terça-feira, 29 de janeiro de 2013

Vodafone. Factura sem Nº de Contribuinte.

Dono - estamos a ser perseguidos.Jan.2013

Vodafone manda pôr número de contribuinte à mão.

Só se for na tua terra! Nunca ouviram?

Nos últimos dois dias aconteceram-me coisas a fazer lembrar uma canção do Rui Veloso, “parece que o mundo inteiro se uniu para me tramar”, é verdade. Deve haver “estrelas no céu” (por cima do coberto de nuvens) mas cá em baixo não assoma uma chama de lamparina de azeite.

Para além dos meus caudalosos problemas, pequenas situações calcam-me a existência. A perseguição começou após meter gasóleo em Alfragide; a marca branca deixou-me às cores, o funcionário disse que não ouviu pedir factura e fiz uma dádiva involuntária ao fisco e talvez à GALP. Logo a mim que tenho no verso do cartão multibanco o número de contribuinte, em vez da assinatura, para facilitar a vida a quem ainda quer a vida mais facilitada.

Pessoal a servir o público, sem jeito para dar feno a vacas, abunda neste país. Transferir os dados de um telemóvel avariado para um novo, demorou horas na TMN de um centro comercial. Primeiro não era possível, depois não aparecia o cabo indicado, etc e tal…até aparecer um segundo jovem com mais disposição para se mexer e resolver os problemas inultrapassáveis num ápice.

Há pouco, nova perturbação. Como estava perto duma loja Vodafone, entrei para carregar a pen da banda larga que estou a usar, pedi a factura (muito antes de dar o cartão multibanco) com número de contribuinte e fui informado que não imprimiam o número no recibo - “para depois pôr à mão”. 

Disse à funcionária que isso não era legal e ela respondeu “acha que a Vodafone ia fazer uma coisa ilegal”. Saí e “carreguei” numa caixa multibanco fazendo eu o trabalho de inserir o NºContribuinte. Na dúvida telefonei ao meu contabilista e ele garantiu-me que “nas facturas electrónicas os dados dos consumidores têm de ser colocados electronicamente”. Só faltou dizer-me:

Ó Mesquita; é assim em todo o lado, pôr o número de contribuinte à mão numa factura electrónica… só se for na tua terra.

E não é… que é? Na Vodafone da minha terra…é!

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sábado, 26 de janeiro de 2013

Professores 26 Jan. Dezenas de milhar em manifestação.


foto manif 26 jan professores oclarinet. Jan.2013

“Mobilidade especial para quem governa mal” disseram em Lisboa, dezenas de milhares de professores de todo o país. A primeira grande manifestação de 2013 encheu a Avenida da Liberdade superando largamente a barreira dos 30 mil manifestantes, esperados pela Fenprof.

Uns porcos na auto-estrada (A1) atrasaram uma hora a saída da marcha do Marquês de Pombal. Segundo uma dirigente dos professores do norte (ouvida na TSF), os cerca de 100 autocarros com docentes ficaram retidos na estrada enquanto a GNR permitia que outros veículos circulassem por uma faixa de rodagem transitável. Porcaria.

A luta dos docentes é pela “qualidade do ensino, a escola pública e a profissão de professor”, contra o aumento do horário de trabalho e o desemprego na classe. Os professores, como os outros funcionários públicos estão a sofrer cortes de subsídios e nos salários, e paira a ameaça de dezenas de milhares irem para o desemprego, como aponta o “relatório” que o governo “concertou” com o FMI.

Manif.professores 26 jan. Jan.2013

Manif.professores 26jan. Jan 2013


manif. Prof. 26 jan. Jan 2013

oclarinet manif.26 jan profs.Jan 2013


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quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

Enganar os mercados é mais fácil que enganar a fome?

oclarinet.blogspot.com Jan.2013

A propaganda diz que a propaganda deu resultado, só pode ser propaganda.

Com o efeito BCE; protegido, pré combinado e sem riscos de maior, ir aos mercados colocar dívida a cinco anos foi um pró-forma. Não haverá juros convenientes enquanto as agências de rating continuarem a classificar Portugal como “lixo”. 

É um episódio da novela do financiamento do BCE que custou mais que os comprados à troika; faz parte do enredo dar umas alcavalas aos mercados para ir buscar a parte do leão ao BCE. Se o serviço da dívida actual come o que os cortes rendem, a ida aos mercados tem este incidente, o chamado “primeiro passo” e parou. Novo passo depende do rumo da crise europeia e por consequência do Banco Central Europeu.

O que o governo podia fazer para ir aos mercados não fez, a divida em 120% do PIB é impagável e montada numa espiral recessiva é imparável. Nem enganam os mercados nem enganam os portugueses que sentem a crise, e são mais a senti-la, mais intensa, cada dia que passa.

A economia foi paralisada pela política do governo, clientes que me queriam pagar dizem que não há “dinheiro a entrar” e daqui não há dinheiro a sair nem para os meus fornecedores nem para o fisco. Vai ser a história de 2013 para a grande maioria das empresas. 

A dose de austeridade está a matar a economia do país e a levar fome à casa dos portugueses. No meio deste desmando falar nos números da execução orçamental, em derrapagens e desequilíbrios, défices e medidas extraordinárias, receitas fiscais e cortes de despesa é já absurdo.

Portugal, o país e a sua gente, precisam de uma só medida, que se tire depressa o brinquedo da mão desta garotada. 

