quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Barroso no Estado da União; impostos para o sector financeiro.

Durão Barroso 

Durão Barroso, no discurso do “Estado da União” no Parlamento Europeu, voltou a defender a emissão de títulos comuns de dívida pública (Eurobonds) e impostos sobre as transacções financeiras (taxa Tobin).

Não são novidades, mas desta vez Barroso discursou como nos tempos em que o fazia para o “estudantariado” da faculdade de direito; entusiasta, interpelante, apelativo. O resultado foram palmas dentro da sala, que lá fora, onde a Alemanha e a França tudo decidem, só devem ter chegado ténues ecos.

A Comissão e o Parlamento têm sido ignorados pelas cimeiras dos líderes Merkel e Sarkozy, que são, de facto, quem escreve o guião das políticas europeias. Barroso nunca conseguiu assumir a liderança, nem pôr a funcionar com o relevo devido as instâncias comunitárias democraticamente eleitas.

Durão Barroso argumentou, para criar impostos para o sector financeiro, que “durante os últimos três anos, os Estados-membros acordaram ajudas e forneceram garantias ao sector financeiro de mais de 4,6 milhares de milhões de euros; é altura de o sector financeiro dar a sua contribuição à sociedade”. Barroso justificou ser “uma questão de justiça” já que “ se os nossos agricultores, se os nossos trabalhadores, se todos os sectores da nossa economia, da indústria à agricultura e aos serviços, se todos pagam uma contribuição à sociedade, o sector bancário também deve contribuir para a sociedade".

Pois deve, há muitos anos que a esquerda o diz. Se agora o presidente da Comissão Europeia adere à reivindicação não vem mal ao mundo, o problema é se há condições para criar a taxa; com a actual composição política da União Europeia não é fácil.

Mais do que a vontade de organismos europeus desautorizados, o que poderá alteraresta como outras situações, é a mudança nas lideranças na Alemanha e na França, assim como o tipo de aperto no sistema financeiro. Por isso parece-me importante o resultado das eleições locais/regionais nesses dois países e no Senado francês. A mudança política na Dinamarca também ajuda.

Até haver uma modificação nas forças políticas dominantes, o sistema financeiro irá ganhando tempo, ganhando dinheiro e mais ajudas, enquanto as populações da Europa pagam a factura da crise.


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