quinta-feira, 14 de julho de 2011

Para onde vai a sobretaxa do subsídio de Natal?

VitorGasparJul2011


Vim a acelerar de Setúbal para Lisboa para não perder a conferência de imprensa do ministro Vítor Gaspar, esperava alguma surpresa. Só estou surpreendido comigo – consegui não adormecer. O ministro é um autêntico anestésico, gravá-lo e receitar as suas palestras em CD (unidose) a quem sofre de insónias, reduziria sobremaneira a despesa com medicamentos.

Depois de contar a história de Portugal que muitos de nós conhecemos melhor que ele, dissertar generalidades sobre o Programa de Estabilização Económica e Financeira, arrematou que “no fim do processo saímos da crise”. Até aqui, nada. Já na pintura do quadro macro económico, no seu estilo insensível e monocórdico afiançou que o desemprego vai subir para 13,2% e que a contracção do produto será de 2,3% este ano e 1,7% em 2012; valores mais elevados que as previsões oficiais do INE e Banco de Portugal. A jogar à defesa.

Anunciou que a consolidação orçamental se fará em 2/3 pela despesa e 1/3 na receita. Sobre a despesa disse que estão a trabalhar nisso (!?) que é incerto (!?) e leva tempo; quando “tiverem resultados, apresentam”. Sobre a receita o que já se sabia, uma sobretaxa (50% do subsídio de natal) sobre quem trabalha e os pensionistas, deixando de fora os lucros, os dividendos, e a banca; é a maneira de interpretar a equidade do PSD/CDS e dos burocratas de Bruxelas, ali representados na primeira pessoa.

1,7 Milhões de portugueses, trabalhadores por conta de outrem, e pensionistas, que auferem mais que o ordenado mínimo, vão ser espoliados de parte dos seus rendimentos. Já não são 800 milhões mas sim1.025 milhões, que conforme nos foi informado se destinam a corrigir o “desvio colossal” que já não é de 2.000 milhões, mas sim metade; “na ordem dos 1.000 milhões”. Deste imposto retirado aos trabalhadores sobra uma “almofada de conforto” para socorrer a banca em caso de necessidade.

A prioridade da banca foi assumida pelo ministro Vítor Gaspar, na recolha de impostos para um fundo de reserva, e na razão para não tributar os juros, sob a patranha dos estímulos à poupança e a estabilidade financeira. Os portugueses não poupam, não metem o dinheiro nos bancos, e o governo pimba – tira-lhes o dinheiro e dá-o aos bancos. É um conceito de governação como outro qualquer; a minha dúvida é se quem votou nestes – votou nisto.

(continua)

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