quinta-feira, 30 de junho de 2011

Imposto extra no valor de 50% do subsídio de Natal.

MinistroJun2011
                                                           Vitor Gaspar


Passos Coelho anunciou hoje no parlamento um imposto especial. Não estava previsto no acordo com a troika, não fazia parte do programa de governo apresentado há dois dias, não foi referido durante a campanha eleitoral nem por Passos Coelho ou Paulo Portas.

A taxa extraordinária a executar em sede de IRS, abrange os contribuintes com rendimentos superiores ao salário mínimo nacional (485 euros). Segundo contas do governo a receita será de 800 milhões de euros, que irão para os cofres do Estado, em vez de serem os portugueses que os ganharam a gastá-los.

Esta taxa é adicional aos aumentos de impostos previstos e que ainda estão a ser ultimados. Incide sobre todos os rendimentos (não só do trabalho), e segundo Passos Coelho, “a intenção é que essa medida fiscal temporária seja equivalente a 50% do subsídio de Natal acima do salário mínimo nacional”.

Para quem dizia que era preciso mudar de governo porque “o povo já não aguenta mais austeridade” começa bem o governo que os portugueses elegeram. Vão antecipar medidas previstas no acordo com a troika, taxas especiais e privatizações ao desbarato.

A classe média que se revoltou contra as deduções fiscais de Sócrates, (que eram só para valores superiores a 1.500 euros de rendimento) têm agora, ainda a procissão não saiu do adro, taxas especiais que abrangem também os contribuintes com rendimentos mais baixos. O resto vem já a seguir…

quarta-feira, 29 de junho de 2011

Programa do governo é um enunciado de intenções

LuaJun2011
Ainda não li (mas vou ler) todas as 129 páginas do programa do governo Troiko/Passos. Ler não basta, é preciso compará-lo com o Memorando de Entendimento subscrito com a troika, para ver os acrescentos, e com o PEC 4 do descontentamento que levou à queda do anterior governo. Só depois se pode aferir dos verdadeiros propósitos do novo governo.

Fazer programas é simples, implementá-los é mais complicado. Quando se diz que vieram uns estrangeiros que em pouco tempo fizeram o que vários governos portugueses não foram capazes, é um sofisma; a troika apenas redigiu duas centenas de medidas, depois saíram deixando a ameaça de que se não se cumprissem não vinha ajuda externa. Qualquer troika, quaisquer medidas, podiam ser apresentadas, não é maneira de fazer política em democracia.

Não se sabe em concreto os efeitos das medidas da troika na nossa situação, mas conhece-se o resultado de políticas semelhantes na Grécia – um desastre difícil de corrigir. Na Grécia não bastou uma maioria parlamentar para executar medidas de austeridade em paz social. As políticas não resultaram, os gregos foram enganados e não vêm perspectivas de saída da crise e de conseguir crescimento económico. Mais recessão sucede-se à recessão, mais austeridade em cima da austeridade.

O nosso governo tem um programa de mudança estrutural que é no fundamental ideológico, serve alguns interesses particulares no imediato. Se as empresas continuarem a fechar, o desemprego a subir e o custo de vida a ser insuportável, não há programa cuja assinatura valha alguma coisa.

A maioria parlamentar rapidamente passa a ser uma minoria isolada perante a contestação generalizada das populações, como hoje se vê na Grécia.
Programas, assinaturas ou compromissos, serão letra morta se a seguir a pedir-se sacrifícios, o povo verificar que está pior e pior por mais anos.

terça-feira, 28 de junho de 2011

Se a Grécia sair do euro...

TaxasGréciaJun2011

O novo pacote grego de austeridade está difícil de aprovar. Uma parte do partido de Papandreu, com maioria no parlamento, pode não votar a favor. À esquerda e à direita a recusa é anunciada, pelo que não se sabe se a Grécia faz a vontade aos líderes europeus e à banca que lá investiu.

Oli Rehn, comissário europeu dos assuntos económicos, anunciou que não há plano B para a Grécia, se o parlamento grego não aprovar o novo pacote económico de austeridade, não recebe os fundos necessários para não entrar em incumprimento.

Apesar destas afirmações é duvidoso que não exista saída perante o chumbo do parlamento. Os bancos expostos com maior quota de dívida são franceses e alemães e levariam um enorme rombo. Como sempre ouvi, quando se deve pouco ao banco tem-se um problema – quando se deve muito, o banco tem o problema.

Hoje os juros da dívida pública grega a três anos, eram de 29,39%, e a cinco estavam a 19,99%. Com mais austeridade e consequente recessão, sem aparelho produtivo que crie crescimento, sem investimento nacional e incapaz de atrair o de fora, aos gregos é bem possível que só reste sair do euro, empurrados ou por opção.

Se a Grécia deixar o euro não vai ser o único país a fazê-lo, será o primeiro.
A solução da situação grega depende da União Europeia, da França e da Alemanha, o resultado da votação no parlamento sobre o novo pacote, vai definir para o bem e para o mal (não sei o que será pior) o futuro da União, que como está não serve a todos os povos da Europa.

