A variação do PIB foi positiva no último trimestre? Ainda bem! Traz conforto? Não! Nem é o fim da crise nem se pode dizer que marca o início da inversão da recessão. Empresas em dificuldades podem ficar pior pelas falsas esperanças.
A semana passada noticiou-se que baixou o desemprego no 2º trimestre; escrevi aqui, “Desemprego homólogo sobe 1,4 pontos”. Agora poderia dizer que a riqueza produzida reduziu 2% em relação ao ano passado.
Sendo verdade, os dados do desemprego e do crescimento são distintos. Ambos conjunturais, o desemprego tem a variável - anualmente constante - do trabalho sazonal, (sol e agricultura); enquanto o PIB cresceu 1,1%, por factores alteráveis dentro do próprio 1º trimestre e de futuro incerto.
O crescimento em relação ao 1º trimestre deveu-se “à quebra menos acentuada do investimento” e “ao aumento das exportações”, não tendo deixado de existir - menos consumo, investimento e procura interna.
As exportações cresceram em Abril e Maio, tendo a segunda maior queda da Zona Euro em Junho. Dois terços da expedição são combustíveis refinados pela GALP, de baixo valor acrescentado e pouco reflexo no emprego. O outro terço depende da situação dos principais clientes, estando o maior, Espanha, em recessão, e os restantes da europa, anémicos.
Ninguém sabe o que vai acontecer às exportações portuguesas, ninguém sabe o que vai acontecer a uma economia dependente apenas da boa ou má maré exportadora.
Mas a economia e a política também vivem de expectativas; empresários e partidos enganam-se, (e são enganados e tentam enganar). O governo e seus tentáculos nos meios de informação exorbitam satisfação e muitos empresários vão arrastar projectos falidos por acreditar nas suas palavras, esses serão os mais prejudicados.
Deixem fluir o prazer da ilusão, façam discursos criativos (como o BE a culpar o Tribunal Constitucional pelo crescimento de 1,1% do PIB).
A realidade volta dentro de momentos - e antes disso, os cortes.
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