terça-feira, 31 de janeiro de 2012

Europa. A ordem é não fazer ondas.

Prejudica prejudica. Jan 2012


O que se ganhou com mais uma cimeira de líderes europeus? Mobiliza-se um continente durante meses para adoptar uma ideia inconsequente e provisória como o pacto fiscal ou orçamental, que vai durar nos Tratados tanto quanto esta liderança europeia nos destinos da UE.

A situação política na Europa é tão pateta que se recebe em festa a noticia de que se começou a falar em crescimento; só a falar – não se vêm medidas que levem a esse almejado crescimento. Mudaram o nome ao fundo de 80.000 milhões de euros, antes destinado à “competitividade e crescimento”, que agora se chamará de “emprego e crescimento”. Não lhe juntaram um euro e lançam-no nos noticiários como um (novo) investimento da União nas pequenas e médias empresas.

Cortes, pactos para flexibilidade laboral e salarial, prazos e objectivos para reduzir os défices não serão iguais para todos como se verá. Enquanto Passos Coelho escolheu o irrealista e subserviente paleio de que não precisa de mais tempo e mais dinheiro, e repete a parvoíce a todo o momento, o espanhol Rajoy conseguiu da Comissão Europeia que levem em conta as próximas previsões económicas do fim de Fevereiro em Espanha.

Se as previsões espanholas forem piores que o esperado, e vão fazer tudo por isso, o objectivo de corte no défice será menos exigente por parte da Comissão. É um benefício que Espanha conseguiu negociar em nome dos riscos para a economia europeia de uma recessão profunda na Espanha.

Portugal, que é o próximo na lista da bancarrota, que teria por isso acrescidas razões para negociar, não o quer fazer porque passou pela cabeça dos iluminados governantes e seus apoiantes que assim enganam os mercados. As classificações de crédito e seguros de crédito, os juros em todas as maturidades da dívida, dizem que os mercados já marcaram Portugal, as exigências da troika dizem que a Europa está a desistir de Portugal.

O nosso papel como povo é ir ordeiramente para o castigo, assim quer o governo em obediência ao poder alemão, não fazer ondas internas e muito menos na Europa, onde qualquer insubordinação pode prejudicar a reeleição de Merkel, a domadora de governos invertebrados.

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