quarta-feira, 17 de julho de 2013

Compromissos e salvação nacional. As negociações.

Gertrud Hohler no Público.Jul.2013
 
E se a discussão fosse se devemos sair da Zona Euro?

O nervoso miudinho, que reina pela comunicação social e redes sociais, sobre as reuniões entre partidos, não faz sentido. A semana passada disse aqui que ”nada é certo, excepto que o PS não se suicidará politicamente, aderindo às fantasias cavaquistas”. Até ver mantém-se, mas depende do desfecho.

O PS pode vir a precisar de um PSD; não é, obviamente, este. Está portanto a fazer de conta, estão aliás todos a fazer de conta, incluindo o PCP e o Bloco de Esquerda (BE). Os jogos partidários (de todos) são mais…jogos florais. 

Ao PCP, BE e alguma esquerda avulsa, convém dizer que o PS está a viabilizar o governo. Ninguém sabe sequer o que se discute, mas afirmar alianças programáticas do PS com os partidos do governo, pode induzir no eleitorado que o centro esquerda português já não existe; é tudo da direita - por decreto digital.

Daí à excitação de um governo (verdadeiramente!) de esquerda do PCP mais BE é um fósforo. Demonstra que a matemática não é um problema apenas dos alunos do 9ºano. Tal governo é tão possível como eu estar a falar mandarim dentro de três quartos de hora, sem sotaque. 

Nada une o PCP ao Bloco, aproxima-os as cadeiras em S. Bento, e só; O PCP e o KKE grego são o que resta da ortodoxia soviética, ditos anti-capitalistas e adversos ao “jogo burguês” do sistema. Sendo uma forma satisfatória de viver no sistema capitalista, bem com a consciência e com o corpo, dizem ambos que governam quando o povo quiser. Seja isso o que seja não nos serve.

O KKE acusa o Syriza de criar ilusões, o PCP recusa reunir com o PS pelas mesmas razões. Os entendimentos à esquerda nunca incluirão organicamente o PCP, é das outras esquerdas que pode nascer um novo bloco unitário. O BE foi esperança que resultou fracasso, hoje pode ser parte não o aglutinador. 

Ontem, o BE até enganou a Renovação Comunista, em minha opinião a única organização, da nossa esquerda, capaz de fazer uma análise política com mais de duas parcelas. Ou João Semedo mentiu quando disse que a reunião com o PS era “sem condições prévias” ou os negociadores exorbitaram as funções.

O certo é que ninguém procura acordos com ninguém, procuram ganhar ou não perder posição. É um simples jogo de entalanço e desentatanço com fins eleitoralistas. 

Uma mistificação sem compromissos ou salvação nacional. Há negociações mas o negócio são as eleições.

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2 comentários:

Francisco Santos disse...

Estas movimentações dos últimos dias, é mais uma peça do sistema, como não há futebol, para distrair os otários...claro que o que está aqui em causa são o ganhar pontos para as próximas eleições, estou de acordo contigo, quando dizes que tal como na Grécia , se fosse o caso de a esquerda poder ter hipótese de formar governo o PCP assumiria a mesma posição que o pc Grego tomou.....

ARJ disse...

Cavaco depois de impôr as negociações a três chamou esses partidos para clarificar a sua proposta. Não se sabe cá fora, em concreto, o que andam a discutir e isso é o pior. É como as idas às reuniões com a troika, quem não vai não sabe o que se passou. É pouco claro, pode ser manipulado, cada partido interpreta como lhe convém e usa para proveito próprio.