sábado, 19 de novembro de 2011

Papa contra submissão incondicional às leis do mercado.

Papa no Benin Nov 2011


Bento XVI apelou ontem em Cotonou, no Benin, à “prudência (para bem de todos), evitando os obstáculos que existem no continente africano e noutras partes do mundo, como por exemplo, a submissão incondicional às leis do mercado ou das finanças” (sublinhado meu - falou também nessa parte do discurso, no nacionalismo e tribalismo exacerbado e estéril, na politização extrema das tensões inter-religiosas e na degradação dos valores humanos).

É de sublinhar que o Papa esteja contra a submissão incondicional às leis do mercado ou das finanças, porque a hierarquia da Igreja católica portuguesa tem andado a dar uma no prego e outra na ferradura.

D. José Policarpo veio em Junho apoiar a troika e considerar como “anti-sociedade” os movimentos contra essas medidas na Grécia, desejava para aqui que se cumprissem o mais rapidamente possível. Lembrou na altura as instituições da Igreja como veículos para ajudar o Estado.

As contas da Igreja saíram furadas, tinham a promessa de colégios cheios de meninos para catequizar e a classe média está a tirá-los de lá para devolvê-los ao ensino público, não há dinheiro. Também as suas IPSS rompem pelas costuras, são mais os pedidos de ajuda das pessoas que o financiamento do Estado, não há dinheiro. Em 2012 vai ser pior e estamos para ver como vai funcionar o sistema privado de saúde, é que não vai haver dinheiro.

Por isso, D. José Policarpo que dizia “ninguém sai da política de mãos limpas” resolveu aderir ao discurso político “anti-sociedade”; agora já diz que “o governo está a perder poder” e “ninguém manda nos mercados”, em linha com Bento XVI.

Não sei se é de dar as boas vindas aos camaradas bispos; ao camarada Belmiro, que diz que o ajustamento das contas públicas não pode ser para criar miséria; ou ao camarada Fernando Ulrich que qualificou os fachos da troika como funcionários de quinta ou sétima escolha.

Uma coisa podemos dizer a estes camaradas, obedecer ao insaciável capitalismo financeiro não cria o que vos convinha – pobreza “ma non tropo”; provoca a ruína, incapacita as famílias de consumir, cria miséria e exclusão.

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