segunda-feira, 4 de abril de 2011

Os Verdes que não amadurecem.

No Porto, os gráficos chamam aos meios-tons, meias-tintas. São cores esbatidas, percentagens menores das tintas de origem. O verde é na impressão uma cor secundária (cian+ amarelo). Os Verdes quando dispostos em camada, como na fotografia e no Parlamento, parecem ao olho comum ter identidade própria, quando na verdade resultam de somatórios vários. Os Verdes portugueses são diferentes, por exemplo, dos Verdes alemães, e não é impressão.
Os Verdes alemães, SPV Die Grunen, nascidos em 1980, juntaram ecologistas e pacifistas. Criaram-se na contestação da instalação de mísseis nucleares na Alemanha, pela NATO, em 1979, que foi apoiada pelos dois grandes partidos CDU (democratas - cristãos) e SPD (sociais-democratas). Respondiam à necessidade na sociedade alemã de enquadrar politicamente sectores que vão desde a juventude radical (pós Baader-Meinhof) aos defensores da neutralidade alemã e dos princípios ecológicos. 
Os Verdes portugueses, segundo Zita Seabra contou, foram criados por decisão da cúpula do PCP, em 1982. Respondiam mais à necessidade de tapar a iniciativa de qualquer grupo ambientalista, em constituir-se em formação política parlamentar, que outra coisa. A cisão de 1990 dos deputados Herculano Pombo e Maria Santos definiram a questão da autonomia perante o PCP. As vezes que não alinham pelas “políticas” do PC têm colocado problemas aos eleitores da CDU portuguesa, como por exemplo ser contra a construção do túnel do Marão ou as barragens, quando o sindicato dos trabalhadores da construção civil exige as obras. Mas o mais importante é que não se pode contar com os Verdes para coligações independentes dos comunistas. Enquanto o PCP receia a participação em governos para não ter o mesmo fim dos outros PCs europeus, Os Verdes não têm vida própria por terem medo de se saber quanto valem isolados.
As realidades portuguesas e alemãs são distintas, mas os Verdes alemães politicamente autónomos, tiraram o poder ao partido de Ângela Merkel no Estado conservador de Baden-Wurttemberg, numa coligação de esquerda com o SPD (Internacional Socialista) tendo obtido mais votos que o SPD, liderando assim pela primeira vez um governo provincial.
Na Alemanha desenha-se uma alternativa de esquerda ao governo conservador, outras coligações para novas políticas. Por cá verbaliza-se a contestação à direita e ao “centrão” mas objectivamente nada se cria como opção.
Enquanto os Verdes alemães, para além de guias iniciais dos movimentos ambientalistas, assumem-se hoje como possíveis líderes de uma coligação de esquerda, os Verdes portugueses não têm expressão nem autonomia, estão esbatidos, são meias-tintas.

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