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quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

Aniversário da eleição de Cavaco. Os festejos.

Aniversario PR Cavaco Silva.Jan.2013

23 De Janeiro é uma data memorável, e como tal, a comunicação social vem lembrar que Cavaco Silva ganhou há 2 anos uma maioria absoluta para continuar em S. Bento. Dois anos de excelência, para os portugueses, graças também a Sua Excelência, o PR.

Para Cavaco ter uma maioria absoluta, foi preciso que 23% (!) dos eleitores votassem nele, (VER QUADRO ABAIXO) e que o resto da população ficasse em casa, ou fosse às mesas de voto arremeter uma quixotesca votação de protesto que valeu 2% em votos brancos e menos de 1% de nulos; o que não é razão para desistir, como sabemos - basta haver eleições para a campanha de eleger o mais votado, seja quem for, voltar.

Eleitores de Cavaco oclarinet.blogspot.com Jan.2013

O “se a maioria se abstivesse” teve a maioria e o eleito foi Cavaco

O resto são mais “ses”. A realidade é que Cavaco Silva está na Presidência da República porque não votaram contra ele, a mesmíssima razão porque Passos Coelho está a fazer de primeiro-ministro.

Somando os que votaram Cavaco directamente aos que votaram Cavaco indirectamente dá sete milhões e meio de convivas. É uma grande festa de aniversário e com fartas razões para celebrar. Ou não?

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terça-feira, 22 de janeiro de 2013

Europa dá mais tempo a Portugal – e depois?

Contrariou antes contraria agora e vai continuar a contrariar. Jan.2013

Comissão Europeia e Eurogrupo vão “explorar a questão” da extensão da maturidade do empréstimo a Portugal. É porque nos portámos bem, ou porque pensam que assim recebem? O empobrecimento forçado tem limites. 

Portugal não consegue pagar os juros da dívida (já serão cerca de 8.000 milhões) e os empréstimos nos prazos acordados, já se sabia - sabiam eles (credores) e nós; a espiral recessiva a que eles e o governo nos estão a sujeitar, a isso obriga. Desempregados não criam riqueza e sem dinheiro não se pagam dívidas; pagar dívidas com dinheiro emprestado é uma forma de ir enriquecendo os agiotas.

É com agiotas que Portugal lida, como lidaram os países da América Latina, entre outros; prolongar os prazos é uma das medidas que vão ser aceites, também perdoarão parte da dívida e dos juros, se tal for necessário. O preço dos empréstimos já tem integrado riscos ou perdas eventuais. 

O papel do FMI sempre foi garantir que os países pagam, pagam mais com governos “bem comportados”, pagam menos quando os governos têm experiência ao nível de um micro-empresário. Negociar empréstimos faz toda a gente a toda a hora, como este governo faz, só cá e agora.

O governo mentiu. Já nem tem importância. No que a oposição devia matutar é no nível de empobrecimento e de destruição do Estado e da economia. 

A fase de denúncia da incompetência do governo já lá vai, anda por aí nas redes sociais e na boca de todos de todos os quadrantes, agora cabe à oposição (paga pelos contribuintes) e aos portugueses mudar as coisas, mudando o governo.

Estou cansado das críticas à governação, não preciso de ver programas políticos alternativos nem que alguém me convença que faz melhor. 

O tempo é outro.

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segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

Tiroteio USA. Armas de assalto e juramento de Obama.

Juramento de Obama - com legenda. Jan 2013
 (EUA. Tiroteio no Estado do Novo México: 5 mortos)

É daqueles momentos de televisão. Enquanto Obama prestava juramento para o segundo mandato, na Casa Branca, a RAI News ponha no ar uma notícia de última hora. Um adolescente de 15 anos matou a tiro dois adultos e três crianças. Como noticia hoje a imprensa portuguesa.

Directo USA manif. defensores posse armas de assalto.Jan. 2013

Um “directo” mostrava os adeptos da posse de armas sem restrições, manifestando-se contra Obama e o seu propósito de limitar a venda de alguns tipos de armas. A legenda da notícia de última hora ajusta-se.

A poderosa Associação Nacional de Rifles (NRA) rejeita qualquer alteração ao porte e posse de armas, que vigora desde que George W. Bush pôs fim às proibições adoptadas de 1994 a 2004. 

O Estado de Nova Iorque aprovou na semana passada regras mais rígidas para o porte de arma, semelhantes à proposta de Obama para os 50 Estados americanos, apresentada no mesmo dia. 

A regulamentação nacional tem a oposição do lóbi das armas que tem muita força no Congresso americano, principalmente entre os Republicanos mas também entre Democratas. Mesmo com apoio improvável do Congresso para fazer nova legislação, Obama tem medidas executivas em curso para dificultar a compra de armas por alguns indivíduos. 

Porém, essas medidas e as campanhas de sensibilização e responsabilização serão muito pouco para impedir tiroteios; se não conseguirem impedir a posse e uso indiscriminado, de armas militares de assalto, por civis, numa altura de frequentes massacres de crianças, está em causa o sistema americano.

Que civilização é esta, que se permite dar conselhos a todos os povos do mundo, e não consegue pôr-se de acordo em matérias elementares como o direito à vida e à paz, no interior da própria sociedade.
 Pormenor manif.legenda tiroteio.Jan.2013

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domingo, 20 de janeiro de 2013

Alemanha. Baixa Saxónia–CDU de Merkel desce. (6%).

