sábado, 26 de abril de 2014
24 de Abril. O bafio do 24 de Abril.
Houve um tempo antes do 25 de Abril – estive lá. Essa época é difícil de descrever, quem não a vivenciou não “sente” esse tempo. Os filmes a preto e branco dão cor em demasia e faltam sempre os cheiros. Os cheiros a medo e perseguição, a ignorância, a solidão, a desemprego e trabalho forçado, a velho gasto e puto sem futuro. A ditadura conta-se, o passado conta-se, viver a experiência do obscurantismo (como da liberdade) é único.
O 24 de Abril era descalço e ranhoso, beato e servil, traiçoeiro pidesco e o raio que o parta! Tinha mofo o 24 de Abril. Bolor entranhado no Estado, nas repartições públicas, nas polícias, na corrupção generalizada dos ministérios às fronteiras.
Fugia-se da miséria dizendo-se simpatizante do regime. Compravam-se empregos, chegando a dar-se um quinhão do ordenado a quem lhe arranjava um posto no Estado. Um mundo de corrupção e compadrio, de submissão institucionalizada.
Hoje, vale a pena ler o texto de José Pacheco Pereira no Público; é sobre o que cheirou a bafio no 25 de Abril. Bajulação, ignorância, sabujice…há uma casta que quer sobreviver bem, como no 24 de Abril.
Logo, ao fim da tarde, vou tentar ver a estreia do filme de João Pinto Nogueira, “Outra Forma de Luta”. Vou apontar o meu espelho retrovisor para uma outra forma de ver o nosso tempo. Desenjoa.
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1 comentário:
Sobre o documentário filmado no qual o protagonista principal é o Carlos Antunes e que, em 26 próximo passado, foi exibido no cinema São Jorge pouco tenho a dizer mas ao fazê-lo sinto ter-se fechado um período desta já muito velha existência. Há coisas que põem fim às melhores relações. A intervenção do Carlos Antunes em que faz referências ao Otelo Saraiva de Carvalho são, no mínimo, dum extrema deselegância e, sobretudo, duma injustiça inaceitável que, em condição alguma, posso aceitar, sequer desculpar. Com toda a legitimidade pode discordar-se das afirmações que, em circunstâncias várias, possam ter sido proferidas por aquela figura cimeira da História portuguesa porém é obrigatório acompanhá-las do mais rasgado elogio à obra - uma obra ímpar - que, a todos, ofereceu. Quem é o Carlos Antunes para que, duma forma tão desajustada, muito leviana e, extremamente injusta, poder invectivar o Otelo? A quem fica a dever-se o comando superior da operação militar que derrubou a ditadura cinquentenária do Estado Novo? Haja proporções e cada qual saiba colocar-se no plano que merece.CLV
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