sábado, 18 de maio de 2013

M.Alegre. A esquerda em Portugal não serve para nada.

Manuel Alegre critica sectarismo das direcções partidárias. Mai. 2013

 Em entrevista de Manuel Alegre a Nuno Ramos de Almeida, no Jornal i, o ex-candidato presidencial tece algumas considerações sobre as dificuldades das esquerdas nacionais, em se unirem “à volta de alguns pontos concretos”.
Diz Manuel alegre: 

 «Temos o privilégio de ter a esquerda mais forte da Europa, mas a esquerda em Portugal não serve para nada. Isso é trágico e um dia destes vai ter consequências na própria democracia. O PC não quer entendimentos, o Bloco diz que sim mas não quer, o PS a mesma coisa. Há uma parte do PS que prefere mil vezes aliar--se à direita a aliar-se à esquerda. Em Caminha para as eleições autárquicas os dirigentes locais dos partidos de esquerda entenderam-se para uma lista, da direcção do BE e do PC veio uma contra-ordem. Acho que não se podem pôr condições a um diálogo. Não se podem impor condições a ninguém: nem o PS vai impor que o PC seja favorável a estar na União Europeia e na NATO, nem o PC e o BE podem pôr como condição que o PS rasgue com a troika. Não se pode querer um projecto global de sociedade, mas pode-se ter um acordo à volta de alguns pontos concretos em que estamos todos de acordo, como a defesa da escola pública e do Serviço Nacional de Saúde e outra política económica.»

Concordar ou não com Manuel Alegre, sobre estes pontos, depende das reais preocupações de cada um e do grau de sectarismo que se tem. Se o governo não cair até lá, as eleições autárquicas terão de causar uma derrota volumosa ao PSD e ao CDS. Se assim não for, constituirão um balão de oxigénio do governo.

Nas esquerdas parlamentares, em outras alturas menos graves, houve alianças autárquicas. Quem não milita nos partidos, estranha que não seja dada autonomia aos responsáveis locais para decidirem o que é mais proveitoso nas suas autarquias. Os partidos – bem ou mal - é que sabem o que querem representar. 

Há muito mais esquerda que a dos partidos, e muita crítica da incapacidade das organizações de esquerda. No entanto, perante a oportunidade de se constituírem listas de cidadãos independentes, para o poder autárquico, (até com militantes partidários mais avessos ao controleirismo), essas listas não aparecem em número que valide o proclamado anti-partidarismo.

Ou seja, para falar-se de esquerda inconsequente, ela é mais que a esquerda partidária. Para que as esquerdas sirvam para alguma coisa, é preciso estarem onde se faz organização e onde se disputa o poder. Estão pouco.

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