quinta-feira, 19 de julho de 2012

Síria. Mortos confirmados, a guerra servil mediática.

O que é o Observatório Sírio dos Direitos Humanos?

A cobertura jornalística da guerra Síria é um espanto, o jornal conservador alemão Die Welt escrevia, (sobre o chamado “massacre de Tremse”), “o número de mortos confirmados varia entre 74 e 150”. Ser confirmado e variar, embora estranho podia ter origem em duas fontes, mas no mesmo período o jornalista escreve que activistas falam em “mais de 150 e o governo em 50 pessoas mortas”.

Cada jornal acrescenta um ponto ao conto, crianças e mulheres têm mais efeito. Já vimos isto na Líbia, com armas pesadas em Bagdad disparadas sobre manifestantes, que os fugitivos portugueses que lá estavam disseram que nunca viram.

O jornal Público diz hoje, que morreram ontem 214 pessoas na Síria, 38 em Damasco. A Agência France Press fala em 16 mortos na capital e curiosamente o jornal e a agência citam o mesmo “Observatório Sírio de Direitos Humanos” (OSDH). 

A relação entre civis, soldados e rebeldes mortos, com base na OSDH é sempre de muitos civis e bastantes mais soldados que rebeldes. De qualquer maneira uma ofensiva em grande escala para tomar o poder na capital, com o emprego pelo governo de tanques e helicópteros, com os reportados bombardeamentos, não pode ter resultado 62 (ou 43) soldados e 28 (ou 8) rebeldes mortos. Não é credível.

O que é o “Observatório Sírio dos Direitos Humanos”? Pelo nome parece uma ONG, uma organização de cívicos pelos direitos humanos. Não é uma organização é um fulano em Londres com um portátil e um telefone ligado aos activistas anti regime sírio, que se apresenta como um pacifista independente.

Não tem nada de mal se for levado em conta que o citado “director” do Observatório Sírio dos Direitos Humanos, Rami Abdel Rahmane, é o Observatório. É um perseguido do regime sírio, ex-preso e militante. Não pode ser a única fonte dos jornalistas ocidentais, nem ser-lhe dada a credibilidade de um Observatório de Direitos Humanos. É óbvio e básico em jornalismo.

Talvez por eu ser de uma geração que já cá andava quando da guerra colonial e a do Vietname, lido mal com os relatos orgásmicos das guerras, pior com a defesa de atentados bombistas, que na Síria mataram o vice-ministro da Defesa, Asef Shawat (alauíta), o ministro da Defesa, Daoud Rajiha (cristão) e o ministro-assistente Hassan Turkomani (sunita). As religiões das vítimas são demonstrativas de quanta ignorância se lê nos jornais.

Mas é a informação que temos, tem de se lhe dar um desconto. 

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2 comentários:

A.Rodrigues disse...

O lóbi sionista tem muita força nos meios de informação.

Unknown disse...

A oposição síria pede ao ocidente armas e uma zona de exclusão aérea no norte do país, cada dia parece mais a situação montada na Líbia.