Para nós, poderá levar a discutir algo impensável há pouco tempo, a nossa saída “preparada” do euro, conforme a proposta de João Ferreira do Amaral.

segunda-feira, 27 de junho de 2011

O diálogo frutuoso do ministro Álvaro Santos Pereira e as impressões de Carvalho da Silva.

combichoJun2011
                                                  Diálogo Frutuoso


O ministro da Economia e do Emprego reuniu hoje com a CGTP. Carvalho da Silva à saída do encontro, e quando lhe perguntaram se tinha ficado bem impressionado, disse “não fiquei com qualquer impressão”. O ministro Álvaro não clarificou o seu pensamento quando recebeu a CGTP, segundo Carvalho da Silva.

Já no outro encontro do ministro Álvaro, com o presidente da Confederação do Turismo de Portugal (CTP) José Pinto Coelho, as coisas devem ter corrido com outra abertura, pois à saída o presidente da CTP disse ter ficado “bem impressionado” com o ministro Álvaro.

A diferença de impressões dos interlocutores do ministro tem significado político; principalmente quando Álvaro Santos Pereira definiu como uma das suas prioridades a Concertação Social. O ministro antes do encontro com a CGTP estava optimista e esperava um “diálogo frutuoso”. O diálogo faz-se abrindo o jogo com todas as partes e não escolhendo o par para dançar.

O que impressiona neste início de carreira política do ministro Álvaro é que tenha ficado com uma pasta que pede grandes capacidades políticas, coisa que pelos vistos não tem à partida, e não tem tempo para aprender a ter.

Parece por estas primeiras reuniões que temos um ministro que descarta a CGTP da Concertação Social. A ser assim vai haver problemas adicionais no que diz respeito ao “emprego e competitividade”. Baixos salários, maior facilidade nos despedimentos e menos apoios sociais, não se impõem com facilidade.
Se a coragem é para confrontar quem trabalha a situação do país vai para a conflitualidade.

O ministro Álvaro devia saber que quando se quer trabalhar em equipa, não se deixam protagonistas do jogo de fora.

quarta-feira, 22 de junho de 2011

Itália quer suspender hostilidades na Líbia, a Nato não. O ministro Portas atira ao lado.

Líbiajun2011

Nas vésperas de um Conselho Europeu, o responsável pela diplomacia italiana, Franco Frattini, veio dizer que “os bombardeamentos na Líbia devem parar de imediato” que há necessidade de abrir corredores humanitários e avaliar os erros dramáticos cometidos pela NATO. Para o Ministro do Exterior de Itália, a legitimidade das acções militares da Aliança Atlantica na Líbia pôs-se em perigo com as mortes de inocentes.

A NATO já reconheceu ter causado a morte de civis, e ter bombardeado inclusivamente forças rebeldes, pelo que no seio da própria Aliança o ambiente é de desconforto. Apesar disso o secretário-geral Rasmussen garantiu que vão continuar as operações. Na última reunião da Aliança lamentava-se a falta de colaboração de muitos dos países membros, com a evolução trágica dos acontecimentos provocados pelos erros militares, só se pode esperar maior inquietação.

O que pensa da situação o nosso governo é difícil de saber, nenhum jornalista cumpre a (sua) missão de perguntar.

Continua o êxodo de refugiados, um efeito colateral da guerra.
O CDS após uma reunião com Paulo Portas veio defender um maior controlo das fronteiras europeias. (Um parêntesis para deixar a pergunta: - o CDS vai passar a ser o porta-voz do Palácio das Necessidades?) Adiante. Disse Luís Queiró, ou mandou dizer Portas, que a União Europeia deve travar as vagas de imigração, sugeriu um pacto com os países de origem. O que será isso?

A Itália calculava em Maio ir receber cerca de 50.000 refugiados, (só tunisinos já ultrapassam 20 mil), têm morrido afogados às centenas de cada vez, vêm a fugir da guerra.
O ministro Portas vem agora falar em desenvolver os países do norte de África e do Magreb para fixar as pessoas, é não perceber os litígios que hoje existem entre os países europeus por causa dos refugiados. A Líbia era o tampão que impedia o trânsito migratório de África para o Mediterrâneo.

Aqueles que viviam na Líbia, que lá trabalhavam, apenas fogem da guerra. Deixem-lhes de mandar bombas para cima, que já não emigram para a Europa.


Nota para os seguidores do blogue: 
Se não houver actualizações nos próximos 3 a 4 dias é porque ando pela lavoura.

terça-feira, 21 de junho de 2011

Rui Tavares demite-se do Bloco. Azar de Louçã com os independentes.

O primeiro episódio que lembro, de apostas perdidas por Francisco Louçã na promoção de independentes, foi numas eleições presidenciais. Quis candidatar uma mulher, conhecida antifascista. O PCP levantou uma história antiga e interna de dinheiros, e foi obrigado a desistir.

A seguir tivemos o caso “do Zé que fazia falta a Lisboa”. Depois de encravar anos a obra do túnel do Marquês, desentenderam-se; agradeceu a boleia até à Câmara de Lisboa, passou a auxiliar o PS e lá está. A história é recente, todos conhecem

Agora o “caso Rui Tavares” que devia andar morto por se libertar do partido e vice-versa. Para quem diz defender a unidade das esquerdas, rompe facilmente à primeira discussão. A esquerda está cheia de plantas de estufa.

