quarta-feira, 7 de novembro de 2012

Estado de bem-estar, o mal-estar do governo.

Seguro - Estado Social.Nov.2012

António José Seguro diz que não quer mas vai embarcando. A discussão do Estado Social, ou das funções do Estado, na versão furtiva da direita, entrou agora, como é sabido, na agenda política para não se discutir o Orçamento de Estado (OE). 

Como não é possível que as medidas do OE passem despercebidas; a sua hipotética aplicação vai (iria) afectar tanto e tanta gente, que se trata apenas de ganhar tempo e argumentos. Tempo de espera por melhores ares da Europa e argumentos para o caso da impossibilidade da execução orçamental e possível desenlace eleitoral.

O prazo do governo é incerto, depende de condições políticas que não têm perspectiva de melhorar. 

A recessão, como estratégia do governo, tem riscos; por um lado permite o discurso da insustentabilidade mais radical do Estado Social mas por outro alarga a contestação a sectores da sua já diluída base de apoio.

Portugal gasta com o Estado Social abaixo da média europeia (20,1% do PIB ou 25,5% incluindo Educação). Mas a sustentabilidade dessas despesas só é viável com o crescimento do produto; os cortes na protecção social e nos serviços do Estado serão infinitos sem crescimento económico, como todos vêm.

O que leva o governo a apostar na austeridade e a não renegociar os termos dos empréstimos é uma aposta no agravamento da recessão. Esse agravamento permite criar áreas de negócios sem risco, (as lucrativas privatizações) e manter o governo suportado pela troika e os seus empréstimos sob condições “gregas”.

O que faz António José Seguro é confuso e vacilante, parte de um discurso intransigente perante os ataques ao Estado Social, para uma prática de cumplicidade. A linha vermelha de Seguro: - “Os portugueses podem contar com a responsabilidade do PS para reformar o Estado Social, mas não para o triturar” - fica de que lado?

Se essa reforma do Estado Social é elaborada com Passos Coelho, que o quer destruir, só pode resultar do acordo menos Estado para todos e mais negócios para os privados.

Em algum lugar para lá da linha vermelha.

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