terça-feira, 6 de setembro de 2011

Passos Coelho tem medo de manifestações. E depois?

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Passos Coelho podia ter medo de apanhar pé de atleta nas cordas vocais, de gatos roxos ou de se cortar nos apara-lápis, há fobias para as coisas mais estranhas. Logo lhe havia de acontecer ter medo de manifestações, com a profissão que tem.

É como ter medo das alturas e ir para pára-quedista. Passos Coelho está a dar um nó cego no pára-quedas que o suporta, é natural o receio de vir a estatelar-se, o tecido (social) está cheio de buracos feitos por ele próprio.

Como todo o bicho receoso Passos Coelho está a inchar para ver se mete medo. Foi de ameaça que falou em Campo Maior, quando disse, “ em Portugal, há direito de manifestação, há direito à greve, são direitos que estão consagrados na Constituição e que têm merecido consenso alargado; nós não confundiremos o exercício dessas liberdades com aqueles que pensam que podem incendiar as ruas e ajudar a queimar Portugal”.

Primeiro devemos informar o nosso primeiro-ministro que embora satisfeitos por esses direitos estarem na Constituição (lutámos por isso nas ruas antes de haver esta Constituição), as manifestações e as greves fazem-se em todo o mundo, independentemente de haver ou não uma lei que as consagre como direito.

Foi assim antes da Revolução do 25 de Abril, (na empresa onde eu trabalhava fez-se greve em Fevereiro de 1974) e desde criança e apesar da repressão fascista desses tempos, habituei-me a ver na minha rua operária, o regresso de homens adultos com nódoas negras e ensanguentados no retorno dos primeiros de Maio.

Havia repressão policial, a ameaça da PIDE, não havia direitos e as manifestações faziam-se, agora vão ser muitos mais a manifestarem-se, e não vão ser as ameaças do governo que impedirão as demonstrações de desagrado contra as injustiças.

O que o receio de “tumultos” denuncia em Passos Coelho, é a sua propensão para recorrer á brutalidade policial, mas a ir por aí, olhe primeiro para a Grécia, onde manifestações pacíficas viraram guerras campais com a polícia. Lá os juros da dívida já vão em 51%. E depois, tumulto com que se preocupar tem dentro da coligação e do PSD.

Se o passo seguinte do neo-liberalismo é rever a Constituição para um poder mais autoritário e policial, teremos de nos mobilizar para defender o Estado Democrático, isto não volta atrás sem muita luta.

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