quarta-feira, 29 de junho de 2011
Programa do governo é um enunciado de intenções
Ainda não li (mas vou ler) todas as 129 páginas do programa do governo Troiko/Passos. Ler não basta, é preciso compará-lo com o Memorando de Entendimento subscrito com a troika, para ver os acrescentos, e com o PEC 4 do descontentamento que levou à queda do anterior governo. Só depois se pode aferir dos verdadeiros propósitos do novo governo.
Fazer programas é simples, implementá-los é mais complicado. Quando se diz que vieram uns estrangeiros que em pouco tempo fizeram o que vários governos portugueses não foram capazes, é um sofisma; a troika apenas redigiu duas centenas de medidas, depois saíram deixando a ameaça de que se não se cumprissem não vinha ajuda externa. Qualquer troika, quaisquer medidas, podiam ser apresentadas, não é maneira de fazer política em democracia.
Não se sabe em concreto os efeitos das medidas da troika na nossa situação, mas conhece-se o resultado de políticas semelhantes na Grécia – um desastre difícil de corrigir. Na Grécia não bastou uma maioria parlamentar para executar medidas de austeridade em paz social. As políticas não resultaram, os gregos foram enganados e não vêm perspectivas de saída da crise e de conseguir crescimento económico. Mais recessão sucede-se à recessão, mais austeridade em cima da austeridade.
O nosso governo tem um programa de mudança estrutural que é no fundamental ideológico, serve alguns interesses particulares no imediato. Se as empresas continuarem a fechar, o desemprego a subir e o custo de vida a ser insuportável, não há programa cuja assinatura valha alguma coisa.
A maioria parlamentar rapidamente passa a ser uma minoria isolada perante a contestação generalizada das populações, como hoje se vê na Grécia.
Programas, assinaturas ou compromissos, serão letra morta se a seguir a pedir-se sacrifícios, o povo verificar que está pior e pior por mais anos.
Etiquetas:
carlos mesquita,
governo troiko/Passos
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2 comentários:
Fico à espera que faças isso, eu cá não consigo... irei seguido as tuas pistas! Essa é a tua menna linda?
O Vitorino diz:
Perguntei ao vento
onde foi procurar
mago sopro encanto
Eu:
Perguntei à "Lua"
se queria procurar
um governo onde mijar
...e ela deitou este olhar desconfiado.
(deve ser anarco-situacionista)
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