Resultados Baixa Saxonia. Jan.2013

Actualização: Resultados finais no fim do post (CDU de Merkel perdeu 6,5%)

 “Os Verdes” sobem 5,6% e o SPD (sociais – democratas) 2,3% em relação a 2008, segundo resultados preliminares nas eleições para o Estado federado da Baixa-Saxónia, a confirmar-se daria maioria de esquerda por um lugar. Mas há um empate técnico.

Partilha dos 135 lugares. jan.2013

Estas eleições, as últimas estaduais antes das eleições gerais, revestiram-se de algum teatro político. O parceiro de coligação da CDU, o FDP (liberal), tem tido uns resultados desgraçados nas eleições estaduais (ver aqui), têm desaparecido. 

Extrapolando os resultados obtidos pela CDU e pelo FDP nos Estados, para as eleições gerais alemãs, apesar de Ângela Merkel continuar a ter boas sondagens nacionais, a actual coligação será inviável. 

Daí que nestas eleições na Baixa Saxónia e perante a possibilidade (!?) de o FDP não conseguir o mínimo para eleger deputados (5%), ter sido feita uma campanha da direita pelo FDP, a CDU desce (nesta fase do escrutínio) 6,2% e o FDP consegue (!) subir 1,6%, para as últimas eleições de 2008, o que é considerado surpreendente pelos próprios, o que não surpreende. 

Que isto seja fundamental para as próximas eleições nacionais, seria muito surpreendente.

 SPD e Verdes registam subida sustentável, sendo o resultado dos Verdes (esse sim) surpreendente.

Não espanta o resultado do Die Linke (A Esquerda) e dos Piratas, ambos em águas que dificilmente vão banhar a sede do governo alemão.

Actualizado:



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sábado, 19 de janeiro de 2013

Uma ideia. Cargos – só depois de ter feito descontos.

Esperanza Aguirre. Jan.2013

Esperanza Aguirre, que se demitiu de presidente da Comunidade Autónoma de Madrid em Setembro último, cargo que exercia desde 2004, deu uma entrevista à Televisão e fez passar uma ideia.

As ideias da condessa Esperanza habitualmente não colhem por estas bandas; ex-ministra da Educação de Aznar e ex-líder do Senado, a ainda presidente do PP madrileno é mais conhecida pelo seu liberalismo; por exemplo, fez pagar vacinas gratuitas e desencadeou o processo de privatização da saúde em Madrid. 

Muito criticada e rodeada de polémicas, abandonou a “primeira linha” da política. Com o PP de Mariano Rajoy atrapalhado com o escândalo de corrupção do seu antigo tesoureiro, a senhora Aguirre, faz o que pode para pregar ética política.

Disse então na televisão, ir propor “que não possa desempenhar cargos públicos, ter lugar ou cargo executivo importante, alguém que não tenha contribuído para a Segurança Social, que não tenha trabalhado, independente ou empresário, que não tenha feito algo de diferente (que política) na sua vida”.

Aguirre afirmou ser uma ideia para o futuro; “Não poder aceder a cargos políticos, sem antes ter feito outra coisa”.

Entrevista TVE. Jan.2013

É uma ideia, que crie raízes em países de jotinhas é difícil.

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sexta-feira, 18 de janeiro de 2013

Guerra do Mali. Mais apontamentos. Al-Qaeda. França.

Lider extremista de Timbuktu. Jan. 2013

(continuação)

Se o norte do Mali corre o risco de se transformar num Afeganistão, como disse um ministro francês, os “talibans” que está a gerar, podem chegar à Europa. Que as suas acções no Sahel e no Magreb atingem a economia europeia, para além dos países do norte de África, não restam dúvidas.

Como disse aqui ontem, Os tuaregues que Kadhafi empregou e com quem dizia ter afinidades, regressaram da Líbia após o fim do regime; desempregados e sujeitos a perseguição racista, voltaram e com armas. Compõem o moderado MNLA (Movimento Nacional de Libertação de Azawad) com antigos combatentes das rebeliões anteriores e juntando várias etnias.

Na rebelião no Mali, o MNLA teve como aliado o grupo extremista islamista Ansar Dine, que domina algumas cidades (como Timbuktu - dos túmulos sagrados). O grupo Ansar Dine (defensores da fé) como o MUJAO (Movimento de Unidade e Jihad na África Ocidental), estão ligados por militantes comuns, e estes à AQIM (Al-Qaeda do Magreb Islâmico). Ouve-se falar em dissidências; são processos de autonomia e concorrência entre as bases da Al-Qaeda, passe a redundância.

Os grupos fundamentalistas tomaram cidades aos independentistas e nelas têm aplicado a Sharia, com a mesma leitura dos talibans afegãos sobre a lei islâmica. A determinação e traquejo militar dos combatentes jihadistas aliada ao fanatismo religioso parece ter feito a diferença nos combates contra o MNLA, que são (ou eram) em muito maior número.

Jihadistas de vários países estarão na Guerra do Mali, como estão armas nas mãos dos grupos islamistas vindas da Líbia e entregues pela França aos rebeldes líbios. O “Le Figaro” fez uma reportagem há cerca de dois anos, foi depois confirmado; mísseis anti-tanque, lançadores de foguetes, etc. de França para os rebeldes. Depois desapareceram, andam por todo o lado, da Síria ao Mali. Pior são os mísseis terra-ar, (ver aqui set-2011) um perigo acrescido para os interesses franceses na região.

