“Alemanha quer contratar médicos e engenheiros do Sul da Europa” diz o jornal Público. A notícia não é nova, já em Maio de 2012 Ângela Merkel falava, em Bruxelas, no “relançamento da economia” (…) “através do reforço da mobilidade dos trabalhadores no interior do mercado interno”.
Merkel referia-se, como se pode hoje confirmar, ao reforço da economia alemã, e uns poucos mais. As medidas impostas aos países do sul destroem emprego de todo o tipo incluindo o mais qualificado criando disponíveis para emigrar, mas nos países do sul não se geram lugares para estrangeiros.
A mobilidade faz-se num só sentido, desnatando de quadros os países do sul, quadros esses que custaram uma boa parte da divida desses países a formar.
Há um ano dizia aqui: «Não estando em causa a mobilidade dos trabalhadores, a verdade é que a Alemanha já tem de recorrer a trabalhadores aposentados para preencher os postos de trabalho que a sua economia gera, e, fica-lhe bastante mais barato utilizar os quadros formados no estrangeiro, com dinheiro dos contribuintes e dos pais dos jovens qualificados desses países».
Agora teremos de juntar à atractividade (rapina) alemã de trabalhadores qualificados, o aliciamento de capitais depositados nos bancos do sul, para a sua banca, a única segura na Europa para depositantes com contas acima de 100 mil euros. Jogadas de mestre.
Comentário do meu amigo Carlos Loures no post de Maio de 2012:
A Blitzkrieg foi um conceito militar criado pelo general Von Manstein e aperfeiçoado pelo general Hainz Guderian. Blitzkrieg significa “guerra relâmpago” - a um ataque brutal da aviação, deixando o inimigo a contas com numerosas baixas, cidades destruídas, mortos civis aos milhares, sucedia-se a intervenção de infantaria por blindados e artilharia e sempre com apoio aéreo. A infantaria vinha eliminar os derradeiros focos de resistência - tudo muito rápido e bem articulado. Quando o inimigo (que nem sabia que era inimigo) acordava do pesadelo, estava em território alemão. A Segunda Guerra foi um fértil campo de experiência para este tipo de operações. A senhora Merkel está a adaptar a blitzkrieg aos tempos actuais – sem o mau aspecto dos bombardeamentos e dos sinistros panzer, está a conseguir resultados muito animadores (para ela). O que deu cabo da estratégia alemã foi a resistência, sabotagem, snipers, comboios de munições a irem pró catano… Seremos nós, portugueses, gregos e tutti quanti, capazes de estragar a festa à senhora dona Angela?
Não estragamos a festa do Reich no terreno escolhido por Merkel para a lide, no Euro estamos tolhidos para a peleja, as armas têm valores muito desiguais e somos derrotados; perdemos a guerra (porque estamos numa guerra), perdemos entre outros os nossos médicos engenheiros e enfermeiros, perdemos a economia e mais da independência nacional. Portugal precisa de futuro e precisa discutir se esse futuro existirá dentro ou fora do euro.
Entendo ser hora de sair do euro, é urgente acabar com o tabu do Euro na discussão da nossa crise social, económica e financeira. Aproveite-se a crise política para mudar de rumo, um rumo que permita aos nossos trabalhadores laborarem na sua economia, no seu país.
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