quinta-feira, 17 de janeiro de 2013

Guerra do Mali. Apontamentos.

Azawad Independente.Jan.2013

A exportação da guerra santa islâmica para o Sahel e para o Magreb, às portas da Europa, põe em causa a segurança dos europeus? 

Mali. Mais uma guerra com envolvimento europeu. Não é (apenas) uma guerra contra terroristas, tem essa componente mas é mais que isso. Está em causa o direito à autodeterminação dos povos, de viverem em paz, livres do colonialismo e também do fanatismo religioso.

No norte do Mali há tribos abandonadas historicamente pelo poder político e fronteiras territoriais em todo o Sahel que são invenções coloniais sem sentido. O povo tuaregue vive numa área que abrange território da Argélia, Líbia, Mali, Níger e Burquina Faso. Os tuaregues independentistas “do Mali” têm identidade política própria e uma região herdada das divisões coloniais a que chama sua, Azawad.

Os tuaregues, povo berbere semi-nómada com cultura e língua própria, lutam pela independência desde 1916, primeiro contra os colonizadores franceses, depois de 1960 contra o Mali. Revoltaram-se em 1961/1964 pelo direito às suas terras que uma reforma agrária ameaçava e foram brutalmente reprimidos. Voltaram a sublevar-se entre 1990 e 1995, após a grande seca da década de oitenta, e foram novamente alvo de violenta repressão. A terceira grande revolta pela independência foi em 2007; a resposta sangrenta dos militares do Mali levou à fuga em massa de refugiados.

A guerra pela independência do Azawad tem quase cem anos, mas pela primeira vez os tuaregues têm agora armamento capaz e organização política/militar adequada. Iniciaram o levantamento a 17 de Janeiro de 2012 e tomaram as principais cidades da região. A 6 de Abril declararam a criação do Estado Independente de Azawad (não reconhecido pela “comunidade internacional”).

O exército do Mali não tinha meios para enfrentar os tuaregues que regressavam da Líbia bem armados. Um “efeito colateral” da intervenção militar americana e da NATO na Líbia. Americanos que, lembre-se, com a criação de um exército de jihadistas no Afeganistão, lançaram uma força terrorista no Mundo. 

Os tuaregues, organizados no Movimento Nacional de Libertação de Azawad (MNLA), consideram “o Islão como uma religião de tolerância e não-violência”. Os grupos islâmicos (islamistas) de orientação radical são contra a independência e pela guerra santa, mas participaram nas operações contra o poder central do Mali e controlam várias cidades.

 Sobre esses grupos (Ansar Dine, AQIM, MUJAO), os interesses franceses, e as contradições do “Ocidente”, será o próximo post, este vai longo. 

(continua AQUI)

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