A França que começou por intervir no Mali para criar uma zona tampão que impedisse o avanço dos rebeldes até à capital, vai ter de ir mais além, talvez numa guerra de longa duração. Esta intervenção francesa excede a sempre evocada vontade de intervir nos países que colonizou, tem um interesse estratégico fundamental, que são as minas de urânio no deserto do Níger, na zona que dá para a fronteira do Mali. A que está a funcionar em Arlit, essencial para alimentar as centrais nucleares francesas, e a que está em construção nas novas reservas de Imourarene na mesma região, que terá uma área de exploração de duzentos quilómetros quadrados.

Em Arlit, apesar da segurança militar, já raptaram sete funcionários (4 continuam presos pelos raptores); guardar duzentos quilómetros quadrados de deserto em Imourarene vai ser uma empreitada. E como se está a ver pelo que acontece na Argélia, vontade e capacidade militar não falta aos grupos ligados à Al-Qaeda, que competem entre si esgrimindo contra os infiéis. A França é dos países que tem ajudado (inadvertidamente?) a propagação do radicalismo islamista.

Agora é na Síria.

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quinta-feira, 17 de janeiro de 2013

Guerra do Mali. Apontamentos.

Azawad Independente.Jan.2013

A exportação da guerra santa islâmica para o Sahel e para o Magreb, às portas da Europa, põe em causa a segurança dos europeus? 

Mali. Mais uma guerra com envolvimento europeu. Não é (apenas) uma guerra contra terroristas, tem essa componente mas é mais que isso. Está em causa o direito à autodeterminação dos povos, de viverem em paz, livres do colonialismo e também do fanatismo religioso.

No norte do Mali há tribos abandonadas historicamente pelo poder político e fronteiras territoriais em todo o Sahel que são invenções coloniais sem sentido. O povo tuaregue vive numa área que abrange território da Argélia, Líbia, Mali, Níger e Burquina Faso. Os tuaregues independentistas “do Mali” têm identidade política própria e uma região herdada das divisões coloniais a que chama sua, Azawad.

Os tuaregues, povo berbere semi-nómada com cultura e língua própria, lutam pela independência desde 1916, primeiro contra os colonizadores franceses, depois de 1960 contra o Mali. Revoltaram-se em 1961/1964 pelo direito às suas terras que uma reforma agrária ameaçava e foram brutalmente reprimidos. Voltaram a sublevar-se entre 1990 e 1995, após a grande seca da década de oitenta, e foram novamente alvo de violenta repressão. A terceira grande revolta pela independência foi em 2007; a resposta sangrenta dos militares do Mali levou à fuga em massa de refugiados.

A guerra pela independência do Azawad tem quase cem anos, mas pela primeira vez os tuaregues têm agora armamento capaz e organização política/militar adequada. Iniciaram o levantamento a 17 de Janeiro de 2012 e tomaram as principais cidades da região. A 6 de Abril declararam a criação do Estado Independente de Azawad (não reconhecido pela “comunidade internacional”).

O exército do Mali não tinha meios para enfrentar os tuaregues que regressavam da Líbia bem armados. Um “efeito colateral” da intervenção militar americana e da NATO na Líbia. Americanos que, lembre-se, com a criação de um exército de jihadistas no Afeganistão, lançaram uma força terrorista no Mundo. 

Os tuaregues, organizados no Movimento Nacional de Libertação de Azawad (MNLA), consideram “o Islão como uma religião de tolerância e não-violência”. Os grupos islâmicos (islamistas) de orientação radical são contra a independência e pela guerra santa, mas participaram nas operações contra o poder central do Mali e controlam várias cidades.

 Sobre esses grupos (Ansar Dine, AQIM, MUJAO), os interesses franceses, e as contradições do “Ocidente”, será o próximo post, este vai longo. 

(continua AQUI)

Anterior sobre Mali AQUI

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quarta-feira, 16 de janeiro de 2013

Al-Qaeda retalia na Argélia a ofensiva no Mali.

Mokhtar Belmokhtar. Jan.2013

Islamistas dizem ter raptado 41 ocidentais, no campo de gás da BP, em In Amenas na Argélia. Ameaçam matá-los se a França não terminar a intervenção no Mali.

Os raptores, que estarão ligados ao AQIM (Al-Qaeda do Magreb Islâmico), agem como tinham ameaçado, atacar ocidentais no norte de África e/ou as capitais europeias.

Dois líderes radicais são apontados como responsáveis pelas acções, o argelino Mokhtar Belmokhtar (*), um dos líderes históricos do AQIM no Sahel, jihadista no Afeganistão, que se juntou a vários grupos islâmicos armados (GIA,GSPC,AQIM) e que estaria no Mali, na cidade de Gao, atacada pela aviação francesa. Outro, o maliano Omar Oud Hamaha, líder em Timbuktu; foi porta-voz do Ansar Dine (destruição dos túmulos de Timbuktu) e tanto se diz do AQIM como do grupo MUJAO (jihadistas da África subsariana). Foi figura principal no programa da TVI 24 sobre o Mali.

Para já, temos um campo da BP, tão isolado como os campos de urânio que levam os franceses a intervir militarmente no Sahel, a ser atacado.

E temos a confirmação de que os aliados de ontem no derrube de Kadhafi, o AQIM e a Coligação Ocidental, vão envolver-se noutra guerra, agora entre eles, e provavelmente envolver nela o espaço europeu.

