domingo, 6 de janeiro de 2013

Chávez; chavismo, sucessores e facções.

Maduro e Cabello - Correo del Orinoco.Jan. 2013

As facções no partido de Chávez e a luta secreta pelo poder é a nova criação da guerra de 4ª geração contra o regime venezuelano. Com origem na imprensa espanhola e dos Estados Unidos está a ser replicada, como habitualmente, a nível internacional.

Chávez continuará a ser o Presidente da Venezuela, diz Maduro (Público) e diz também Diosdado Cabello, reeleito presidente da Assembleia Nacional (AN) da Venezuela.

A constituição apenas prevê a “falta absoluta” do presidente para não ser assim, e ele não falta; segundo constitucionalistas venezuelanos está ausente autorizado pela AN (maioria e oposição) que de facto aprovou por unanimidade a sua saída para tratamento. Mas para interpretar Constituições, temos a nossa discórdia interna, e basta.

Mais relevante é na notícia do Público, assinada por Ana Gomes Ferreira, dizer-se que Maduro e Cabello “pertencem a alas diferentes do Partido Socialista Unificado da Venezuela, no poder”, comprando do “EL País” uma fracção “desenvolvimentista e tecnocrata” para Diosdado Cabello. 

O conhecimento do trajecto político de ambos e ambos com Chávez contradiz esta fantasia. Maduro conhece Chaves em 1992, quando sua mulher Cília Flores, actual Procuradora-Geral da República, defendia o então tenente-coronel Hugo Chávez, preso após falhar um golpe de Estado. O então tenente Diosdado Cabello participou com Chávez nesse golpe de 4 de Fevereiro de 1992 contra Carlos Andrés Pérez. 

Daí para cá estiveram sempre juntos, na fundação do Movimento Quinta República (MVR) que levou Chávez ao poder, na sua dissolução para criar o Partido Socialista Unificado da Venezuela (PSUV) e aceitando todos os cargos políticos por eleição ou nomeação presidencial.

No golpe de estado de 11 de Abril de 2002, que derrubou Chávez por dois dias, após o restabelecimento legal é Cabello que assume provisoriamente a presidência, tomando como primeira medida enviar uma força da armada para resgatar Chávez da ilha La Orchila, pôr-se em causa, hoje, a sua lealdade a Chávez, é um disparate. 

Igual disparate é espalhar, para dividir, que Nicolás Maduro é próximo dos cubanos, como Chávez, e Cabello não. Um empresário amigo a viver há muito na Venezuela dizia-me o ano passado que o 2º homem politicamente mais necessário ao regime era o presidente da AN. 

O PSUV, partido maioritário, não é um partido de quadros, a defesa do chavismo assenta nos “círculos bolivarianos”, organizações de base com algumas semelhanças aos CDRs da Revolução Cubana. Criados após a vitória de Chávez de 1998, com recursos do Estado, terão entre 2 a 2,5 milhões de membros, Cabello foi o responsável pela sua dinamização, sendo assim, mais o homem com ligações fortes ao aparelho do regime (ultrapassa o aparelho do partido) que a invencionice do “tecnocrata desenvolvimentista”.

O Chavismo não é fácil de entender à luz de leituras históricas viciadas, do partido único para impor o socialismo, da ditadura militar ou estatal para impor uma sociedade alternativa. Coexistem com a democracia parlamentar projectos diferenciados de investimento público; dirão que é pouco democrático Chávez dispor dos fundos do petróleo, que usa para suprir as necessidades básicas da população – perguntem aos timorenses se não preferiam isso à miséria.

Os interesses portugueses na Venezuela e em toda a América Latina não são os mesmos que os de Espanha ou dos Estados Unidos, espera-se que a imprensa portuguesa perceba isso.

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