sexta-feira, 4 de novembro de 2011

António José Seguro, com abstenção do OE, apaga o PS.

Juras blá-blá Nov2011


Se Sócrates abriu as portas ao neoliberalismo, António José Seguro abriu os lençóis e deitou-se com ele. Com a abstenção incondicional ao Orçamento de Estado para 2012 (OE), Seguro apaga o PS da política activa aumentando-lhe a irrelevância; se Passos Coelho já não passava cartão ao PS, a partir de agora nem papel higiénico lhe passará.

A cobardia política, travestida de responsabilidade de Estado, tomou conta da maioria da Comissão Política do Partido Socialista. Nenhum argumento justifica a decisão dos socialistas.

- O que é o “interesse nacional” senão as “pessoas” – os portugueses. O Orçamento leva em conta as pessoas? O que é o “impacto no exterior”? Os juros não subiram hoje depois da decisão do PS e os Estados-membros da União não “aceitariam” (!?) que se votasse contra um OE que ultrapassa em muito o acordado com a troika?

Seguro coloca-se mais próximo de Passos Coelho que muita gente do PSD, que vai revelando dúvidas sobre as políticas do governo, mais próximo que o próprio Cavaco Silva. Sócrates aceitou a acordo da troika contra vontade, Seguro viabiliza as medidas para além desse acordo não deixando ao PS qualquer hipótese de impor alterações. Parte vencido e em situação de inferioridade para a discussão do OE pois já anunciou como votará. Cedências do PSD/CDS só se forem para eleitor (deles) ver, para fazerem a figura de defensores da unidade nacional. Seguro está no bolso de Passos Coelho.

E ao contrário do que pensa o PS, a sua posição em nada favorece a paz social ou o chamado consenso nacional sobre a necessidade da austeridade. Há medidas claramente injustas mesmo para quem aceita passar privações, o PS podia juntar-se a esse descontentamento mas decidiu-se, de facto, pelo bloco central contra todos, particularmente a classe média, a sua base eleitoral.

A população que reclama contra as injustiças, vai protestar também contra a oposição, que é paga para exercer controle sobre os abusos do poder.

O PS estava condenado a fazer uma travessia no deserto, mas como se viu no seu Congresso o deserto tem demasiada vida. O PS de António José Seguro é pior que o de Sócrates, não existe, é uma insignificância sonolenta nociva para a democracia.

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2 comentários:

carlos loures disse...

Pulido Valente disse que Seguro é o político português das últimas décadas mais próximo do zero absoluto. O primeiro ministro também não deve andar muito longe das regiões polares. Se havíamos de estragar dois países...

António Gomes Marques disse...

O António José Seguro é um produto da Juventude Socialista, como Passos Coelho o é da Juventude Social Democrata, ambos liberais, sendo o segundo mais radical e adepto do liberalismo de M. Friedman, só não tendo um Pinochet para impor tudo quanto gostaria; claro que o AJS não vai tão longe.
Quem pode ter ilusões com esta gente?
Vejam a profusão de elementos oriundos das juventudes partidárias hoje na Assembleia da República, por exemplo, gente que nunca trabalhou para a criação de riqueza neste nosso Portugal!