Manifestação 10 de Novembro
Foi ao som de “Grândola Vila Morena”, com emoção, que a frente da manifestação da “família militar” entrou na Praça dos Restauradores.
A marcha fez-se em silêncio, da Praça do Município (onde foi implantada a República) até à Praça dos Restauradores, que comemora a Restauração da Independência Nacional, em 1640.
Tal foi lembrado por Paulo Amaral da Associação de Praças, que saudou os presidentes das associações sindicais da polícia (ASPP/PSP) da Investigação Criminal (ASFI/PJ) e profissionais da Guarda (APG/GNR) que acompanharam a manifestação. Leu e nomeou mensagens, entre elas de Vasco Lourenço.
Os presidentes das três associações, Luís Reis, Associação de Praças (AP); Pereira Carcel, Associação de Oficiais das Forças Armadas (AOFA) e Lima Coelho, Associação Nacional de Sargentos (ANS) - na foto junto aos símbolos respectivos – discursaram.
O coronel Manuel Pereira Carcel referiu-se aos cidadãos de Portugal como de “uma pátria ameaçada” cuja “independência e soberania está posta em causa”, declarou que “ninguém tem mandato para promover o desmantelamento das forças armadas”, e garantiu que as forças armadas “não serão um instrumento de repressão sobre quem juraram defender, o povo português”.
Luís Reis expressou a “indignação perante as medidas do Orçamento de Estado para 2013” afirmando ser “hora de dizer basta”. Deu também um recado ao ministro da Defesa, Aguiar Branco: “as ameaças veladas do Sr. Ministro, aos militares e às suas associações, não terão nenhum efeito”. Ainda sobre as polemicas declarações de Aguiar Branco (ver aqui) sobre a “vocação para servir nas Forças Armadas”, Luís Reis perguntou; “Sr. Ministro, o senhor tem a certeza de querer falar em vocação? É que se quer, provavelmente amanhã, Portugal e os portugueses não têm governo”.
Lima Coelho, que confessou terem-lhe vindo as lágrimas aos olhos quando entrou na praça ao som da “Grândola”, disse que “não é inevitável este malvado orçamento” pois é um projecto que “nós, cidadãos, temos a obrigatoriedade de alterar”. Referiu a Constituição a propósito dos direitos aí consagrados e as “10.000 crianças com fome”; “não admitimos a fome”, disse.
Cavaco Silva foi várias vezes referido pelos oradores (e apupado pelos manifestantes) para lhe lembrarem que jurou cumprir e fazer cumprir a Constituição.
No final, foi aprovada por unanimidade dos milhares de militares presentes, uma resolução:
Considerando medidas na segurança interna no sentido de atribuírem aos militares um papel que vai além da sua missão, “tudo farão para impedir o uso dos militares em acções que visem reprimir a expressão do descontentamento dos portugueses”. Decidiram ainda “testemunhar com a sua presença” a votação final do Orçamento, dia 27 de Novembro.
Nesse mesmo dia entregarão ofícios contra a aprovação do Orçamento de Estado (OE) ao Provedor de Justiça e ao Tribunal Constitucional seguindo-se uma vigília junto da presidência da República, apelando à não promulgação do OE e que Cavaco Silva peça a sua fiscalização preventiva.
Os militares vão continuar na luta.
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