terça-feira, 13 de setembro de 2011
Discurso de Passos Coelho traduzido por Van Zeller.
Os portugueses, já se habituaram a ouvir traduções de português para português dos discursos políticos, é coisa sagrada nas televisões; após ouvirmos qualquer político surge sempre um(a) qualquer jornalista a repetir o que ele disse, quase sempre em linguagem menos clara; para mim é sinal para mudar de canal, mas não resolve, estão por todo o lado.
Outro tipo de “tradutores” e mais famosos, são os que vêm alterar o discurso feito, aí dá para tudo. É “o que fulano quis dizer, foi…”, “isso deve ser lido como…”, “é patente uma crítica a sicrano nas entrelinhas…”, etc. É notável a quantidade de “tradutores” que qualquer frase de Ferreira Leite ou Cavaco Silva arregimentam.
A maior parte das vezes as “traduções” são para corrigir argoladas, todos compreenderam muito bem o que o político disse, caiu mal, cabe ao “tradutor” rebuscar a interpretação que lance a suspeita sobre a forma como o público entendeu. Ou seja, os ouvintes ficam com interpretações variadas e contraditórias e ainda passam por estúpidos.
Os jornais não ligaram, (percebe-se porquê), mas eu repito aqui, parte da entrevista de Van Zeller, (presidente da CIP até 2010) à “Antena 1”, na semana passada.
Van Zeller – “Não podemos evitar que haja manifestações na rua, era muito esquisito. Éramos um povo de molengas se por acaso não fossem para a rua. Já viu que ridículo que era este povo aceitar estes sacrifícios e não ir para a rua? Não fazer barulho, não fazer um desfile, não fazer uma greve…parecíamos parvos…ou mortos! Portanto, com certeza que vai haver desfiles, que as pessoas têm de mandar cá para fora, e gritar o descontentamento, o sacrifício, a sua frustração. Tudo isso tem de vir cá para fora, pois venha”. (SIC)
Povo de molengas? Parecíamos parvos – ou mortos? Quem só ouvisse esta parte da entrevista diria que os capitalistas estão a ficar loucos. Depois do multimilionário Warren Buffet vir dizer que quer pagar mais impostos, só faltava aquele que era há uns meses o “patrão” dos patrões fazer de agitador das massas. Nada disso; a jornalista notou que “o primeiro-ministro falava recentemente em tumultos…” e o Sr. comendador continuou.
Van Zeller – “No fundo o que ele (Passos Coelho) quer dizer? Façam as manifestações naturais, aquelas óbvias, que são estas, e parece-me que também a relembrar aos grandes organizadores das manifestações, que é a CGTP, e o Partido Comunista, principalmente estes dois, que continuem como até aqui, porque eles até aqui, não sei se já reparou, são muito, muito ordeiros”. (SIC)
Van Zeller veio afinal pôr água no refogado que Passos Coelho queimou. Passos Coelho tem medo das manifestações, o mais natural é ser ele a impedir que as manifestações sejam muito, muito ordeiras.
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