terça-feira, 8 de julho de 2014
Greve dos médicos. Eu tenho médico.
A greve dos médicos, por 48 horas, em protesto contra a degradação do Serviço Nacional de Saúde (SNS), não tem a adesão de toda a classe médica como em outras greves convocadas por todos os sindicatos. O Sindicato Independente dos Médicos não aderiu e isso reflete-se nos números.
No entanto, como em greves de médicos anteriores e segundo as notícias, os utentes não protestam; percebem que a indignação dos profissionais de saúde contra as medidas do governo, é igual à revolta dos utentes contra a morosidade nas urgências, a espera por cirurgias e consultas ou a limitação do acesso a medicamentos curativos. Muitas falhas existem no SNS por opção política do governo, há mortes evitáveis e sofrimentos desnecessários.
Privatização da saúde - não obrigado. Escrevia aqui no início deste blogue e muitas outras páginas foram dedicadas ao SNS (clicar na etiqueta Serviço Nacional de Saúde). Hoje estou, como estarão os defensores do Serviço Nacional de Saúde, com os médicos em paralisação.
Estou por princípio e como utente. Entre as associações de profissionais de saúde que apoiam a luta dos médicos está a Associação Nacional das Unidades de Saúde Familiar (USAF- AN) que “não pode deixar de estar solidária com os portugueses, que necessitam cada vez mais de um SNS de proximidade e qualidade, e que exprimem crescentes dificuldades em manterem um nível de vida digno”.
Uma história muito recente. Telefonaram-me ontem do Hospital Amadora-Sintra informando-me que tinha no fim desta semana uma consulta de oftalmologia no hospital. Se podia ir. Não marquei nenhuma consulta; na última ida ao médico de família foi-me perguntado pela última “revisão” aos olhos, foi há demasiado tempo. Como a doença crónica que tenho provoca complicações oculares, o SNS de proximidade (a minha médica de família) marcou a consulta da especialidade no hospital. Isto é o Serviço Nacional de Saúde a funcionar. Sei que não chega com esta preocupação profissional a todos os utentes mas é o SNS a funcionar.
Para a USAF-NA o seu apoio à greve dos médicos é “uma forma de defesa da saúde e da qualidade dos cuidados prestados aos portugueses”.
Para mim também.
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