segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

Passos Coelho já fala chinês. Democratizar a economia.

oclarinet. Chinesices.Dez 2011


O período natalício tem destas coisas, para dar atenção à família não se liga a televisão e perdem-se pérolas como a mensagem de Natal do primeiro-ministro.

Do que vem no Público percebe-se que Passos Coelho apenas quis reagir às críticas (mesmo dentro do PSD) de andar a matar qualquer esperança de futuro para os portugueses. Disseram-lhe que tinha de falar em confiança, ele deve ter dito “mas isso é canja!” e toca a debitar lugares comuns e frases feitas, entremeadas da palavra confiança repetida a despropósito.

Que o discurso resulte oco e expresse o contrário da prática do governo, não faz mal; no fundo até ajuda os papagaios do regime a reagir a futuras criticas. Há maior diferença entre os mais ricos e os mais pobres? Olhem que se há – dirão os papagaios – o governo está a contrariar a tendência, o Passos Coelho até falou (no Natal) em democratizar a economia!

Também se pode dar o caso de o primeiro-ministro não fazer ideia do que diz, coisa comum no PSD, a frase soa bem, e pimba, sai, fica. Já Aguiar Branco, o ministro da Defesa, muito antes de visitar as tropas que “defendem Portugal” no Afeganistão, dizia de cada um segundo as suas possibilidades, a cada um, segundo as suas necessidades”.

Sr. Passos Coelho, se quer que “as reformas nasçam de baixo para cima”; os portugueses têm de ter formas de organização para as implementarem, não será numa democracia representativa, cujo desgraçado píncaro o senhor ocupa, que isso se faz.

A organização económica do capitalismo é hierárquica e o poder político na sociedade capitalista reproduz essa relação de poder, não há democracia económica sem democratização do mercado, do trabalho, dos rendimentos.

Mas se o Sr. Passos Coelho quer que a economia seja definida de baixo para cima, “pelo povo, para o povo”, em vez de falar chinês, demita-se. Os cidadãos governando-se a eles próprios, tratarão de escolher os seus representantes para instâncias de planeamento económico e representação política, a partir da base até onde acharem necessário.

Ou será que não quis dizer nada disto? Dizem que as rabanadas ficam bem com um pouco de vinho branco. Pouco!

(Erro meu: A citação de Aguiar Branco está mal entregue como explico no post seguinte.)
(Para ver últimos posts clicar em - ler mais)

1 comentário:

clara castilho disse...

Posso acrescentar um poema do Rui ZinK, sarcástrico como sempre, publicado no JL deste mês?

NÂO DÊ
Neste Natal
Não dê dinheiro a um pobre
Habitua-o mal
Não dê comida a um pobre
Habitua-o mal
Não dê de beber a um pobre
Ele vai gastar tudo em vinho
Não dê guarida a um pobre
Ele gosta é mesmo de chão
Não dê livros a um pobre
Ele queima-os para se aquecer
Não dê carinho a um pobre
Ele estranha e fica nervoso
Não diga bom dia a um pobre
Dá-lhe falsas esperanças
Não dê saúde a um pobre
É uma despesa inútil
Se quer mesmo dar-lhe alguma coisa
[porque enfim está no espírito de natal
e você é uma alma piedosa]
Dê-lhe porrada.
Vai ver que ele gosta
É ao que ele está habituado
E os pobres já sabemos como é
os pobres (coitados) não são muito de mudança não.

Pois, muita gente pensa assim...