Ou como uma serigrafia do Vasco onde está Mário Sá-Carneiro me lembra
um poema de Mário Cerariny
Hoje, dia de todos os demónios
Irei ao cemitério onde repousa Sá-Carneiro
A gente às vezes esquece a dor dos outros
O trabalho dos outros o coval
Dos outros
Ora este foi dos tais a quem não deram passaporte
De forma que embarcou clandestino Ora este foi dos tais a quem não deram passaporte
Não tinha política tinha física
Mas nem assim o passaram
E quando a coisa estava a ir a mais
Tzzt…uma porção de estricnina
Deu-lhe moleza foi dormir
Preferiu umas dores no lado esquerdo da alma
Uns disparates com as pernas na hora apaziguadora
Preferiu umas dores no lado esquerdo da alma
Uns disparates com as pernas na hora apaziguadora
Herói à sua maneira recusou-se
A beber o pátrio mijo
Deu a mão ao Antero, foi-se, e pronto,
Desembarcou como tinha embarcado
Sem Jeito para o Negócio
Mário Cesariny
in Discurso sobre a Reabilitação do Real Quotidiano
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