Há um assunto que tinha decidido não abordar, por achar que não valia a pena, agora faz sentido.
A guerra da Nato contra a Líbia e a posição do BE no Parlamento Europeu. Dois dos três deputados do BE reconheceram o “governo” de Benghazi, numa altura em que Hilary Clinton dizia não saber quem eles eram. E o outro deputado (Rui Tavares) votou a favor da “zona de exclusão aérea”, que já se sabia, ia dar nos bombardeamentos da NATO que agora decorrem. Há 4 meses que intensificaram os ataques, atingindo zonas civis (ontem, de nove civis mortos dois eram crianças).
A NATO já veio por duas vezes pedir desculpa. Que eu saiba nem Rui Tavares nem o Bloco de Esquerda disseram nada.

A Miguel Portas, que conhece a Líbia, exigiam-se outras cautelas políticas, mas não esteve à altura. Rui Tavares não tem qualquer desculpa, não é preciso ser historiador para saber o que aconteceu no Iraque e noutros lados com a “no fly zone”. Esteve (ainda está?) ao lado da NATO na guerra do petróleo na Líbia.
 Sai do BE, deveria sair do Parlamento Europeu, pois de certeza quem votou no Bloco, não foi para eleger quem defende soluções bélicas para os conflitos, ou interesses imperialistas sobre África e o mundo árabe.

O “caso Rui Tavares” é um assunto interno do BE, tenho amigos e camaradas de muitos anos no BE, e como eleitor posso dizer a Louçã que o erro de não reunir com a troika (que aqui aludi) não é nada, comparado com o apoio à NATO dado por Rui Tavares e tolerado pelo Bloco de Esquerda.
Assim não vão lá.

PS – Sobre a Líbia, há neste blog vários artigos – opiniões coincidentes com parte dos militantes e simpatizantes do BE.

segunda-feira, 20 de junho de 2011

Fernando Nobre rejeitado. Passos nas mãos de Portas para tudo o resto.

RejeitadoJun2011


A teimosia infantil de Passos Coelho em apresentar a candidatura de Fernando Nobre à presidência da Assembleia da República, evidenciou uma realidade: a dependência total de Passos Coelho do partido de Paulo Portas.

Essa certeza, terá consequências na aprovação das medidas da troika, e nas outras que Passos quer acrescentar. Todas elas terão de passar pelo Parlamento e lá só passam com os votos do CDS. O futuro governo vai governar com o programa da troika, com as “adições” ao programa que Passos quer fazer, e com os interesses particulares do CDS que tem um poder desmesurado para os votos que obteve.

Sobre Nobre, que divide a responsabilidade da barracada de hoje no Parlamento com Passos Coelho, já tudo se sabia. É um zero político.
O parlamento tem de ser gerido com bom senso, Fernando Nobre não tem pinga disso. Podia ter recuado desfazendo o compromisso com Passos Coelho, podia após a primeira votação a rejeitá-lo, negar participar numa segunda volta e assim libertar Passos Coelho, Nobre podia ser outra pessoa, mas não é. Esta personagem não serve para o trabalho exigente da política.

 Um dia desastroso para Passos Coelho; começa muito mal forçando “um caso” desnecessário. Ficam as figuras tristes que envergonham toda a gente.
Mas Fernando Nobre cumpriu uma missão humanitária, vacinou boa parte da população contra o oportunismo de falsos independentes, populistas e demagogos, que aparecem de vez em quando como salvadores da pátria.


domingo, 19 de junho de 2011

Hasta siempre Comandante, de Carlos Puebla; versão grega com Vasilis Papakonstantinou.

 

“Hasta siempre Comandante” (Che Guevara); canção escrita em 1965 por Carlos Puebla (1917-1989), na noite em que Fidel deu conhecimento ao povo cubano da carta de despedida de Ernesto “Che” Guevara.
Evoca a revolução cubana e exalta a participação de “CHE”.
O título relembra a palavra de ordem “Hasta la vitória – Siempre!


Hasta siempre Comandante

Aprendimos a quererte
desde la histórica altura
donde el sol de tu bravura
le puso cerco a la morte

Estribillo:
Aqui se queda la clara
la entrañable transparencia
de tu querida presencia
Comandante Che Guevara

Tu mano gloriosa y fuerte
sobre la historia dispara
cuando todo Santa Clara
se despierta para verte.

Estribillo.

Vienes quemando la brisa
com soles de primavera
para plantar la bandera
com la luz de tu sonrisa.

Estribillo.

Tu amor revolucionario
te conduce a nueva empresa
donde esperan la firmeza
de tu brazo libertario.

Estribillo.

Seguiremos adelante
como junto a ti seguimos
y com Fidel te decimos:
!Hasta siempre, Comandante!

Estribillo

sábado, 18 de junho de 2011

Para a História - em meados de Junho de 2011 "d.C." ocorreu uma crise internacional.

oclarinetJun2011cp


Já muitos deram por isso, mas o melhor é ficar escrito para facilitar a vida aos futuros historiadores. Há uma crise financeira internacional que tem implicações graves na Europa, no Euro e em Portugal; quem o garante (agora) é uma novíssima legião de comentadores e observadores da coisa política e da economia. Novíssima porque só agora aderiram ao discurso da crise externa.

Essa legião de fazedores de opinião pública é precisamente a mesma que negava que a crise internacional tivesse reflexos significativos na nossa economia. Isto antes da data em que se conheceram os vencedores das últimas eleições. Há portanto dois momentos, um quando o governo era PS e outro quando o “governo troiko” se começou a formar.

