segunda-feira, 10 de outubro de 2011
A primavera árabe quando nasce não é para todos.
Cristãos egípcios (coptas por redundância) apoiaram a comunidade muçulmana nos protestos contra Mubarak, fizeram-no nas ruas. Foi muito divulgada a imagem dos coptas rodeando e protegendo os muçulmanos nas manifestações enquanto eles rezavam. Os coptas que participaram no levantamento foram contra a directriz do seu patriarca Shenuda III que apoiava Mubarak como aliás Mubarak apoiou a minoria da igreja copta contra o extremismo muçulmano.
Agora pelo menos 24 pessoas perderam a vida durante os confrontos registados ontem à noite no Egipto entre cristãos coptas e as forças de segurança. Nas “forças” envolvidas estavam militares, militares esses que não intervieram aquando do derrube de Mubarak.
Ao contrário do que se quer fazer crer no ocidente a primavera árabe não é para todos, na Líbia basta ter pele escura para ser perseguido, ou ter o azar de nascer na tribo Gaddafa, e até na Warfalla que começou por pedir a saída de Kadhafi e agora teme pelas relações ancestrais privilegiadas com a tribo de Kadhafi. No Egipto, a mudança do líder do regime, só isso por enquanto, fez voltar ao de cima os sectarismos religiosos, como voltarão os tribais na Líbia.
Dá que pensar quando se prepara a opinião pública para mudanças na Síria, que mudanças? O que acontece depois aos Alauitas, cristãos, judeus e aos sunitas refugiados do Iraque? A “rua árabe” tem muitos passeios mal frequentados, muitos interesses inconfessáveis com campo privilegiado para provocação de conflitos. Mudanças sim, mas que acautelem a sobrevivência, em paz, de todas as etnias e religiões.
No Egipto, o imã sunita da Al-Azhar e o patriarca copta Shenuda vão reunir (outra vez) para tentar sanar as lutas religiosas, é um passo. Outros passos devem ser dados, mas tem de ser por quem habita o Médio Oriente, sem intromissão estrangeira, seja ela dos árabes do Golfo, do Irão, da Turquia, ou do “Ocidente”.
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