O jornal Público engendrou um novo tipo de repórter, na linha muito publicitada do “ganhe dinheiro trabalhando em casa”.
João Pedro Pereira, o repórter sentado, especialista em escrever sobre coisas que lê na Internet, abalançou-se a fazer uma contra-manifestação ao protesto popular de ontem.
Para tal, contou (de casa) clareiras no Terreiro do Paço e muitas aldrabices no texto. Estive na manifestação de Lisboa, não sei ao certo quantos manifestantes lá estiveram, mas sei que o repórter (!?) do Público ainda o sabe menos. O método dele é uma intrujice, seja voluntária ou fruto da ignorância.
Os metros quadrados do Terreiro do Paço são estáticos, as pessoas não. Os manifestantes do 2 de Março não preencheram a praça, agrupando e ajeitando-se no espaço, esperando uns pelos outros, não arredando pé até fazer uma massa de gente. Isso faz a batida Intersindical, o que levou outro “repórter sentado”, (o Ricardo Costa da SIC/Expresso) a dizer que esteve mais gente na Manif. (da Greve Geral) da CGTP que agora. É falso, afirmo eu que estive nas duas.
Entrei na manifestação na Avenida da Liberdade, perto dos Restauradores, a seguir ao primeiro sector (o silencioso). Quase toda a manifestação estava a montante. Foi enchendo à frente com populares que foram entrando daí para baixo e passado pouco tempo da nossa chegada ao Terreiro do Paço cantou-se a “Grândola”.
É visível nas televisões a saída de gente ainda antes do hino, e muitos mais saíram daí em diante. Foi uma caminhada com passagem pela Praça e não uma concentração, como facilmente qualquer jornalista que fez reportagem (no local, que é onde se fazem) notou. Foram horas a entrar e sair gente. Saí já noite, pelas 19 horas porque não aguentava, nem quem foi comigo, as já 4 horas em pé e ao frio – estava ainda a chegar a “maré da saúde”.
Foi patente que os manifestantes, todos ao mesmo tempo no Terreiro do Paço, não caberiam; as contas do “repórter sentado” do Público não servem de nada aos leitores. Servem para a organização “que se lixe a troika” corrigir procedimentos; tempo de saída, itinerários, distâncias e estrangulamentos, cabeça de manifestação, etc, ou mesmo o modelo, aprendendo com a experiência e com quem faz bem.
O que é mais importante é a grande manifestação nacional contra este governo.
Pois é.
Mas não podemos esquecer como este governo foi lá parar e com quem conta para lá se manter.
Post Scriptum:
O Público volta hoje (2ªF) à carga com a ocupação por metro
quadrado, quando se sabe que a manifestação de 2 de Março obedeceu a uma
dinâmica de passagem pelo Terreiro do Paço e não a uma concentração “tipo
Fátima”. É o argumentário para as discussões das segundas-feiras, a razão por
que se vendem os jornais ditos desportivos. Haja paciência…
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3 comentários:
Que nunca tenhas dores nas mãos por bater nos pobres de espírito e de más intenções que parasitam a chamada comunicação social.
A "manif" foi um êxito e a sua dimensão ao ter expressão nacional dá, à corja, uma imensa perplexidade. Esperemos consequências benéficas.
O filho da Pala tinha de ajudar a tentar demolir mais um acto cívico que o seu "carneirismo", aliás bem pago, só sabe abominar.
CLV
Carlos, a Grandola foi às 18.30, saí às 19.00 horas e o final da manif estava ainda a meio da Rua do Ouro. Mentirosos. Esteve mais gente que em 15.9. Abraço. CG
O spin governamental criou este episódio dos números. É uma técnica clássica, desviar a atenção do problema criando um fait divers.
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