O governo caiu por causa das medidas de austeridade. Ninguém as quer, ou melhor, ninguém quer ser abrangidos por elas. Já são demasiados PECs, diz-se. A vinda do FMI é um Big-PEC. Em 1983 o FMI impôs a Portugal medidas que resultaram numa inflação de 40%, e na desvalorização deslizante do Escudo a 1% ao mês.
Já anda esquecido.
Hoje as medidas serão outras, não temos moeda própria, usamos uma dos ricos e somos um país que não sendo pobre, é dos mais pobres dos países ricos. Mas as medidas terão de ser correspondentes às de 1983, corrigidas para a divida e a taxa de crescimento actuais.
A austeridade vai continuar, vai-se agravar pela ausência de crescimento económico e pelo aumento dos juros, isto se conseguirmos que nos continuem a emprestar dinheiro. Quem anda a vender que basta mudar de primeiro-ministro para resolver a crise, não fala verdade.
Nos próximos dias se verá os efeitos da crise política agora aberta; cá, na Europa, no Euro. Para nós é importante estar alerta sobre as medidas que vão sendo apresentadas como alternativa à situação actual.
Quer o PS quer o PSD, têm como hábito lançar por “segundas linhas”dos partidos ou através da sua gente na comunicação social, medidas que não sendo oficiais servem para testar a reacção pública. O PSD abusa do método, mas serve para irmos imaginando o que preconizam, doutra maneira ninguém sabe.
O aumento da taxa do IVA para 25%, dado como pensamento de Passos Coelho, e admitido pelo secretário-geral do partido Miguel Relvas, é uma injustiça económica. Relvas disse na TSF que “têm de ser criadas condições para que os sacrifícios que sejam pedidos não sejam feitos de forma injusta”. Ora como o próprio PSD (entre outros) já antes tinha dito, não há imposto mais injusto que o IVA; abrange todos os consumidores e todas as actividades, pobres e ricos, sendo que os mais pobres serão os que mais sofrem com o aumento generalizado dos bens de consumo. Sendo essa uma das soluções do PSD, de que serviu o discurso da necessidade de cortar na despesa? A primeira medida apresentada é aumento de impostos!
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