segunda-feira, 18 de abril de 2011

Resultado dos "Verdadeiros Finlandeses" põe em causa o sistema político finlandês.

Não existe qualquer segredo para a subida da extrema-direita na Finlândia. Para além dos especuladores dos mercados que estão a ficar mais ricos, quem tem lucrado politicamente com a crise económica europeia, e a situação de endividamento da Grécia, Irlanda e Portugal, tem sido o populismo ultra nacionalista, em vários países.
No caso finlandês, o país nórdico de maior abstenção, o populismo do seu líder Timo Soini arregimenta os eleitores insatisfeitos com os grandes partidos.
O discurso do medo, de ficarem sem dinheiro para as suas garantias sociais pegou; contra a União Europeia “solidária” para defesa do euro. As eleições coincidiram com os pedidos de ajuda das economias mais frágeis.
Em 2007 os “Verdadeiros Finlandeses” tiveram 4,1% de votos nas legislativas, no Verão de 2008 eram 5% as intenções de voto, e em Maio de 2010 já 10%; os auxílios à Irlanda e à Grécia possibilitaram as subidas em flecha, culminando nos 17,9% antes destas eleições, graças  à situação portuguesa.
Embora os “Verdadeiros Finlandeses” tenham nas suas fileiras candidatos da associação Sisu, designados Neo-Nazis, sejam anti-imigração e contra a União Europeia, é a crise do modelo partidário, do sistema democrático aparentemente estável, mas do qual cada dia mais finlandeses se afastaram, que permite a subida de um agrupamento de protesto, ao nível dos partidos da governação.
As consequências para o sistema político finlandês são relevantes; ao contrário de outros partidos europeus, principalmente da esquerda, profissionais da contestação mas incapazes de irem para os governos, os “Verdadeiros Finlandeses” querem entrar nas coligações governamentais
Mesmo fora do governo, terão no Parlamento novas condições para alterar o rumo político da Finlândia.
Sobre o auxílio a Portugal, são mais os finlandeses contra que o que era previsto. De nada serve invocar que Portugal foi solidário quando eles estavam em guerra com a União Soviética, supõe-se que os cobertores e latas de sardinhas que lhes enviámos, não foram usados por esta geração. Os problemas desta geração europeia, destes países que só pensam em si próprios em períodos de crise, é conhecerem mal a história recente. Foi com respostas populistas à crise económica e à crise de liderança dos países europeus que sobreveio o nazismo. Por isso, e mais importante que a ajuda a Portugal, que acabará por vir, não deve ser minimizado o êxito dos ultra nacionalismos e da xenofobia em muitos dos países da Europa.

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