Vitor Gaspar
Passos Coelho anunciou hoje no parlamento um imposto especial. Não estava previsto no acordo com a troika, não fazia parte do programa de governo apresentado há dois dias, não foi referido durante a campanha eleitoral nem por Passos Coelho ou Paulo Portas.
A taxa extraordinária a executar em sede de IRS, abrange os contribuintes com rendimentos superiores ao salário mínimo nacional (485 euros). Segundo contas do governo a receita será de 800 milhões de euros, que irão para os cofres do Estado, em vez de serem os portugueses que os ganharam a gastá-los.
Esta taxa é adicional aos aumentos de impostos previstos e que ainda estão a ser ultimados. Incide sobre todos os rendimentos (não só do trabalho), e segundo Passos Coelho, “a intenção é que essa medida fiscal temporária seja equivalente a 50% do subsídio de Natal acima do salário mínimo nacional”.
Para quem dizia que era preciso mudar de governo porque “o povo já não aguenta mais austeridade” começa bem o governo que os portugueses elegeram. Vão antecipar medidas previstas no acordo com a troika, taxas especiais e privatizações ao desbarato.
A classe média que se revoltou contra as deduções fiscais de Sócrates, (que eram só para valores superiores a 1.500 euros de rendimento) têm agora, ainda a procissão não saiu do adro, taxas especiais que abrangem também os contribuintes com rendimentos mais baixos. O resto vem já a seguir…