segunda-feira, 30 de abril de 2012

As origens do 1º de Maio - Dia do Trabalhador.

Manifestação 1º de Maio Lisboa 14.30h Martim Moniz até Alameda D.Afonso Henriques. Abr.2012 Como relembrar a história faz todo o sentido neste momento, reedito o texto que preparei para o Dia do Trabalhador (não sei de que ano) tema muito procurado por esta altura.


As comemorações do 1º de Maio relembram os episódios violentos de 1886 em Chicago, numa manifestação pela jornada de trabalho de oito horas. O marco histórico que reivindicava 8 horas de trabalho, 8 para dormir e 8 para lazer.

O movimento operário organizado surge da revolução industrial, antes os protestos nos campos e nas cidades eram fugazes e desorganizados.

São as condições criadas pela revolução industrial, a desumanização do trabalho e a chegada das primeiras máquinas que fazem aparecer as organizações operárias.

No início os trabalhadores das indústrias atacaram as máquinas que culpavam pelo desemprego, num movimento conhecido como ludismo. Nos anos 30 do século XIX já havia no Reino Unido sindicatos (trade unions) e as reivindicações para além da luta operária nas fábricas, chegavam ao Parlamento através de cartas, petições, abaixo assinados, num movimento chamado Cartista. A oposição do Parlamento britânico (composto de aristocratas e burgueses) a tais exigências, deu força às organizações dos trabalhadores.

O movimento mutualista impulsionado pelos socialistas utópicos já falava numa sociedade que exigia a colectivização dos meios de produção. Com o Manifesto Comunista de Marx e Engels publicado em 1848 é reforçado o conteúdo ideológico da luta contra a exploração capitalista.

No entanto o movimento operário dividiu-se entre os que defendiam a luta revolucionária para derrubar o capitalismo, os que proponham uma transição pacífica para a sociedade colectivista e os reformistas que esperavam obter conquistas sociais em colaboração com os poderes instituídos.

As duas tendências mais importantes representando as teorias de Marx e Bakunin (anarquista), criaram a AIT (Associação Internacional de Trabalho) conhecida por Primeira Internacional, para promover a organização proletária; nela participaram sindicatos na maioria Ingleses e franceses. A AIT depois de criar secções em vários países veio a findar em 1876 por causa da repressão aos seus dirigentes e divergências entre Marx e Bakunin.

Em 1889 fundou-se a Segunda Internacional e é essa organização que no seu segundo congresso em 1891, em Bruxelas, declara o dia 1º de Maio como o dia dos trabalhadores.

No entanto o objectivo das 8 horas de trabalho é deliberado pela Primeira Internacional em 1866, em Genebra, e adoptado pela Federação dos Sindicatos Organizados dos Estados Unidos e Canadá, anterior à Federação Americana do Trabalho – AFL, que marcou o dia 1º de Maio de 1886 como data em que as 8 horas se passariam a cumprir pelos trabalhadores.

Nesse dia e com o objectivo principal da redução do horário de trabalho que chegava a ser de 12 horas e mais, iniciou-se um surto grevista em Chicago e noutras cidades americanas com manifestações de dezenas de milhares de trabalhadores. As greves continuaram e no dia 3, em Chicago, quando uns fura-greves abandonavam uma fábrica junto a um comício sindical, houve confrontos com a intervenção policial a provocar 6 mortos dezenas de feridos e muitos presos.

Na concentração do dia seguinte na Praça Haymarket que decorria sem incidentes, já na desmobilização da manifestação, chegaram 180 polícias e começaram a dispersar os trabalhadores, é nessa altura que rebenta uma bomba entre os polícias matando 7 e ferindo outros. A polícia abriu fogo indiscriminadamente matando segundo alguns relatos cerca de 100 manifestantes e ferindo muitos mais.

Seguiu-se a perseguição aos sindicatos, aos anarquistas e aos líderes operários.

Oito activistas foram acusados, três deles nem tinham estado presentes aquando da explosão da bomba; sete foram condenados à morte e um a 15 anos de prisão, 4 foram executados um suicidou-se e os restantes que tiveram as penas comutadas para prisão perpétua vieram a ser libertados em 1893, reconhecida a sua inocência, a manipulação do júri e a falta de provas no julgamento.

Da luta e dos acontecimentos trágicos de Chicago resultou a conquista da jornada de oito horas, desde logo para algumas dezenas de milhar de trabalhadores e no decurso de outras lutas que seguiram o seu exemplo
para a maior parte dos trabalhadores de todo o mundo.

Em Portugal, só em 1919, e apenas para os trabalhadores do comércio e da indústria, as 8 horas de trabalho diário e o descanso ao domingo foram convertidas em lei.

Foi essa conquista que o governo de Vítor Gaspar, Passos Coelho e Paulo Portas quiseram alterar este ano, acrescentando meia hora à jornada diária; sem sucesso!

MANIFESTAÇÂO 1º de MAIO – Lisboa 14.30H
(Martim Moniz até Alameda D. Afonso Henriques)


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