domingo, 18 de novembro de 2012

Carga policial em S.Bento e histórias da carochinha.

oclarinet. Preparar carga policial.Nov.2012

Estive em S. Bento no dia da greve geral e o que vi é diferente do que vejo relatado. Inventa-se muito, por todo o lado.

A primeira historieta são os “profissionais da desordem”. Embora nunca tenha percebido porque há manifestantes que querem subir degraus de acesso ao Parlamento, como se fossem os anfiteatros da Sorbone, ver agentes estrangeiros a promover desacatos é demais. Não há nenhum Lenin de Nanterre à frente da turba, o Dany aparlamentou-se e o modus operandi é muito amador, nem uma gancheta para arrancar as pedras da calçada se viu.

Depois, a polícia de choque que arrasou tudo por onde passou, como aprendeu a fazer nos treinos, acabou por tirar a dúvida se seriam enxertados em sul-coreano. Sendo os únicos profissionais da desordem presentes, acabaram por cumprir, tendo um deles, inclusive, dado um manifestante prostrado no chão a provar ao cão. Acaba por ser um alívio e rasgar o postal turístico português da bela jovem e o polícia de choque domesticado.

A quantidade de polícias feridos relatados mas não filmados é outra inventona. Em S.Bento e antes da carga policial só se viram feridos entre manifestantes, atingidos por pedras por se porem entre os escudos dos polícias e os apedrejadores, curiosamente, estes jovens redentores andam pelos blogues a chamar estúpidos aos que os atingiram.

Quem obrigou os escudos dos polícias a levar com pedras por tempo interminável foram os manifestantes pacíficos e não os chamados “estúpidos” que os apedrejaram. Deviam saber que há um tempo antes e depois da debandada da CGTP. A polícia se não quisesse atingir inocentes, comunicava por megafone aos mirones que estava à espera que fossem embora para arrear nos provocadores. Acontece que a radicalização já não é apenas de um pequeno grupo de jovens urbanos empobrecidos, todos os presentes sabiam que iria haver uma carga policial, uns achavam-se a salvo outros tomaram medidas para não ser atingidos.

O saldo da greve geral é o mesmo e não se mede em S.Bento. Afectado foi o tempo de antena mas é normal. A dinâmica da luta dos trabalhadores, autónoma ou sindical, e dos mais atingidos pela crise, (os desempregados, os precários e os pobres que nada têm a perder), tem pontos de contacto com a política partidária mas objectivos tácticos e estratégicos distintos; aliados momentâneos são concorrentes na mediação da comunicação social, que é essencial para a imagem dos eventos.

Para além do postal da bela e do polícia domesticado outro desapareceu, o da grande diferença entre as manifestações ordeiras nacionais e os desacatos que se vêm no estrangeiro, podendo ser mau para o turismo não é pior que o IVA da restauração.

Por último gostava de saber, dos comentadores de todos os quadrantes que genericamente vêm dizendo que “a sociedade portuguesa pode não aguentar tanta austeridade e haver uma rotura social”, o que querem dizer. 

Expliquem lá o que é essa rotura social, que sinal dá e como se confirma, pois não se percebe que digam isso e não reconheçam o que se passa.

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1 comentário:

JFM disse...

Acreditar que a polícia de choque portuguesa é diferente de todas as outras é puro lirismo.