quarta-feira, 24 de outubro de 2012
Merkel protege Irlanda e trama Espanha e Portugal.
Irlanda obtém pelo telefone, o que Portugal não consegue com um primeiro-ministro rastejando aos pés de Ângela Merkel.
Passos Coelho ainda não deve ter percebido o que se passou no último Conselho Europeu; quando entender talvez veja que a sua atitude perante Merkel é uma tolice pessoal e uma desgraça para o país.
Foi um Passos Coelho optimista (a fazer lembrar a retoma do Pontal) que deu a conferência de imprensa após o último Conselho Europeu. Falava do uso do Mecanismo Europeu de Estabilidade (MEE) para assumir a responsabilidade pelo dinheiro já injectado nos bancos portugueses, precisando que “em 2013, assim que entre em vigor, é possível que a recapitalização seja feita através desse mecanismo”.
Ângela Merkel apagou-lhe o sorriso logo de seguida, quando afirmou que “não haverá qualquer recapitalização retroactiva”.
Com isso tramou a Espanha, que tem resistido a pedir um resgate, e o “bom aluno” português, cujo governo nada reclama, e conta com um povo que protesta mais na Internet e menos onde se veja.
Mas não era só a Ibéria que contava com o MEE. A Irlanda não desarmou perante Merkel e o primeiro-ministro irlandês, Enda Kenny, que já tinha garantido o apoio de Hollande, pressionou a chanceler alemã e conseguiu um tratamento especial.
O que não se aplica a Espanha e Portugal assenta nas necessidades irlandesas. Ambos os governos - irlandês e alemão – “reconhecem o caso especial da Irlanda, e o Eurogrupo terá isso em consideração”, diz o comunicado do governo da Irlanda.
Ou seja, o interesse económico das empresas alemãs na Irlanda, e a necessidade de haver na Europa, uma história de sucesso no regresso aos mercados, fez Merkel voltar atrás.
Ela sabe, todos sabemos, que o caminho do nosso Orçamento de Estado para 2013 e os “planos alternativos” subsequentes, levam-nos na direcção grega. Portugal é anexado, vai continuar a ser empobrecido, e no fim, ignorado.
Se os portugueses deixarem.
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