Tudo isto é um legado do colapso da Líbia, sobejamente avisado, até por mim.

P.S. (*) Notícias posteriores indicam o grupo de Mokthar como autor da captura dos reféns; já fez sequestros e conseguiu milhões em resgates. Em 2007 matou quatro reféns, é determinado, o que não é boa notícia.

(Mais sobre a guerra do Mali - AQUI e AQUI)

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terça-feira, 15 de janeiro de 2013

Conferência Debate off-the-record. Estúpidos!

Coisa mais parva que este governo pariu.Jan.2013

Não quero saber NADA desta infantilidade.

Notícia será algum “jornalista” sem vértebras escrever sobre esta parvoíce do PSD
 e dos “governantes”.

São apenas patetas – mesmo MUITO patetas.
 
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Banco de Portugal agrava previsões para 2013.

Banco de Portugal - Previsao de Inverno. Jan.2013

As previsões do Banco de Portugal (BP), conhecidas hoje, revêm em baixa as anteriores. Evoluções agora inalteradas em relação ao Boletim de Outono, como a procura interna e o consumo privado, foram bastante alteradas em Novembro em relação ao Boletim de Verão (Junho). 

O Consumo Interno previsto no Verão para 2013 tinha uma queda de 1,3% e a Procura Interna 1,4%; agora são respectivamente 3,6% e 4%. 

Queda do PIB em 2013 será de 1,9%, diz o Banco de Portugal. O resultado é pior que a descida de 1,6% prevista em Novembro e de 1% esperado pelo governo.

Governo falha por muito. Jan.2013

As previsões do governo (são mais contos que contas) perdem constantemente credibilidade; as do Banco de Portugal variam demasiado. As exportações, donde se esperavam (pela própria doutrina justificadora da austeridade) milagres, não vão crescer ao ritmo anunciado.

As estimativas das exportações falharam para 2012 e para 2013 baixam, de 5% em Novembro para 2% de crescimento, agora. A conjuntura internacional é a causa apontada pelo BP, (não é a mesma do Outono passado?). Poderia acrescentar as razões internas com que vão trabalhar as empresas em 2013, mas o Banco de Portugal não quer fazer política.

Não quer todos os dias, pois em relação às exportações teria de justificar o que disse anteriormente acerca da greve dos estivadores. Acaba a greve e as previsões de crescimento das exportações reduzem para menos de metade.

Nestas previsões não estão os efeitos que teriam os 4 mil milhões de cortes que o governo deseja. A Sic Notícias (quadro) fez uma conta; nos últimos 5 anos o PIB reduzirá 7,4%. Crescer, a partir da maior pobreza vai acontecer um dia, crescer para pagar, mesmo só a parte que realmente o país deve, só com outra gente a decidir as políticas.

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segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

Travessa do Fala-só. Imagens que valem mil palavras.

Travessa do fala-so - oclarinet. blogspot.com - Jan 2013

O jornal Público, provavelmente devido às críticas que recebeu, substituiu por um vídeo a fotografia que ilustrava o seu artigo sobre o discurso de Passos Coelho, nos Açores. A representação de um homem-só.

É uma foto notável, mas há quem entenda (pelos comentários) que a imagem do nosso primeiro-ministro não pode ser publicada como o jornalista o viu e fixou na câmara.

uma fotografia que merece ser premiada.Jan.2013 Público/Rafael Marchante/Reuters

O boneco foi tirado pelo fotojornalista Rafael Marchante, correspondente da Reuters, a viver em Lisboa. Marchante é um repórter fotográfico andaluz que já ganhou vários prémios profissionais; presente assiduamente em várias publicações portuguesas.

Captou nesta foto de Passos Coelho uma daquelas imagens que valem por mil palavras. Brilhante.

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domingo, 13 de janeiro de 2013

História da Alma.

oclarinet.blogspot.com - Jan.2013

Meia-noite. Frio. Frio em tudo
E mais frio que em tudo, frio na Alma
A Noite grande e aberta... a Alma grande e aberta...
Infinitamente frias...

No alto a noite má seguia a Alma que vagava
Enregelada e nua entre todas as almas
Seguia a Alma presa
Presa por todos os lados
A Alma caminhava e a noite caminhava com ela
A Alma fugia e a noite perseguia a Alma
E a Alma parava. Então a noite também parava
E mandava um frio mais frio do que a Alma

E a Alma já fria tornava a caminhar
E a noite vinha e perseguia a Alma
E a Alma parava... e a Alma parava...
E chorando ajoelhada pedia perdão...

Vinícius de Moraes

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sábado, 12 de janeiro de 2013

3 Anos depois do terramoto, haitianos sem abrigo.


Haiti 3 anos depois. Jan.2013
Pormenor (fotos)

350 Mil haitianos continuam desabrigados 3 anos após o terramoto (RF1) ler aqui


La Noche Del Jabalí

Ali Primera

Apaga la radio compañera
hay tantas cosas para conversar
No preguntes cuántas veces por segundo
mueve las ala el colibrí
pregunta por ejemplo
Qué estamos haciendo por Haití?
Qué dónde queda, dices?
En un lugar cercado por la noche
en el inmenso cobalto del Caribe

La noche en este caso
es la miseria, es el hambre
es la palabra presa
Es negar el camino a la inteligencia
es negar que el obrero es un poeta

