segunda-feira, 2 de junho de 2014
O Bloco de Esquerda e as migrações.
João Semedo justificou os maus resultados do Bloco de Esquerda (BE) com a migração; os emigrantes e os votos migrantes do BE para novos partidos, acrescente-se outros eleitores que migraram para a abstenção, nulos e brancos.
A emigração de muitos portugueses não explica em nada o desastre eleitoral do BE, basta olhar para o resultado do LIVRE em Lisboa (à frente do Bloco) para entender que a “migração interna”, no espaço político do BE, é a razão fundamental do desaire.
Tanta migração só pode ser acatada à perda de identificação dos anteriores eleitores, com o Bloco de Esquerda actual, com a função do BE no espetro partidário nacional.
Visto de fora, (cabe ao BE descobrir as razões da derrota) as dissidências internas, que representaram o abandono de quadros que quiseram fazer do Bloco uma força de desbloqueio governativo à esquerda, terão sido determinantes.
A convergência no discurso e o fechamento na prática política, não aglutina. A indefinição que coloca o BE, ora entre o PS e o PCP, ora pretensamente como força mais à esquerda do Parlamento, confunde mas nem interessa.
A imagem que se quer passar para o exterior, não corresponde à discussão que baila nas redes sociais sobre o que se passa dentro do partido. Veneno puro. A propósito, vi há umas semanas na RAI, Matteo Salvini, secretário do Lega Nord gritar num comício que não queria ninguém da Liga a “twitar”, que o lugar dos militantes da Liga Norte era nas empresas, nas fábricas nos bairros.
Pois é, os resultados da extrema-direita também têm a ver com a militância nos locais próprios, em vez do paleio intestino em parlatórios como o Facebook que tanta delícia faz por cá.
O BE mingua por opção própria e tem esse direito, fecha-se mais adiando a discussão política. Escusa de sugerir ser uma alternativa de governo mas pode dizer que papel quer desempenhar numa alternativa ao actual governo de direita. Assim, parecendo um PCP pequenino e ainda mais europeísta, caminha para a irrelevância. Sem a dissolução (a sério) das organizações que deram origem ao Bloco, parece ser o seu destino.
Sempre pode voltar ao útero e entreter-se a “construir o partido”. Como cantava o Zeca; “uns são do partido velho, outros andam a fazer o novo”. O disco não muda e a discussão para isso já está feita.
Discutir o hoje fica para Novembro – qual é a pressa (Ana Drago)?
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1 comentário:
O Bloco de Esquerda quando cheirou que podia haver eleições antecipadas disse através da Catarina Martins que a hora era de convergência. Na mesma semana um dos ex-dirigentes (Rosas) na televisão contrariou a iniciativa. Antes de falar em público deviam acertar posições, cada um diz o que lhe apetece e tenta influenciar na comunicação social a linha do partido. A única imagem que dão é de muita divisão interna e poucas certezas sobre o caminho a seguir. É pena.
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