Antes que o FMI e os “amigos europeus” nos passem a factura do empréstimo, e toda a gente venha chorar dificuldades, reais ou só para fazer coro, veja-se neste quadro os problemas doutros tempos. Os portugueses pagavam a austeridade antes da adesão ao euro de outras formas.
Através da desvalorização da moeda – o velho escudo – que chegou a ser de 1% ao mês quando cá veio o FMI; chamava-se “desvalorização deslizante” e quanto mais deslizava mais caros se tornavam os produtos estrangeiros, fossem importações fossem as férias da Páscoa nas Caraíbas ou outro destino fora de portas; produtos estrangeiros mais caros, menos acessíveis, sustinham o deficit externo que é hoje o nosso grande problema.
Por outro lado através da inflação – que na vinda anterior do FMI chegou a 40% – anulava os aumentos de ordenados e ainda lhes comia um pedaço, o aumento do custo de vida sentia-se no acto de fazer compras dos bens essenciais. Para além da diferença psicológica de não ver os salários reduzidos ou congelados como hoje, o efeito era naturalmente o mesmo, o dinheiro não chegava.
Obs: Encontrei este quadro num jornal da época, curiosamente casei-me em 1975 e o meu primeiro filho nasceu em 1977, os preços dos bens essenciais subiram neste intervalo de dois anos para o dobro e mais em alguns casos.
Os ordenados “acompanhavam” a inflação como se vê…
Salário mínimo em 27 de Maio de 1974 » 3.300$00
“ “ 16 de Junho de 1975 » 4.000$00
“ “ 1 de Janeiro de 1977 » 4.500$00
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