Qué cuántos habitantes tiene?
los que le quedan
después de tanta masacre
Qué si luchan, además de sobrevivir qué si luchan?
Claro que sí, pequeño amor, claro que sí
Los patriotas haitianos
andan con luces y colores en las manos
y andan florecidos
como la tierra regada por lloviznas y por cantos

Pero han luchado solos, compañera, solos
Aunque andan florecidos
como andan los hombres cuando andan luchando
Han luchado solos compañera
hasta que nuestra conciencia dispare
en la lucha por liberar a Haití
hasta que el mundo se alce en una sola voz
luminosa, solidaria
Y entre todos hagamos la mañana
que acabe para siempre
con la noche del jabalí

Ahora, pongámonos en marcha
que la palabra sin los pasos
es una palabra muerta
Y el tiempo nos dice: AVANZA
Alma profunda en llamas, avanza
Construyamos entre todos la mañana
que acabe para siempre
con la noche del jabalí
con la noche del jabalí

No permitamos que el futuro
nos pregunte
Qué hicieron ustedes por Haití?
y respondamos bajando la cabeza
los hombres que cayeron
son el número exacto
de las veces que en un siglo
mueve las alas el colibrí.

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sexta-feira, 11 de janeiro de 2013

Aldrabice do FMI. António Costa/Marques Mendes

Quadratura do Circulo Pacheco Pereira. Jan.2013

Relatório do FMI. Os consultores do FMI, convidados por Vítor Gaspar, queriam fazer passar um documento ideológico como um estudo técnico, mas não estão a conseguir enganar ninguém.

No último programa da SIC Notícias, “Quadratura do Círculo”, António Lobo Xavier só suscitou críticas de forma, enquanto Pacheco Pereira e António Costa evidenciaram bem as intenções do relatório e desmontaram com fortes argumentos os propósitos políticos do governo.

(O programa repete, integralmente, hoje às 13.10h na SIC Notícias. A ver.) 


Antonio Costa Quadratura do Circulo.Jan.2013

António Costa acusa o relatório de não ter “nada de técnico” e de ser “essencialmente político”, apresentando vários dados concretos que põem em causa os pressupostos do “chamado estudo”.

Pacheco Pereira coloca em causa o método do estudo que “não leva em conta a realidade portuguesa” e de ser “o programa que o governo gostaria de pôr em prática, mas não tem coragem”. Ambos consideram que o documento não tem a menor credibilidade, para servir como qualquer base de discussão.

António Costa diz mesmo que “se passasse pela cabeça do PS, sequer discutir com base neste documento, o que quer que seja, seria a explosão imediata a nível nacional”.

Marques Mendes, acusado por António Costa de ser o “chico-esperto” que já tinha anunciado estas medidas, disse na TVI 24 que o dossier da reforma do Estado (motivo do relatório) pode levar à queda do governo.

Está bem. Pode ser. 

Nesse caso, o relatório sempre servia para alguma coisa útil.

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quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

Todos somos Chávez.

Todos Somos Chavez. Jan.2013

Acabo de ver uma reportagem de uma enviada especial à Venezuela, da TVI. Uma tristeza de "jornalismo".

Será que esta gente entende que serve de alguma coisa fazer campanha contra as autoridades políticas e as autoridades judiciais venezuelanas, em Portugal?

Quem está sob a alçada do FMI somos nós - eles já se libertaram!

Últimos Posts sobre a Venezuela aqui - aqui e aqui.


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A receita FMI. A discussão do relatório FMI.

FMI colorido aplica receita FMI.Jan.2013

O relatório dos intitulados “especialistas internacionais”, ditos do FMI, nada altera, para pouco serve, e esse pouco não ajuda, de todo, a começar qualquer discussão sobre medidas concretas da governação. É um texto político de apoio (improvável) à propaganda do governo.

Estes “expertos” vieram pelo convite de Vítor Gaspar, em Outubro passado, ver as contas do Estado, (fora do âmbito do programa da troika) para ajudar o governo a governar, só isso. Têm a experiência de governar que tinha Passos Coelho antes de tomar posse; “ajudam” como qualquer dos múltiplos fornecedores de estudos que nos custam milhões.

O líder dos consultores, o alemão Gert Schwartz andou pelo Brasil, antes deles se verem livres do FMI e transformarem-se, por isso, no “povo mais feliz do planeta”.

Um relatório baseado em “pressupostos errados” (disse o ministro Pedro Mota Soares) só tem um caminho – lixo. O ministério das Finanças acha que é um contributo, o CDS que é “intercalar não oficial” e o ministro Álvaro que é “um entre muitos contributos”; Álvaro Santos Pereira diz mesmo que o relatório não é decisivo e que aguarda a contribuição dos sindicatos, parceiros sociais e partidos políticos. Patético.

O relatório, apesar de ridículo (como o Carlos Moedas) contém a receita FMI; só que a prescrição nesta dose é aqui pouco exequível a curto prazo. A receita do FMI é conhecida há muito; era conhecida aquando da queda do governo anterior, era conhecida quando não se votou contra Passos Coelho, (que nunca escondeu querer governar com o FMI) e era conhecida quando os portugueses não votaram contra Cavaco Silva. Não é tempo para surpresas.

Com isto, o FMI perdeu a cara de menino bom da troika, faz um favor ao governo que vai tentar aplicar uma dose intermédia, numa negociação virtual de bazar marroquino. Deitar barro à parede e apregoar que vem aí desgraça para aplicar medidas gravosas parecendo menos gravosas, é a especialidade fraudulenta do governo.

