domingo, 27 de março de 2011

Passos Coelho vai fazer melhor, mas não sabe o quê.

A situação é caricata. Um ano após ter sido eleito presidente do PSD, o seu líder não tem um programa alternativo de governo. Andaram a dizer que “mais mês menos mês” estavam a governar, mas a direcção do PSD não produziu qualquer documento estratégico durante um ano. Agora está à pressa, a tentar desenhar um programa eleitoral, uma parte estará nas mãos de Eduardo Catroga, outra na cabeça do líder e outras partes hão-de chegar.
A ansiedade existente no seio do PSD, que antes da demissão de José Sócrates, levava vários “notáveis” a pressionar a direcção do partido para provocar eleições antecipadas, é agora substituída por outra ansiedade; o receio de que as medidas avulsas, que vão sendo apresentadas por Passos Coelho, sejam elas próprias impeditivas da vitória eleitoral da direita.
A cada definição de política para o futuro, Passos Coelho tem encontrado reticências ou oposição frontal de parceiros de partido com peso mediático, como Pacheco Pereira que além de votar contra a revogação do sistema de avaliação dos professores, qualificou a decisão de ser “uma asneira completa”. João Jardim disse que “o aumento do IVA é um disparate”. Para acrescentar mais confusão e divergência, o dirigente do Movimento Mais Sociedade, António Carrapatoso, escolhido por Passos Coelho para procurar ideias para o país, contraria o líder do PSD sobre o aumento de impostos, apontando “a redução nos custos com pessoal e nos apoios sociais” como as áreas as privilegiar. Disse na televisão, “vão ter de existir medidas duras e o nível de vida dos portugueses vai baixar nos próximos anos”, pode chegar ao 13º mês.
Ângela Merkel, junto ao puxão de orelhas por terem criado a crise política, exigiu que para lá das palavras, tornassem públicas as medidas alternativas ao PEC, que garantam o cumprimento dos objectivos com que Portugal se comprometeu perante a Europa. Apesar da arrogância da “patroa” da União Europeia, essa exigência é boa para os portugueses; talvez partamos para uma campanha eleitoral com hipótese de discutir medidas políticas e não a prestação mediática dos artistas. Agora que não se entendem dentro do PSD e que não se entende o PSD, é um facto.


Sem comentários: