terça-feira, 28 de maio de 2013

Itália Municipais. Beppe Grillo apaga Mov. 5 Estrelas.

Flop Beppe Grillo. Derrota da política anti-política.Mai.2013

As eleições autárquicas em Itália são relevantes; devido à composição do governo, de grande aliança, e da alternativa política (dita anti-política) do Movimento 5 Estrelas (M5S) de Beppe Grillo. Os resultados são politicamente valiosos na crise do sistema político italiano.

Centro-esquerda dominou as eleições. A abstenção subiu 15 pontos em relação a 2008. Em Roma votaram 52,8%, no país 67,38% dos eleitores. Ignazio Marino candidato do Partido Democrático (PD) ganhou na capital por 42,60% contra 30,27% do actual presidente Giovanni Alemanno, de ultra direita. Há segunda volta a 9 e 10 de Junho. O candidato de Grillo, Marcello De Vito, conseguiu apenas metade (12,43%) dos votos obtidos pelo M5S nas eleições gerais de Fevereiro, e no resto do país as perdas foram iguais.

A vitória generalizada do PD e a profunda derrota de Beppe Grillo, significa que o eleitorado não castigou o centro esquerda, pela necessidade de se aliar ao Popolo della Libertà (PdL) de Berlusconi, para compor o governo, mas sim o movimento do comediante por não viabilizar uma aliança que impedisse o regresso do PdL ao poder. Sondagens deram grande maioria de votantes no M5S como partidários de uma aliança PD/M5S, para formar governo.

Beppe Grillo flop da anti-política. Mai.2013

No blogue que serviu Beppe Grillo, as “bases” culpam-no por inteiro do desaire, restando ainda criticas para os parlamentares “5 Estrelas” que “até agora fizeram pouco e mal, causando má imagem com brigas de salários e subsídios”. 

Raiva e frustração pelo colapso, passam pelo blogue. Fundamentalmente pelos erros políticos do único líder, que fez “perder a ocasião de se livrarem de Berlusconi”. 

Mas pode ser mais que um desastre eleitoral, O M5S pode só ter durado três meses, como o conhecemos, e ser um ensinamento para outros lugares. 

Do protesto para a governança, não é curso de animação espontânea que se tire nas redes sociais, nem a democracia directa (de base) é aquela ferramenta que substitui o telefone ou os sinais de fumo. A política realiza-se com pessoas, em sítios físicos e não em sites celestes, a democracia pratica-se nos locais “da contradição”, só as ordens e o marketing podem ir por impulsos eléctricos. 

Beppe Grillo ainda vai mandar, até não ter quem lhe obedeça, e os povos vão continuar a tentar encontrar um sistema político em que tenham mais poder colectivo - mais democracia.

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3 comentários:

Anónimo disse...

Caro Carlos Mesquita,

lamento as pela 1ª vez não concordo com o comentário.

A democracia directa (de base) será o sustentáculo futuro da política mundial.

Os problemas do M5S consistiam em 3 erros crassos:

1 - é cedo demais para o cidadão da Europa - em especial da Corrupta Europa do sul - para assumir uma disciplina de democracia direta madura.

2 - O culto da Personalidade. Num movimento puro de bases o Culto da Personalidade não pode existir. É uma contradição "per si".

3 - O suo de um comediante. Aí sim concordo consigo, como publicitário que sou, sempre considerei a solução "fácil" do marketing em usar comediantes para "vender produtos". Sempre fi e sempre será um sinal claro defalta de ideias. No caso de um movimento de democracia directa, ainda se torma mais grave o erro...pois o assunto é demasiado sério para termos Bozos e Tótós a liderarem uma "pseudo" tentativa de saída da crise.

Par sua referência de como os movimentos de democracia directa já funcionam, e bem, em alguns casos, sugiro que dê uma olhada ao Australiano "Senator Online".

um abraço
paulo Mesquita

CLV disse...

Mais Democracia e, sobretudo melhor Democracia.

Gostei do que li e só peço que queiras dizer-me qual dos partidos parlamentares faz disso o seu cavalo de batalha. Para eles tudo está bem desde que tenham o seu quinhão na partilha do Parlamento. A actual Constituição só tem dado oportunidades aos delapidadores da vida dos portugueses. Querem eleições para usufruírem do direito, aliás injustíssimo, de poderem interpor-se, em exclusivo, entre a População e Os Órgãos da Soberania.

Para conseguir ficar-se mais próximo duma Democracia, em que a voz dos Cidadãos possa ter influência na vida política, é fundamental - na minha opinião - ter-se um projecto de Constituição que, por exemplo, torne inamovíveis os direitos sociais. Continuo a pensar que é nisso que os Democratas devem ocupar-se. Eu não desisto.

CLV

Unknown disse...

Paulo. Falamos de coisas diferentes.
Primeiro as minhas desculpas. Só voltei à noite, por isso não editei logo o comentário.
A democracia directa (de base) de que falo (como outros) não tem a ver com tecnologias, defendo-a ainda os nossos jornais não eram feitos em offset, quanto mais “computadores” e “onlines”.
Não é, portanto, o voto electrónico associado ao estatuto do referendo, (modelo da semi-directa Suíça, adaptado) que capturou o termo democracia directa; - modelo ateniense de representação do povo (no caso, só a parte educada dele) em assembleias deliberativas.
Modelo também dos Sovietes (“todo o poder aos sovietes” serviu a Revolução até todo o poder ser do Partido Comunista) ou de períodos revolucionários, ou naturais ancestrais de várias comunidades. Democracia de base é uma forma de organização do poder político e não apenas uma maneira de consultar a opinião popular. Também elege delegados, mas mandatados e sempre revogáveis. Em sociedades numerosas não houve a experiência de chegarem a uma superestrutura política. É um modelo, um ideal de representação e poder político (aqui em esboço/tosco- rápido) que tem de nascer, das bases ao topo, por necessidade de organização diferente da democracia representativa pura, que está a descambar.
O Grillismo é o inverso, ou não é nada, apenas má propaganda do que seria uma democracia directa ou de base, ou mista (para já, a mais razoável e exequível). Ainda ontem ele proibiu os deputados eleitos pelo M5S de fazerem comentários públicos dos resultados eleitorais. Um ditadorzito e mandaretes (já a ficar fartos dele). Voltarei ao tema com mais espaço que esta caixa. E obrigado, Paulo.