Também serve para ver a reacção geral da população e por sectores, se não houver oposição forte, vai haver forte investida do governo contra quem mostrar mais fragilidade.

  PS: Depois de escrever isto, vi António Barreto na televisão dizer que “o relatório inquina qualquer discussão”. Também tu, Barreto…!

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quarta-feira, 9 de janeiro de 2013

Bufos? GNR dá formação a 1708 parceiros civis.

Os informadores entregam pessoas.Jan 2013

Despertado no Facebook para uma entrevista do major Fonseca da GNR à jornalista Olívia Santos da RTP (AQUI), parece-me estarmos perante uma iniciativa perigosa, no que se refere aos direitos instaurados no 25 de Abril.

O programa da GNR “Interlocutor Local de Segurança” foi inicialmente visto como forma de aproximar a “Guarda” dos cidadãos. Segundo declarações do major Gonçalo Carvalho à TVI, não pretende “formar pessoas para denunciar”, mas teve na referida entrevista à RTP uma outra definição – inequívoca.

A jornalista perguntou se a função era “para passar informações da polícia para os cidadãos ou também sobre os cidadãos para a polícia: O major Fonseca respondeu “Exatamente, ou seja, é claro que há uma relação biunívoca”. 

Como a linguagem matemática não é fácil, a jornalista insiste, “…Se estes parceiros, estes interlocutores têm algum tipo de responsabilidade no sentido de passar informações sobre os cidadãos para a polícia – se eles são também um pouco os vossos agentes”. Ao que o oficial responde, “Acaba por ser, acaba por ser”.

Ora - não pode ser! 

Esta coisa que a GNR diz ter ido buscar à Dinamarca, tivemos em Portugal desde 36/37, altura da fundação da Legião Portuguesa, até ao 25 de Abril. 

Com a Legião criou-se uma estrutura de informação do Estado contra os potenciais inimigos e perigos internos; que incluíam para além das milícias e o para-militarismo, a vigilância pública e protecção civil, a ajuda aos desvalidos e o “auxílio às forças de segurança”.

Estão vivas muitas vítimas da desprezível rede de informadores (bufos) do regime fascista: Não pode tentar instalar-se qualquer sucedâneo, sem que os democratas e as instituições do regime democrático as denunciem e combatam.

Nem precisam dizer que tipo de informações vão recolher, filtrar e canalizar; estamos em crise económica e social profunda, todos os assuntos da vida comunitária são passíveis de ser relevantes; depende do estado da Democracia e a nossa já teve mais saúde.

A seguir à tentativa de militarizar a segurança interna uma rede de informadores é visibilidade demais para intentos obscuros.

É assunto para os deputados levantarem na Assembleia da República, para ser seguido pela Comissão Parlamentar de Direitos, Liberdades e Garantias. 

Bufaria – “defesa civil do território” – Nunca Mais.

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terça-feira, 8 de janeiro de 2013

Empenhados e feirantes.

Casa Assombrada.Jan.2013

Perante o número recorde de desemprego - 16,3% - mais uma vez ouviu-se um governante dizer que o “governo está empenhado” (em resolver o problema). Já tínhamos ouvido o mesmo de vários ministros “o governo está empenhado”. 

Agora soube-se pelo Banco de Portugal que “pela primeira vez desde 1997, o crédito malparado às empresas em Portugal superou a barreira dos 10% em Novembro”.

Que o governo ande empenhado a resolver algum problema - duvida-se; que muitas empresas e famílias estejam empenhadas - é um facto.

O problema não são só as cobranças duvidosas dos bancos, são também os pagamentos não atempados entre clientes e fornecedores. Metade dos problemas de cobranças, que eu tenho, é com clientes que não recebem do incumpridor Estado e por isso não cumprem comigo. 

Se o governo se empenhasse a pagar o que deve, havia menos gente empenhada.

Talvez para dizer que está empenhado em qualquer coisa, o ministro das Finanças recebeu uns feirantes que se manifestavam frente ao ministério. É assombroso!

Há quem esteja em greve há mais de um ano, como na CP, e o governo não negoceia. Nos portos, as greves, segundo diziam o governo e os patrões, punham em causa as exportações e destruíam a economia, mas mesmo assim o governo não recebia os estivadores. 

Agora, o ministro Vítor Gaspar recebe pessoalmente empresas de diversão (para pobres). Aproveitem o empenho do ministro, algo assim, vindo da casa assombrada, é prodigioso. É decerto milagre de São Matraquilho.

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segunda-feira, 7 de janeiro de 2013

Uma semana sem elas.

A luz no buraco - cega.Jan.2013

Um jornalista espanhol disse em tempos, a uns amigos meus, que as “chicas desnudas”, publicadas na sua revista, ajudavam a vender os artigos sérios; e mostrava, na época, uma entrevista com Daniel Cohn-Bendit. 

Não sou adepto da garota da página três, mas a função pin-up aparece habitualmente nos blogues; chamam-se António Borges (sem mais nada), Álvaro (dos pastéis), Passos Coelho (com qualquer mistela), Cavaco (com e sem BPN) etc. (e tal)! Se as chicas desnudas vendem, um blogue vestido com chicos destes, devia dar. Errado.

