segunda-feira, 24 de outubro de 2011

A banca vai ter-nos como sócios, mas sócios passivos.

oclarinet.blogspot.com Out2011

Passos Coelho já decidiu a posição dos portugueses em relação à “sua” banca – posição passiva. Deixou ao critério de cada um a postura; deitado, de cócoras, de pé ou de ladinho, a seco ou oleado, fica conforme o gosto. A parte séria é que vamos novamente ajudar a financiar a banca, sem que esta fique com a obrigação de ajudar a financiar a economia. Se do porco oferecido sobrar uma unha talvez haja coentrada.

A “posição passiva” de que fala Passos Coelho, vai contra as instruções da própria troika que obriga o Estado a entrar no capital, particularmente para impedir que sejam distribuídos dividendos pelos accionistas, como tem acontecido durante o curso da crise financeira. Já não é a equidade nos sacrifícios é a pouca vergonha da austeridade de quem trabalha, para suprir as asneiras do sistema financeiro.

Esta conversa de que a banca é essencial para a economia e por isso temos de a manter saudável, paleio que levou ao endividamento dos Estados, não pode continuar. Tem de haver contrapartidas para a economia e não podem ser deixadas à boa vontade dos banqueiros.

Estamos numa fase da crise financeira em que a Europa pede ajuda ao FMI, vai pedir dinheiro ao mundo, BRIC e Árabes, porque a crise é global e não europeia, como é europeia e não dos países do sul, como é de Portugal e não dos funcionários públicos portugueses. São naturais as exigências entre as partes, quem empresta quer assegurar que não perde o dinheiro, seguir, quando não controlar, o caminho do empréstimo. Só o mãos largas do nosso primeiro-ministro está disposto a dar capital à banca e virar as costas.

O próprio Belmiro de Azevedo dizia em 2008 que “um sistema financeiro sem actividade económica da nada serve”, era 2008 agora está calado. Como estão a ser concretizadas as linhas de apoio, estão a ir para a economia? O que se nota no aparelho produtivo é que pouco chega às empresas e a juros proibitivos. Se os empréstimos do Estado à banca não se repercutem em crédito às empresas, e não, para que servem? Para manter a saúde da banca e a prosperidade económica dos banqueiros e seus accionistas?

O Estado, agora que mais uma vez vai injectar dinheiro na banca entrando no seu capital, tem de ter uma participação efectiva, se a banca vai ter-nos como sócios, nunca poderá ser como sócios passivos. Não é? Ó sócio!?

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1 comentário:

clara castilho disse...

Sempre em cima dos acontecimentos! Mas "sócio" só de for do cozido à portuguesa...Continuamos agachados. No dicionário: "baixar-se, ceder, humilhar-se". No Dic. Priberam da Língua Portuguesa, juntam-se outros signidicados: "esconder, encobrir" (neste caso, compactuamos com o encobrir de fraudes), mas também - espantem-se! - "começar subitamente a praticar qualquer acto, atirar-se, lançar-se"! E se apanharmos esta ideia e nos agachassemos neste sentido?