domingo, 20 de outubro de 2013
Manifestações ordeiras ou violentas.
Acredito que vão existir em Portugal graves convulsões sociais, mas não serão necessariamente iguais a outros países onde a crise está instalada.
Todos os que discutiram a manifestação da CGTP, na Ponte 25 de Abril-Alcântara, deviam estar em reflexão. Só argumentei no Facebook num círculo restrito, mais uns apartes em comentários. Houve muito ruído, tudo inconsequência.
Defendi que a CGTP fazia bem em não responder à provocação do governo para o eventual confronto com forças policiais. O poder gostaria de isolar a CGTP, organização que a cada manifestação alarga o protesto a mais sectores da sociedade e a cidadãos que nunca protestaram nas ruas.
As manifestações da Intersindical, pelo facto de terem um histórico sem desacatos, têm atraído “povo” que independentemente da politização tem as maiores e mais autênticas razões de queixa do governo. São protestos verdadeiramente populares, de quem mais precisa, e que tendo a coragem de sair à rua, não tem a preparação (e em boa parte, a idade) para confrontos físicos com homens jovens, protegidos e treinados militarmente para reprimir. Os sindicalistas sabem-no, são opções, géneros de confronto.
A opção da CGTP desagrada a algumas pessoas, movimentos inorgânicos e grupos minoritários tradicionais da esquerda, que se imaginam capazes de provocar um crescendo de violência nos protestos. A qualidade ou a quantidade, o exemplo e a reacção das forças repressivas.
Sendo partidário do que dizia Marta Harneker; “que é na luta que nós humanos, crescemos e nos transformamos”, e que, “constatar que somos muitos, os que estamos na mesma luta, é o que nos faz fortes – é o que nos radicaliza”, não desanimei nos meus comentários quem quer confrontos com a polícia, nesta altura.
Antes aprendam a não dispersar,…etc. para não dar o espectáculo desmobilizador de apenas “enfardar” ou fugir a sete pés como se tivessem tocado às campainhas. Para ontem estava anunciado por anónimos mais ou menos conhecidos que iam bloquear o porto de Lisboa, até tinham uma televisão para acompanhar o evento. A PSP colocou alguns agentes a proibir a passagem - vieram embora.
Não é dessa toca de que sai o furão; haverá, penso, convulsão social com a aplicação do Orçamento e outras medidas; poderá iniciar-se com força numa manifestação, num mercado, num centro de saúde; organizada ou não e revestir outras formas de acção, pode até ser um acto desesperado de um suicida ou planeado friamente. Pode ser banal e absorvido, como é hábito, ou determinante.
O balão está a encher e Portugal tem uma história de violência política que não é ensinada na escola nem nas redes sociais.
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1 comentário:
Não falta vontade de partir tudo mas é verdade que o governo conta com isso. Tenho dúvidas sobre a melhor maneira de atuar, é preciso muitos nas ruas e que também aumente o tom do protesto sem ir em provocações.São equilibrios complicados que precisam unidade acima de tudo.
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