domingo, 5 de junho de 2011

Adam Smith nasceu a 5 de Junho de 1723.

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Os seguidores das teorias económicas liberais acreditam que a lamparina acendida por Adam Smith no século das luzes, ainda deve ser a luz a seguir no século XXI. Das especulações defendidas numa época de direitos feudais e proteccionismo mercantilista para os dias de hoje muito se alterou e experimentou.

Adam Smith não podia saber que a aplicação da livre troca, que advogava para abrir os mercados aos produtos industriais ingleses, viria a dar no confronto entre sistemas produtivos tão diferentes como por exemplo, o chinês e o europeu. As condições em que se cria valor a partir do trabalho não são iguais entre economias distintas, nem o trabalho é o único factor de produção. Os ganhos não são iguais para todos os povos apenas pela livre troca comercial, pelo contrário, aumentam as desigualdades e a exploração pela necessidade de ser mais competitivo.

Para Adam Smith e seus seguidores, cada país deveria apenas produzir os produtos onde tivesse vantagens competitivas. Essa teoria da especialização aplicada mecanicamente a Portugal (pela União Europeia e os nossos governos) levou ao abandono do sector primário (agricultura e pescas) e à perigosa dependência externa de bens alimentares. Levou ainda ao encerramento de muitas indústrias e serviços. É por comprarmos o que os outros fazem com mais eficiência, e não termos produtos de igual valor para exportar com vantagem, que temos o défice que temos. Portugal tem contra si os países mais avançados, que vão buscar produtividade à tecnologia, e os países onde a exploração de mão-de-obra barata permite produzir a baixo custo. As soluções liberais traduzem-se cá em mais pobreza.

Adam Smith é conhecido popularmente (!?) pela ideia da “mão invisível”, dizia; “o comerciante ou mercador, movido apenas pelo seu próprio interesse egoísta, é levado por uma mão invisível a promover algo que nunca fez parte do interesse dele: o bem-estar da sociedade”. O que a mão invisível da procura desenfreada de lucro a qualquer preço, está a fazer pela sociedade não é a trazer bem-estar; são mais horas de trabalho por menos vencimento, é trabalho sem direitos, é a precariedade e insegurança no emprego, é o desemprego.

Para Adam Smith os trabalhadores não merecem referência, e quem adopta as suas teorias nutre o mesmo desprezo por quem trabalha. E no entanto muitos trabalhadores estão agora a votar, precisamente para escolher que facção do liberalismo querem a governá-los. E nas próximas eleições, se entretanto não organizarem a oposição ao que nunca lhes trará bem-estar – vão estar a fazer o mesmo.    

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