Antes, a crise internacional era uma desculpa de Sócrates, o processo seguinte à falência do Lehman Brothres era coisa estrangeira, a situação grega e Irlandesa era deles. A falta de solidariedade da União Europeia, para com os países membros em dificuldades, era uma justificação esfarrapada para encobrir a incompetência do governo. Falar em crise internacional era motivo para ser apelidado de socretino. Como se vê era só-cretinice militante.

Agora, a legião que apoia o governo troiko, não só abusa dos mesmos argumentos de Sócrates, como vai adiantando que é muito difícil a tarefa de governar nestas circunstâncias. Dar a imagem de que só não se demitem porque ainda não tomaram posse, é tão negativa como o optimismo excessivo para criar confiança. Deprimir o povo não ajuda a baixar a despesa com medicamentos no SNS, basta a depressão natural causada pela penúria.

Já aderiram às razões da crise internacional, bem vindos. Agora tentem ser úteis exigindo uma boa governação em vez de desculparem o futuro governo pelas asneiras que ainda não teve tempo de fazer. Não estamos em bancarrota, e se lá chegarmos é com um governo troiko; troiko 1, troiko 2…!

sexta-feira, 17 de junho de 2011

Já há governo da "verdade".

               A Verdade DivididaoclarinetJun2011

A porta da verdade estava aberta,
Mas só deixava passar
Meia pessoa de cada vez.
 
Assim não era possível atingir toda a verdade,
Porque a meia pessoa que entrava
Só trazia o perfil de meia verdade,
E a sua segunda metade
Voltava igualmente com meio perfil
E os meios perfis não coincidiam verdade…
 
Arrebentaram a porta. Derrubaram a porta,
Chegaram ao lugar luminoso
Onde a verdade esplendia seus fogos.
Era dividida em metades
diferentes uma da outra.
 
Chegou-se a discutir qual a metade mais bela.
Nenhuma das duas era totalmente bela
E carecia optar. Cada um optou
conforme seu capricho, sua ilusão, sua miopia.
 
Carlos Drummond de Andrade

quinta-feira, 16 de junho de 2011

O Senhor Bispo falou.

BispoJun2011

D. José Policarpo veio dizer que “governar Portugal não é apenas tarefa dos partidos que vão formar governo, é uma tarefa da oposição também”. Reconheceu que o país não tem “muita tradição disso” e que “chegou o momento de isso acontecer”. Foi buscar os acontecimentos na Grécia como exemplo, e disse que “as convulsões sociais e posições absolutamente contrárias, parecem até de anti-sociedade, e que dificultam ao governo grego que vá para a frente com os projectos que, porventura, ajudariam a salvar a Grécia da situação em que está”.

D.José, presidente da Conferência Episcopal Portuguesa, deseja que as medidas da “troika” “se cumpram o mais rapidamente possível”, e lembrou que “um dos canais que também o Estado tem com pouca despesa de estrutura, de ajudar, é servir-se das instituições da Igreja”.

Temos portanto que a Igreja Portuguesa, crítica na legislatura anterior, apoia este governo e considera que posições absolutamente contrárias serão anti-sociedade. Não reconhece que há quem não queira uma sociedade em que lhes mandem comer e calar. Não é novo.

A Igreja vê no actual momento político português, uma oportunidade de recuperar a influência perdida nas últimas dezenas de anos. A ideologia que vai estar a governar prefere a caridade à solidariedade social. Tudo indica que escolherá dar mais dinheiro dos contribuintes à Igreja, que ser o Estado directamente a assegurar a protecção dos mais necessitados.

Durante o governo anterior, 60% das receitas das IPSS ligadas à Igreja iam do Estado, (ver aqui), quando querem que vá mais?

quarta-feira, 15 de junho de 2011

Elaine Comparone.


Ouvi o ex-ministro Nuno Morais Sarmento, dizer na SIC, que o futuro ministro da Administração Interna era um nome importante de se saber, devido à esperada conflitualidade social, etc. e tal. Os blindados que chegaram atrasados para a Cimeira da NATO já cá estão, falta o sinaleiro. Será um ministro da porrada?Enquanto não se sabe fiquemos com a arte de bem bater de Elaine Comparone.

terça-feira, 14 de junho de 2011

Privatizar a água. Passos Coelho, Berlusconi - a mesma luta.

l´Acqua Bene Comune


Na Itália, que decidiu através de referendo ser uma República, desde 1995, (ano em que houve 12 referendos, 5 dos quais aprovados) que não se conseguia quórum num referendo.

Na consulta popular que agora decorreu, referida aqui, participaram 57% dos eleitores. O governo de Berlusconi, e ele próprio que apelou à abstenção (!) perderam em toda a linha. Humilhado há pouco nas eleições municipais em que perdeu baluartes como Milão e Nápoles entre outros descalabros, Berlusconi enfrenta agora a oposição que deseja a queda do governo, e a ameaça do seu aliado Umberto Bossi, da Liga do Norte, que não quer ser arrastado na sua queda.

Da votação resultou a oposição em massa (94 a 96%) dos italianos às intenções do governo Berlusconi. Votaram contra a imunidade judicial dos governantes, o regresso da produção nuclear de energia, e a privatização da água.

