sábado, 28 de janeiro de 2012

Alemanha - Grécia. Luta pelas soberanias ainda no início.

paisagem. jan 2012


A Alemanha exige perda de soberania da Grécia, esta exclui hipótese de ceder a sua soberania orçamental à UE. A ideia de Merkel é antiga e não vai parar pela tomada de posição grega. A luta pelas soberanias dos endividados ainda está no início.

O documento alemão, com dois pontos, divulgado pelo Financial Times e que terá sido entregue na sexta-feira a ministros das finanças da zona euro, exige do governo grego que use prioritariamente as receitas do Estado para pagar os serviços da dívida, (para assim dar segurança aos credores públicos e privados) só podendo usar o remanescente para financiar as despesas primárias.

Impõe igualmente que a consolidação orçamental seja seguida e controlada a nível europeu. A transferência de soberania orçamental grega para o nível europeu, por um período de tempo, incluiria a nomeação de um comissário, pelos ministros das finanças da zona euro, com poder de vetar decisões fora dos objectivos orçamentais definidos pela troika.

Depois de Papandreou ter cedido o poder na Grécia com receio de um golpe militar, de Merkel ter despedido Berlusconi com um telefonema para Giorgio Napolitano, de Passos Coelho cumprir à risca as ordens da chanceler, e de Mariano Rajoy, há dois dias, ter levado a Merkel em mão as reformas estruturais de Espanha para aprovação; a situação das soberanias dos países europeus em dificuldades é um grave problema político e de paz na Europa.

Tem parecido exagerada a comparação com o expansionismo de Hitler, mas não encontro melhor paralelo histórico.

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2 comentários:

Carlos Loures disse...

A comparação da atitude de Angela Merkel com o expansionismo de Hitler é, de facto, exagerada. Mas há um factor comum – o sentido da superioridade e a rigidez germânicos. Em Leibniz foi rigor, em Mozart, austríaco como Hitler, e em Goethe, deu harmonia, em Goebbels e no patrão, foi esquizofrenia – Na Merkel resultou em prepotente estupidez. A questão é – a UE foi criada para dar lucro à Alemanha e os alemães ficam muito irritados quando os planos dão para o torto.

Carlos Leça da Veiga disse...

A comparação da política da Merkel com a de Hitler não parece nada
abusiva. Em termos políticos a acção da Chanceler germânica – julgo
que, assim, faria o Sr. Churchil - tem de ser atacada com o máximo
vigor. O nosso Amigo Carlos Loures não está a ver a questão com a
gravidade que ela tem. Nos passados anos trinta houve imensas
cedências ao banditismo hitleriano de tal modo que quando foi afirmado
que esse criminoso agrediu o Presidente Benés - deu-lhe uma bofetada -
na Europa dita democrática foi afirmado que era impossível ser
verdade.

Na minha opinião têm de fazer-se todas as comparações possíveis com
quanto os dirigentes germânicos têm feito desde o inicio da expansão
prussiana. Antes de terem conseguido colónias fora do continente
europeu, essa pequena Prússia liquidou vários estados da sua
proximidade e inventou o império alemão. Depois, nada mais tem sabido
fazer que não sejam guerras. De Bismark para Hitler foi um passo; de
Hitler para qualquer Merkel será outro. A forma não altera o conteúdo.
Apenas um querer – ou uma necessidade – expansionista.

As nuanças que possam detectar-se nas formas de intervenção de Bismark
em relação às posteriores aprovadas pelo Kaiser só têm interesse
cultural porquanto os seus objectivos eram de dominação. A política
germânica de 1914 em que diferiu da posterior de 1939? Tão-somente
modalidades diferentes para atingir os mesmos fins. Nos dias de hoje a
guerra que os germânicos estão a cometer contra algumas soberanias
europeias - a nossa salta à vista - está, por agora, a fazer-se à
custa das manobras financeiras; não será por isso que a tal Merkel
tem direito a um tratamento mais simpático do que foi dado aos seus
antecessores na condução da política gerânica. Querer dourar a política
da Merkel é um gesto de fraqueza de que quem o faz muito terá de
arrepender-se. Mais uma vez o espírito de Munich – de tão má memória
- está a querer manifestar-se. É obrigatório contrariá-lo. A ti, meu
caro Carlos Mesquita, só tenho de felicitar-te por não aceitares dar
tréguas às invectivas dos hunos. Chamem-se-lhes hunos, nazis ou
merkelianos é indiferente; é tudo a mesma tropa.