sem dinheiro para as suas garantias sociais pegou; contra a União Europeia “solidária” para defesa do euro. As eleições coincidiram com os pedidos de ajuda das economias mais frágeis.
Em 2007 os “Verdadeiros Finlandeses” tiveram 4,1% de votos nas legislativas, no Verão de 2008 eram 5% as intenções de voto, e em Maio de 2010 já 10%; os auxílios à Irlanda e à Grécia possibilitaram as subidas em flecha, culminando nos 17,9% antes destas eleições, graças  à situação portuguesa.
Embora os “Verdadeiros Finlandeses” tenham nas suas fileiras candidatos da associação Sisu, designados Neo-Nazis, sejam anti-imigração e contra a União Europeia, é a crise do modelo partidário, do sistema democrático aparentemente estável, mas do qual cada dia mais finlandeses se afastaram, que permite a subida de um agrupamento de protesto, ao nível dos partidos da governação.

sábado, 16 de abril de 2011

Marinho e Pinto quer fazer de Fernando Nobre!?

Marinho e Pinto veio sugerir que se calhar era melhor não votar nas eleições. Calha que não é melhor para ninguém a não ser para quem ganha. Abster-se é votar no que vai à frente, é deixar que outros decidam por nós. Os deputados são eleitos independentemente do número de votos, muita gente vai sempre votar, e o SE; - se ninguém votasse, se eu mandasse, se todos fossem tão inteligentes que votassem como eu, e outros ses – são fantasias como o Sr. Bastonário sabe.
Explorar sentimentos de frustração não é próprio de quem tem tido, e bem, participação cívica exemplar, particularmente na denúncia dos atropelos e arbitrariedades da Justiça.

quinta-feira, 14 de abril de 2011

Vermo-nos gregos. Já se começa a ver o significado.

A ajuda à Grécia esteve dependente das eleições regionais na Alemanha, aqui também. Agora são os finlandeses que vão a votos no domingo, e quase metade deles põe em causa a sua participação no auxílio a Portugal. Apoiar a Grécia ou Portugal ou a Irlanda, tem sido bandeira de campanha eleitoral nos países onde há eleições. Populismo fácil, por um lado, mas também compreensível, na medida em que parte da riqueza criada nas economias mais prosperas, acaba por ser canalizada para países que têm usado mal os fundos estruturais. Também aqui, quando foi de juntar o dinheiro para ajudar a Grécia, havia muito boa gente a opor-se.
O Mecanismo Europeu de Estabilização Financeira não funciona em termos de um ou outro país, mas da situação na zona euro. O risco de findar o projecto europeu é uma realidade. O facto de os juros da dívida espanhola também terem hoje disparado é um sinal que os problemas podem não findar em Portugal.
O que inquieta mais que o alarido trágico/mediático que deixa todos alarmados, é perceber-se como de um dia para o outro, os juros das dívidas sofrem aumentos exponenciais. Bastou o ministro das finanças alemão Wolfgang Schauble dizer numa entrevista que a Grécia terá de reestruturar a dívida, para os especuladores agravarem os juros, já antes Merkel vinha dizendo que os credores terão de assumir algumas perdas; e perda não é o negócio dos mercados.

quarta-feira, 13 de abril de 2011

Oliveira e Costa comprou acções da SLN por 2,10 euros e vendeu a Cavaco Silva a 1 euro.

Segundo noticia a TSF, para além de Cavaco Silva foi abrangida pelo Maná a sua filha Patrícia Montez. A revelação foi feita pelo inspector tributário Paulo Jorge Silva no tribunal que julga o caso BPN, segundo o inspector que participou na investigação, as acções adquiridas na offshore Merfield por Oliveira e Costa eram parte (250 mil) de um lote de 1.750.000 acções compradas por Oliveira e Costa. Com o “negócio”, o banqueiro que vendeu 100.360 acções a Cavaco e 149.640 à filha do presidente, perdeu 275.000 Euros, vendeu o resto do lote com lucro.
Acrescento eu pois já deve andar esquecido, que Cavaco Silva e Filha ganharam depois na venda destas acções 140% (147,5 mil euros para ele + 209,4 mil euros para a filha).

terça-feira, 12 de abril de 2011

(arquivo) A trapalhada em que nos metemos. (1)