Para os portugueses, que não têm centrais nucleares (e quem as defende, após Fukushima tem de aguardar melhores dias), nem tem ministros envolvidos em tribunais ou em “bunga-bungas”, o que interessa destas matérias é a privatização da água.

Sobre a intenção de Passos Coelho privatizar a água já aqui escrevi.
Sabe-se o que a Constituição protege, mas sabe-se igualmente das pressões para ultrapassar a Lei fundamental.

O ambiente criado na imprensa (berlusconizada) portuguesa, vai no sentido de que não há tempo para discutir nada, tem de se fazer o que a troika manda e o futuro governo acrescenta, depressa e sob ameaça. Isso não vai ser assim, há umas guerras concretas a travar. Em Itália a “Acqua” é um “Bene Comune”, em Portugal é um Bem Público.


segunda-feira, 13 de junho de 2011

Fernando Pessoa - poema.

PessoaVascoJun2011
Tomámos a Vila depois dum intenso bombardeamento

A criança loura
Jaz no meio da rua
Tem as tripas de fora
E por uma corda sua
Um comboio que ignora.

A cara está um feixe
De sangue e de nada.
Luz um pequeno peixe
-Dos que bóiam nas banheiras –
À beira da estrada.

Cai sobre a estrada o escuro.
Longe, ainda uma luz doura
A criação do futuro…

E o da criança loura?

Fernando Pessoa

domingo, 12 de junho de 2011

Itália vota em referendo energia nuclear.

Nucleare No Grazie


Está a decorrer a votação sobre o futuro da energia nuclear em Itália.

O referendo, exigido pelos principais partidos da oposição, tinha sido contestado pelo governo de Sílvio Berlusconi. O Supremo Tribunal italiano, confirmou a consulta popular.

Num outro referendo sobre “o nuclear”, em 1987, aquando da catástrofe de Chernobil, (cuja nuvem radioactiva chegou a Itália) os italianos decidiram-se pelo abandono da energia nuclear.

Berlusconi tem o projecto de retornar ao nuclear. Em Abril suspendeu-o, após o acidente de Fukushima; a sua intenção era de tentar impedir o referendo, que pode terminar duma vez com o seu desejo de repor em Itália a energia nuclear.

Hoje e amanhã vota-se também, em referendo, a “liberalização da gestão da água”, e o “impedimento legítimo”; uma lei feita à medida para permitir a Berlusconi, durante 18 meses, não ir a tribunal. Berlusconi está acusado de vários crimes e tem actualmente quatro processos a decorrer na Justiça.

sábado, 11 de junho de 2011

EUA prevê aumento de 50% na venda de armamento. Não há crise neste negócio.

MQ-9_Reaper(Predador-B)
MQ-9A «Reaper» (Predador-B) tipo de aeronave de ataque a operar sobre a Líbia.


Os Estados Unidos prevêem exportar 46 mil milhões de dólares em armamento durante o ano fiscal de 2011, informou ontem a Agência de Defesa, Segurança e Cooperação dos Estados Unidos (DSCA); um aumento de 50% em relação a 2010.

A France Press dá conta que as vendas de equipamentos militares americanos, que se limitavam a cerca de 10 mil milhões de dólares no início dos anos 2.000, alcançaram 30 mil milhões em 2005.

Segundo o vice-almirante William Landay, director da DSCA, informou na conferência de imprensa, “entre 2005 e 2010 mandámos via sistema FMS (Vendas Militares ao Estrangeiro) o equivalente a 96 mil milhões de dólares em equipamentos, materiais e serviços.” Disse ainda que “nos anos 2.000, os clientes buscavam principalmente preços baixos, mas com a guerra do Afeganistão eles passaram a querer equipamentos novos”, o que explicaria o aumento do valor das exportações americanas. “Nota-se uma procura crescente de aviões não tripulados norte-americanos”, acrescentou.

Em Agosto do ano passado, Barack Obama defendia novas regras na exportação de armamentos produzidos nos Estados Unidos, de forma a simplificar a venda de produtos pouco sensíveis, (incrementando as exportações e gerando empregos), enquanto por outro lado queria impor restrições sobre o armamento de tecnologia de ponta.
No fundo que não falte armamento para iniciar conflitos de baixa intensidade, essencial para a indústria, mas resguardando que os meios que definem a vitória no terreno, não vão parar a mãos indesejáveis.

O senão da estratégia tem sido o facto de em várias zonas do globo, os amigos de hoje dos americanos, virem a ser os inimigos de amanhã.

O horrível da estratégia, é que para ajudar a resolver o problema do insuficiente crescimento económico e do desemprego nos Estados Unidos, tenha de se promover a guerra.
Conflitos que não têm razão de existir, alguns que se transformam em guerras quando podiam ser resolvidos no campo diplomático por negociações, são semeados por todo o lado levando a morte e o sofrimento a gente pacífica.


sexta-feira, 10 de junho de 2011

Antoni Gaudí - Joseph Subirachs - Barcelona.

gaudiSubirachsoclarinet
                                    (montagem) Coluna da flagelação

Fachada da Paixão da Catedral da Sagrada Família. Não sei o ano em que tirei as fotos, a Fachada da Paixão estava em construção; obra do escultor catalão Joseph Maria Subirachs, é parte do "Templo Expiatório da Sagrada Família" em Barcelona, obra ciclópica de Antoni Gaudí.

