Como as pragas de gafanhotos, os mercados depois de arrasarem um país, dirigem-se ao próximo. Aquele que está tenrinho parece ser a Espanha, e há quem alvitre a Itália e a Bélgica a seguir. Não será assim, no quadro da União, pois os mecanismos existentes não suportam o resgate da Espanha.
No dominó das dívidas cujas peças caiem umas após outras, a Espanha está em maus lençóis. Zapatero já reconheceu que a crise portuguesa poderia condicionar a Espanha.
O “El País” retratou a economia espanhola em Portugal; são 1.400 empresas instaladas, facturação do ano passado de 3.490 milhões de euros. Somos um parceiro comercial importante com um volume de exportações (2010) de16.577 milhões de euros. E para as contas que contam na divida, a banca espanhola tem 34% dos activos da banca internacional em Portugal (1/3), uma concentração que segundo o “El País” só a França tem na economia grega. Embora essa exposição seja no sector privado não financeiro, a austeridade a que vamos estar sujeitos pelas medidas do FMI, terá reflexos no sector privado e nos particulares com créditos de Espanha. Os activos atingem 7% do PIB Espanhol, um valor de 76.000 milhões de euros, mais ou menos o mesmo do resgate que Portugal necessita (ontem, que hoje já se fala em 90) sendo portanto evidente a possibilidade de contágio da nossa maleita aos nossos vizinhos.
No caso de Espanha precisar de ajuda quem fica mais exposto é a Alemanha, e o actual fundo europeu não suporta um auxílio à gigantesca economia espanhola. O que estaria em causa e definitivamente seria o euro e a Zona Euro.
Era a situação particular de Portugal servir de tampão aos mercados em relação a Espanha, que permitia a Sócrates ir de PEC em PEC negociando com a União Europeia, e cá, com os partidos e os parceiros sociais. Com a crise política e a queda do governo o próximo PEC (que vai haver mais PECs!) já não é negociado desta forma; a ementa de austeridade não tem soberania nacional, as medidas são impostas e a discussão é pegar ou largar. Há quem ache que isso é bom e já devia ter sido pedido há mais tempo. Sabendo-se as consequências a questão não é se vem tarde, mas se devia ter vindo.
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