domingo, 11 de dezembro de 2011

Sócrates e a insanidade. As dividas são para gerir?

As dividas gerem-se. Dez 2011


Ontem não falei sobre a Cimeira Europeia por ser um não acontecimento, achei mais útil abordar o bacalhau, sempre é matéria da defesa do consumidor. Nada de importante para resolver o problema europeu estava em cima da mesa, nem o crescimento nem a alteração da função do BCE, portanto, a parvoíce do limite do défice na Constituição ou em lei especial, nem merece comentário, é um absurdo sem futuro. É para rever quando houver um pedaço de juízo, penso que antes do fim de 2012.

Estranha-se a forma como foi recebida num país que continua no top 10 do clube da bancarrota, com o risco de default da dívida acima dos 60%. Isso não mudou, isso é que era importante mudar. Gostar de um limite do défice de 0,5% ou então sanções é gostar de levar pancada, é obvio que não se consegue cumprir.

Um outro assunto que me escusei de comentar foram as palavras de Sócrates a uns alunos sobre o pagamento da dívida. Aqui foi auto-censura o que seria censurável se o assunto merecesse comentário. Já não há pachorra para reagir às reacções que Sócrates provoca, esse contra vapor saiu do âmbito da política, é pavloviano, é irracional.

Hoje vi um bocado do programa “O Eixo do Mal” na Sic Notícias, e lá estavam o Daniel Oliveira e o Pedro Marques Lopes a tentar explicar a um eriçado Luís Pedro Nunes que o que Sócrates disse é correcto. “Os Estados não morrem, as dividas são para gerir”. O convidado Pedro Santos Guerreiro disse que Sócrates tinha razão, como aliás Passos Coelho também disse, mas não há nada a fazer. Aquilo que Pedro (ML) chamou “a fobia (contra Sócrates) de um bando de colunistas que ninguém consegue explicar” existe, tem explicação, mas é secundário.

O importante, e Daniel Oliveira disse-o, é que a acusação de que a situação em que nos encontramos é culpa de uma pessoa, “nos impede de ter alguma sanidade para discutir estes assuntos”. É verdade, mas também é verdade que para essa insanidade muito contribuíram aqueles que à esquerda do Partido Socialista fizeram uma campanha em tudo igual, e por vezes superior em truques baixos, à da direita. Uma campanha negra, ad hominem, que resultou e deu a maioria absoluta ao PSD/CDS.

Faltou perspectiva à esquerda, perceber que não há vazio em política e quem o iria preencher. Hoje o PS de António José Seguro é irrelevante e qualquer frase de Sócrates aterrorizará a direita e a direcção do seu partido. A mim que nunca fui “sócretino” (mas não alinhei com os ataques no fim do governo Sócrates por imaginar o que se seguiria), confesso que me agrada esse pavor.

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