Gaudiparkguelloclarinet
No monumental Parque Guell em Barcelona, obra de Gaudí para o seu mecenas Eusebi Guell, há um poço na entrada principal onde os visitantes deitam moedas e pedem um desejo, tal como na fonte de Trevi e muitas outras não falta gente a gastar dinheiro em superstições.
Um desejo é satisfeito de certeza, o destes miúdos que desejam muito que muitos deitem dinheiro à água. Na fotografia, estão a avaliar se o valor das moedas existentes merece o trabalho de as ir buscar. Não é fácil, para chegar ao fundo um deles segura o outro pelos pés enquanto este mergulha para recolher as moedas.
Estão a praticar economia elementar, se há mais valia que compense o trabalho, ou mais valia estar quieto.

10 de Junho - Camões por Zeca Afonso.




            

quinta-feira, 9 de junho de 2011

A inflação desce mas o BCE vai subir juros.

Eurotower

Jean- Claude Trichet presidente do BCE anunciou hoje que a taxa de juro, que por agora se mantém nos 1,25%, na reunião de Julho poderá ser aumentada.
Sendo a maior preocupação do Banco Central a estabilidade dos preços, e não havendo subida da inflação, o aumento da taxa de referência do banco central chegará na pior altura. Vai penalizar sobremaneira as economias mais débeis; particularmente as famílias com créditos de habitação, e as empresas que necessitam de recorrer ao crédito.

Em Portugal e segundo o INE o Índice de Preços no Consumidor aliviou de 4,1% em Abril para 3,8% em Maio.
No conjunto da zona euro a inflação baixou muito ligeiramente de 2,8 para 2,7%.

Com juros baixos no BCE, o crédito bancário está a tornar-se mais caro e mais difícil de conseguir, cada aumento no BCE por mais leve que seja, levará a novas subidas das taxas da nossa banca. Vamos enfrentar momentos que serão difíceis; de incumprimento por parte de muitas famílias e empresas, de paralisia de muitas das actividades económicas.

Com todos os santos a empurrar para baixo, das instituições internacionais, ao governo que aí vem – que quer ir além das medidas restritivas da troika, só pode irromper uma recessão mais profunda que a anunciada.
Com a implementação das medidas da troika que ainda (lembre-se) não estão a ser aplicadas, é de esperar não um Verão quente mas um Outono a escaldar; nessa altura não haverá partido que controle o desagrado popular generalizado.

quarta-feira, 8 de junho de 2011

O jornalismo dos "directos" para coisa nenhuma.

oclarinetjornalistasjun2011

Os jornalistas correm, atropelam-se, empurram-se, furam por entre a multidão de colegas, para ter o microfone ou gravador perto de quem querem tirar umas palavras, os homens das câmaras fazem o mesmo à procura do melhor ângulo; para o filme, o directo, ou a foto. Atrás, uma parafernália está montada, meios técnicos e humanos foram deslocados para levar ao telespectador a notícia fresca, acabada de fazer. Na ponta disto tudo – um papel! É verdade, um papel a que chamaram “comunicado”, que podia ir para as redacções dos órgãos de comunicação por qualquer outro meio; fax, e-mail, pombo-correio ou pelas redes sociais tão do agrado dos políticos.
Num país em crise, onde se pede a todos contenção nas despesas, dezenas de trabalhadores pagos para exercer profissões especializadas, são enviados para fazerem de paquetes, outros para filmar o paquete e outros para levar a todas as casas o filme do paquete. Estes paquetes de luxo o que representam na produtividade nacional? Quanto custou ir buscar um comunicado ao vivo e em directo?

terça-feira, 7 de junho de 2011

Líbia, NATO está a bombardear bairros civis em Tripoli.

LíbiaoclarinetJun2011


Intensificam-se os ataques a Tripoli por parte das forças da NATO, hoje, segundo jornalistas na cidade, estão a ser bombardeadas possíveis residências do líder líbio e família, as instalações da rádio e televisão e quartéis da guarda revolucionária. Estão também a ser atingidos bairros civis na zona sudoeste da capital.
Kadhafi faz hoje 69 anos, e a data parece ter sido escolhida pela NATO para o recrudescimento da guerra contra a Líbia. Os ataques aéreos já há muito que estão a ser feitos desrespeitando o mandato da ONU, que era de garantir uma zona de exclusão aérea.
Segundo Rolando Segura, enviado especial da Telesur (em cima, na imagem de hoje) o número de incursões da NATO ultrapassa as 10.000, Rolando já tinha reportado anteriormente que 40% das munições usadas pela Aliança Atlântica continham urânio empobrecido, substância radioactiva que ficará no território da Líbia; causadora de cancros, complicações neuro-degenerativas e má formação congénita nos humanos.
Enquanto a União Africana, a China e a Rússia envidam esforços para o estabelecimento de um cessar – fogo, a NATO pretende em reunião a efectuar amanhã vir a integrar mais países nos ataques.
Segundo alguns observadores, o que estará em causa na guerra de agressão ocidental à Líbia já não seria apenas (!) uma “guerra do petróleo”, mas a tentativa de efectuar um “desfalque” aos fundos soberanos detidos pelos bancos ocidentais. Kadhafi derrubado o dinheiro investido em segredo desaparece por não ter dono. Cá, BES e BCP devem estar à espera do resultado da guerra, e nós vamos percebendo cada dia melhor as causas destes conflitos.
Há milhões de razões para acabar com Kadhafi, contam-se em notas; os mortos inocentes serão apenas números de baixo valor.

segunda-feira, 6 de junho de 2011

Esquerda não assume responsabilidades na derrota.

