Sair do Euro
Parecia que o poder político cipriota ia resistir às pressões europeias, mas de nada valeu a vontade política do Parlamento; votar contra a proposta desonesta e desastrosa do Eurogrupo não bastou. Perante o ultimato para aceitar as condições do novo modelo de resgate da troika ou sair do euro, o Chipre capitulou.
Chipre está condenado, como nós enquanto estivermos no Euro, a ver a sua economia afundar-se. Beneficiada fica a Alemanha, o país que mais tem ganho pela desconfiança induzida no sistema bancário dos países europeus.
Mas os efeitos colaterais, de desacreditar os fundos de garantia dos depósitos bancários e confiscar contas, podem chegar à Alemanha. Ainda é cedo para abarcar os danos gerais na Europa, que abandonou definitivamente o caminho da solidariedade entre os Estados. O projecto da União Europeia acabou em Chipre.
A quebra de confiança bancária é irreversível, não provoca para já uma corrida aos depósitos, mas implica a fuga massiva de capitais numa altura em que era necessário atrair investimento estrangeiro; para nós (Sr. ministro Gaspar) e para todos os países europeus estagnados ou em recessão.
O Eurogrupo e a troika afundam Chipre com argumentos de sobredimensionamento do sector financeiro, que sendo real, é-o em outros países europeus intocáveis como a Inglaterra ou a Suíça, ao mesmo tempo que denunciam os favores da fiscalidade cipriota, condição generalizada em outros intocáveis, como a Holanda do presidente do Eurogrupo, onde estão sediadas empresas portuguesas para fugir aos impostos em Portugal (como as mercearias Pingo doce).
São lições para Portugal e todos os atingidos pelos ajustamentos impossíveis, somos reféns de uma situação que não criámos, precisamos sair do Euro para conseguir por meios próprios estabilizar as nossas vidas.
Depois de Chipre todos ficámos a saber que não podemos contar com a solidariedade europeia, somos descartáveis para os países ricos e eles são um desastre para nós.
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