O balanço de 2012, do ClariNet, (ainda a tempo) com milhares de visualizações de páginas deste blogue sobre as eleições gregas (três posts) faz pensar sobre o papel dos blogues.

Nas dez publicações mais vistas em 2012, estão para além das três sobre a Grécia, de quem se sabia pouco; duas sobre a manifestação de 29 de Setembro e as restantes em temas como a emigração, os mercenários portugueses na Síria, que a comunicação social portuguesa nem tocou; o bacalhau que já vem do ano anterior e os cães de raças perigosas, um assunto actual. Da política diária, entrou os cortes nos subsídios.

Este ano ainda não apareceram por aqui as pin-ups, dei-me umas merecidas férias; voltam quando o que está a quebrar tiver mais fraturas expostas. O que se passa na América Latina, e na Itália (sabe-se tão pouco da Itália por cá) é mais importante para nós que esta fase politiqueira interna.

Por ordem, as dez publicações aqui mais lidas em 2012: 

06/05 – Eleições na Grécia – pré-resultados.SYRIZA surpreende.

07/05 – Eleições na Grécia. Resultados finais. Que saída?

12/09 – Manifestação 29 de setembro. Greve Geral CGTP e UGT?

29/09 – Manifestação 29 de setembro. Greve Geral. Governo Rua.

10/12 - Bacalhau, como escolher, como comprar e preparar.

12/03 – Drama da emigração. Não há empregos lá fora.

25/06 – Mercenários. Para-quedistas portugueses presos na Síria?

03/04 – Corte subsídios; férias, Natal, doença, maternidade.

05/05 – Eleições na Grécia. Quem são os partidos?

25/08 – Cães. Raças perigosas, donos ignorantes ou psicopatas.

(clicar nos textos a cor para ler os artigos)

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domingo, 6 de janeiro de 2013

Chávez; chavismo, sucessores e facções.

Maduro e Cabello - Correo del Orinoco.Jan. 2013

As facções no partido de Chávez e a luta secreta pelo poder é a nova criação da guerra de 4ª geração contra o regime venezuelano. Com origem na imprensa espanhola e dos Estados Unidos está a ser replicada, como habitualmente, a nível internacional.

Chávez continuará a ser o Presidente da Venezuela, diz Maduro (Público) e diz também Diosdado Cabello, reeleito presidente da Assembleia Nacional (AN) da Venezuela.

A constituição apenas prevê a “falta absoluta” do presidente para não ser assim, e ele não falta; segundo constitucionalistas venezuelanos está ausente autorizado pela AN (maioria e oposição) que de facto aprovou por unanimidade a sua saída para tratamento. Mas para interpretar Constituições, temos a nossa discórdia interna, e basta.

Mais relevante é na notícia do Público, assinada por Ana Gomes Ferreira, dizer-se que Maduro e Cabello “pertencem a alas diferentes do Partido Socialista Unificado da Venezuela, no poder”, comprando do “EL País” uma fracção “desenvolvimentista e tecnocrata” para Diosdado Cabello. 

O conhecimento do trajecto político de ambos e ambos com Chávez contradiz esta fantasia. Maduro conhece Chaves em 1992, quando sua mulher Cília Flores, actual Procuradora-Geral da República, defendia o então tenente-coronel Hugo Chávez, preso após falhar um golpe de Estado. O então tenente Diosdado Cabello participou com Chávez nesse golpe de 4 de Fevereiro de 1992 contra Carlos Andrés Pérez. 

Daí para cá estiveram sempre juntos, na fundação do Movimento Quinta República (MVR) que levou Chávez ao poder, na sua dissolução para criar o Partido Socialista Unificado da Venezuela (PSUV) e aceitando todos os cargos políticos por eleição ou nomeação presidencial.

No golpe de estado de 11 de Abril de 2002, que derrubou Chávez por dois dias, após o restabelecimento legal é Cabello que assume provisoriamente a presidência, tomando como primeira medida enviar uma força da armada para resgatar Chávez da ilha La Orchila, pôr-se em causa, hoje, a sua lealdade a Chávez, é um disparate. 

Igual disparate é espalhar, para dividir, que Nicolás Maduro é próximo dos cubanos, como Chávez, e Cabello não. Um empresário amigo a viver há muito na Venezuela dizia-me o ano passado que o 2º homem politicamente mais necessário ao regime era o presidente da AN. 

O PSUV, partido maioritário, não é um partido de quadros, a defesa do chavismo assenta nos “círculos bolivarianos”, organizações de base com algumas semelhanças aos CDRs da Revolução Cubana. Criados após a vitória de Chávez de 1998, com recursos do Estado, terão entre 2 a 2,5 milhões de membros, Cabello foi o responsável pela sua dinamização, sendo assim, mais o homem com ligações fortes ao aparelho do regime (ultrapassa o aparelho do partido) que a invencionice do “tecnocrata desenvolvimentista”.

O Chavismo não é fácil de entender à luz de leituras históricas viciadas, do partido único para impor o socialismo, da ditadura militar ou estatal para impor uma sociedade alternativa. Coexistem com a democracia parlamentar projectos diferenciados de investimento público; dirão que é pouco democrático Chávez dispor dos fundos do petróleo, que usa para suprir as necessidades básicas da população – perguntem aos timorenses se não preferiam isso à miséria.

Os interesses portugueses na Venezuela e em toda a América Latina não são os mesmos que os de Espanha ou dos Estados Unidos, espera-se que a imprensa portuguesa perceba isso.

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