ParlamentoJun2011



O conjunto da esquerda perdeu as eleições, não há outra leitura com um parlamento com maioria de direita. A CDU fala em vitória porque tem mais um deputado, em Faro, embora com a maior descida do PS nada tenham capitalizado. O BE, reduzido a metade, ainda acenou com um novo representante por Aveiro. Não há razão para festejos.

A capacidade de influenciar a governação é reduzidíssima, o seu papel na alteração das políticas quase nenhum; as suas propostas programáticas não têm votos na assembleia que as viabilizem.

 Com o PS em reflexão para descobrir o rumo e o líder, a restante esquerda fazia bem em repensar o isolamento em que está. A oposição e uma possível unificação da esquerda, para construir a alternativa ao poder da direita, pressupõem a análise dos equívocos estratégicos cometidos. PCP e BE não aparentam querer assumir quaisquer erros.

domingo, 5 de junho de 2011

Adam Smith nasceu a 5 de Junho de 1723.

AdamSmith-jun2011



Os seguidores das teorias económicas liberais acreditam que a lamparina acendida por Adam Smith no século das luzes, ainda deve ser a luz a seguir no século XXI. Das especulações defendidas numa época de direitos feudais e proteccionismo mercantilista para os dias de hoje muito se alterou e experimentou.

Adam Smith não podia saber que a aplicação da livre troca, que advogava para abrir os mercados aos produtos industriais ingleses, viria a dar no confronto entre sistemas produtivos tão diferentes como por exemplo, o chinês e o europeu. As condições em que se cria valor a partir do trabalho não são iguais entre economias distintas, nem o trabalho é o único factor de produção. Os ganhos não são iguais para todos os povos apenas pela livre troca comercial, pelo contrário, aumentam as desigualdades e a exploração pela necessidade de ser mais competitivo.

Para Adam Smith e seus seguidores, cada país deveria apenas produzir os produtos onde tivesse vantagens competitivas. Essa teoria da especialização aplicada mecanicamente a Portugal (pela União Europeia e os nossos governos) levou ao abandono do sector primário (agricultura e pescas) e à perigosa dependência externa de bens alimentares. Levou ainda ao encerramento de muitas indústrias e serviços. É por comprarmos o que os outros fazem com mais eficiência, e não termos produtos de igual valor para exportar com vantagem, que temos o défice que temos. Portugal tem contra si os países mais avançados, que vão buscar produtividade à tecnologia, e os países onde a exploração de mão-de-obra barata permite produzir a baixo custo. As soluções liberais traduzem-se cá em mais pobreza.

Adam Smith é conhecido popularmente (!?) pela ideia da “mão invisível”, dizia; “o comerciante ou mercador, movido apenas pelo seu próprio interesse egoísta, é levado por uma mão invisível a promover algo que nunca fez parte do interesse dele: o bem-estar da sociedade”. O que a mão invisível da procura desenfreada de lucro a qualquer preço, está a fazer pela sociedade não é a trazer bem-estar; são mais horas de trabalho por menos vencimento, é trabalho sem direitos, é a precariedade e insegurança no emprego, é o desemprego.

Para Adam Smith os trabalhadores não merecem referência, e quem adopta as suas teorias nutre o mesmo desprezo por quem trabalha. E no entanto muitos trabalhadores estão agora a votar, precisamente para escolher que facção do liberalismo querem a governá-los. E nas próximas eleições, se entretanto não organizarem a oposição ao que nunca lhes trará bem-estar – vão estar a fazer o mesmo.    

sábado, 4 de junho de 2011

Portugal-Noruega. Jogo decisivo Euro 2012.

Hoje 21 horas no Estádio da Luz


oclarinet.j2011f
oclarinet.j2001g







    Adepto equipado a trabalhar em equipa...                                                   e a meter para o cesto.

sexta-feira, 3 de junho de 2011

O voto em branco.

branco


O voto em branco nas legislativas é contabilizado junto com os nulos, ao contrário das presidenciais onde não conta. Com essa contabilização fica-se apenas a saber quantos são, mais nada. Mas para que serve objectivamente? Para nada daquilo que são os objectivos (mais ou menos divulgados) de quem vota em branco.

Como forma de protesto contra a classe política não resulta, nada acontece aos políticos, não deixam de ser eleitos. Os que são eleitos são-no legitimamente, e são tão representativos com a percentagem de votos brancos e nulos, como se houvesse mais um ou dois pequenos partidos com essa percentagem.

Ninguém deu importância aos votos brancos e nulos das anteriores eleições, nestas será igual. Não se pode afirmar o que representam, as motivações serão várias e até contraditórias, não tem efeito político porque não tem políticas, não vincula ninguém, é um acto oco. Aqueles que votam em branco porque não se identificam com nenhum político também não se identificam com os outros que votam em branco; se houvesse movimento seria cada um para seu lado. O que pensa o voto em branco sobre a nacionalização da CGD?