As taxas de juro da dívida estavam em queda antes da entrega no Parlamento do famoso PEC que derrubou o governo; 7,3% a 10 anos e 7,6% a 5 anos, hoje, 15 dias depois, estão a 9 e 10,23% respectivamente. O efeito da queda do governo está à vista e interessa pouco saber se o PSD e o CDS, mais o Bloco de Esquerda, o PCP e Os Verdes, pensaram nas consequências do derrube de Sócrates nesta altura. Está feito. O rating da Republica está próximo de lixo, a banca perdeu centenas de milhões em bolsa, recusa financiar o Estado que a protegeu na crise, e o crédito às famílias e às empresas vai escassear. Na 5ª feira espera-se que o BCE aumente as taxas de juro para suster a inflação; as matérias-primas, objecto dos especuladores, estão em alta, tal como o petróleo que hoje cotava a 122 dólares o barril, devido à guerra de saque promovida pelos EEUU e a NATO na Líbia.

segunda-feira, 11 de abril de 2011

Fernando Nobre; pilar da cidadania tinha pés de barro

Qualquer cidadão pode aderir ou candidatar-se por um partido, ninguém tem nada com isso. Quando esse cidadão só tem como imagem na política, o facto de ser obstinadamente contra os partidos, é feio. Se esse cidadão juntou milhares de outros cidadãos convencendo-os de que era genuinamente contra os partidos, e em seguida concorre por um partido, é condenável.
Acabei de ver no “Jornal da Noite” da RTP1, a entrevista de Fernando Nobre a Judite de Sousa na campanha presidencial. À pergunta se “aceitaria a proposta de algum partido para ser eleito deputado”. Respondeu, “categoricamente não!”
O, categoricamente não! De há poucos meses, com o aceitar agora, define a categoria da personagem. Por isso anda tanta gente a acusá-lo de traição, tantos que no Facebook já retirou a página de comentários

domingo, 10 de abril de 2011

Sofia Areal expõe na Galeria Neupergama

R-como na Primavera de Sofia Areal   (inaugurou ontem, 9 de Abril)

Galeria Neupergama Rua Miguel Bombarda 15 e 19 * 21 TORRES NOVAS

Emiliano Zapata foi morto a 10 de Abril de 1919

Emiliano Zapata (1879-1919) foi líder da Revolução mexicana de 1910 contra a concentração fundiária e a ditadura de Porfírio Díaz, organizou índios e camponeses no sul, que ocuparam e repartiram terras entre a população necessitada. Juntou-se a Pancho Villa que liderava os camponeses do norte. As rebeliões levaram ao derrube de Díaz, substituído por Francisco Madero em 1911, que prometera a Reforma Agrária.

sábado, 9 de abril de 2011

Senta-te.

                          Para que o amigo que nos visita se sinta em casa...

sexta-feira, 8 de abril de 2011

Processar as agências de rating.

Economistas portugueses vão promover uma queixa na PGR contra as agências Moody´s, Fitch e Standard & Poor´s. Apurar a “prática de actos abusivos” e a “existência de graves prejuízos produzidos nos interesses do Estado e povo português” são a razão da abertura do inquérito. A acção é por crime de manipulação do mercado.
Um grupo de advogados espanhóis também estão a processar as mesmas agências por “terem alterado o curso normal do mercado, agindo em benefício dos seus interesses e dos seus clientes”.
Nos Estados Unidos há mais processos, instaurados pelo procurador do Connecticut, e pelo Ohio, outros estados estão na fase de investigação às práticas comerciais das agências.
Processos anteriores nos USA chocaram com a alegação de as notações serem “opiniões”, portanto constitucionalmente salvaguardadas pela liberdade de expressão. O que, digamos, é extraordinário; o mundo de pantanas por causa da opinião de uns funcionários incompetentes, mas apesar disso todos muito ricos.
Paul Krugman escreveu no The New York Times. “É confortável fingir que a crise financeira foi causada por nada mais do que erros honestos. Mas não foi; foi, na maior parte, o resultado de um sistema corrupto. E as agências de classificação de risco de crédito foram uma parte importante dessa corrupção.
O economista José Reis, um dos subscritores da queixa portuguesa disse que duas das agências têm como proprietário o mesmo fundo de investimento.
Não se sabendo no que resultarão os processos instaurados, pois a Wall Street não faltam bons e caros advogados, a multiplicação de queixas nos vários países afectados, pode levar a uma nova era de regulação financeira onde as agências de rating respondam pelas suas opiniões, particularmente quando delas depende a vida de populações inteiras de vários países.

