domingo, 1 de dezembro de 2013

História. A clandestinidade das Brigadas Revolucionárias.

Outubro de 1975. Conferência de Imprensa da separação das BR do PRP. oclarinet Dez.2013

A historiadora Raquel Varela escreve no seu livro sobre a história do PCP, (de que li um fragmento na Net) o seguinte: (…) “O partido não iria apoiar uma guerra civil. Esse argumento, o de que o PCP teria evitado um “novo Chile” em Portugal, foi considerado à altura e mantido como argumento estrutural da posição do PCP a 25 de Novembro de 1975. Nesta política, da potencialidade do regresso a um regime ditatorial, o PCP era apoiado por vários sectores da extrema-esquerda – o PRP-BR, por exemplo, anuncia o regresso à clandestinidade em Novembro de 1975”.

Num outro livro, “Revolução ou Transição”, coordenado por Raquel Varela; na parte lavrada por Jorge Fontes diz-se: “Um capitão do COPCON desvia um milhar de G3 para o PRP-BR, que decide passar à ilegalidade de forma a preparar a «insurreição armada».”

Não foi assim. O PRP-BR não passou à “clandestinidade” ou à “ilegalidade” (!). Foram as Brigadas Revolucionárias. Houve uma separação das Brigadas, do PRP, em Outubro de 1975 (não em Novembro) anunciada em conferência de imprensa (foto em cima).

O desvio das G3 de Beirolas foi em Setembro (dia 10), a separação das BR estava decidida pela Comissão Central do PRP-BR desde Junho, por causa da lei do desarmamento e para “logo que houvesse necessidade disso” (Revolução Nº51, 30/10 anúncio da separação). O prazo da lei do desarmamento saiu em Outubro 75 e deu-se nessa data a separação. Só isso.

Já agora, e lembrando a onda de terrorismo impune da direita, na altura, o PRP-BR dizia em Outubro 75, ser curioso que a lei do desarmamento seja idêntica, e saia numa altura idêntica, à ocorrida no Chile dois meses antes do golpe de Setembro de 73. 

As preocupações com o caso chileno não podem ser baralhadas com qualquer apoio político do PRP-BR ao PCP, antes pelo contrário. Basta ver a quem se dirigia o discurso de Cunhal no Campo Pequeno, após o 25 de Novembro, e a prática seguinte do PCP sobre a esquerda revolucionária. Aliás, os comunicados de todas as organizações da esquerda após o 25 de Novembro são claros, os coincidentes com o PCP, (que são muitos) não são do PRP-BR.

PS. Coloco esta nota neste blogue, por estar cansado de ver na Internet alterações de factos, seja por esquecimento, desconhecimento ou outra razão; parecem menores mas contribuem pouco para a História. 

 Como habitual, no dia 1 de cada mês os 10 posts mais lidos no mês anterior:

27/11 – Alemanha baixa idade de reforma e aumenta salários.

02/11 – Carvalho da Silva. Precisam-se pessoas para a porrada.

22/11 – Cresce a resistência à violência pré-ditadura.

10/11 – Paul de Grauwe também se engana. Que Comissão Europeia.

25/11 – Eleições primárias abertas, Louçã e os outros.

20/11 – Função pública e aposentados roubados no subsídio.

17/11 – Livre. O partido lançado por Rui Tavares.

13/11 – Durão Barroso, o servente mole da Alemanha.

01/11 – Manifestação 1 de Novembro.

07/11 – O embuste da taxa de desemprego - há menos empregados.

(para ler os artigos clicar nos textos a cor)

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2 comentários:

J.Lima disse...

Raquel Varela diz que a versão do 25 de novembro, do PCP, difere de 75 para 99. Era sublevação em 1975 e Cunhal "falará em golpe contra revolucionário" em 1999. Não é verdade?

Unknown disse...

É. Concordo genericamente com Raquel Varela sobre o PCP, mas não conta a história toda.

Aventureirismo e golpistas no 25 Nov.: encontrar diferenças…

Comissão política do PCP 28/11/75:

(…) “Advertiu tanto dos perigos para a democracia da política de alianças à direita do PS e dos sectores moderados do MFA, como dos perigos da orientação e actividade divisionista e aventureirista de grupos e sectores que com o seu radicalismo ultra-revolucionário conduziam ao isolamento e descoordenação das forças de esquerda e ao arrastamento para confrontos condenados à derrota”.

Comissão política do comité central da ORPC (M-L) Secretariado do comité central do CMLP:

(…) “Os acontecimentos destes últimos dias mostram a razão de ser dos nossos alertas contra as tendências para responder ao avanço da direita com contra golpes militares que só demonstram desespero. As duras lições destes últimos dias demonstraram que os marxistas-leninistas tinham razão em alertar contra o aventureirismo de certas forças políticas”.

Comissão Executiva da LCI 28/11/75:

(…) “Enquanto isso, forças como o MES e o PRP, caíam em posições triunfalistas, confundiam a relação de forças a nível militar com a relação de forças social e pensavam ser possível fazer a revolução sem as massas e derrubar o estado burguês sem avançar primeiro na centralização e armamento dos órgãos de poder operário e popular. Ou, o que é pior, pensavam que seria possível obrigar o PCP a fazer a revolução”.

Comissão Central da UDP 26/11/75:

(…) “Há muito que a UDP vinha denunciando a divisão que os partidos governamentais vinham fomentando no seio do povo e alertando para o perigo duma guerra civil reaccionária. Também denunciámos os perigos das tendências aventureiras que procuraram com golpes militares a saída para pôr fim à ofensiva fascista. Pode comprovar-se hoje que esta política é justa, mas não é uma polémica que interessa agora. Hoje coloca-se uma questão a todos os antifascistas, a todo o povo: é a luta pela defesa das liberdades democráticas”.

(in Rev.5/12/75)

CONCLUSÃO. Houve quem qualificasse o 25 de Novembro de 1975 como golpe de direita (em Novembro de 1975) – não foram estes. Uns não perceberam outros fizeram-se desentendidos.