O voto em branco tem sido expressão do radicalismo inconsequente e do desalento legítimo pela governação e pelo sistema político. Mas não é passando ao lado da intervenção política que as situações negativas se alteram, pelo contrário, terão de ser políticos eleitos a melhorar a democracia, pois políticos não eleitos não estão interessados na democracia.

As medidas que afectarão os portugueses nos próximos tempos, apesar do memorando da troika, dependem da composição do parlamento. Votar em branco nestas circunstâncias é para além de abdicar da escolha dos seus representantes, votar nos vencedores que se perfilam. Quem votar em branco não pode dizer que não votou nos políticos que vão governar, eles serão eleitos também pelos votos brancos e abstenções.

Por outro lado o voto branco conta na conversão de votos em mandatos, diminuindo a percentagem necessária para eleger deputados, ou seja votos em branco de eleitores de esquerda podem contribuir para eleger um deputado do CDS e votos em branco de eleitores de direita eleger para o BE. Votar em branco não só não impede a eleição dos deputados, como podem ajudar a eleger deputados que nunca o eleitor desejaria. Onde está o protesto?

Parabéns Jorge Palma


Jorge palma faz hoje 61 anos

"Enquanto houver estrada para andar, a gente vai continuar."

quinta-feira, 2 de junho de 2011

Sondagens dão vitória ao PSD e maioria de direita no Parlamento

2011junho


Pela leitura das sondagens só os abstencionistas e votantes em branco podem impedir a maioria de direita na Assembleia da República.

A sondagem da Universidade Católica, representativa da tendência se voto pelos 3963 inqueridos e por ser por voto em urna, dá para PSD e CDS juntos 115 a 130 deputados, (a maioria são 116 deputados), os indecisos reduziram-se de 28% para 12% e a diferença do PSD para o PS deixou de estar dentro da margem do empate técnico. O PSD mantém o valor das percentagens médias de há uma semana, o PS baixa, o que significa que a campanha generalizada contra José Sócrates, nos meios de comunicação social e pelos partidos à esquerda do PS surtiram algum efeito. PCP e Bloco de Esquerda continuam (juntos) com os mesmos 15% de intenções de voto do início; da sua campanha contra Sócrates e o governo, resultou terem atirado muitos eleitores do centro-esquerda para a abstenção, Passos Coelho para primeiro-ministro e uma maioria de direita para o parlamento – para aplicar o memorando da troika e mais uns trocos. Isto se este cenário se confirmar no dia 5 de Junho

Nesta recta final das eleições a decisão (pelo voto útil à esquerda) está na possível alteração das intenções daqueles que decidiram votar em branco, boa parte deles gente politizada que, creio, não ficam indiferentes perante a percepção que com o seu voto em branco, objectivamente e em função da realidade actual, estão a votar em Passos Coelho e Paulo Portas.

quarta-feira, 1 de junho de 2011

Campanha do Bloco de Esquerda pelo voto útil.

be2011junho




O Bloco de Esquerda e o PCP/CDU votaram com a direita o derrube do governo. Sem a sua colaboração as eleições não estavam a decorrer, e não havia memorando da troika. Quando decidiram forçar eleições ou sabiam que íamos estar nestas condições, a dias de um eventual governo de direita ultra liberal com possível maioria parlamentar de direita, ou enganaram-se e isso justifica a sua campanha “dos aflitos” – para perder poucos deputados.

Passos Coelho só governaria com o FMI (eu escrevi-o há muito), e sabia que a instabilidade política provocada pela queda do governo, levaria ao incomportável aumento das taxas de juro dos empréstimos e à intervenção do FMI/BCE/CE.
PCP e BE não achavam inevitável a vinda da troika. Não sei o que Bloco e PCP previram, (crescer eleitoralmente?) mas é evidente que não contavam com a resistência do PS, tal como Passos, que pedia maioria absoluta, e não fez acordos pré-eleitorais com o PP – o governo que deseja.

É grave se BE e PCP derrubaram o governo apenas para mudar a liderança do PS, conduzindo ao poder do país, a facção mais extremista do neo-liberalismo que quer arrasar todos os direitos e conquistas de muitos anos.

É verdade que o pendor liberal de Sócrates promoveu muitos atentados ao Estado Social, aos direitos dos trabalhadores, etc; que houve má gestão, compadrio e o mais que estamos fartos de denunciar. Mas o BE e o PCP sabem, que tudo isso foi muito moderado se comparado com o que Passos Coelho se propõe fazer.

A campanha contra “o homem” por um governo de esquerda (com quem?) é bizantina, destina-se apenas a limitar prejuízos partidários, não é eficaz para contrariar as medidas mais nocivas da troika, e leva à abstenção da esquerda moderada.
O BE e PCP seriam úteis se levassem aqueles que pensam votar em branco ou abster-se, a votar contra um parlamento de direita, é lá a primeira frente de oposição às medidas. Isso não se consegue a bater no “ceguinho”, é a falar das situações concretas da Escola Pública, do SNS, da Segurança Social, da privatização da CGD, etc. Dizer que Sócrates e Passos Coelho pensam o mesmo sobre essas matérias é uma tolice.

O voto será útil no BE ou no PCP/CDU onde estão próximos de eleger deputados à direita; mas se a direita vier a ter uma maioria no Parlamento, mais deputado menos deputado, interessa ao próprio e à família dele.

Voto à esquerda, por uma assembleia de esquerda, sem opção que não seja engolir um sapo, … ou um jacaré.