Jean-Luc Ponty - Celtic Steps



Jean-Luc Ponty - Celtic Steps

quinta-feira, 7 de abril de 2011

Espanha, próximo destino.

Como as pragas de gafanhotos, os mercados depois de arrasarem um país, dirigem-se ao próximo. Aquele que está tenrinho parece ser a Espanha, e há quem alvitre a Itália e a Bélgica a seguir. Não será assim, no quadro da União, pois os mecanismos existentes não suportam o resgate da Espanha.
No dominó das dívidas cujas peças caiem umas após outras, a Espanha está em maus lençóis. Zapatero já reconheceu que a crise portuguesa poderia condicionar a Espanha.

quarta-feira, 6 de abril de 2011

Recurso ao FEEF/FMI. Governo acaba de anunciar o pedido à Comissão Europeia.

Perante a ameaça do não financiamento da economia e da República, foi dirigido hoje um pedido de ajuda externa. Sócrates prometeu, como lhe competia, negociar essa intervenção de forma a ter poucos custos para os portugueses. Sabemos que dificilmente vai ser assim.
Pelo que aconteceu na Irlanda e na Grécia entre o PEC 4 e as medidas do FMI, não há comparação.
Tudo aquilo a que se queria fugir vai acabar por ser imposto, despedimentos na função pública, redução da massa salarial, que na Grécia foi 15%, congelamentos por vários anos, diminuição de isenções fiscais, taxas especiais sobre vários produtos e propriedades, aumento do IVA. Na Grécia os cortes atingiram os subsídios de férias e de Natal, na Irlanda tiraram 12% ao salário mínimo e 4% às pensões. Os gregos que se reformavam com 96% do vencimento passaram a contar apenas com 65% etc. E isto foram parte das medidas iniciais exigidas pela União europeia e o FMI para concederem ajuda financeira. Novos pacotes estão previstos e não se vislumbra nesses países confiança económica, crescimento ou diminuição do desemprego. Continuam a financiar-se a custos desmedidos. As taxas de juro na Irlanda duplicaram em menos de um ano e o desemprego ultrapassa os 13%.
Aqui fomos empurrados para esta situação, a taxa de juro que pagámos hoje a seis meses é quase o dobro do anterior leilão. O Ministério das Finanças disse que “as actuais taxas de juro permitem concluir que os danos causados pela rejeição do PEC são irreparáveis”. Que esta crise política, nesta altura, criou uma trapalhada tal, que vai levar umas semanas a perceber a sua dimensão, é verdade

terça-feira, 5 de abril de 2011


Gabriele Mirabasi

(arquivo) Derrubar o governo para quê?

Fazer cair o governo era fácil, como se viu na discussão do “PEC” ainda o PEC era o Pagamento Especial por Conta e não o Programa de Estabilidade e Crescimento. Com governos minoritários qualquer “maioria negativa” pode deitá-los abaixo. Só não se sabia quando a esquerda parlamentar se aliaria à direita para o fazer. Havia quem acreditasse que nunca o PCP e o BE contribuiriam para colocar a direita no poder.

segunda-feira, 4 de abril de 2011

Os Verdes que não amadurecem.

No Porto, os gráficos chamam aos meios-tons, meias-tintas. São cores esbatidas, percentagens menores das tintas de origem. O verde é na impressão uma cor secundária (cian+ amarelo). Os Verdes quando dispostos em camada, como na fotografia e no Parlamento, parecem ao olho comum ter identidade própria, quando na verdade resultam de somatórios vários. Os Verdes portugueses são diferentes, por exemplo, dos Verdes alemães, e não é impressão.
Os Verdes alemães, SPV Die Grunen, nascidos em 1980, juntaram ecologistas e pacifistas. Criaram-se na contestação da instalação de mísseis nucleares na Alemanha, pela NATO, em 1979, que foi apoiada pelos dois grandes partidos CDU (democratas - cristãos) e SPD (sociais-democratas). Respondiam à necessidade na sociedade alemã de enquadrar politicamente sectores que vão desde a juventude radical (pós Baader-Meinhof) aos defensores da neutralidade alemã e dos princípios ecológicos.